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quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Dia da Imprensa

Qualquer dia do ano é propício para acabar com a imprensa bajuladora, omissa e cúmplice; qualquer dia do ano será possível festejar o papel glorioso de um jornalismo investigador, que deixará de ser o recolhedor de migalhas ou as sobras deixadas pelos corruptos, como compensação da bajulação que existe no jornalismo e na imprensa, em particular a pública. Que é vista hoje com repugnância pelo cidadão e “tocada”, com sentimento de pena, pelos grupos sociais que reivindicam a transparência dos atos públicos. A pena ou “lástima”, o sentimento que se tem aos miseráveis e pobres de espíritos, quando estes já perderam o pouco de escrúpulos que tinham, onde o profissionalismo converge de maneira confusa com o mercenarismo.


Quando esse jornalismo público, herdado dos tempos do único partido que tínhamos, entender que democracia não se constrói com diretrizes ideológicas ou princípios, e muito menos no residiu ideológico daqueles que fizeram do socialismo uma tentativa, convergindo estas tentativas no interesse individual e familiares, então estaremos no topo da liberdade de imprensa. A não ser que as diretrizes ideológica e de princípios sejam, simplesmente, o da verdade. O regime democrático, e a liberdade de imprensa que ela exige, é um Estado Democrático e de Direito, que não fala desde o coração de quem mais ama ou de quem mais odeia, de quem mais é ou deixo de ser.

A Democracia e o Estado de Direito é uma concepção fria, científica e calculista para enquadrar, cada vez mais, o homem moderno no mundo civilizado, e assim melhorar as relações entre todos, dissipando desconfianças. Exigindo do mesmo, cada vez menos, um protagonismo selvagem e bárbaro, como aquele dos diretores da Sonangol. Que fazem da “ingenuidade” do próximo um instrumento de selvajaria para se lidar com o resto da sociedade, ou o mundo afora. Sorte que esse “mundo” não é tão burro assim e não está ao nível da imprensa pública angolana: silenciosa, omissa, cega, surda, e o que há de melhor de si, bajuladora de dar asco e lástima. Pode parecer confuso essa mistura de sentimentos, mas é o que precisamente a nossa imprensa pública e alguma aí, tida como livre e autônoma do poder, têm gerado à opinião publica nacional. Esta última que foi fundada para dar cobertura ao regime corrupto e delinqüente instituído no país. Dando a entender a todos que é livre, sua maneira dissimuladora de informar e omitir tornou-se um verdadeiro dês-serviço à nação. Na verdade já se sabia desde o início que seu aparecimento era uma espécie de antítese daqueles que verdadeiramente reclamam por uma imprensa livre, sem a interferência da classe corrupta que está no poder.

Os milhões de dólares investidos nela estão longe de serem diretamente proporcional a competência de seus profissionais entre eles, nos melhores cargos e posições, estrangeiros contratados e desempregados em seus países de origem, tidos, às vezes, como um bando de incompetentes, mercenários e fugitivos! Aqui um recado para a nossa ministra: A liberdade de impressa passa, fundamentalmente, e também é ou consiste, na valorização do profissionalismo nacional, a consideração na maneira arrojada do profissional nativo de ir atrás da notícia, da verdade, instrumentos que podem servir de peças para qualquer investigação. A Ministra sabe disso, porque é jornalista e tem orgulho de ser o tipo de profissional forjada na concepção nacionalista: de que os problemas do setor devem ser resolvidos com a criatividade nativa. Que estrangeiro e com que interesses vindos do além se dedicarão com afinco a ir atrás de fatos reveladores onde a ginga do nativo é essencial e faz diferença, num ambiente de cultura nativa? Os investidores daquele projeto, que agora todos acreditam e dizem estar moribundo, esqueceram-se que os milhões de dólares não podem substituir a capacidade de criação de um povo, de seus filhos e com a sua cultura, mesmo sendo a cultura dos nativos. Esta por certo, insubstituível, no contexto angolano e rica na sua capacidade de criar.

Liberdade de imprensa e o dia dela é pôr, também, os avanços tecnológicos a favor da informação, da verdade e da própria imprensa em vez de fingirmos que ela não fará diferença nenhuma ou até termos medo dela. Vamos aproveitar esse espaço para sugerir a Ministra de Comunicação Social, se a comunicação que ela dirige for mesmo social e em benefício de todos, que ela proponha e sugira ao conselho de Ministro e  ao chefe, a isenção, a moratória, a  imunidade, ou termo que a lei ou o Direito Tributário melhor entender, de todos os tipos de tributos que atrapalhem a entrada de produtos de informação tecnológica. Que ajudariam a difundir o uso dos mesmos por toda a sociedade e a nação inteira, contribuindo no desenvolvimento intelectual dos cidadãos e na manipulação desses meios por cada um dos membros que compõe a nossa sociedade, evitando assim discursos vazios e sem a ação desejadas. Esses meios podem ser mencionados aqui, para não cairmos em idéias que não levam a nada. Os meios são: computadores e todos os seus acessórios e produtos na área de informática, telecomunicação e internet para o uso doméstico ( repetimos, uso doméstico). Ainda que aqueles atributos de facilidades do Direito Tributário sejam por um tempo, mas que comprovadamente produzam mudança na cultura das pessoas para inserir as mesmas no ambiente tecnológico que nossos tempos exigem.

A idéia aqui exposta deve ser ainda direcionada a que o Estado estimule a aquisição do material aqui mencionado a determinadas categorias de profissionais, como os professores, é um exemplo. Hoje na Europa e em qualquer parte civilizada desse mundo, já não se admitem professores de quaisquer níveis que não tenham o domínio da informática, ou seja, que não façam o uso comum daquele equipamento ( o computador). E se tivermos em conta que o salário de professor está entre os salário dos “miseráveis”, então a intervenção estatal para estimular a que estes ( professores) não vivam sem um equipamento desses, hoje considerados domésticos, esta intervenção seria vistas com bons olhos por todos nós.

A idéia de uma futura imprensa livre, também, começa por tudo que ajuda a inserção da cultura e da tecnologia na vida das pessoas. O governo “Revolucionário e de Esquerda” do MPLA faria esse favor ao povo? Ou os corruptos estão aí para impedir e atrapalhar?

Nelo de Carvalho
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