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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

“Deixem o José Maria em Paz”, Ele Não é o Único Corrupto

Antes de escrever esse artigo terminei de ler sobre a operacionalidade do Estádio 11 de Novembro em Luanda, na verdade, a e inaoperacionalidade daquele monstro ou entulho de concreto aparentemente útil, num país onde até existem pessoas passando fome e com doenças curáveis que poderiam ser tratadas se os recursos, os nossos belos recursos, fossem bem aplicados; ou seja, os excessivos custos para que aquele estádio com capacidade para cinquenta mil pessoas funcione normalmente não justificam a sua existência. Já se sabe que aquele estádio desde que foi inaugurado nunca foi usado com toda sua capacidade e a nível nacional parece que existem mais dois como ele.



Se existem nessas circunstâncias é porque alguém se excedeu em algo, cometeu erros ou, talvez, fraude para que aquelas inúteis construções agora façam parte do pesadelo da imagem de um país onde seus governantes fazem de contam que governam. Mas o problema não é só o pesadelo, agora também, são as injustiças que se cometem diante dos olhos da sociedade, que só identifica uns como corruptos, digamos mesmo a maioria, incluindo o povo, o cidadão humilde e pacato, e longe de todas as suspeitas quem está a frente dos grandes projetos desse país.



A notícia está no sítio eletrônico do Angonotícias um sítio financiado ou apadrinhado pelo próprio governo ou, ainda, pelas amizades próximas à família do Presidente da República, filhos e companhia. Será que os custos elevados de operacionalidade do Estádio 11 de Novembro não gera responsabilidades administrativas e até mesmo penal de quem deu ordens para que aquele empreendimento saísse do papel? Falta de aviso e alertas não foi. Muitos puseram em cheque a viabilidade da Copa África das Nações, sobre os custos, nesta fase de reconstrução nacional, que a mesma acarretaria para a sociedade e o estado. E o desperdício de recursos diante das prioridades que o país tem. Será que isso não seria motivo de sindicância e de apuração de responsabilidades?


Por exemplo, quantas casas, a mais, poderiam ser construídas com o dinheiro dos estádios construídos, que hoje não se usam para nada? Quantos laboratórios as Universidades Públicas poderiam ganhar com aquele dinheiro investido naquele monte de concreto e ferro, que envelhecerá sobre o seu próprio peso, e que irá se deteriorando sem ser usado em sua plena capacidade? Quantos quilômetros de estradas, a mais, poderiam ser construídas e asfaltadas, poderiam ser estendidas pelo país a fora e que ajudasse na logística e na distribuição de bens e produtos nas nossas cidades e aldeias? Aumentando assim a geração de empregos, melhorias de vida no interior do país, desafogando Luanda, facilitando, agora, mais do que nunca, a imigração inversa nos tempos de paz e como resultado da riqueza que se produzisse no interior do país? Quantos agentes públicos, policiais e professores poderiam ser contratados para cuidarem da segurança das nossas escolas e ensinarem nelas, respectivamente. Com aquele dinheiro, quantas bolsas de mestrado, doutorado e de nível de graduação ( licenciatura e bacharel) poderiam ser oferecidas aos nossos estudantes? Que ajudariam ainda mais a tirar milhares de pessoas do subdesenvolvimento.


Será que é errado pensar desta forma? Fazer das prioridades uma via e método para tirar milhões de pessoas da pobreza, evitando assim a instabilidade política, a comoção social, a dúvida e as incertezas de se viver num país que até hoje não demonstrou para a maioria da sua população, que tudo o que atravessamos, historicamente, valeu apena.


Nessa historia toda, o que chama atenção é a forma escancarada com que se acusam os outros de corruptos, quando muitas vezes se sabe que o culpado ou a causa principal do processo de corrupção nem passa pelo acusado. Não seria exagero dizer que muitos dos acusados de corrupção mesmo quando são apanhados com a mão na cumbuca é porque seguem um padrão de governança generalizado, estabelecido e consentido pela própria chefia que deveria dar exemplos de transparências e que nunca deu ou dá.

E as provas estão aí, do chefe que usa os seus familiares para expandir o seu poder e interesse econômico, em nome de uma era que ele acredita, que agora a propriedade privada não só deve ser respeitada, mas se possível, de maneira deliberada e até descarada, confundida com a propriedade pública. O exemplo disso é a primeira dama que não para de fazer caridade com o que na verdade é público, se promovendo, fazendo uso do poder que o marido tem. E tem mais, fingindo ser o que na verdade ela não é e nunca foi, usando recursos do próprio Estado vindo do Gabinete da Presidência, gabinete que é a maior fonte de corrupção. Dizer que o Governador cessante de Luanda é um corrupto disso ninguém tem dúvidas, mas ele não é o único nesse país que rouba e desvia; ele não é o único que anda sujo e que tem a sua moral esfarrapada; não é o único mendigo da imoralidade, entre os governantes angolanos.


Todos em Angola sabem que as instituições de caridade, ou que dizem ser de caridade e apoio a toda turma de miseráveis, dirigido por aquela mulher e que se transformou num verdadeiro símbolo da corrupção; ou a maneira como um homem pode ser seduzido por uma mulher para se entregar ao que há de mais incorreto e que nada tem a ver com as funções de um Estado sério, na verdade, constituem um verdadeiro canal de desvios de recursos públicos e que tem como cordão ou tubulação o tráfico de influência. Todos sabem que aquela gente, todas sem exceção, um dia nasceram pobres e que jamais criaram com saga de empresariado, que dizem ser, a fortuna que hoje ostentam: bancos, empresas de telecomunicações, minas de diamantes, fábricas de cimento e aquisição e utilização dos lucros de uma empresa pública como se fosse privada, a Sonangol.

Mas o que ainda surpreende é o jeito como a sociedade angolana contempla e aceita a inocência do Camarada Presidente, um camarada presidente, que há muito tempo, transformou-se em clarividente e deixou de sentir a dor do seu povo. É basta ver que a falta de segurança nas nossas escolas, todos podemos ser vítimas e até culpados, mas menos ele.

Nelo de Carvalho
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