Este artigo não constitui de nenhuma maneira uma respostas ao artigo do “destacado” Jornalista e articulista José Maria Huambo: “Alguém Conhece Um Edifício Construído Nos Anos 80 Pelo Ministério de Construção e Habitação?” Publicado no novo sítio eletrônico, há bem pouco inaugurado, WWW.a-patria.com. Este como o dele, ao meu entender, constituem uma maneira de descrever impressões, que em muitos casos podem estar ou não corretas, podem ou não refletir certas verdades, assim como determinados enganos.
Mas se alguém quiser considerar o contrário, talvez até seja melhor, é uma maneira de concluirmos que a guerra entre os angolanos que no passado tinha o aspecto violento, caracterizado pelo o inferno dantesco que só a espécie humana sabe protagonizar, felizmente, hoje, limitasse aos meios de comunicação e tem como seus tentáculos a internet. Acho que não devemos ter medo disso, estimular debates, ainda que sejam acalorados; é, também, uma maneira de contribuirmos na inteligência do país e ajudar na formação das futuras gerações. E esta é uma missão irrenunciável dos formadores de opinião, do Estado, do Ministério da Cultura e Educação, do Ministério da Comunicação Social e, também, do nosso Grande MPLA, que, às vezes, vive desconfiado de tudo: das críticas de que é vítima. Estes não precisam ter medo de nada, porque a nossa luta que sempre teve Continuação e Vitórias, agora continua “aqui”, e muitas vitórias enfrente ainda conquistaremos.
O autor daquele artigo usou sua experiência de cidadão angolano, mas lamento a ausência no texto da bagagem cultural, que supostamente ele deve ou deveria ter, para evitar assim o saudosismo da era colonial. Deveria usar também sua sagacidade de pesquisador articulista para chegar a conclusão obvia de que a sociedade Angolana nunca na sua história viveu a suposta era socialista ( ou sociedade socialista).
Eu, igualmente, farei o uso da minha experiência como cidadão que viveu três eras diferentes para manifestar minhas impressões sobre o colonialismo português, o socialismo de verdade – e não aquela ruína de sociedade ou os escombros do inferno que se tentou erguer em Angola nós anos 80s e final dos 70s- e finalmente a miserável e injusta sociedade capitalista.
A princípio impressiona-me como alguém que tem nos oferecidos tão “belos” texto sobre o estado caótico da sociedade angolana e a crítica sobre governabilidade e governança nesse país pode encarar a era colonial como se fosse uma era do paraíso perdido. Acaso, o autor José Maria Huambo já ouviu falar – e já sofreu ao menos uma vez na vida na pele- dos fenômenos gerados pelo colonialismo: o racismo, o apartheid e a escravidão? O Senhor Jornalista esqueceu que a guerra, que, precisamente, tornou Angola um país caótico e miserável, era porque a nação tinha a necessidade, a obrigação, o dever e até o direito de travar uma guerra contra o regime do apartheid.
O que me decepciona no Jornalista é essa impressão surrealista, superficial e enganosa e referenciada num suposto consumismo da era colonial, onde precisamente os nativos eram excluídos. Que tipo de consumismo o autor daquele texto se refere, quando 80% da população angolana não sabia ler e escrever? E dos que sabiam gabavam-se simplesmente por terem a chamada quarta-classe. Pessoas analfabetas, subdesenvolvidas e atrasadas consomem o quê? Quantos engenheiros, médicos, professores, universidades, administradores, gestores públicos e ministros Angola tinha na era colonial? Se revermos os fatos no ambiente familiar, quantas pessoas analfabetas na família do autor existiam? Vou responder por mim – na minha família as únicas pessoas que sabiam ler e escrever eram os homens, e a metade deles escrevia e lia muito mal. E na família daquele autor, quantas? Lá no Sul do país onde saiam os contratados – a maioria- para trabalharem nas roças de café! É bem possível que, o próprio autor, se vivesse aquela época não passaria da quarta classe. E sabe o porquê? Porque a essência do ensino colonial português consistia em fazer provar que os negros ou os nativos eram seres inferiores que não tinham como se desenvolver. Um ensino extremista, opressor, racista que inibia a criança e os jovens a prosseguir os estudos em qualquer quer facha etária, gerando uma nação de pessoas analfabetas, o que iriam consumir essas pessoas?
A Angola colonial –mesmo para os que viviam bem- era uma Angola de comerciantes e padeiros portugueses; os negros, os pretos, ou se quiserem, os nativos, eram atrasados recém saídos da escravidão. Até mesmo muitos dos que hoje estão aí governando o país – e digo isso, não por demérito, ao contrário, para enaltecer a saga de um povo, que soube derrotar o colonialismo português e assumir o leme desta nau chamada de Angola.
Naquela condição de atrasados estava quase 97% do continente africano 100% da África Subsaariana. O Capitalismo que triunfou com a Revolução Francesa e que promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra não tirou a África da miséria. Mesmo depois de cento e cinqüenta anos de Revolução Francesa e Revolução Industrial os Africanos continuaram a viver em regime de semi-escravidão, se não mesmo em total escravidão.
Senhor José Maria Huambo, quando se escreve para formarmos ideias e opiniões e assim querermos influenciar quem quer que seja todas as referências são poucas e cabíveis. Assim, já que “sua excelência” tocou no socialismo, vamos aqui provar que o socialismo não é o vilão da desgraça dos angolanos; ao contrário, hoje só temos uma pátria e um continente livre, graças aos ideias e princípios socialistas. Às vezes, muito mal interpretados e feito do mesmo um sistema de comandos a ser seguido o que pode levar ao desastre. Mas não é disso que quero falar agora.
