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sábado, 6 de novembro de 2010

O Silêncio da Proibição


 A Vergonha não mata, ao menos em Angola, nossa cultura passa muito longe da honra Oriental que dá a  vida em troca da dignidade. Porque se assim fosse qualquer reunião ou sessão a seguir do Bureau Político do nosso glorioso MPLA  seria antecedida por uma grande expectativa: a possibilidade desta mesma reunião ou sessão terminar em suicídio coletivo. Isso só seria possível se no mínimo “nossos heróis” tivessem convicção do desastre de um país que mundo afora não consegue lavar sua cara suja e envelhecida pela corrupção.

Não que a nação angolana esteja velha, mas aqueles que estão em frente dela – não pela idade dos mesmos  -seus atos e o poder em si sucumbiram diante do tempo: é a velhice batendo às portas; e as velhas técnicas de governação baseado num poder em que todas as soluções consiste em mostrar o poder de uma seita. E o que se renova não são as boas atitudes  –digamos a preocupação com o povo-, mas a malícia e a ingenuidade de querer tapar o sol com a peneira.

Uma Reunião do Bureau Político do MPLA   à portas fechadas ou abertas para se ter como lema o silêncio sobre alguns temas, entre eles a corrupção, se sempre foi assim e é, pode ser uma sacada de mestre para quem está no poder. Pode ser mesmo uma maneira cínica e elegante de se lidar contra a intriga difamatória da oposição, contra os invejosos, contra os arrebatadores do poder. Mas também prova que esse Bureau Político fez do silêncio a arma contra a corrupção: fez do silêncio uma foice!

A máfia italiana ( a Camorra, a Siciliana ou a Napolitana) ou até mesmo em qualquer parte do mundo usa como  silêncio a foice para encobertar e enterrar todos os seus crimes. Em Angola, já se chegou a conclusão que qualquer  discurso, seguido de um suposto apoio e todas as sessões  inresolutivas  que existem por aí, vindo do poder,  a mensagem é clara: a corrupção tornou-se um tema proibitivo. Para que então serviu o tolerância zero!?

Mas também podemos estar diante de uma  outra alternativa: Se usa o silêncio como o produto desinfetante  ou o detergente  mágico  diante de tanta sujeira. Está última alternativa poderia ser interpretada pela opinião pública nacional como a esperança batendo a porta. Mesmo estando longe da honra e da dignidade Oriental algo intrinsecamente no meio daquela seita ou  de quem a dirige deve estar acontecendo. Mas é preciso não cruzar os braços e achar que as coisas deverão acontecer naturalmente. Em política, como em tudo na vida, é preciso fazer acontecer as coisas.

O silêncio da proibição não pode vencer. Numa democracia eles precisam, sim, até argumentar o seu silêncio; quanto mais dar exemplos conclusivos sobre o Tolerância  Zero. Faltaram esses dois itens naquela reunião.

Nelo de Carvalho
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