Lendo uma entrevista, dado pelo General Lukamba Gato, fiquei reflexionando sobre a mesma, a política e o projeto de nação que o maior partido da oposição tem a oferecer aos angolanos. Imaginei-me num momento estando no meio desta militância, que diz terem orgulho de serem angolanos. Imaginei-me ouvir todas as conversas dessa gentes, como humanos que são, tive interesse em escutar suas ambições e sonhos que afligem a vida de cada um deles. A própria entrevista daquele general da uma ideia do sonho que um autêntico Kwacha tem para Angola ou o resto dos angolanos que não são kwachas.
Mas confesso que minha sensação ao escutar argumentos que condenam o slogam: “ De Cabinda Ao Cunene Um Só Povo e Uma Só Nação”; foi de susto e senti-me um extraterrestre no meio daquela gente.
Primeiro, porque aprendi que a construção de uma nação não passa e nem começa simplesmente pelo casuísmo protagonizado por muitos, e o próprio General, que afasta aquele slogam que, precisamente, é parte do espírito de milhões de homens e mulheres, de etnias diferentes, que desejam construir uma nação num território físico e geográfico. Onde está o mal em adotarmos aquele lema, que seja o princípio fundamental da construção da nossa nação ou mesmo “futura” nação: a Nação Angolana?
Quem é que disse, quem escreveu assim, quem fez acreditar aos desesperados dirigentes da UNITA, que na construção de uma nação, os homens simplesmente devem se limitar a seguir a ordem dos fatos que a natureza e todas as circunstâncias do azar impõem ao progresso de evolução de qualquer sociedade? Sejam eles um bando de Kwachas retrógados, calcinados ( aqueles que já se transformaram em carvão ou em cinzas pelas suas atitudes, e o pior, pelas suas idéias). Não se esquecer que aquele General Capitulou a tudo, só falta ele e seus seguidores capitularem diante do bom senso. Ainda temos a esperança que um dia isso possa acontecer.
Nós a maioria dos Angolanos, De Cabinda ao Cunene, e do Leste ao Mar, já capitulamos diante da Paz, nos rendemos diante do bom senso, entre eles o ideal de que Angola só é possível como nação, se as diferenças, de todos os tipos, entre os angolanos forem diminuídas com o tempo, com o esforço de cada um de nós, do Partido que está no poder, do Governo, do Estado e da Sociedade Angolana. Queremos sim uma Angola Unida de Cabinda ao Cunene onde todas os Angolanos sejam iguais e possam alcançar a felicidade, mesmo que isso perdure ou dure uns longos cinco mil anos. Felizmente até lá já não haverá kwachas, mas para isso precisamos ir construindo esse futuro desde agora, com Kwachas ou sem Kwachas.
Lukamba Gato assusta quando diz que Angola é um conjunto de nações, ou seja, os diferentes grupos étnicos são diferentes grupos de nações a serem tratados de modo diferentes por seus valores culturais, lingüísticos e supomos aqui também econômicos. O nosso grande General, derrotado, e sociólogo vai além: “os problemas dos Cabindas, por exemplo, são diferentes dos Kwanhamas que estão na região mais ao Sul do País. Nas suas palavras, de revolta –quase sempre-, nega um esforço de Unidade Nacional protagonizado pelo partido no poder.
Para Lukamba Gato é má estratégia e errado a luta que se trava pela União de todos os Angolanos ao formarem um só povo uma só nação.
Foi sempre de conhecimento de todos os Angolanos que a UNITA faz e fez de tudo para dividir os Angolanos, deliberadamente, senão mesmo de maneira aberta e escancarada, instiga a luta que a FLEC tem travado para dividir o país. Nunca nos assustou e não é segredo. O segredo que poderia ser revelado por uma pergunta é: será que personalidades como Lukamba Gato e mais meia dúzias por aí dispostos a dividir tudo em nome do poder estão em condições de exercer as funções na Assembléia Legislativa como representantes desse povo. Em Angola não se exige acaso o mínimo de coro parlamentar ao se defender certas idéias? Ou se defende elas de qualquer maneira?
Não podemos aceitar que a burrice prevaleça sobre o bom senso e a sabedoria das pessoas, por isso escrevemos este artigo condenando a pouca visão do “nosso General”. Mesmo sabendo que ele é um personagem que oferece pouco perigo a sociedade, esperamos que as idéias do mesmo não passe de um delírio a ser esquecido no dia seguinte.
Nelo de Carvalho
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