sexta-feira, 13 de maio de 2011

Quem Pagará o Déficit Público Português que Chega a 93% do PIB daquele País?

Há quem diz que a saga portuguesa começa sempre com uma grande crise, onde os miseráveis daquele país são exportados mundo a fora, no passado como colonizadores e bandidos. Do povo português – as elites-, extraíram o que há de pior no ser humano – a cobiça- para se explorar e roubar o resto do mundo.

A crise portuguesa está aí. E aí está, também, o mundo como a própria crise. Ao português só lhe cabe escolher o além mar –a aventura, traduzida em roubo e pilhagem no passado. Há quem diga mesmo que Portugal mais do que um país de padeiros e comerciantes colonizadores é um país de ladrões e gente malfeitora de toda a espécie. Escolher o além mar ou o resto do que sobra naquela saliência de terra, cuspida pela Península Euro Asiática no Norte do Oceano Atlântico, foi a solução de todas as crises no passado para aquele povo. A historia não se repete, de maneira nenhuma, mas por incrível que pareça, alguém já sugeriu que a solução do presente está no além mar.


E não precisamos ter dúvida disso. Os primeiros vítimas da invasão contemporânea e em tempos de globalização, como conseqüência desta crises atual, são nada mais e nada menos os Angolanos. Sem antes mesmo de que a declaração de invasão chegasse os angolanos já são vítimas da crise portuguesa. Se no passado, há quinhentos anos, fomos vítimas da ignorância dos monarcas africanos e os chefes das nossas tribos, hoje somos vítimas de um Estado que deixou de se identificar com os problemas dos nativos e que vê na importação de valores culturais, políticos e econômicos, meios e fins para perpetuar o seu poder de corrupção sobre a nação.

O instrumento deliberado e racista de se valorizar mais os técnicos estrangeiros em detrimento dos nacionais é parte da cultura da corrupção em que o governo e todo Estado angolano está envolvido. É parte de um esquema neocolonial que usa a elite nacional como instrumento de dominação na nova ordem mundial. Em que independência, ou fazer parecer que somos independentes e até democráticos, é uma solução ao longo prazo, em resposta aos gritos de liberdade que o continente e o resto do mundo teve que atravessar por necessidade de evolução.


O Neocolonialismo, fenômeno contemporâneo e pós independência, tem como instrumento principal aquilo que em cima já tentamos explicar, a manutenção de um regime nativo e autóctone que corresponda aos interesses do grande Capital Financeiro e Internacional.

Culturalmente – o neocolonialismo-, é a predisposição da nação vítima em rejeitar sua capacidade de criação, o desprezo por aquilo que é nativo, quer no humano como naquilo que se pode criar como produto do talento e da genialidade deste ser nativo. A prova disso, em Angola, está até no modo como o nosso estado, governo e a dita imprensa livre ( pública ou privada) se prostituiu, quando prefere recrutar jornalistas e técnicos portugueses, ou até mesmo formadores de opinião para se trabalharem neste último ramo. Como gostam de dizer os próprios angolanos, é a prova de que estamos vendidos, “estamos paiyados”! A nova tropa lusitana tem missão, agora com um suposto respaldo das autoridades nativas, de manter aquilo que seus antepassados lograram de forma exitosa nesses últimos quinhentos anos. O pretexto é de que somos analfabetos, a língua portuguesa se está esvaziando entre nós os nativos e uma injeção cultural vindo da ex-metrópole é necessário. É claro tudo isso de maneira deliberada, quando não, até mesmo de forma descarada – como cheguei a ler aqui no club-k uma vez a entrevista de um famoso professor universitário, economista e político que faz oposição ao governo angolano, de que a vinda de professores portugueses era uma oxigenação para a nossa cultura lingüística. Como sempre fiquei assustado e apavorado! Continuando, a justificativa é de que eles veem colaborar a reconstruir o país. Cuidado, professores, aqui o verbo vir na terceira pessoa do plural, presente do indicativo (veem), é mesmo sem o tradicional acento circunflexo. É como reza a nova ortografia portuguesa ou a reforma estabelecida pelos países da CPLP. E pelo que me consta essa reforma não foi só oxigenada pelos velhos catedráticos das universidades portuguesas, ela é obra em conjunta de todos aqueles que falam, usam e escrevem a língua portuguesa, mesmo fora de Portugal.



Li o artigo de um sociólogo português – BoaVentura de Sousa Santos-, professor da Universidade de Coimbra, naquele país Ibérico, que aconselhava o Governo Português e a opinião pública portuguesa a esquecerem o FMI e a União Européia no empréstimo e na resolução da dívida que o estado português precisa fazer e tem, respectivamente. Ele – o professor- aconselhava o governo português e as instituições do seu país a prestarem mais atenção nos países da CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em particular o Brasil e Angola. A ter todos esses como crediários preferenciais. O professor sugeria que esses dois países poderiam mesmo comprar parte da dívida portuguesa e em troca Portugal sairia ganhando pagando esta dívida a juros baixos ou de uma maneira mais compensatória. Esse professor é um destacado formador de opinião que pública seus artigos nesta revista eletrônica: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17667, que tem uma pura e verdadeira inclinação de esquerda.

