Não há nada mais estúpido na vida que culpar sempre os outros pelos nossos fracassos e pelas nossas incompetências; nada mais idiota, ridículo e macabro que ver no clamor dos outros o fim, transformado em desgraça, que não evitamos como consequência da nossa inaptidão. Acusar a oposição de invadir um quartel das Forças Armadas Nacional ( Angolana) é desespero de um governo que sempre teve como agraciamento a burrice do próprio povo que governa ou então do humilde cidadão.
É por isso, e outras coisas mais, incluindo a quantidade de substantivos abstratos referenciado no parágrafo anterior, que urge a necessidade de se dar um basta a tudo isso que vemos por aí: difamações e culpas. Em que os acusados estão sempre na mesma direção. A pergunta é a seguinte: se reservistas ou desmobilizados do exército estão há mais de dois anos sem receber seus vencimentos e/ou salários, de quem poderá ser a culpa de tais falhas? Por que é que o MPLA vive de presunção absoluta? Acreditando que tudo que acontece com o mesmo merece absolvição incondicional. Quem é – e onde está escrito- que pelo fato de serem os guerrilheiros do MPLA de libertarem o país, isso dá a eles uma espécie de direitos absolutos sobre tudo que há por de baixo dos céus de Angola?
Essa presunção -indiscriminada e abusiva- chega a ser uma falta de caráter de quem não sabe fazer política e habituou-se a todo os mimos políticos. É além de tudo prova de que as coisas não andam bem. E, por isso, a culpa é de quem governa, é de quem diz -de maneira cínica, desrespeitosa e não convincente- que tudo faz para melhorar a situação da população.
Um governo que historicamente ao se revelar incompetente tinha e tem como melhor estratégia de governação “ jogar tudo debaixo do tapete”, em que os resultados daquela estratégia sempre tiveram como objetivo único inocentar o chefe de tudo; e culpar ou vitimar até mesmo pessoas inocentes em nome de se salvar uma transparência; a transparência de quem sempre foi inepto e inqualificável para ser líder ou dirigente político; que, na verdade, chegou onde chegou por força do destino e de toda sorte do que por desempenho intelectual e destaque pela sua capacidade de criação política.
José Eduardo dos Santos, além de uma farsa, retrata o fracasso de um povo, a derrota de uma nação diante do que se propôs e nunca alcançou: saúde, educação, emprego, direito a viver em suas terras sem serem considerados cidadãos de segunda categoria. E enquanto insistirem no sujeito, inútil, não haverá possível vitória. Uma coisa é o MPLA vencer diante de suas incompetências, a outra, é o povo Angolano sair vitorioso diante do que se propôs neste últimos trinta e cinco anos. Sabe-se que o MPLA tem vencido até diante daquela (a incompetência). E o povo? O povo angolano é o único derrotado diante das inépcias dos dirigentes do MPLA ou da direção magnanime e clarividente que esse partido gaba-se de ter.
Todos os momentos são momentos possíveis e adequados para se mudarem os destino desse país e se produzirem transformações necessárias. Até o dia 31 de agosto que aí vem pode ser um deles. É por isso que agora a quadrilha está preocupada. E vive acusando seus opositores e “disparando por todas as direções”. Vivem chamando de traidor quem no passado os apoio e agora não se convencem mais com suas falcatruas.
Ora vejamos, elementos das Forças Armadas ficam até dois anos sem receberem os seus vencimentos e salários, e ainda fazem acreditar a população que tudo isso é um complot de quem está na oposição. Que o mor chefe, o capitão da nau corrupta e cheio de bandidos, nada tem haver com isso. Só faltou mesmo, entre todos os culpados, culparem a minha avó ou mamãe, que todos os dias de manhã precisava e , talvez, ainda “precise” de se levantar cedo para ir à praça fazer os seus negócios e quitandas. Só vai faltar, incluindo nessas, culpar as kínguilas vítimas indiscutíveis desse sistema corrupto, que dá preferência as namoradas misseis, amantes concubinas na condição de prostitutas protagonizadoras da poligamia. E que finalmente um sistema corrupto que está mais interessado em sobre-viver do que salvar o pais da mesmice do atraso e dos vícios.
Num pais onde todo mundo é responsável pelos seus atos, e até pelos atos imundos de um governo boçal que só sabe procurar culpados além dos seus atos, faz-se tudo para se proteger e inocentar o chefe de uma seita. O pais inteiro, numa posição de inercia e de incapacidade de enxergar aonde está e vem o mal de todas as coisas, prefere sair, como sempre, caçar as “bruxas” como vítimas. Angola é um país de zumbis, uma nação neutralizada pelos vampiros chupa sangue, que têm, agora, e sempre, a capacidade de renascerem dos males que esses mesmos vampiros têm produzido a nação.
Não adianta mais acreditar num processo eleitoral justo e humano, em que as pessoas não são enganadas, um processo em que as pessoas só precisam votar – de preferência de forma direcionada, bitolada e todas elas enganadas, é uma espécie de estupro mental, em que a vítima não tem condições nunca de se defender- e quando tenta ainda por cima é constrangida. Assim é o MPLA com todo povo –de Cabinda ao Cunene-; assim é o MPLA com os seus “inimigos”; assim é o MPLA com o cidadão comum e o pacato cidadão.
Diante de tudo isso – pelo menos para esse formador de opinião-, precisamos entender que as próximas eleições não serão mais as eleições em que o cidadão precisará se definir ideológica ou mesmo politicamente. O MPLA foi vencido por todas as ideologias, sucumbiu diante delas. A prova é a adesão desse partido aos estilos e vícios burgueses de governança que em nada retratam as necessidades dos angolanos em geral. A prova é a existência de um Estado idealizado pelos corruptos e os criminosos que militam nesse partido – com a fachada de defenderem interesses nacionais- virados a defenderem interesses grupais.
As próximas eleições não podem ser vistas como as eleições do medo e da chantagem; não podem ser as eleições do cidadão revolucionário e do cidadão reacionário; ou, ainda -como sempre nos habituaram-, como quem é do MPLA e quem não é. É preciso deixar todo simbolismo de lado e clamar pela angolanidade.
Angolanidade aqui significa sermos pragmáticos diante dos problemas que atravessam o país. Esta angolanidade consiste na não diabolização do próximo que está vivo e diante de nós lutando pela mesma coisa. E quando digo os vivos, estou querendo ser explícito, dizendo: que Savimbi já morreu, Agostinho Neto já morreu e idem o velho Holdem Roberto. Mas nós, milhões de Angolanos, estamos vivemos e não queremos e nem merecemos viver só de simbolismo. Queremos mais do que isso: educação para os nossos filhos, saúde para as nossas mulheres e crianças e fazer com que os nossos olhos enxerguem as mesmas com alegria em vez de tristeza.
