Desta vez “até eu gostei”, o Jornal de Angola se saiu bem –com o seu diretor- tentou lavar a alma de todos os angolanos, diante da afronta e do descaramento de Isaias Samakuva, que achou que sua manifestação provocadora tem haver com o símbolo de Unidade Nacional. Enganam-se aqueles que pensam que a concórdia e o fortalecimento da paz tem a ver com qualquer permissão que vá além do bom senso, que atropelem os princípios, a dignidade de um povo, os valores culturais de uma nação e aquilo que se conquistou com muito sangue e suor: a independência de Angola e a derrota do regime do apartheid.
Sinceramente, a impressão é que todos nós, pessoas de bom senso, nos sentimos uns idiotas. Vivemos rodeados de tantas mentiras que corremos os riscos de nossos filhos serem obrigados a terem isso em seus livros escolares de ensino de nível básico ou fundamental. Que nação pode ser essa!? Que maneira embusteira de se desqualificar o ser humano –todos nós-, de identificar a esses com a mosca ou o inseto que não excita em nenhum instante de pousar sobre os seus próprios excrementos.
O questionamento aqui é sério. E nos perguntamos: O que a UNITA deseja, além do poder? Ou será que em nome de se chegar ao poder tudo isso se justifica? Sejamos sinceros, a questão aqui não é saber até onde os herdeiros de Jonas Savimbi querem chegar. Isso todo mundo já sabe. Não vamos repetir. Ainda que essa última ação ou verbo, nessas circunstâncias, não pareça exagero nenhum, nem falta de imaginação. Ora, não se precisa de tanta imaginação para descobrir a capacidade de maldade que este partido provou executar ao longo dos anos. Trata-se de indagarmos, qual será, hoje, o papel do MPLA? Ou melhor, até onde o MPLA tem poder e deveria travar a sede de malícia da UNITA como partido e dos dirigentes do Galo Negro?
Afinal, o MPLA não tem a maioria no parlamento; não promulgou uma constituição usando toda a sua força representativa no parlamento – e diz-se às vezes, em benefício de um só homem? Os deputados do MPLA, acaso, carecem de imaginação para elaborarem leis que ajudem a coibir o afrontamento da saga aventureira e maléfica dos homens do Galo Negro? Se aquela Constituição que – em determinadas circunstâncias- representa os interesses mesquinhos emergidos na surdina e no mau aproveitamento dado por um poder legítimo e soberano foi aprovada. Por que quê normas infraconstitucionais não podem ser aprovadas no mesmo parlamento para se proibir a ousadia, o vandalismo terroristas dos homens do Galo Negro; que afrontam a dignidade humana e de toda uma nação? Ou será que o “poder” Savimbista é muito mais temeroso, assustador, horripilante que faz com que a dignidade dos homens seja pisoteada?
Se é assim, mais uma vez, existe justificação para essa gente nunca chegar ao topo do poder. Mais um motivo para que milhões de pessoas raciocinem em nome de um futuro melhor que desejamos dar aos nossos filhos. Mais uma vez, tem-se inúmeros motivos para não se esquecer nunca dos crimes que Jonas Savimbi e os seus homens protagonizaram por todo o país.
Por questões prática – e cívica- a melhor maneira de se afastar tudo o que é sujo e imundo, tudo que pode atrapalhar nossas vidas, é fazer das urnas um lugar limpo, onde só as pessoas civilizadas, educadas poderão ser referenciadas.
Precisamos, sim, ser civilizados, formarmos o novo homem africano civilizado, os novos profissionais do futuro, técnicos, engenheiros, executivos, diplomatas; mas tudo isso só valerá a pena se nosso passado for bem julgado e bem resgatado. Resgatado, sim, mas desde que não seja com lixo e excrescência produzida por muito dos indivíduos que mancharam esse passado.
Sou e somos a favor da democracia pluripartidária, sim, sem dúvidas. Mas num ambiente em que todos os partidos políticos e líderes afastem seus instintos naturais e selvagens e ajudem os cidadãos a livrarem se do mal que enferma a democracia angolana e atrapalha a mesma. Sou de opinião que a verdadeira democracia em Angola só será possível quando enterrarmos definitivamente os fantasmas de Jonas Savimbi.
Nunca um morto deu tanto trabalho aos vivos.
Nelo de Carvalho
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