As sucessivas violações da lei, a arbitrariedade, a imposição e a arrogância, são frutos da corrupção, assim como a desconfiança de sermos fraudados.
A fraude, já dissemos, não é um fenômeno pontual. Assim como a desconfiança de que ela existe e vai acontecer não é um delírio das vítimas, se estivermos num ambiente de corrupção generalizada.
A desconfiança se há ou não houve fraude é o resultado dos perigos que a corrupção nos oferece.
Quem pedi propina na escola pública -frauda!-, quem desvia mendicamentos de um hospital público -frauda!-, quem corrompe o agente público no seu posto de trabalho comete fraude.
Quem por nepotismo e arrogância põe a filha como Presidente do Conselho Administrativo de uma empresa como a Sonangol, mesmo depois de todas as reclamações formalizadas, frauda!
Vê-se que a fraude não é um fenômeno isolado, é parte desta cultura de governar.
Fraude é a corrupção que gera mais corrupção, que gera fraude, e assim por diante.Fraude e corrupção são crimes continuados e permanentes -no contexto angolano, impunes-, feitos na calada da noite.
A cada etapa da corrupção e da fraude temos uma espiral em ascensão. O criminoso vive da fraude e da corrupção porque se viciou. E as vítimas sucumbem a cada uma dessas maldições, por violência e uma cultura que ajuda a manter a mesma.
Corrupção e fraude são formas de violências, que quando misturadas a uma cultura que diz a cada uma das vítimas que quem violenta, frauda e corrompe, tem o direito de o fazer, chega-se ao ponto da Síndrome de Estocolmo: fenômeno em que a vítima se apaixona pelo seu verdugo.
O que nos preocupa por enquanto não são os corruptos nem os fazedores de violência como a fraude, mas as vítimas desses, que se habituaram a conviver com os mesmos, de uma maneira supostamente harmônica.
Por último, fala-se tanto da paz, de que esta é a maior conquista e fruto dos últimos 50 anos. Mas como viver em Paz quando vivemos atormentado com a fraude e a corrupção?
Viver em Paz e na Paz é também viver sem fraude e sem corrupção.
Nelo de Carvalho
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