A luta pela mesma coisa não será possível se não tivermos em Angola poderes equilibrados e representativos para todas as forças políticas. A paz e a boa convivência entre os Angolanos passa por esse equilíbrio. Em que o MPLA não precisa mais ser visto como o dono do poder, ser onipresente e onipotente nos poderes que formam e pertencem a República de Angola. Por isso, chegou a hora não só de vencer a corrupção, mas de vencer também o próprio MPLA e todas as suas falcatruas e a direção que esse partido diz ter como exemplo.
O MPLA pode e tem direito de sobreviver, mas para isso precisa reconhecer que está atolado num lamaçal chamado José Eduardo dos Santos. Esse e todos os confrades da seita é e são os que deveram ser as vítimas das próximas eleições. O Povo angolano não tem porque se sentir culpado em penalizar o MPLA. Hoje penalizar esse partido é penalizar os corruptos e salvar os Estado da inercia viciosa em que foi levado pelo Presidente da República. É, sim, salvar a nação das ambições pessoais, das vaidades, do orgulho individual de certos indivíduos.
Quem merece a vitória final é o Povo e não o MPLA. Se o MPLA não se dá o trabalho de rejeitar os corruptos do seu seio, então, o povo tem obrigação moral e política de rejeitar o MPLA.
Nelo de Carvalho
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ANGOLA PRECISA VENCER O MPLA E A CORRUPÇÃO
O FIM do MPLA
A suposta repulsão ou consternação da “família” MPLA contra deserção dos filhos e “sobrinhos” do escritor e Diplomata Agostinho Mendes de Carvalho ( Uanhenga Xitu) provou que fazer política em Angola, como já se sabia, é mais do que fazer religião. Fazer política em Angola é definir-se entre estar ao lado do bem e do mal.
Certas coisas (comportamentos e estilos), no MPLA, representam uma vitória sobre tudo aquilo que fizeram seus militantes, o Povo angolano, e quem sabe, muitos de nós cidadãos comuns, pelo próprio país. Assim, como muitas das coisas, no MPLA, representam um fracasso retundo do que pretendem fazer hoje e amanhã: administrarem o país como gente civilizadas.
As vitórias do MPLA podem ser vistas: como a conquista da independência de Angola; a guerra contra o regime racista sul-africano. Derrotado esse regime dentro e fora dos seus territórios, o MPLA pode ser tido como um dos seus carrascos; que, vitoriosamente, no final da guerra, ergueu a bandeira e declarou a vitória contra o seu maior e pior inimigo. Finalmente, a vitória sobre ambição savimbista e kuacha, esses, sem vergonhas, e humilhados em cada momento dos últimos quarenta anos, tempo que se confunde com a existência dessa quadrilha de bandidos.
Os fracassos desse partido são: reconhecer que seu presidente e a turma que rodeia o mesmo são elementos de uma quadrilha de corruptos gerindo um país. E que ninguém precisa ter medo nem vergonha dessa gente. Talvez, esses são os sentimentos que se apoderaram das mentes dos “ Mendes de Carvalhos” filhos.
O MPLA teve uma missão que se pode considerar exitosa e triunfante ao “saber fazer a guerra” com ajuda de um povo que nunca soube o que é melhoria de vida mesmo em plena época moderna e contemporânea. Mas Estado nenhum vive só da Guerra, já que o partido dos camaradas sempre fez questão de se confundir com essa instituição.
Os sobrinhos e filhos do nosso escritor talvez tenham percebido isso sem querer. Que a função de um Estado é essencialmente de administrar, melhorar a vida das pessoas e, finalmente, prestar contas à sociedade. Que o Estado está para servir à sociedade e não para ser servido por essa. E quando esse tipo de coisa falha ou não são cumpridas, não existe negociação possível, a punição deve ser certa. E aqui o bem é o direto da sociedade ou do povo fazer valer o que tem de direito e obrigação: a exigência de que o Estado existe para prestar serviços de qualidade.
Convenhamos que numa sociedade moderna, contemporânea e democrática, o soberano é o povo e é a vontade desse que deve ser respeitada, indiscutivelmente sem nenhum tipo de reclamação. A posição dos rebentos do Tio Mendes ou o avô Mendes de Carvalho, talvez, e com certeza – eu digo- reflita o desejo de milhões de angolanos de querem uma mudança drástica e radical na direção do pais ou de como esse é governado.
Eu digo mais, a comoção e o suposto constrangimento dentro do MPLA, provocado por aquelas deserções, refletem, nada mais e nada menos, uma falsidade ideológica, de quem assim, fingidamente, demonstra ou indica emoções forte diante de tal fato. Porque as deserções nesse partido só não acontecem mais, precisamente, por falta de grandes opções. Ou, ainda, vivemos num pais em crise de legitimidade. A crise de legitimidade gerada por quem está há mais de trinta anos no poder e que nunca se mostrou ou se revelou um bom gestor da coisa público. E o maior de seu êxito, do sujeito que está no poder, e da herança que o mesmo recebeu, foi de posicionar o cidadão angolano entre cidadãos do bem e do mal, quando se trata de se definirem politicamente. O MPLA, “exitosamente”, transformou seus adversários políticos em verdadeiros inimigos da pátria, odiados pelos vizinhos, pelos irmãos, o cunhando –talvez até- pelo próprio pai ou pelo filho.
Se aceitarmos os fatos de que os tempos mudaram e com ele as coisas e os procedimentos vão mudando. Ou seja, já não há porque acreditar que não existem partidos em cima de vários bens materiais e objetivos; como por exemplo, o bem estar da população, livre arbítrio de se definir em que lado da política devemos optar. Mesmo porque hoje ficou muito difícil distinguir em que lado da política estão os bandidos. Então, o MPLA está no fim! O que ficou entre nós é só um símbolo a ser preservado, que a qualquer momento pode ser esquecido debaixo do colchão onde um outro, no nosso peito, poderá ser substituído.
À proposito eu vi a lista dos candidatos a Deputado para Assembleia Legislativa publicada em diferentes sítios eletrônicos e não acreditei em ninguém deles, muito menos confiar. Existe algum problema por isso? Eu acho que não. Será que alguém estará consternado por isso?