Quero continuar a falar do colonialismo e da escravidão coisa que o Senhor idolatra, e eu de minha parte sinto nojo, horror e todo tipo de repugnância; mas como diz o velho adágio: “gostos são gostos e não se discutem”!
Como dizia acima, a Revolução Francesa e a burguesia triunfante que promoveu a Revolução Industrial e a cultura do consumismo mantiveram o continente africano em regime colonial e de escravidão por mais de duzentos anos. Mas essa história de Colonialismos e Escravidão mudou com o triunfo inesperado, mas certeiro da Revolução de Outubro. Uma Revolução conduzida pelas melhores ideias, jamais concebida, na história da filosofia; ou será que para o senhor jornalista a vida só é feita de consumismo? É graças a essa Revolução e a derrota da Alemanha nazista, na segunda guerra mundial, que se cria e se estabelece uma perspectiva para se tornar o continente africano em uma região de nações independentes. Devo recordar ao Senhor, que Portugal, na segunda guerra mundial, era alinhado da Alemanha e “lamento” em dizer que sofreu a derrota por todos nós conhecida: ver o Grande Reich, o Império Alemão, render-se e ser humilhado diante do Exército Vermelho; esse exército, que com a sua Revolução de Outubro, inspirou a outros povos a se libertarem de regimes coloniais e opressores, incluindo a nós os angolanos. Disso sim, eu sinto saudades, e daria tudo de mim para estar ao lado daqueles que participaram triunfalmente naquela contenda: “ a Revolução dos oprimidos desse mundo por um mundo melhor” onde até as mentiras como daquelas do texto que li sejam derrotadas.
Naquele texto do autor, entendi que o socialismo é uma sociedade de pessoas inúteis em quase todos os sentidos da vida, já que o texto limita-se a ridicularizar a mesma sociedade. Se o autor fosse bem informado, saberia que muitas das conquistas desfrutadas no mundo moderno capitalista não constituem criação de nenhum gênio capitalista –não é obra do Tio Patinhas ou do assustador Bill Gates. Vamos tentar clarear aqui quais são essas conquistas, hoje tidas como conquistas das democracias burguesas capitalistas, usadas pela ignorância de muitos dos nossos intelectuais para distorcer a história, entre todas estas coisas, estão, por exemplo:
-A existência dos Bancos Centrais; -que país no mundo de hoje poderia se imaginar sem um Banco Central? Os Bancos Centrais constituem uma criação e invenção Comunista, foi Carlos Marx, que no Manifesto do Partido Comunista, clamou pela existência de um Banco Central para cada uma das nações;
- O ensino gratuito, e a saúde pública; - quem consegue imaginar hoje uma democracia, por mais reacionária que seja, sem o ensino público e sem a saúde pública? Quem consegue vislumbrar um país desenvolvido sem esses dois itens, públicos e gratuitos? Lá em Portugal deve haver, com certeza, ensino público e gratuito, e o povo português – que não é mal agradecido- deve isso aos comunistas de todo mundo, mesmo quando lá os comunistas –de vez enquanto- são ridicularizados e vêem trocado sua gratidão que mereciam na história desse país pelos dos fascistas do regime salazarista, repulsivo; onde até hoje seus herdeiros continuam a sentir sede de sangue, e neles está com certeza o sangue dos pretos de Angola. Entendemos que muitos formadores de opinião nesse país são adeptos a práticas masoquistas e estariam muito bem enquadrados no grupo das vítimas daqueles colonos;
- A Reforma Agrária;
- Os Transportes Públicos;
- As Jornadas de oito horas de trabalho;
-A proibição do trabalho infantil, etc, etc.
O que foi mencionado acima constitui provas de que não se pode fazer da ignorância uma fonte para se democratizar um país.
Também não queremos aqui entrar no mérito se o autor daquele texto é reacionário, revolucionário, de esquerda, de direita ou da extrema direita. Mas precisamos nos perguntar, um texto escrito daquela forma tem o objetivo de enganar a quem? Quem poderia dedicar-se a financiar tal empreitada? A distorção e o ódio está dirigido a que grupo de pessoas?
Ou ainda –já que esse é o objetivo-, quais as chances de derrotar os corruptos do governo, ou até mesmo o governo atual, quando se sabe que os instrumentos de construção que levará a derrota àqueles que estão hoje no poder são os tijolos da mentira?
Essa chance é igual a zero!Absolutamente zero!Ninguém apostaria cinqüenta angulares colonial para alcançar essa posição; ninguém daria nem a fuba podre dos tempos coloniais para alcançar tal objetivo. Felizmente o peixe podre, o pano ruim e todas as outras porcarias que recebíamos no passado não serviriam para se retornar aquele ponto que é o mais baixo da escala humana.
Eu sou desses que preferia estar sim ao lado do velho Antônio Jacinto, tomando, sim, maruvo, mas sem estar acompanhado de maneira miserável por aquelas bugigangas, que só a miséria espiritual de traidores e grupos reacionários na maior desfaçatez conseguem conceber. Que humilhação para um povo!? Que desprezo!? E é aqui onde podemos concluir que não podemos e nem devemos contar com essa oposição para a Reconstrução do País.
Tomarei maruvo, não para esquecer, mas precisamente para brindar pelos tempos modernos, de liberdade e vitória, de uma Angola Nova, Jovem e Viril , a ser reconstruída. E, finalmente, de uma Angola confiante no futuro!
Este texto não termina aqui, vê-se que é algo inacabado, porque inacabado e sem fim é aquela provocação. Ficamos por aqui, hoje, para não cansar o leitor. Porque este merece o mínimo de respeito.
Nelo de Carvalho
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Nelo6@msn.com
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