Entre a certeza de querer se fazer algo para melhorar a vida –algo inspirado pelo desejo de se continuar a viver, ainda, que seja em difíceis circunstâncias- e a pantomima ou o fingimento de que estamos fazendo, será que tem alguém, algum especialista angolano, não importa sua cor partidária, que poderia vir ao público explicar qual é a função desse último Congresso do MPLA? Sinceramente, até agora não entendi por que esse congresso foi feito? Vou tentar adivinhar!
A impressão que se tem é de que o Congresso foi realizado para se serrar fileiras contra algo, este algo que os inimigos do MPLA querem destruir e deve ser protegido. O MPLA poderia nos dizer quem é essa coisa? Porque no passado um evento dessa ordem tinha como características principal este tipo de alarmismo, combater inimigos externos e internos que punham em perigo a Nação. Os tempos passaram e ficou demonstrado que só alguns doentes mentais continuam acreditando no perigo em que a nação está como conseqüência de uma falta de vigia maior ao se serrar fileiras.
Todos os inimigos que um dia no passado punham em perigo a existência dos grandes e verdadeiros programas do MPLA, se não se transformaram em minhocas, muitos deles têm a mesma identidade do partido no poder e que podem ser mencionados aqui mesmo: a propriedade privada, o surgimento de uma burguesia nacional oportunista que estivesse em condições de estar em frente dos grandes projetos econômicos ( explorar seus semelhantes) e, por último, a UNITA.
Vamos direito ao assunto, “se não fosse por está minha característica eu estaria naquele Congresso”.
O MPLA fez um Congresso para desviar a atenção das pessoas, porque sabe que o seu dirigente está em crise de legitimidade e sendo vítima de acusações sérias de corrupção que ele finge serem todas calunias e difamatórias. Sim ou não? De que o mesmo estava marcado desde o último que foi realizado há dois anos, essa talvez seja a resposta. Mas uma coisa também é certa, se todas as coisas fossem a mil maravilhas, como o cinismo do Presidente previu, esse Congresso fantasma não teria se realizado. Ele só se realizou por dois motivos, para mostrar que o Presidente é uma vítima injustiçada de seus críticos e de que as próximas eleições estão aí.
O Congresso foi feito porque seu dirigente acreditou que era o momento adequado para se confessar dos boatos e das verdades vinda da opinião pública. Que fazem cada vez mais que o cargo de Presidente da República e o Poder Executivo, numa Angola miserável, sejam desacreditados como instituições políticas e de poder. Não é o MPLA que está em decadência. É aquele cargo e o seu desagradável ocupante.
Assim, ele precisa acreditar num milagre, o milagre que venha ressuscitar a crença nas duas instituições. Nosso Presidente da República é pior que uma freira, o padre, o cura, o vigário, à espera de um milagre que venha salvar a instituição, que ele, no caso, dirige. É um cenário clássico que ocupou as manchetes de jornais durante todo o século vinte. A igreja Católica diante da ameaça Comunista e Marxista pôs-se de cruzada diante dos milagres, esperou os mesmos com tanta “convicção” e “evidências”, que nunca faltaram segundo as convicções da instituição. A história do século vinte está cheia delas. Freiras, fanáticos e doentes mentais convenceram ao mundo (aos crentes) de tais evidências só vistas por quem mais odiava a ideologia mais revolucionária de todos os tempos e a que até hoje, mesmo no silêncio e na calada da noite, ainda é a que mais ameaça o Cristianismo.
O Presidente da Angola é assim. Ele é um fanático por continuar a ocupar a posição que ocupa. É um fanático de suas convicções e de algumas que alguns de seus bufões andaram incutindo no mesmo: de que o poder que ele ocupa é vitalício e só a ele pertence. Por isso, vir ao público mostrar que é bonzinho, ponderando e revelar o que ele acredita ser importante, é como se fosse o milagre perfeito para moldar milhões de mentalidades.
Mas para dizer que não tem vinte bilhões de dólares em bancos estrangeiro não era preciso um Congresso. Era só acordar de manhã bem cedo, ou tarde, convocar a imprensa –a Estatal-, um outro retrato de decadência, e anunciar que não tem nem sequer um “lwei” fora do pais.
É surpreendente a maneira como se apela para a consciência das pessoas, a compreensão dessas para que continuem a ver, não só no MPLA, mais no corrupto que está no poder uma suposta magia de liderança que ele nunca despertou em ninguém nesses trinta e dois anos. Agostinho Neto foi o primeiro e o último grande líder que esse país teve. Vamos ter que precisar mais de dois, três ou quatro séculos para que um outro apareça e comova os corações de milhões de angolanos.
Como aquela história do herói espanhol, que depois de morto venceu todas as batalhas: O El Cid Campeador. Dos Santos não é o El Cid, porque ele está vivo. José Eduardo dos Santos vai galopando sobre o Cavalo do herói Espanhol, mais não como coisa morta. Na nossa versão angolana, o El Cid ( o Agostinho Neto) foi enterrado e só sobrou o cavalo a ser aproveitado. Dos Santos vai sobre esse cavalo, enganado por ele e por todos os seus comparsas. Por incrível que parece não existe morto fantasma enganando os vivos; o fantasma é literalmente algo que está vivo: um sujeito oportunista, assustadoramente egoísta, dissimulado –cínico-, e que consegue enganar a todos.
Nosso fantasma vivo e quem rodeia o mesmo precisam entender, que lideres não se fazem todos os dias, não se fabricam. E tem mais, que ele mesmo nunca foi um líder, que ele foi simplesmente escolhido para suprir o vazio provocado por um Fato: a morte! E que isso não lhe da direito, nem a ele nem ninguém, de achar que têm nas mãos todas as soluções que o país precisa. E nunca teve!
É preciso, sim, entender que o país precisa de todos, até daqueles que estão na oposição. O país, mais do que nunca, precisa de militantes que não têm cores partidárias. Como lidar com toda essa gente de diferentes matizes ideológicas e políticas na construção de uma nação? Consiste em retirar do ordenamento jurídicos leis que dão proteção aos corruptos, em particular que dão proteção e poder excessivos ao Presidente da República. Hoje você é o Presidente, amanhã será outro! Mesmo sendo você não há nada que prove a sua fidelidade e transparência no poder. Além disso, -vamos repetir de um outro modo- “o cidadão não precisa das mesmas, o cidadão precisa de leis e comandos que regulem e põem à prova aquela transparências e fidelidade”.
Por isso, as decisões desse Congresso são cunhadas por decisões unilaterais de quem agora apostou nos milagres. Tão unilaterais do que as decisões do Comitê Central ou do Bureau Político. O Politiburgo das sessões noturnas, de Luas Cheias, em que cada um dos seus membros agora faz questão de se apresentar de forma encapuchada.
Nelo de Carvalho
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Caro amigo Nelo!
ResponderExcluirSempre que venho aqui ler, leio com uma satisfação incrivel, pois sinto que estou a ler algo muito realista e que defende a não corrupção feita pelo corrupto José E. dos Santos, famila e Capanga! Você defende a verdade para o povo e a terra que me vai na alma! Defacto aquele trafulha, corrupto que está a no poder, pelo que eu vejo é outro Kadáfi, e nunca sairá, pois a ganancia pelo poder que lhe dá o direito a dirigir Angola ao seu jeito, fazendo ele mesmo as leis ao seu jeito, roubando os Angolanos.
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Um grande abraço.