Nelo de Carvalho
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Prosopopeia e Política
O corrupto, em Angola, é um bicho que ninguém agüenta mais. Existem aqueles que dentro da sua espécie têm funções específicas, tão específicas e contraditórias que geram todo tipo de apreensão, até para aqueles que receberam a função pretoriana de dar guarda incondicional ao triste animal.
Para cada etapa da nossa história e pelo que representam são como espécies em extinção, em que, nunca faltam a turma dos “sensíveis” ambientalistas a proteger os mesmos.
Dizer que o corrupto é um bicho em extinção é um erro que vai além de qualquer análise e avaliação. O que está em extinção é a maneira como eles são tratados pela turma dos protetores ambientalistas. Esses tão oportunistas nas suas aparições que superam qualquer Grito vindo dos Oceanos, ou das florestas da Amazona ou mesmo de qualquer selva africana ou asiática, que nos habituou o Green Peace.
A reunião em família protagonizada pela Fundação Agostinho Neto provou que certas espécies de animais são excedentes, estão fora de controle e sua continua reprodução incontrolada é um perigo para todos. Até para quem fez da profissão a defesa de tal bicho. Sua reprodução sem limite põe em perigo o equilíbrio que tanto o ecossistema angolano precisa, esse ambiente um patrimônio de todos nós.
Aquela sessão em família evidenciou que as funções e ações de certos elementos dentro do caótico espaço angolano estão no limite. E que a sociedade precisa se organizar e reorganizar-se, tendo como seu centro a cada um de seus elementos ( os cidadãos) e não o bicho selvagem em extinção, usado como um mascote olímpico ou o Panda Chinês, que faz questão de chamar atenção ao mundo inteiro, porque acredita ser mais necessário do que os outros e insubstituível.
A Fundação Manguxi, deliberadamente ou não, acertou o alvo, declarando que a corrupção, o corrupto e qualquer bicho que se assemelhe a ele deve ter um fim. Essa declaração não só esteve no discurso que ignorou aquele animal solitário, preguiçoso e vivendo à custas de todos, precisando sempre de proteção. Mas, também, no silêncio contra o mesmo. A indiferença da nossa Fundação provou que existirá vida depois da vida ( aqui a morte nem se cogita); existirá vida no nosso ecossistema depois da extinção de certas espécies.
A FAN mostrou, ainda, que uma coisa é apostar na Palanca Negra -um bicho reconhecidamente raro, em exceção e de difícil aparição- a outra é apostarmos nos corruptos. Aquela será lembrada por mil anos com a saudade que merece, estes serão uma maldição pelo dobro ou triplo desse tempo.
Assim, quem é que vai querer fazer feio numa palestra a ser dada na Fundação Agostinho Neto? Nenhum cientista mwangolé que se preze estaria disposto a pôr em risco sua reputação, dissertando sobre uma espécie de gusano já conhecido e estudado por todos nós. Sabemos que essa espécie está sempre atrás de carniça, como evidenciou um dos palestrantes, o ex-Ministro, ex-Secretário e agora, simplesmente, o Juiz, Marcolino Moco.
A “carniça” pode ser qualquer coisa, desde uma empresa como a Sonangol; ou, então, até algo transformado em propriedade privada, usando-se para esses fins toda a ilegalidade possível.
O que é ilegalidade? Muitos acreditamos sabermos o significado dessa expressão, termo ou palavra – de todas as maneiras e sentidos possíveis. E é verdade! Mas o seu significado é ainda tão simples; mas tão simples e de fácil entendimento, que é, precisamente, e por isso, é que a mesma gera um âmago. Ou seja, dúvidas se exigirmos um pouquinho mais da nossa razão. É nessa razão descarada que aquele bicho, nojento, e verme sem vergonha, segue para se implantar e infringir o que quiser.
A ilegalidade, para um gusano, verme e corrupto, é precisamente esperar que quando se façam as leis para todos ou não, o animal esteja em condições de violá-lo. Um exemplo, no contexto angolano, é a própria Lei de Improbidade, mencionada por Marcolino Moco, e a atual Constituição da República. A anterior Constituição da República servia de papel higiênico para os corruptos; a atual Constituição já é papel higiênico usado. Ou seja –a atual-, é um documento ou papel que não serve mais para ser usado por ninguém. Por que? Porque os bichos já a usaram. Gusanos são assim, podem transformar tudo o que for útil para uma sociedade em lixo.
Por isso, não há como defender esse bando de predadores em palestras sérias: a não ser a rejeição total. Foi o que fez a Fundação Agostinho Neto.
Nelo de Carvalho
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Mais Violência e Menos Democracia
A violência Estatal protagonizada pelos órgãos policiais e encabeçado por um tal de Sebastião Martins (Ministro do Estado para ordem interna) passou a ser o único produto grátis a ser oferecido aos jovens, regalias de um Estado Democrático de Direito, que só a mente de mafiosos e psicopatas no poder entendem ser assim.
Sebastião Martins, além de querer agradar quem, está a serviços de quem? Do MPLA é que não está, e serviços a este partido não faz. Ele é o di capo mafioso a serviço de uma quadrilha de políticos bandidos em que o chefe é nada mais e nada menos o próprio José Eduardo dos Santos.
Poucas são as ações do Estado angolano que recai direto sobre o cidadão. As ações deste órgão, encabeçado por Martins, são o que mais contato direto têm com toda a sociedade. Em tempos de contestação, se vivemos ou não numa democracia, se o MPLA é ainda o representante legítimo de todos os nossos anseios, e se o homem no poder em frente da nação é probo ou não para continuar a frente dos destinos da mesma, a Polícia Nacional tornou-se uma instituição Estatal duvidosa, que está mais para leão de chácara que deverá guardar essa propriedade. Não chega a ser retórica de mau gosto à afirmação vinda de diferentes grupos que fazem da contestação, mais do que legítima, um barulho desagradável nos ouvidos dos nossos opressores em nome da democracia e do direito de todos, de que Angola é esta Quinta, Fazenda ou a propriedade que deverá ser cuidada para manter os interesses dos grupos a que o dito Ministro pertence e responde.
Usar a polícia nacional para reprimir manifestantes pacíficos é a prova de que as coisas estão saindo fora de todo controle. O controle que os corruptos acreditavam que deveriam e poderiam ter sobre a sociedade civil. Os fatos provam a importância dessa última no controle que a sociedade deve ter sobre os Atos da Administração Pública, ou se quiserem do próprio Estado. E que esse, mesmo quando suas ações pautam-se em atitudes ilegais e imorais, transformando-se num Estado corrupto como o nosso ( o Estado Angolano), nem sempre dará as cartas ou estará com a bola toda.