O professor Sousa – já li vários dos seus artigos- é um homem de boas intenções, até onde eu sei. Não peco em dizer que concordo com as boas intenções dele, desde que Portugal, se quiser negociar com Angola e até mesmo com o Brasil, terá que ser como mandam as regras de mercado do mundo capitalista, moderno, globalizado, financeiro, especulativo e onde as amizades não se misturam com negócios. Dizem por aí que Portugal, Angola e Brasil, formam uma espécie de família, porque assim o destino quis, onde Portugal é o Pai, Angola é a mãe e Brasil é o filho parido. Nós somos de opinião que diante da crise mundial que abala os Estados Unidos da América e a Europa, que esse parentesco fique de lado e façamos simplesmente bons negócios. Já dizia o grande escritor lusitano, José Saramango, “família só dá problema”.


Em particular, nós os angolanos preferimos assim, já que é uma maneira de equilibrarmos o que eu chamo de macrovantagens com as microvantagens econômicas ( fazendo aqui uma analogia da macro e micro economia). É também uma forma de não fazer acreditar aos portugueses que mesmo depois do colonialismo aquela nação continua a ganhar e ter vantagem sobre a nação de N’gola Kiluange. Ou, ao menos, de que aquele povo vá aprendendo a se redimir na sua relação com Angola.

Para completar a ideia do nosso texto, o que seriam macrovantagens ao nosso entender? São os logros econômicos refletidos nas estatísticas, nem sempre reais, mas que alegram governos anti-sociais como o nosso, para justificarem sua eterna permanecia no poder e manter as coisas do jeito que elas estão e são. Exemplo de macrovantagens econômicas, é quando se diz que o país, Angola, tem um PIB que oscila entre 80 bilhões à 90 bilhões de dólares e que a mesma economia cresce, em media, até 10 por centos ao ano. E que, todos sabemos, não necessariamente isso se reflete na felicidade do cidadão comum ou de todos os angolanos. Um outro exemplo de macrovantagem, também, pode ser quando se descobri que 70 por cento daquele PIB é produzido por empresas estrangeiras e 60 por cento do PIB nacional pára nas mãos de empresas estrangeiras (pessoas jurídicas) e estrangeiros (pessoas físicas).


As microvantagens econômicas são aquelas que nos revoltam no dia a dia. Ou, simplesmente, consistem no benefício desequilibrado a favor de certas pessoas, por várias razões de caráter social, política e cultural, como conseqüência do valor astronômico fixado na variável de macrovantagem. Exemplo de microvantagens, são as relações sociais que se vão estabelecendo na disputa pela distribuição da riqueza e dos privilégios sociais que a sociedade vai criando. Naquelas relações sociais, existem vários grupos em disputas, entre eles, agora, também, o emigrante português. Este, mesmo quando pobre, é o instrumento que a burguesia precisa para agudizar a luta de classe entre os angolanos considerados autóctones e a burguesia nativa.


Não existe contradição se concluirmos que este emigrante é usado como anteparo entre os dois grandes grupos de autóctones angolanos, os que têm e os que não têm. A posição sócio-econômica dos emigrantes portugueses, entre a população angolana, reflete como nunca –muitas vezes- o desprezo e a repugnância que o burguês angolano tem contra o que é pobre e nativo ou autóctone. Aquele burguês é, indiscutivelmente, a nova cara do MPLA, renovado e elitizado, que não têm agora vergonha de se assumirem como tal. Esta atitude é uma rejeição vergonhosa do que eles defenderam no passado.

Essa denúncia não constitui uma presunção ideológica ou intelectual de quem está fazendo. Só queremos provar que a burguesia não vive só de atos e declarações megalomaníacas, mas também das intenções ocultas e obscuras nunca expostas. Mesmo porque estas são as essências da maldade, ela nunca se revela como tal.

Detrás do pagamento daquele déficit podem aparecer inúmeras e incalculáveis intenções. Mais do que nunca, precisamos estar atentos!

Nelo de Carvalho
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Nelo6@msn.com
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2 comentários:

  1. Amigo Nelo!
    É sempre com grande prazer que leio algo que fala de politica do meu país de origem, mas principalmente do país que amo "Angola" onde vivi 14 anos. O que escreve nesnte artigo assino. Parabéns por se encontrar atento aos problemas que residem nos países irmãos. Pelo que me paraceu, o amigo é Angolano mas vivendo no Brasil. Seja como for, gostei de o ver escrevendo sobre a realidade destes países.

    Um abraço e tenha um bom Domingo.

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  2. Olá.

    Também leio seu blog e gosto dos temas.

    Serviço de utilidade pública. Há muitos amigos e conterrâneos que precisam de trabalho. Aqui vai uma dica.

    José M. Andrade

    http://technobras.net/

    Abraços.

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