O "wawê" do Rafael Marques parece que tem dado certo, desta vez o cinismo do governo angolano não resistiu a pesquisa de um sujeito tarimbado disposto a arriscar tudo. O tudo aqui inclui a própria vida, se Rafael Marques trabalha ou não para a oposição e as forças que sempre se opuseram contra o governo que aí está, isso não entra em causa. A questão aqui é provar que a corrupção existe e que se for investigada os corruptos e os responsáveis por ela aparecerão e a qualquer momento poderão sentar-se no banco dos réus.
O que Rafael Marques na verdade tem mostrado é que nunca existiu na parte do Governo Angolano e do seu chefe máximo, prometedor de todos os fatos que alegra o povão, interesse para se combater a corrupção. E, ainda, derruba com gesto gigantesco a arrogância dos porta-vozes governamentais e os defensores da visão clarividente da chefia que temos; derruba assim o sofisma mitológico e impenetrável dos tempos do partido único, em que essa chefia vive e vivia no maior desrespeito, como se diz popularmente “picando o dedo no olho de suas vítimas”: o Povo. Que deixou de ser povo, hoje, para serem invejosos e pobres. Uma mistura de um sofisma de arrepiar com um mito impenetrável do chefe imaculado, resultando num cinismo debochador, de que a prova devia vir sempre de quem levantasse a acusação; quando se sabe que estamos diante de um estado que nem facilita que os cidadãos levantem tais possibilidades de acusações, e quando assim acontecer o acusador é sempre relegado como um adversário perigoso, às vezes, a ser isolado ou difamado como suposto inimigo de todos: todos aqui, mais uma vez, é o Estado; quando for preciso o MPLA e quando necessário e imprescindível a chefia.
Um estado que não aceita nem a possibilidade de que quem está próximo do mesmo pense que a corrupção existe ao mais alto nível, só poderia transformar o problema da corrupção num sofisma. Assim como transformou o remédio criado por ele mesmo num outro proverbio para divertir suas vítimas: o Tolerância Zero.
Se Rafael Marques, mesmo sendo considerado um ótimo jornalista é considerado um péssimo investigador policial ( considerado assim pelos mensageiros de quem se especializaram em defender a corrupção), pode entrar nas víscera desse regime corrupto e podre que só fede a corrupção, e desmascarar o que há de mais podre lá dentro; como os agentes do SINFO, os Promotores da Justiça, a Polícia Nacional de Investigação Criminal, que por lei são os que têm a missão de ir atrás dos ladrões e dos bandidos, não conseguem buscar provas para provar que a corrupção existe?
Uma ponta do esquema já foi descoberta. Vamos ver, agora, se tem algum juiz ou promotor corajoso que vai conseguir se agarrar a tal ponta ou brecha e prosseguir com as investigações. Mesmo porque a resposta da Sonangol não esclarece todas as perguntas. O por quê, por exemplo, que não se prestou esclarecimento muito antes ou na época que o negócio foi feito? Se a justificação da Sonangol é corroborada por alguma lei? Porque se não existir nenhuma lei que dá proteção a esse ato da Sonangol, como ela tentou explicar, o negócio é ilegal. E a justiça e os promotores têm que estar em cima. Nós temos certeza que houve ilegalidade e desvio de verbas públicas nesse negócio. A Sonangol diante da Justiça e da visão dos promotores, se existe, deve estar a altura de provar que ninguém está se beneficiando individualmente dos seus atos e transações. Afinal, a empresa é pública, é de todos os Angolanos! E todos nós temos o direito e obrigação de protege-la.
Isso é que é democracia! Mas para isso precisamos primeiro por começar a denunciar os delapidadores do Patrimônio Público. Vamos ver se alguém mais tem coragem de fazer alguma coisa pelo Tolerância Zero. A próposito, perguntar não é ofender: para militarmos no Tolerância Zero precisamos nos alistar em algum partido? Ou acaso ser membro desse governo aí?
Nelo de Carvalho
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