Pode parecer coisa de idiotas prestar-se a orbitar idéias e opiniões que vêm do Jornal de Angola. Vamos tentar aqui deixar de lado todo tipo de vaidades e orgulho, mesmo porque aquele meio é um canal público de informação. Assim, se tem direito a jogar em nossas cabeças o que seus profissionais acreditam que podem fazer, porque estão atrelados a uma certa legitimidade, nada impede uma resposta contra o mesmo órgão vinda de qualquer lugar. Afinal, é de qualquer lugar dos confins deste país (infelizmente, às vezes tenho que supor que estou mesmo em Angola, só falta alguém por aí soltar o meu direito ao voto como cidadão angolano por estar na diáspora) que vem a unidade mínima possível de legitimidade, mas somada como grão a grão de areia para se encher o camião. O camião da corrupção em Angola: o próprio Estado!
Qual mensagem nos trás o artigo “Ser Rico Também é Um Direito”? A simples defesa do corrupto que se enriqueceu e que tem necessidade de continuar no poder? Ou de que em Angola qualquer ascensão sócio-econômica não exige declaração legal e satisfação diante do poder público, o que os especialistas chamam de Prestação de Contas ou até mesmo Tomadas de Contas? E que tudo isso deve ser encarado pela sociedade de forma omissa, ou mesmo que ser rico e não prestar contas pode já ser aceito e assimilado como um fenômeno cultural corroborado pelo discurso cínico e irresponsável do Camarada Presidente “ que ninguém em Angola, mesmo sendo funcionário público, não tem obrigação de viver só do salário”.
No mundo inteiro, hoje, o direito a ser rico só não é ainda defendido na Coréia do Norte. Em países como a China, onde o direito a se ser rico é uma política de Estado, ou seja, incentivado por políticas públicas, paralelamente, existe até a pena de morte para quem se enriquece ilicitamente. Na Europa e nos Estados Unidos, enriquecer-se ilicitamente, além do ressarcimento daquilo que foi adquirido ilegalmente por qualquer via e método, pode dar até 20 anos de cadeia e perdida do cargo público.
Em Angola, o Jornal de Angola ( Empresa Pública) promove o tráfico de influência, oculta e esconde que existe a corrupção. Qualquer pessoa formada em Comunicação Social, jornalistas e áreas afins, sabe a importância da imprensa ( jornal, televisão e rádio) no combate à corrupção. Este setor, chamado por muitos como o Quarto Poder é verdadeiramente uma arma contra a corrupção e os corruptos. Em países civilizados ( entre eles os europeus), onde muitos dos “nossos ricos” dão-se o luxo de irem gastarem o que aqui roubaram e desviaram, o Primeiro Poder tem por obrigação acatar ( fazendo o uso do poder de coerção do Estado) todas as irregularidades a ele chegadas através do Terceiro e o Segundo. Este com a ajuda de todos, até da imprensa, controla; e aquele ( o Judiciário) investiga e vai atrás do que é concebido com malevolência.
O direito de também se ser rico deveria passar pelo crivo e aprovação de todos aqueles poder. O Jornal de Angola, comprovadamente uma instituição de dar proteção aos corruptos, não tem legitimidade para enaltecer, em Angola, quem quer que seja, quem se enriqueceu e alegar um direito de enriquecimento quando todos os modos, maneiras e leis são violados, ou nem existem, para que os ricos, protegidos pelo mesmo Jornal, possam andar sossegados e terem uma vida em paz diante de qualquer sociedade em que tentarem se locomoverem. E se for entre os angolanos, eles sim merecem todo tipo de rotulação. Afinal, é o direito que o pobre angolano, que luta de maneira honesta para se chegar aquele nível, cumprindo as regras do enriquecimento, tem para fazer valer a transparência diante de todos como conseqüência das dificuldades que a sociedade em que vivemos oferece a todos nós. E o direito a esta luta é uma atitude suprema.
É contra esta atitude que a classe de ricos que temos no país se predispuseram a lutar para proteger tudo o que acreditam terem de direto. Incluso governar, administrar e “liderar” o país sem contestação. Não faltam atos do Executivo Angolano de maneira feroz e covarde que atentem contra o emprendedorismo daqueles que não concordam com os seus métodos políticos. Quando este mesmo Jornal de Angola tem habilidades de descobrir dons, atos de genialidades e de bondades ridículas e irrisórias, no meio familiar daquele que define e determina o emprego dos funcionários deste Jornal. Por certo, uma maneira ilegal de se manipular e usar a coisa pública. E com todas as suspeitas, um meio de se enriquecer sem ser molestado por ninguém. Ou, ainda, ser elogiado pelo dono da “verdade”, que neste caso só pode ser o próprio Jornal de Angola. A quem este Jornal agora pretende convencer e a quem pretende dar proteção?
Vamos terminar este artigo sem muitas pretensões, mas atrás de uma boa intenção, que é o de fazer recordar o papel verdadeiro do nosso Jornal. Mas para isso tentar lembrar muitas das opiniões daquela edição diária sobre os objetivos da nação angolana. Entre eles está a construção de uma democracia onde todos possam se sentir refletidos e protegidos. Se o Jornal de Angola pretende ajudar naqueles objetivos não precisa nem ser imparcial, porque sabemos que isso não existe, ao menos politicamente, mas precisa, com urgência, afastar-se da mão individualista do Presidente da República, de sua família, tão bajulada pelo mesmo Jornal e, por fim, de alguns generais, igualmente, corruptos. Que é, sem papas na língua, o que verdadeiramente a proteção do Jornal de Angola esteve dirigida.
Quem merece os serviços daquele Jornal, que eu saiba, ainda, é o Povo Angolano.
Nelo de Carvalho
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2 comentários:
tenho que não discordar ...parabéns pelo teu artigo N.C.
Por trazer Angola tão dentro de meu peito gostaria eu de não concordar com você em nada e dizer até que tu sonhas acordado, mas a verdade é que estais certo, e isto nos deixa mais tristes. Engodo e o mais puro engodo.
Parabéns por seu trabalho!
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