Parece que o Governo rendeu-se a imprensa, e se ninguém reconhecer, nós estamos aqui para isso e aplaudir. Mas também para dizer que o esforço ainda é mínimo. Afinal, a imprensa angolana, o que precisa não é de que o Governo se rende a ela. O que ela precisa, a imprensa pública em particular, é de liberdade, de liberdade para aprender a ter iniciativa na hora de informar e dizer a verdade, em vez de se limitar a fazer elogios que só atrapalham mais a governabilidade e governança do mesmo.
Para um governo que sempre esteve longe de sua população saber lidar com a imprensa afasta a imagem que se tem do Governo de ser uma caixa preta; é um jeito cívico e menos prepotente de se prestar contas a sociedade; é um início; é uma luz no fundo desse túnel chamado de transparência.
Ao entender o recado, de que não deve se fechar, podemos concluir de que o mesmo está reagindo as pressões da sociedade civil de que governar é para todos, de que os governados estão além do governo e é aqueles que precisam ser correspondidos com relação aos seus problemas.
É preciso que o Governo entenda que a luta da sociedade civil, por uma sociedade mais democrática caracterizada pela transparência, constitui uma bússola para cumprir as metas e promessas traçadas. O partido, o MPLA, que dirige esse governo não pode ver nesta luta um ato de subversão e de indisciplina de quem, por exemplo, exige o combate à corrupção. Não se pode fazer da mesma um fenômeno abstrato ou algo capaz de ferir sensibilidades. Quem se sente ofendido ou magoado, porque uma sindicância será imposta, questionando o seu serviço, é o corrupto. Esses, sim, têm que se sentir molestados e incomodados diante de uma auditória ou procedimento que exijam transparências dos gestores públicos. O verdadeiro militante ou gestor público não tem porque temer procedimentos que deviam ser rotinários ou periódicos e que a lei devia exigir. Procedimentos que a cultura administrativa do estado angolano não conseguiu incutir ao administrador da coisa pública, sem se importar do cargo que o mesmo assume, por motivos, por todos nós, já conhecido: a época do partido único. Em que todas as forças externas e críticas do sistema eram vistas, às vezes com toda a razão, forças inimigas que atentavam contra um processo que era preciso manter e erguer. Aquela era, se nos baseamos no tempo e nas circunstâncias, foi necessária para a nossa história, bem feita ou não, é preciso reconhecer que saímos dela vitorioso: derrotamos o regime racista da África do Sul, com as nossas ações indiretas e vitórias conquistadas transformamos aquele regime racista num regime democrático; tornamos a Namíbia um país independente; derrotamos os traidores e os guerrilheiros fascistas e racista da ala savimbista que não souberam entender que democracia constrói-se com paz e sem revanchismo. Tudo isso, e mais, era necessário para conquistar vitórias e dignificar um povo e a sua nação. Afinal, diante do racismo sul-africano, homens e mulheres normais, jamais poderiam se sentir indiferente. A missão além de vitoriosa é parte das glorias desse povo.
Mas os tempos mudaram e os instrumentos usados no passado para conquistarmos as inúmeras vitórias não podem continuar a serem usados para manter o Estado e os atos do Governo fechados diante daquilo que é o seu verdadeiro objetivo: a felicidade da nação e de todos. Que se optou, agora, conquistar a mesma, fazendo-se uso do regime democrático pluripartidário. É nesse contexto que é preciso ouvir a sociedade civil, os intelectuais, os partidos de oposição e tudo que houver de voz por aí, mas que se preze num princípio fundamental: manter a unidade da nação. Princípio inegociável.
Em tempos de paz, ambiente natural para se conquistar a felicidade de todos, a luta pelo poder não pode ser a qualquer preço. Ela só tem dois preços, competência administrativa dos nossos gestores público e transparências em cada um de seus atos, e fazer que em tudo isso se criem motivações políticas para afastar os oportunista e os maus partidos políticos. Em nossa opinião grossa e sincera, se o MPLA quiser continuar no poder por mais vinte ou trinta anos é usando aquelas duas técnicas, que permitirá que o mesmo navegue sobre novas conquistas: e uma delas, e a primeira de todas nesse período da nossa história, é de estar à altura nas próximas legislatura, com o seu exemplo, de reduzir a bancada kwacha pela metade. E fazer surgir uma nova força política que possa substituir está oposição em benefício da nação. Queremos uma oposição à altura dos angolanos que não seja identificada com bandidos e traidores, ou com os alunos da extrema direta portuguesa.
Os angolanos não precisam de um partido, a UNITA, decadente que no passado fez da traição um instrumento de suas “vitorias”. Mas para isso precisamos de exemplos demolidores vindo de lá em cima, do partido do coração, por isso: chega de vaidade, chega de corrupção, chega de mentiras, de fingimento, chega do eu fiz e faço tudo e posso, chega de incompetência; e queremos um Tolerância Zero que convença a todos. Assim, é preciso moralizar a Administração Pública, começando por todos os cargos, incluindo à do Presidente da República.
Nelo de Carvalho
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sábado, 1 de maio de 2010
Bom sinal
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