Com a crise econômica na Europa, massacrando países, fica difícil manter a chamada União Europeia. Ela surgiu como o produto de um medo –entre todas as coisas, e ilusões estúpidas - , frear a expansão comunista para o Ocidente da Europa, e evitar futuras guerras e “atos de submissões” de umas nações sobre as outras. O que no início poderia parecer um sonho realizado, um êxito, transformou-se num calvário.
Quarenta ou cinquenta anos depois, no início da derrubada do Muro de Berlim, a União Europeia foi o símbolo a ser erguido da “vitória” que o Capitalismo poderia esfregar na cara dos comunistas e esquerdistas radicais de todo mundo. Na verdade, para quem gosta de pensar e fazer filosofia de maneira séria, aquela vitória era a manifestação de uma crise ideológica, cultural e até politica sem precedentes na história ( o marxismo já não estava aí para dar todas as respostas à humanidade). O pioneirismo europeu de unir e transformar um continente onde todos pudessem ter os mesmos sonhos e interesses foi erguido em função da acumulação do capital, as conquistas sociais alcançadas pelos trabalhadores, mesmo em países capitalistas, foram todas encaradas como fenômenos anacrônicos, coisas ultrapassadas que só atrapalhavam o bom funcionamento da máquina estatal ( afinal o outro lado, o socialismo, já não estava aí para ser desafiado).
A crise na Europa, a verdadeira de todas – e que devia ser entendida como tal- prova que não existe capitalismo social, bom ou menos pernicioso, e que o fim da história, tão propalado nos últimos vinte anos, só pode ser um produto da estupidez humana. A falsa sempre foi conhecida e desmascarada, mas ignorada por “milhões” de incautos deste mundo, que fazem do sofrimento humano um ato de sadomasoquismo a ser disfrutado numa relação em que a verdade prefere não se impor por exercício intelectual, mas sacrificando o outro lado da nossa identidade: o Corpo! O Capitalismo para muitos, ou ao menos para a pequena burguesia ( classe média, também, assim chamada), é disfrutado por muitos nos seus momentos de crescimento econômico, como o momento de transe “inexplicável”, que ninguém consegue rejeitar, é o famoso ato: “dói, mas é gostoso”.
Esclarecer a milhões de pessoas de que as deficiências do capitalismo, ou o próprio sistema, precisa ser substituído não pode ser visto nunca como um exercício de vaidade da mente humana, ou daqueles que, simplesmente, querem se sobressair em sua época. É também uma missão histórica que se iguala a do pai ou da mãe que deve dar guarda e orientar seus descendentes, filhos ou netos. Vai ser difícil ( e está sendo)! Convencer a Europa, ou a quem quer que seja, de que os problemas não são simplesmente as finanças das instituições bancárias ou estatais, mal gerenciadas ou desreguladas. A obsessão em fazer do capitalismo uma sociedade de todos é tanta que ofusca a visão de suas vítimas. Hoje a esquerda, no impossível e no inadmissível, alista-se a direita para formar governos de unidade nacional, diante de um mal que todos entendem, mas em que quase todos negam a aceitar que a cura do mesmo é o seu desaparecimento: este mal é a valorização do capital financeiro especulativo em detrimento do capital real que ajuda a criar a verdadeira riqueza criada por uma sociedade, onde os ativos reais existem e não são fictícios. E outros por aí que este texto não se dá o trabalho de explicar.
A propósito, o mau gerenciamento e o caos financeiro nos mercados é uma características deste sistema. Mas que partidos e governos, até os ditos de esquerdas, insistem em levantar a bandeira dos mesmos, hoje chamado de sistema neoliberal.
A Europa geme! E vai continuar assim por um bom tempo. Porque tradicionalmente era um dos lugares que saía o grande Capital para se investir no resto do mundo. Sabe-se que esta trajetória, origem e destino, hoje, estão invertidas.
Esta crise será longa, a longa marcha dos miseráveis rumo ao calvário!
Nelo de Carvalho
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