Indagando sobre o desenquadramento de alguns governantes: O Presidente já se perguntou quantos angolanos deploram o trabalho dos nossos governantes, incluindo ele mesmo como governante? Refletir-se na pergunta é um ato de sinceridade que evitaria a que outras pessoas fossem usadas como escudo de uma liderança desgastada e quebrada que precisa recolher em pedaços e em frangalhos o pouco de prestígio ainda reconhecido, só por quem, na cara de pau, domina arte da bajulação. Se isso for verdade talvez tenha chegado a hora de abandonar o posto, o cargo e parar de fingir que continua sendo a peça principal no tabuleiro de xadrez da política angolana.
Talvez chegou a hora de denunciarmos José Eduardo Dos Santos como o maior obstaculizador da democracia angolana, assim como foi Jonas Savimbi o maior problema para Paz em Angola. O problema é que, numa Angola, em situação especial, e com um partido como o MPLA, transformado numa seita de pessoas interesseiras e oportunistas, sempre nos falta coragem para denunciar o que é claro e obvio. Temos medo de tudo e a culpa é sempre de quem crítica ( tido como sujeitos que nada entendem) e daqueles que a qualquer momento podem ser considerados adversários de um regime corrupto; que não nega, nem mugi e não tugi por tais acusações.
A inconformidade diante dos fatos, a de todos, inclui, também, em denunciar o próprio chefe, cínico, corrupto, mentiroso, incompetente e cansado de tudo, mesmo que por cinismo e oportunismo não reconheça. Até ser elogiado pelo que nunca foi, para muitos subordinados e serviçais, constitui uma maneira de ascenderem ao poder, e ele mesmo se manter onde está. Num cargo, que a inocência e a estupidez humana, acreditam que só foi feito para ele, é o dilema de uma cultura que fez da corrupção um problema endêmico. Uma doença com todos os seus sintomas aceitáveis, uma doença “amiga” do paciente, um mal que se transformou num fantasma, que se for rejeitado o paciente ( o Estado e o Governo encabeçado pelo sujeito) com certeza sucumbirão. É injusto continuar a manter José Eduardo Dos Santos no poder. A injustiça já não é contra o próprio povo, é contra ele mesmo. Afinal ninguém precisa ser transformado em coisa do mal, e muito menos José Eduardo dos Santos, esse nome só soa como algo que cansa nos nossos ouvidos. É preciso dar um descanso ao homem, é preciso tirar ele da situação em que o mesmo se encontra. A situação do sujeito que se habituou a livrar-se de todas as culpas, empurrando as mesmas aos seu subordinados. É preciso notar que, o tempo e o poder incontestável, induziu o mesmo a ser um covarde e injusto com os seus subordinados, quando a ele não se lhe pode imputar nenhuma responsabilidade por tudo que acontece no país e pelos seus atos.
Como governar um país quando não se tem responsabilidade pelo que se faz? Como um Governo ou Estado pode ser transparente nos seus atos quando estes não podem ser punidos, processados, criticados e alternados por todas as falhas que cometem? Não é o caso de se ter um MPLA no poder que tem condições de governar por mais 30 anos. O problema está em que esse partido deveria criar um mecanismo interno que facilitasse a alternância do poder em suas fileiras. Afinal, o MPLA só se reduz àquela turma de velhos, vindo das matas, que declararam a independência de Angola, ou os sobrinhos, filhos e netos desses que servem para encobertar os negócios sujos, como conseqüência da corrupção e do tráfico de influência?
Onde está o projeto de renovação, vindo desse partido que desse oportunidade a todos? Sem a necessidade de transformar certas personalidades em seres vitalícios e intocáveis acima de tudo. Transformando-os em seres ridículos, sem graça, um fenômeno de museu narrando coisas de uma antiguidade, que até eles mesmos estão cansados de suportar e que a bajulação e a covardia contínuam a estender o tapete vermelho para os mesmos. Têm dúvidas de quê? É só, basta, lermos o discurso improvisado do presidente. É uma confissão! Ele mesmo está pedindo para ser exonerado do cargo quando diz que: “ Alguns Governantes Continuam Desenquadrados das Normas E da Nova Era”. Por que só alguns, e ele não? Mas os bajuladores e os corruptos, no último congresso deste partido, votaram por unanimidade no status quo e deram a entender que ele era o líder máximo, que uma nação de gente sofrida pela guerra ainda precisa. Confundem-se aqueles, que por falta de visão, misturam o papel do MPLA na vida da nação, com o papel de certos cargos ou funções que determinadas pessoas ou indivíduos podem assumir no Estado.
José Eduardo dos Santos não é o Estado, não é o MPLA, não é a Nação; e tudo isso aí pode sobreviver sem ele. E, com certeza, depois dele sobreviverá, em vida ou em morte. Mas somos de opinião de que melhor em vida do que em morte.
A voz que diz que, JES precisa descansar, não é só a voz da oposição. É a voz de quem acha que para as pessoas serem substituídas de suas funções não precisam do desaparecimento físico. Ao contrário, elas podem e devem existir para contribuir com o desenvolvimento do país. É a voz de todos angolanos e principalmente daqueles que amam o MPLA e desejam ver esse partido governando por mais 30 anos, mas sem a necessidade de personagens insubstituíveis em seus cargos que fazem da bajulação um instrumento para manter inabalável um poder corrupto que perdeu o respeito e a consideração do Povo.
Nelo de Carvalho
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