Decadência, individualismo e covardia são os males que se apoderaram de um Partido, que no passado já foi tido como a vanguarda dos povos da África Subsaariana e exemplo a ser seguido, quando a questão era política e ideologia.
A situação ridícula e o barulho sem precedentes em que se meteram a trilogia: MPLA, o Governo Corrupto de Angola (e suas instituições) e a turma dos bajuladores de plantão, está longe de ser uma luta por uma Angola democrática, livre, independente e pela Unidade Nacional.
Os últimos sucessos ou insucessos, Folha 8 & Regime, são os reflexos de uma luta onde o individualismo sempre foi coberto com a craveira da política e da ideologia. Estas duas fizeram dos diferentes partidos políticos existentes, nos últimos anos, inimigos mortais entre si, impossibilitando o posicionamento cívico, de uma maneira civilizada, da cidadania do homem angolano na resolução dos seus problemas e dos problemas da nação.
Fazer política em Angola, nos últimos trinta e cinco anos, tornou-se algo obrigatório. E todos éramos e somos, até hoje, dependentes crônicos de nossas ações políticas, que em tese reduziram-se ( ou se reduzem) a defender quem está no poder em detrimento daqueles que vivem na expectativa de alcançar o mesmo. A dependência é tal que tudo o que se faz no país, para se alcançar o sucesso individual, dependeu sempre da afiliação política de se defender partidos políticos.
Para muitos defender um partido, que define suas origens ( e aqui entenda-se o nascer, o viver e o morrer por ele) é mais do que uma cultura. É a própria torcida do Barcelona, do Manchester Unit ou então a famosa torcida do Flamengo ou Corinthians no Brasil. E neste período da nossa história em que os partidos políticos coexistem na mesma arena social e até política ( no mesmo espaço socioeconômico e ideológico) , aquele principio de torcer, como se tivéssemos torcendo para um time (club de futebol), tornou-se um fenômeno interessante e inquestionável. Um fenômeno em que o rebanho de apoiadores deve seguir “o corrupto”, o chefe, o líder ou então o mestre em frente com suas ações. Sem se importar se estes já estão à beira do precipício com seus atos irracionais e individualistas.
Os três indivíduos retratados pelo Folha 8 são, com toda certeza, os representantes de um regime em que os bastidores do mesmo são tidos como a caixa preta e secreta, inacessível aos cidadãos. Nós vivemos numa democracia, e não é estranho para nós que o MPLA reconheça isso. Bastidores são as coisas íntimas e secretas feitas no mundo das finanças e da política. Que se saiba o MPLA com o seu discurso democrático até hoje não criou mecanismo que ajudem a desmistificar e a tornar transparente o que tem ocorrido nos bastidores da política Angola.
A essência da democracia e do Estado Democrático de direito reside na desconfiança ou na confiança que não se pode depositar aos homens que dirigem à nação; a essência da democracia reside no controle prático, e sem retórica que atrapalhe este controle, de todos os atos dos agentes públicos que cuidam dos destinos do país, da nação e da vida de cada um de nós estabelecido no Contrato Social ( a construção de um Estado Democrático). Este controle ( ou estes) é feito com a prestação de contas, com uma imprensa investigativa treinada e com liberdades suficiente para tornar cada vez mais transparente o uso e a aplicação de recursos de todos os tipos que pertencem a todos. Também, é feita limitando-se os poderes de todos os agentes políticos através das normas constitucionais e as diferentes leis aprovadas no legislativo ao longo dos processos legislativos. Estas como aquelas sempre aprovadas, descaradamente, para dar proteção aos corruptos e pessoas que perderam a responsabilidade e o compromisso com a nação.
A verdade é que o MPLA ganhou as eleições. Todos nós votamos e apoiamos este partido, ajudamos o mesmo a se eleger ou a se reeleger, mas até hoje não provou aos intelectuais e a classe media angolana que é um partido verdadeiramente democrático. O MPLA decepcionou e vem decepcionando, irritando de maneira arrogante e prepotente em cada um dos seus atos quando se trata de aprovar leis ou de impulsionar iniciativas que ajudem a democratizar o país e diminuir a desconfiança entre os Angolanos.
Por exemplo, denunciar que existe um rombo de trinta e dois bilhões de dólares no orçamento angolano ao longo de cinco ou dez anos, era coisa que a imprensa pública angolana deveria ter condições de descobrir, se ela não estivesse a serviços de bandidos e corruptos (como o Presidente da República, o Vice- Presidente e toda gama de generais que aí existem, fanfarrões e malandros).
Foi o próprio FMI ( Fundo Monetário Internacional) que anunciou e descobriu o rombo, uma organização que até o Governo de Angola reconhece sua competência e credibilidade, já que o mesmo governo, pelo que me consta, tem uma relação com aquela instituição financeira, que consiste que a mesma audite suas contas de maneira parcial ou relativa. A pergunta que todos nós fazemos é: como não acreditar no FMI? Por que sempre existe um silêncio absurdo em todas as denúncias internas ou externas de acusação contra a corrupção?
Vamos aos seguintes raciocínios: Primeiro, o Governo de Angola não é uma instituição privada, assim qualquer “ boato” de denúncia sobre lesão aos cofres públicos o mesmo deveria se dar o direito de investigar e ser competente para chegar a uma conclusão e desmentir diante da opinião pública nacional ( que é o que mais interessa), até onde termina o boato e começa a verdade. Porque de uma coisa estamos certos, sempre existe uma verdade a favor ou contra de quem seja que deverá ser revelada e responsabilizar culpados. E a obrigação de investigar deve ser vista, sempre, como uma obrigação e de direito público. Aqui não deveria existir concessão ou negociação, é o direito público e a obrigação pública acima de tudo que é individual e privado. O governo angolano não tem nem competência para desmascarar os boatos em sua volta, mesmo tendo a máquina de propaganda que tem: TPA, RNA e o Jornal de Angola. Diante desta situação de silêncio e cinismo perde credibilidade e faz do MPLA ( um dos maiores Partido Africano de todos os tempos) uma carcaça para proteger corruptos, gente oportunista e individualista e finalmente bandidos travestidos com uma política e ideologia que ninguém mais acredita: se “o mais importante mesmo é resolver os problemas do povo”.
Assim, é papel do MPLA governar e dirigir o país de tal forma que se livre dos corruptos e não fazer a guerra contra aqueles que combatem a corrupção. Ainda que estes não se simpatizem com este partido politicamente. Ninguém tem obrigação de ser do MPLA ou provar que é primeiro do MPLA para criticar um corrupto no poder com o título de ex-combatente ou um General vencedor da Batalha do Kuito Kuanavale. Ser uma coisa outra não da direito a roubar, não dá direito a não ser criticado e não dá direito a não ser processado pelos seus desmandos de homem arrogante e prepotente. E não é missão do MPLA ver nos corruptos personalidades vitalícias e intocáveis.
Querem provas de que José Eduardo dos Santos, “ o bom nome da política angolana”, é um corrupto? Primeiro, busquem as provas e depois digam se elas existem ou não. Entre as mais simples destas provas está o tráfico de influência, desde que ele despertou diante das delícias do capitalismo e aprendeu em sonho as lições do Tio Patinhas.
Querem processar alguém por provocar instabilidade política, ódio, rancor e desconfiança entre os angolanos? Condenem e processem primeiro o cinismo de José Eduardo dos Santos. E, finalmente, mudem a Constituição e as Leis que protegem os corruptos.
Querem Paz, Unidade Nacional e acabar com a miséria salvem o MPLA dos corruptos!
Nelo de Carvalho
www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com
www.facebook.com
nelo6@msn.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário