Como cidadão e sujeito consumidor de informação quero expressar minha admiração pelo esforço que esse profissional vem desempenhando diante do seu trabalho.
A teoria de Administração sobre desempenho nos alerta que qualquer progresso numa organização ou o progresso individual de seus recursos humanos tem, por definição, características e natureza três atribuições principais. E que são elas usadas como parâmetros pelos consumidores para chegarem à conclusão de que aquele serviço prestado é satisfatório e valem o preço de mercado que têm. Essas atribuições são, nada mais e nada menos, a eficiência, a efetividade e a eficácia do produto a ser consumido. Ou a maneira como se procede para se chegar a produzir e alcançar os objetivos[1].
Será que os produtos que Rafael Marques tem nos vendido têm estas atribuições e valem mesmo algum preço no mercado?
A novidade, no mercado, de um procedimento de trabalho ou um produto exposto diante de clientes, num mundo moderno e numa democracia como a nossa, onde consumir produtos modernos – e isso vale para a informação- é , muita das vezes, tido como uma regra ou mania para nos sentirmos que estamos à altura de tudo. Mesmo quando esse produto às vezes não tem a utilidade merecida. Em marketing, diz-se que até utilidades podem ser criadas, inventadas! Quando o objetivo é vender.
Como já disse, admiro o esforço do profissional Rafael Marques. Mas uma coisa é o esforço que desempenhamos em buscar resultados e outro são os resultados buscados. A saga e a oferta que Rafael Marques tem nos trazido tornou-se um produto repetitivo. Produtos repetitivos no mundo jornalístico constituem um desastre e qualquer estudante de jornalismo sabe disso. Que não constitui a mesma coisa vender todos os dias bananas na praça dos congoleses e escrever todos os dia a mesma coisa no mesmo jornal, ou até mesmo em jornais diferentes.
Vamos falar primeiro da redundância, das supostas notícias e novidades que esse nosso “grande jornalista tem nos trazido”. Ainda assim, precisamos reconhecer que ele é o melhor na sua área de investigação, ao menos num país como Angola.
A redundância daquilo que nos trás Rafael Marques começa pelos típicos argumentos que todo mundo no candongueiro, no ponto de ônibus ou na praça usa como sofisma, ou ainda boatos, para dizer que o governo que está aí é um governo de corruptos.
Para não dizerem que nossa intenção é de querermos desmanchar ( ou destronar) aquilo que o nosso colega tem “descoberto” vamos ao que ele mesmo escreveu em seu site, WWW.makaangola.com, no último “trabalho” publicado e que caiu como “uma bomba” no club-k. Vejamos um exemplo: Vamos pôr de lado a parte Introdutória do Trabalho, já que considerei a parte que menos novidade tem e trás. Ou nenhuma novidade! Mesmo porque, por característica, geralmente, a parte introdutória só ajuda a nos posicionar no tempo, no espaço e de maneira circunstancial ajuda a entender de que problema se trata, considerando a priori que o leitor já tem algum conhecimento sobre os fatos que serão narrados. E é o que acontece até no título da introdução “Presidente da República o Epicentro da Corrupção em Angola”[2]. Falar de Angola, sofismaticamente, já é falar de um país com problemas de corrupção. Para os Angolanos – o leitor- em geral isso já não constitui novidade que possivelmente levará a premiação. A propósito do título é mais um boato ou a típica acusação que nunca ninguém provou nada. Ou seja, é coisa que todos já ouvimos de todos por aí reclamando de quem está no poder. Reclamação muitas vezes fomentada pela raiva, pelo ódio, pela luta do poder, por motivos tribais, étnicos, enfim de tudo o que existe por aí. E até mesmo, como não podia deixar de ser, por motivos de corrupção.
Que fique bem claro, não estamos aqui negando que a corrupção não existe ao mais alto nível do Estado. Eu mesmo já entrei várias vezes no club-k e critiquei. Mas uma coisa é criticar e outra é acusar. Pelo seu -do autor- tipo de jornalismo que é investigativo, entendemos que nesse tipo de jornalismo existe a intenção de criminalizar os denunciados. Assim, as mesmas denuncias deveriam trazer argumentos já minimamente conclusivos e com provas evidentes, denuncias até de terceiros, documentações que provem o que se diz e o que se está retratando, testemunhas, dados a serem comprovados por alguma ou outras instituições direta ou indiretamente. Vivo no Brasil há quase 20 anos e sei que é assim, e as coisas aqui funcionam assim para qualquer denuncia jornalística ou em outras áreas. Nosso propósito aqui é saber qual a novidade do texto e o que o mesmo autor tem a nos dizer.
Sinceramente, por fontes indiretas e informais, fiquei sabendo dois dias antes que o texto seria publicado no sítio eletrônico do mesmo autor e no club-k. E esperei ansiosamente por uma novidade, coisa que não encontrei nas 29 páginas mencionadas. Além disso, quais 29 páginas? Onde deve terminar e começar um parágrafo? Sei que nosso jornalista tem a resposta afiada na língua. Mas, então qual é o espaço que se deve deixar entre os parágrafos para assim se considerar razoavelmente o início e o fim de uma página com um número determinado de palavras.
A outra questão são os dados da distribuição acionista das empresas. A princípio esse é o tipo de informação que podemos encontrar em qualquer Estatuto Social das Empresas que por regras, normas e civismo as empresas ou sócios, muitas vezes, podem ser obrigados a publicar. E distribuição acionária em sociedades anônimas ou até em empresas privadas, a simples distribuição, não é crime. A novidade seria saber como elas foram adquiridas. Não existe nada no texto das 29 páginas que indicam que houve alguma novidade a ser denunciada, o que existe, sim, são suspeitas em formas de teoremas, lemas, e axiomas sem nenhum tipo de provas. Na verdade, o texto todo é narrado baseado em teorias e princípios conspiratórios, por exemplo; “de que quem está no poder pode ser um corrupto e desviador de verbas públicas”. Para mim esse exemplo usado poderia ser tido como o princípio da desconfiança, num país onde os gestores públicos não têm hábitos de prestar contas, ou em qualquer um, principalmente, na América do Norte, França, Suíça, Japão, etc, etc ... A diferença é que lá as denuncias são eficientes, efetivas e eficazes, e depois disso os acusados são levados a justiça. Mas aquele princípio não precisa ser verdadeiro em todas as circunstâncias. Assim, o nosso mestre da denuncia cria em cima desses princípios teorias conspiratórias para satisfazer as mentes que vêem no regime ou no poder estabelecido o objeto a ser desmascarado e justificar a luta dos grupos oposicionistas contra o Estado e o Governo. E até justificar o ódio, a raiva que grupos reacionários mais extremistas têm contra o partido no poder.
Assim, não fica difícil desmascarar aqui, e como sempre, de que as denuncias contra a corrupção no país têm caráter político, estão quase sempre longe da missão cívica de cidadania. E estão, com certeza, perto da incessante luta do poder que caracteriza o oportunismo político das mentes burguesas que espelham as correntes políticas da direita e da extrema direita, financiada geralmente pelo exterior e pelos partidos da oposição que se retratam nas mesmas correntes políticas. E nisso não excitam em fomentar todo tipo de intriga e maldade: desde o racismo, passando pelo tribalismo, a xenofobia misturada com o subdesenvolvimento africano e até, se necessário, a apologia da desunião entre angolanos, promovendo assim uma possível divisão do país.
Por isso, acreditamos que o trabalho de Rafael Marques está longe de ser eficiente. Porque seus patrocinadores devem gastar uma imensidão de recursos para um retorno de pouca monta e valia; longe de ser efetivo, porque não produz o impacto desejado, já produziu, mas ficou por aí mesmo; e o pior, é muito pouco eficaz, os objetivos alcançados são minguados[1].
Referências Bibliográficas:
[1]Idalberto Chiavenato, Administração Geral e Pública
[2]Rafael Marques, “Presidente da República o Epicentro da Corrupção em Angola”
WWW.makaangola.com
Nelo de Carvalho
Nelo6@msn.com
http://www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com/
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
As Denúncias do Rafael Marques
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