Assim, é preciso ir adiante. As manifestações são um direito do cidadão e de toda a sociedade. Manifestações são resultados e sintomas de que as coisas não andam bem, mesmo quando existe uma suposta legitimidade de quem dirige ou tem a maioria em todos os poderes constituídos. Manifestações são provas de que não existe consenso e transparência na elaboração de uma agenda social e política que possam solucionar os problemas de todos ou mesmo de uma minoria isolada e discriminada. Diante disso, fazer o uso da força bruta para solucionar esta falta de consenso e transparência é coisa de gente bandida, que se apoderou da máquina do Estado para benefício próprio.
A violência oferecida pela Polícia Nacional não é inspirada no desejo de se manter uma ordem social fora de equilíbrio; ainda que esse equilíbrio seja parcialmente no tempo e no espaço. É, também, a manifestação interna de um Estado descontrolado, atrapalhado, inexperiente, partidarizado e conduzido pelo ódio, em suas ações para lidar com cidadãos pacatos, mesmo estes sendo revoltosos e malcriados; é preciso ver que muitos deles (os manifestantes) agem de maneira pacífica; barulhentos, mas em atitudes pacificas, coisa reconhecida por políticos e defensores do regime corrupto que dirige José Eduardo dos Santos.
O ódio, é bom que se diga, não é mais contra o passado terrorista dos homens do Galo Negro vulgarmente chamados de Kwachas. Mas sim – e que sirva de alerta- vem da crítica que destrona as atitudes do Estado e do Governo angolano e de todos os seus membros, reconhecidamente como corruptos, vândalos diante da coisa pública, diante daquilo que é de todos. O MPLA, depois da morte de Jonas Savimbi, convenceu-se que poderia governar sozinho, até mesmo passando em cima de todas as regras, exemplo disso, foi aprovação de uma Constituição sem consenso com todos agentes políticos que fazem parte da Sociedade Civil. A verdade, podemos dizer sem medo de errar, é que o MPLA sempre desprezou a Sociedade Civil, fez dessa um tapete de banheiro, para não dizer o pior; fez desta algo inexistente, ou ainda: “o seu papel higiênico”.
E essa atitude foi um erro cometido sem se escutar opiniões dentro e fora do Partido para se proteger os corruptos no poder, que são os que na verdade dirigem esse partido e a nação mwangolé. Erro que hoje se traduz, agora, nesse tipo de repressão fora do habitual: mais violência e menos democracia. Que consideramos crimes a serem responsabilizados pelos seus autores.
Nelo de Carvalho
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A Distorção Dos Fatos
A política Angolana é um belo espetáculo de horror, e talvez, o cenário, seja uma herança da guerra. A obsessão pelo poder, dos nossos atuais políticos no poder, e a convicção de se sentirem prediletos no mesmo como agentes políticos vitalícios faz do debate político entre nós, angolanos, o que há de mais banal nas nossas vidas. Já vai tarde demais de acusar o MPLA de dominar a arte e a ciência de distorcer esse debate, quando na arena dos debates não é correspondido por determinados agentes da sociedade civil: intelectuais, políticos e quem quer que seja, todos são acusados de Kwachas, quando o nosso “queridinho partido” no poder não é correspondido.
Uma coisa é verdade, passaram se os tempos em que esse tipo de acusação e terror político colava. Hoje já não vinga mais, a não ser a estupidez de continuarmos a bajular o impossível. Na verdade, descobriu-se que hoje temos um novo inimigo. E o inimigo não está além das fileiras do MPLA. O grande inimigo que hoje se impõe entre os angolanos é está militância caduca e arcaica que continua venerando a burrice no poder, a ineficácia das políticas públicas com o rabisco de um líder, que nem ele mesmo acredita nos seus atos, mas corroborado por uma legitimidade burra, em que a tradição africana é sempre a culpada de tudo.
O MPLA venceu! E vai continuar a vencer enquanto continuar apostar no status quo ou nas políticas públicas de convencimentos, algo inédito só entre nós os angolanos, em que o político, que nem gestor é, convence a todos de que as coisas estão mudando. E acreditar é necessário. A crença de “todos nós” é o selo de legitimidade que tanto precisa o sistema de bandidagem e corrupção que lidera e governa o país. Assim, aquele que está em cima poderá ganhar mais confiança ( e por que não?) para continuar a governar em nome do povo ou da nação. É só o nome, mas os interesses sempre são promiscuo, e para lá de individual, de igualar-se a qualquer seita medieval.
Se jovens somos, temos que nos apresentar como pessoas dispostas a jogar todas as cartas e não temer quem desafia o andar das coisas como sinônimo de progresso. Progresso hoje é fazer das políticas públicas a realidade material que ajudem a tirar um país do subdesenvolvimento. Desenvolvimento é apostar no bem estar das pessoas e não no simbolismo de valores políticos que ajudem a multipolarizar ou mesmo bipolarizar a sociedade em benefício de um grupo ou partido que acredita que existe e nasceu para ser vitalício, acredita até na imortalidade. Não mais a saudades de um passado que só serviu de combustível para alimentar guerras ou a guerra. Essa guerra em que quem venceu na verdade fomos todos nós. E os perdedores –acreditem- são aqueles que hoje distorcem as verdadeiras ações das políticas públicas. Apelam, conscientemente ou não, a indiferença de todos diante das mesmas.
A pergunta é: como executar as mesmas sem a tradicional vigília dos agentes sociais que exigem que aquelas sejam aplicadas sem a politização que por desgraça ajudam a legitimar o corrupto que faz da mesma sua fonte de poder e recursos?
Assim, o caminho às urnas (eleitorais), o debate em volta da mesma, antes e pós, é distorcido de maneira descarada. Este debate é trans-vestido numa gloria que não existe: na gloria dos corruptos. É um debate feito em volta de políticas ( públicas) que estão mais para um sonambulismo do cidadão do que para a real coisa que provocaria mudança na vida de todos nós. É preciso estar atento a isso. A JMPLA, se ainda existe, não pode se deixar enganar por isso. A verdadeira mudança deve vir acompanhada de princípios e fatos que beneficiem a coletividade, coisa que nenhum bandido ou corrupto pode oferecer, a não ser o poder como símbolo de uma hegemonia que representa os interesses de grupos, que nada têm a ver com os interesses de um povo. Detrás daquela hegemonia ou ela mesmo estão sempre os interesses financeiros de grupos que aí vemos: os mesmos que se apresentam como empreendedores sem um histórico convincente, os privilegiados de sempre. Isso não pode ser motivo de fidelidade aos homens que estão no poder.
