O Jornal de Angola quando sai em defesa de pessoas, dirigentes políticos e membros do governo, supostamente ofendidos pela crítica e a opinião pública dá até a impressão de estar defendendo uma grande causa. Quando o que se questiona aqui não é a capacidade do mesmo Jornal ser mal educado com a aquela classe de gente, mas precisamente saber proteger quem, verdadeiramente, merece o respeito e a consideração da opinião pública, denunciando os maus políticos e/ou governantes que fizeram da corrupção a armadilha em que o país hoje se encontra.
Digamos que existe um excesso e falta de respeito, sim, daqueles que criticam e denunciam a corrupção. E quê? Impressiona-nos saber que é função do Jornal de Angola velar por esse respeito. Não é. É função da justiça!A função do mesmo Jornal é trabalhar para denunciar os atos da Administração que se confundem e transformaram em corrupção, mantendo e protegendo assim os inocentes e aqueles que precisamente necessitam do respeito do povo, em vez de fazer da omissão a sua prática de se lidar com o público leitor. Fazendo do boato o mecanismo que levaria consequentemente a falta de respeito com aqueles que são inocentes e provocando descrença.
Nós nos perguntamos, por que, o Jornal de Angola, tem tanta convicção da transparência dos atos administrativos dos governantes que estão no poder? Por cegueira; por covardia; por oportunismo; por questões de princípios e ideologia; porque precisamos manter a crença, infelizmente, ainda muito popular, de que o nosso maior inimigo é a UNITA e o problema da corrupção é um mal menor que será resolvido com o tempo; porque seus funcionários, jornalistas, têm medo de perderem as posições, tão dificilmente conquistadas num país de tantas necessidades e corrupção?
Será que o Jornal de Angola na sua eterna omissão, no seu eterno silêncio, consegue convencer a todos de que vivemos num país livre de corrupção e que tudo que se tem dito e ouvido por aí é boato a ser ignorado e menos prezado; que tudo constitui a simples e habitual intriga de quem está na oposição, no outro lado do “poder” como governado, que tudo não passa de má fé, de gente rancorosa, revanchista, revisionista e até invejosa?
A questão do papel do Jornal de Angola não é só política. Ou melhor, o mesmo jornal não pode fazer da política a fachada que dá proteção aos corruptos. Sejam eles de que lado estejam no MPLA ou contra e fora do MPLA. E mais, o Jornal de Angola, ao menos a sua direção –se eleita de maneira autárquica e por um colegiado, estamos aqui supondo- pode até definir sua posição política e partidária de maneira retumbante. Isso não pode ser tido ou visto como algo proibitivo, impossível e imoral, mesmo numa grande democracia. Mas o que o mesmo não pode fazer é omitir e silenciar-se diante da corrupção por motivos do seu posicionamento. Por isso chegou à hora de transformar a mesma em uma autarquia, de tal forma que não dependa mais e nunca da clarividência do seu camarada e infalível presidente. E dos Ministros que aí estão.
A justificação do(s) seu(s) diretor (es) diante das acusações de manipulação é, sim, uma arrogância em defesa de um despropósito: a corrupção. Num período da nossa história em que a transparência dos atos administrativos constituem mecanismos para gerarem confianças entre diferentes grupos políticos e sociais. Evitando-se assim a arbitrariedade de qualquer um deles incluindo o tão dês-pretendido “falta de respeito” aos chefes. Evitando-se os boatos que são verdadeiramente a maior fonte de falta de respeito.
Nelo de Carvalho
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segunda-feira, 17 de maio de 2010
Qual das Perguntas o Jornal de Angola Pode Responder!?
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