sexta-feira, 15 de abril de 2011

Um Direito de Defesa Que Chega Tarde Demais

Tarde demais para transformar o cinismo, a falta de informação, o silêncio e a indiferença em verdade. É tarde de mais para transformar a arrogância do poder e os velhos costumes ditatoriais numa carroça de transporte que possam levar, de um lado para outro, produtos que já estão perecíveis ( vencidos) para serem vendidos com o rótulos de verossimilhança. E tem mais, verossimilhança, nem sequer é verdade!


Querer provar a essa altura do campeonato que tudo são mentiras e falácias, é como misturar mentiras e verdades num só liquidificador ( batedor) para tentar depois, de maneira infeliz, separar as mesmas. E convencer aos observadores que a mentira, a intriga, a desinformação e a manipulação –mal combatidas pelos órgãos do governo e do Estado – deve ser ingerida como um calmante ( xarope ou suco) amargo, por todos nós.

Infelizmente temos a dizer ao presidente que ele chegou tarde de mais para se justificar. E que não existe obrigação moral de quem quer que seja para se acreditar nas versões vinda dele, numa situação anormal ( de pressão política, ideológica) ou de crise.


Saiba Senhor Presidente que a Democracia -burguesa ou não- ela não constitui um regime baseado no princípio da confiança ou até mesmo da moralidade ideológica e política. Ela é um regime de Estado de Direito. Isso significa dizer que na luta pelo poder – direito de todos os cidadãos Democráticos-, importa pouco a confiança ou até –se for o caso- a desconfiança que existe entre aqueles que se digladiam pelo poder.

Como você mesmo tenta demonstrar ou persuadir aos poucos que te apóiam, o que importam são fatos corroborados por comandos, métodos, procedimentos e leis que movimentam a máquina do Estado. Essa máquina só será eficiente – para as finalidades pretendidas- se cada peça ou componente corresponder a esses comandos. Imagine agora que os componentes daquela máquina são os seres humanos.


Não se trata aqui de se ter certeza do quanto o Presidente tem em suas contas bancárias no exterior. Ou se o mesmo tem alguma conta bancária fora do país. Mesmo porque a essa altura ninguém está mais interessado em saber isso. Se fosse na época de partido único, onde só imperava a ideologia Marxista-Lenenista, com certeza, todos nós estaríamos morrendo de curiosidade para saber os bilhões que o Camarada Presidente tem mundo afora, qual o valor da riqueza do Presidente, fora ou dentro do país.

Trata-se aqui da postura do próprio presidente, de um conjunto de atitudes, procedimentos legais que impedem que o povo, a nação, as instituições democráticas - entre eles o Tribunal de Contas, o próprio Legislativo, a imprensa privada sufocada e chantageada; a Constituição da República redigida em beneficio próprio- que impedem que aquela riqueza seja descoberta ou minimamente monitorada.

Se o Presidente alguma vez na vida tivesse tempo de ler algum livro, básico, de Direito Administrativo, ao sabatinar a informação do mesmo com a sua trajetória de homem de Estado e chefe de governo que é ao longo desses trinta anos, com certeza, teria se mantido calado. Como sempre foi o seu estilo e não teria tocado em algo tão delicado e constrangedor. Ou seja, deixaria que o trem da corrupção seguisse o seu curso, ou melhor, como bom maquinista desse mesmo comboio, que procurasse manter a velocidade do mesmo. Mantendo o cidadão como sempre, na dúvida e na desconfiança.

Já que Presidente –“angolano”, tradição deste, assim nos habituou- não dá esclarecimento à opinião pública, poderia pelo menos ativar os meios de comunicação públicos, para que os mesmos pudessem informar a população – e a oposição também-, do porque que só em Angola o combate a corrupção é encarado como forças anti patrióticas que tendem a dividir os angolanos e a separar o povo do Governo?

Camarada Presidente este discurso de vítima e do agredido em nome do povo é vergonhoso até para mim que estou longe do poder. É vergonhoso até para qualquer militante do MPLA. Acreditar que o fim do seu mandato ou com a sua morte, o imperialismo e o colonialismo estarão de voltas para se apoderarem das nossas riquezas é uma presunção estúpida, que hoje só cabe nas mentalidades ofuscadas e impenetráveis, por tudo o que há de mais novo e moderno.

Fazendo uso do meu senso de ironia: Eu acho mesmo que o Senhor deveria ser julgado e condenado pelo excesso de presunção. E não por desviar dólares e descumprir regras.

Eu o perdôo por desviar dólares e pelo comportamento infantil de descumprir regras!

Jamais pela presunção!

Não adianta José, você pode até sair vitorioso de onde está -se achar que sairá-, mas terá dificuldades eternas para justificar seus atos. Eu sinto pena dos angolanos – e agora também de você!

Nelo de Carvalho
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