A vitória de José Eduardo dos Santos, e mais uma vez, a permanêcia deste no poder, seria irreal. E não só. Seria a verdadeira distorção dos fatos.
Nelo de Carvalho
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As Desculpas Atrasadas do Procurador Geral da República
O Procurador Geral da República (claro, que de Angola) é um cínico violador da lei se defendendo, quando diz que não recebeu propina ou não foi subornado para agir como devia no caso do ex-Ministro da Comunicação Manuel Antônio Rabelais.
Pode até ser, mas quem estará interessado agora na suposta defesa deste Procurador? Quando várias denúncias contra esse, os jornais privados no pais publicaram –várias vezes-, acusando o mesmo de ter ou fazer negócios, que na sua condição não seriam éticos ou mesmo legais.
Num país em que quem recebeu como destino profissional cuidar da lei diante de todos, além de se declarar incompetente diante de certas figuras, também –sempre-, esteve atrasado para justificar suas ações. À propósito, quem tem competência para investigar o Presidente da Republica? A bandidagem e a seita secreta constituída pelos mesmos vai além do cinismo. Antes não respondiam as denúncias do então assustador site Club-k. Porque alegavam que esses não eram profissionais; ou se eram, não passavam de uma turma de invejosos e fracassados. A delinquência que antes se apresentavam como heróis da pátria, que de todo respeito exigiam de todos, pouco a pouco vão sendo desacreditados e desmascarada. Descobriu-se que não são tudo aquilo que sempre se pensou ou fizeram pensar de si aos outros. As eleições estão aí, se aproximando, agora é esperar que toda essa burrice, aí no poder, com o nome do MPLA, não mereçam toda aquela votação do passado. Vamos esperar e torcer para que no fim a raposa sangre.
Nelo de Carvalho
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Como a Bandidagem Pôs o MPLA no Poder
Luanda é a Capital de Angola e é dessa cidade que praticamente emanou todo poder que o MPLA adquiriu ao longo dos anos para chegar ao trono e manter-se no mesmo de forma vitalícia. Tudo isso, e sempre se justificou assim, em nome da independência nacional e do sonho de se formar uma nação, ou, simplesmente, em nome da Unidade Nacional.
Em quanto estas duas coisas estiveram em perigo, a independência de Angola e a Unidade Nacional, os fins para este partido ( o MPLA) justificaram os meios: até apelar ao bandidismo, que se redimia no momento de necessidades extremas, nos momentos em que este partido mais precisava de se auto posicionar e continuar no poder para decidir sobre os destinos da nação.
Concordo que Angola, até o dia em que Jonas Savimbi morreu, foi uma nação sui generis, em que quem estava no poder precisou apelar a vários tipos de procedimentos para salvar a nação da carniça em que sempre estivemos expostos. O MPLA teve seus motivos para tudo nestes trinta e cinco anos de independência. Motivos que se justificaram porque teve princípios e idéias bem definidos em que quase todos nós acreditamos e confiamos. Por exemplo, são os ideais desse partido que ajudaram a conquistar a independência deste país ( Angola) de maneira unificada; e é com o mesmo ideal que o exército racista sul africano não conseguiu destruir a independência de Angola; e, ainda assim, a Namíbia, o Zimbábue e África do Sul tornaram-se países livres, independentes e democráticos.
O papel do MPLA na história do continente africano é um papel invejável e nos torna orgulhosos, militantes e simpatizantes, assim como aqueles que diretamente dedicaram toda a sua vida a esse partido. Para conquistar aquelas façanhas, de até libertar irmãos africanos no mesmo continente, e defender a dignidade dos povos da África, a mobilização de todos os tipos de recurso sempre foi pouco. O MPLA foi vanguarda em quanto soube defender os angolanos; e com Agostinho Neto em tão não se diz, foi a fase áurea do partido, estava na apoteose que qualquer herói e vitorioso merecia. Bons tempos aqueles!
É uma pena que hoje, por interesses escusos, tudo isso esteja à prova da desonra. Alguém de maneira proposital está jogando fora a história do MPLA, seu passado glorioso, suas vitorias cheias de honra e dignidade que sempre justificaram a motivação dos angolanos em construírem uma pátria para todos. Todos sim: até mesmo aqueles que não se vissem refletidos nos ideais desse partido.
Comecei meu artigo mencionando a cidade de Luanda, cidade onde eu nasci. Mais precisamente entre o Rangel, o Cazenga e o Sambizanga. Conheço esses lugares como as palmas das minhas mãos e os pés que tanto andaram por aqueles musseques. Andei por esses lugares (bairros) de todas as formas possíveis, descalços, roto e faminto. E por uma boa coincidência -sem a presunção aqui do prosista- o MPLA também nasceu, aí, nas mesmas circunstâncias: mendigando o apoio de um povo que precisava se libertar. Aceito um advérbio circunstancial de tempo entre aspas. Afinal, não sou tão velho assim. E na época, esse Partido, tinha a dignidade que qualquer homem honrado sonhador por um mundo melhor, também, tinha. Todo mundo sabe que o MPLA nasceu, se sustentou e sustenta-se nesses bairros. Na verdade, o dito poder que o MPLA tem sempre veio destes bairros suburbanos, os famosos musseques de Luanda. Bairros em especial que Agostinho Neto com sua genialidade e força espiritual dedicou parte de sua poesia. Nada mal para um Grande Poeta como Agostinho Neto e nada mal para as pessoas sofridas destes bairros. Justiça faz-se: para Angola ser o que é: o MPLA precisava nascer nesses lugares. Mesmo porque os bairros aqui mencionados estão cheios de Angolanos de diferentes partes e cantos de Angola. Eu mesmo sou de uma família proveniente do interior de Angola, com ramificações laterais e retas ( familiares), tanto no sul do pais como no norte do país. Em fim, eu sou, simplesmente, um Angolano que tive a “desgraça” ou a “sorte” de nascer em Luanda, mas com muita honra e orgulho poderia ter deixado o meu cordão umbilical em qualquer parte do território nacional.
Um poder atribuído a este Partido de maneira consciente é o que precisamente os moradores daqueles bairros de Luanda o fizeram ao longo destes anos. Quais os motivos de cada um? Ainda que isto não estivesse em suas cabeças de uma maneira sábia e tão racional como queira qualquer especialista em política ou sociologia. O motivo chama-se cidadania e o desejo de se viver num país livre e independente.
O populismo e a apelação desesperada do Partido no Poder em se manter no pódio ( no poder) em várias etapas da nossa história nunca descriminou personagens. A qualidade desses e a gama espectral de seres, que poderia servir de escolha em suas labutas “maléficas” tanto ao Deus todo poderoso ou a qualquer mensageiro de Lucífero”, foi usado de tal forma que assassinos, ladrões, estupradores pudessem se redimir, mais tarde, com a vitória sobre os adversários que o partido no poder tivesse. Os musseques de Luanda forneceram recursos mais do que suficientes ao MPLA, para esse enfrentar a empreitada que Angola pedia por necessidade. As chamadas Guerras de Resistências Populares Generalizadas, uma espécie de guerra de todo povo contra o inimigo adversário, só poderiam ser concretizadas , ter sua vitória e levar o MPLA na apoteose, no pódio do poder, à vitoria glorificante, com uma dita participação popular, se a seus participantes não se lhe exigisse postura cervantina. Ou seja, os cavalheiros andantes que constituíam os Exércitos de Resistências não passariam pelo filtro ideológico do escritor malaguenho.
Em várias ocasiões da nossa história este adversário inimigo era o próprio angolano, os filhos de Angola, transformados em inimigos do seu próprio povo, em inimigos de sua terra, em inimigos de seu país ou nação. Ou seja, a guerra civil fez com que todo e qualquer angolano fosse inimigo de seu próprio compatriota. Guerras protagonizadas pelos personagens que hoje estão no poder e têm representação nos três poderes, tanto do Governo quanto da oposição. Talvez sejam os males de uma nação em formação. Qual mulher, qual útero ou ventre ao conceber a vida não passa por isso: a dor do parto. Afinal, estamos aqui a falar do nascimento de uma Angola.
As chamadas Guerras de Resistências Populares Generalizadas, GRPG, constituem estratégias de caráter político e militar com tom “moralístico” e emocional. Pessoalmente, pelo que cheguei a notar muitas vezes, não passavam de uma apelação étnico, grupal, sem fins patrióticos, com o propósito de neutralizar adversários políticos. Muitos nem inimigos chegavam a ser. Se a definição de inimigo aqui for a aquela retratada pelos militares em campo de batalha.
Mas o que ainda chama a atenção são os efetivos com que aquela guerra (GRPG) contava, e quase sempre, em número e em qualidade, a favor do partido no poder. A qualidade, humana, aqui é de espantar. A bandidagem, literalmente falando, sempre fez parte do exército que precisou aquela Guerra (GRPG). Isto está refletido nas Guerras urbanas de 1974, 1975 e até na infeliz Guerra de 1992. A última dizem que foi em 1993, eu já não tive a sorte de presenciar, felizmente, mas não foi diferente das outras. A verdade é a seguinte: em todas as fases da nossa história quando a crise punha contra a parede duas alternativas possíveis a serem escolhidas, o MPLA se socorreu até a bandidos, grupos armados ou não, que agem de forma marginal e como delinqüentes em tempos de paz, mas que num suposto chamado de salvação a esse Partido fazem parte dos exércitos para selarem o poder e a vitória que este Movimento sempre precisou.
Num passado, talvez, essa forma de agir foi mais do que justa, motivos suficientes existiam. Porque além da ameaça interna, o país sempre esteve a beira de uma invasão externa, em que a reação interna devia ser a primeira a ser neutralizada para depois se enfrentar aquela.
Mas é absolutamente condenável no presente e chega a ser crime de lesa a pátria, fazer o uso das técnicas que ajudaram a organizar e a mobilizar as GRPG para sufocar manifestações e gerar ódio. Seria instigar a guerra. Além disso, a pergunta é a seguinte: uma suposta Guerra de Resistência Popular Generalizada para que serviria, defenderia o quê de quem? Será que, para os defensores de José Eduardo dos Santos, para manterem este no poder, precisamos de uma outra guerra? Quem estaria disposto a morrer por um corrupto?
As imagens retroativas de um tempo em nossa história até 1974 mostram que o poder do MPLA, que hoje tanto, por ingenuidade de alguns ideólogos desse partido, desprezam, está nas ruas. O poder concentrado no topo da pirâmide é a soma do poder diluído em diferentes níveis em direção à base desta pirâmide. E é nessa base ( e/ou níveis) onde seres “infelizes”, mortais, como nós, nos encontramos. É nesta base que se encontram os cidadãos daqueles bairros. O poder não é nada mais e nada menos que a legitimidade oferecida pelos cidadãos que se encontram em diferentes níveis desse poliedro. Este parágrafo tem como propósito contrariar, precisamente, as teses de dois ilustres dirigentes desse partido, Dino Matross e João de Melo. Aquele e este vivem dizendo que o poder não vem das ruas, afirmação negada por nós. O poder vem, sim, das ruas e é de lá, de maneira sangrenta ou não, onde se pode decidir quem continuará a dar as ordens lá em cima.
De vez enquanto, por estupidez e ignorância dos nossos críticos, somos acusados de instigar uma suposta guerra. Ao contrário do que têm nos acusados estamos aqui para nos posicionarmos contra todo tipo de violência, seja ela de onde vier e com que objetivo seja. Ameaças só servem para coibir o direito de protesto e de contestação, coisa natural de qualquer cidadão vendo-se no seu direito de reivindicar.
José Eduardo dos Santos deve sair do poder, mas para isso não precisamos de guerra. Precisamos, sim, do voto livre, democrático e, além de tudo, de um processo transparente e sem vício que nos leve às urnas.
A bandidagem, o espírito de vandalismo, o aventureirismo que muitas vezes transformaram delinqüentes de todas as espécies em heróis, que sejam coisas do passado. Se a UNITA deve pedir perdão pelos seus crimes, chegou a vez do MPLA se redimir diante da nação, mas para isso precisará jogar limpo e se enquadrar no processo de evolução social que exige uma verdadeira democracia. A roda desse processo não pára, é preciso jogar os vícios do passado na lata de lixo, é preciso expulsar, sim, José Eduardo dos Santos do poder, e que os méritos desse último sujeito sejam entregues aos historiadores. Angola precisa continuar a trilhar sem amarras de um passado em que tudo se justificava, até cometer crimes em nome do Estado. A conquista da Democracia é luta de todos os heróis diluídos no meio da população Angolana é a esta gente, com militância ou sem militância, que todos devemos aprender a respeitar. E é dessa gente que vem o poder, é dessa gente que emana o poder do Estado.
Nelo de Carvalho
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Um Foguete ou Uma Crítica
Bem, não tenho obrigação nenhuma de invocar satisfação ou mesmo alimentar curiosidades da turma dos sem cérebros, sobre em que lado eu me encontro. Mais, precisamente, qual seria minha atual militância. Já que nos últimos tempos minha crítica ao partido no poder tornou-se um foguete “perdido” que ninguém espera.
Concordo que minhas críticas aos corruptos do MPLA são piores que os foguetes que rasgam os céus da Faixa de Gaza: inesperados e surpreendentes. São como se fossem atos nada combinados entre as partes. Numa guerra, seria o instrumento bélico ou o artefato militar mais covarde, vinda de qualquer direção, dispostos a ceifar vidas, desde a mais inocentes das criaturas, até o mais covarde corrupto que faria do pretexto para continuar a saciar sua sede de aquisição de tudo que é ilegal e ilegítimo.
A tontice de certas pessoas obriga-me a pensar que tenho dever de dar a entender, sempre, em que direção ou para quem está dirigida minhas rejeições e críticas. Numa coisa tenho certeza este tipo de rejeição e critica nunca foram ou estão dirigidos ao MPLA, mesmo quando o MPLA pode servir como saco de pancada. Afinal de contas, é o MPLA que sustenta a legitimidade dos corruptos no poder. Burrice confundir, a estas alturas, o corrupto mor com o próprio MPLA.
É preciso não esquecer que o MPLA, também, é vítima de quem o dirige, mais precisamente dos corruptos, que têm a coragem de levantar as bandeiras desse partido em nome de seus militantes. O que muitos não conseguem entender, militantes do MPLA, numa Angola complexa, mas que não tira o direito de ninguém de sermos civilizados e estarmos equiparados aos outros povos ou nações, supostamente, desenvolvidas, é o fato de que nas ações e procedimentos de corrupção em que sempre se pauto o Estado Angolano para executar suas “Políticas Públicas”, esses militantes tornam-se cúmplices de um sistema governamental corrupto, que pela sua duração no poder transformou-se numa cultura. É essa cultura que todos nós temos obrigações, dever e direito de combater. Afinal, Angola não é só daqueles que estão no poder ou daqueles que protagonizaram a Luta Arma. Angola é, também, de direito e dever de todos os Angolanos, mesmo não sendo do partido no poder.
José Eduardo dos Santos e a corja de bajuladores, tímidos e covardes, que o rodeiam estão hoje muito longe de representar os anseios de democracia que um cidadão angolano comum e normal defende: estar diante de um Estado que dê oportunidades por igual aos seus cidadãos, que faça das Políticas Públicas do Estado angolano um ato para solução de problemas não só dos luandenses, mas dos quatro cantos desta nação ( a Angola); que faça da Educação e da Saúde ( serviços básicos para uma sociedade) Política de Estado e política de uma nação que continua sendo uma das mais pobres do mundo.
A aqui, educação e saúde, não se trata simplesmente em contar em valores monetários, o quanto se investiu numa e noutra área, ou até mesmo de se seguir os chamados padrões internacionais. Trata-se, com o nosso dinheiro e a riqueza de todos os angolanos, usar o mesmo para incentivar a meritocracia. Sistema que ajudaria a combater mais ainda a corrupção, e não fazer de Angola o país dos filhos, dos sobrinhos, das mulheres, das amantes e das namoradas dos generais “vencedores das batalhas” dessa terra que é de todos nós.
Investir na Educação e Saúde, além de gerar bem estar a uma população sofrida como a nossa, não pode ser visto como um sofisma ou a arte de se fazer retórica e manter-se no poder; ou, ainda, ganhar supostos votos. Esses investimentos constituem armas eficazes para se combater os vícios gerados nos anos de partido único em que o MPLA e a sua direção corrupta, pós Agostinho Neto, sentiram-se a vontade de governar, transformando seus atos de governação numa farsa para o resto da população. Os investimentos nessas áreas não podem ser vistos como mais uma farsa dos políticos bandidos que estão aí para defenderem interesses estranhos à nação. Ou seja, deve ser algo sério, baseado numa ideologia em que o Angolano, depois de uma Angola independente, nasceu e renasceu. Que não constitui simplesmente cinzas de um passado de guerras e misérias.
A verdade é que o Partido no Poder, o MPLA, na sua forma de governar, sempre, apelou mais para o medo da população, do que para os Princípios que definem uma boa governação: aquilo que os juristas e os especialistas chamam de Princípios da Administração Pública. Não são os lemas herdados na era Manguxi que vão construir Angola ou tirar o nosso povo da miséria. É o respeito às leis e o respeito a uma Constituição em que todo mundo se revê, e não a essa que está aí que engrandece e protege uma pessoa no poder em detrimento da própria ordem social e da estabilidade política.
A verdade é que ao aprovar a atual Constituição, que torna José Eduardo dos Santos e as pulgas que lhe rodeiam gentes intocáveis, o MPLA se “ferrou” diante de pessoas como nós. Não pode esperar consideração e prestígio ou apoio incondicional de quem quer que seja ou de todas às partes, porque isso não faz parte dos nossos princípios: enterrar interesses sociais em favor do individualismo sem medida de alguns chefes no poder. Por outro lado, não se defendem corruptos por serem do mesmo partido político. Um partido que pretenda definir os destinos de uma nação não é uma seita de mafiosos ou a Opus Dei, seita com que o MPLA já está envolvida. Nossos direitos de rejeitar a máfia está a cima de tudo, é um direito que vale mais que a nossa própria vida.
Qualquer um dos meus textos publicado no Club-k não é e nunca será uma luta contra o MPLA. Mas, sim, uma luta contra o atual Governo de Angola: um governo corrupto e que tem como mandatário o homem mais corrupto desta nossa Terra ( Angola), talvez de todo o continente africano. Eu não preciso me esconder de trás de falácias para dizer com quem estou, aonde vou, ou mesmo no caso de mudanças, para onde vou. Em Angola, o MPLA é o meu partido e vai continuar sendo. Mas enquanto o mesmo continuar a se confundir com a corrupção e os corruptos, esse partido terá o que merece:
O foguete perdido, nos céus de qualquer região, terá sua direção bem re-programada, e terá seu destinatário de maneira precisa e sua ação será contundente. Assim, como sempre foram meus textos no Club-k e no meu Blog: www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com
Nelo de Carvalho
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Na CASA de Chivucuvucu todos têm direito à Luta
Todos têm direito de lutar pelo poder. E não é ambição ou oportunismo, é direito e obrigação diante das circunstâncias sem saída em que o poder reunido na força de um povo e na capacidade desse de dar legitimidade tornou-se um atributo individual para certas divindades.
Numa possível eleição onde Abel Chivucuvucu fosse o vitorioso, a síntese seria a troca do roto pelo rasgado. Mas ainda assim valeria a pena. A política angolana precisa sair da mesmice e da bipolaridade que aterroriza a vida dos angolanos; de um lado a UNITA, que nunca se adaptou aos novos tempos e com suas eternas promessas de vinganças; do outro os corruptos do MPLA que acreditam que o país deve girar em volta deles.
Tanto aqueles quanto estes tornaram a CASA em que vivemos um lar que nos dá direito a defender aquela tese no início do texto. Assim, não existe oportunismo, não existe deserção ou supostas ofensas a princípios que já ninguém defende e nem existem. E mesmo que houvesse! A política Angolana nunca se fez, mesmo, de moralidade, sempre oscilou entre traidores e assassinos de todas as espécies dispostas a nunca dividirem o poder e muito menos distribuírem riquezas. A política Angolana, como toda a moralidade em que a mesma se sustenta, sempre esteve e está nas mãos dos mentirosos.
Talvez com a CASA, chegou a hora de se dar ares novo a tudo que está aí e injetar sangue novo, ainda que seja por transfusão, já que de novo, o “Nosso Novo Líder” não tem nada.
É preciso entender que a Luta que se deve travar agora não é só pela simples tomada do poder de quem está na oposição. Essa deverá projetar sua visão num programa de longo prazo, em que o início deverá consistir na diminuição do poder que tem o MPLA no Parlamento e na expulsão do corrupto José Eduardo dos Santos no cargo que ocupa.
Eu, pessoalmente, não acredito que o MPLA perderá as próximas eleições. Mas um susto no parlamento para esse partido é possível. Quem sabe, tendo menos de 50% naquela casa fará do mesmo mais um entre todos, sem o poder que lhe proporciona tanta hegemonia, tornando o mesmo o dono de tudo o que há em nossas Terras.
Diminuir o poder abrangente do MPLA, ou em qualquer sentido que o mesmo tenha, constitui uma necessidade vital para a construção de uma democracia sem vícios e que acarretam sempre as suspeitas de todos os tipos nos Atos e Fatos da Administração Pública. Que no fundo-no-fundo é isso o que interessa já que governar bem é o conjunto das transparências daqueles e estes dois entes ( Atos e Fatos). É só vermos o exemplo da suposta Magistrada, Suzana Inglês, é um vício provocado por gente prepotente, arrogante e sem limite. É um vício provocado por gente que acredita e se convenceu que a democracia passa pelos pés dos mesmos, já não é pela cabeça ou até pelas mãos. Pisoteiam a mesma com o mesmo sentimento que se tem quando se mata uma barata: nojo e repugnância.
Mas para desbancar o MPLA no Parlamento, a CASA, como qualquer outro partido de oposição, precisam ganhar legitimidade. A legitimidade é algo que se constrói no tempo e com fatos, que não podem ser confundidos com o vandalismo, o bandidismo, a falsidade ideológica e toda gama de mentiras que nos habituaram aqueles que estão no poder.
É preciso assumir compromissos e se identificar, socialmente, com aqueles que mais problemas têm: as pessoas abandonadas, humilhadas e injustiçadas. É preciso mostrar a nação que aqueles que estão no poder têm compromisso com uma burguesia que perdeu as suas origens e que já não se identifica com o que há de mais humilde e simples que existe na nossa Angola que em tese é o pobre angolano, na pele do homem negro e da mulher negra. Mesmo quando aqueles (a burguesia), às vezes, se apresentam como o poder negro e angolano numa Angola independente.
A questão aqui é ideológica, e está longe do racismo truculento e fascista que nos habituaram os maninhos da UNITA e até da FNLA. É preciso insistir que racista é esta burguesia que está no poder, governando o país de tal forma que ajude a todo e qualquer observador a pensar, que o angolano, pela sua cor, sua origem, pelas suas tradições é um cidadão de sexta categoria, sem iniciativa e valia para construir o país que deseja: um pais de todos, próspero e unido.
Por que insistimos que a questão é ideológica? Porque quem rouba, quem desvia, quem corrompe, é corrompido e governa Angola da maneira que é governada, sabe perfeitamente que suas ações provocarão miséria a milhões de pessoas. E essa miséria, nada mais e nada menos, é uma das causas principais que mais atormentam uma sociedade: o racismo.
A esperança é que a CASA, com um político carismático como Abel Chivucuvucu, surja para fazer política de verdade. Há quem diz que Abel Chivucuvucu tem o nome sujo no cartório, por suas promessas terroristas no passado: “vamos somalizar Angola”. Mas quem é que neste pais –entre os grandes-, que faz política, da geração dos independentistas, os que se gabam por derrubarem o colonialismo português –e que militam nos vários partidos que aí existem-, não tem o nome sujo no cartório? Até o adorável, o queridinho da nação, o nosso guia imortal Agostinho Neto, tem crimes que o levariam, indiscutivelmente, ao banco dos réus: perguntem aos fraccionistas do 27 de Maio. Esses, todos os anos, naquela data triste, vivem reclamando seus companheiros que foram executados sumariamente sem direito a se fazer justiça. E que os sobreviventes daquela intentona foram perseguidos e torturados. E foram mesmo! Esses são um dos crimes que o MPLA não teria nunca como justificar. E com certeza poria mais da metade dos atuais membros do Bureau Político, do Comitê Central ou simplesmente do Politiburgo, se existe, no xadrez.
Por isso não vale por na boca do mesmo, o que ele já não pode nem dizer pela força dos fatos, muito menos fazer crer aos outros que ele não merece perdão por um discurso infeliz em que ele também foi uma das vítimas.
Que fique bem claro aqui: o importante não é o poder pelo poder, já usurpado de maneira absoluta por certas pessoas, mas a redistribuição do mesmo de maneira equânime e eqüitativa. Em que aquela se alcança com respeito às leis e ao próximo, e esta se alcança com a coercividade da própria lei na hora de se fazer justiça.
E é nessa redistribuição que está a origem do nosso maior sonho: a redistribuição das riquezas, a diminuição das desigualdades sociais, a Unidade Nacional, cantada aos quatros ventos desde o dia 11 de Novembro de 1975, mas posto em chegue até pelo mais ponderado dos cidadãos. E aí estará, também, o orgulho de sermos angolanos e não sermos descriminados na nossa própria terra.
Nelo de Carvalho
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