Todos sabemos que se a oposição ganhar as eleições não fará milagres, como não fez milagres o MPLA ao longo dos 42 anos de poder.
Mas há algo que pode ser traduzido como “milagre”, quando se trata de vivermos em sociedade e num ambiente civilizado, são o cumprimento das regras, normas e procedimentos. Este milagre é ainda mais evidente e fantástico, se a proporção dos cidadãos que decidem fazer o uso das leis como meio para se manter a ordem cívica seja cada vez maior em nossa história.
O mecanismo de alternância do poder obriga, força e induz a que essa proporção num futuro seja uma realidade, promove a que o cidadão se prepare as exigências da sociedade democrática que se quer construir.
Há uma pretensão mais do que justa e legítima na sociedade, de que os políticos têm obrigação e dever de lutarem pela melhoria de vida dos cidadãos, até porque eles são pagos para isso. A conquista da mesma está no nosso direito de selecionarmos quem são os próximos a governar e a dirigir o país. O esforço e a dedicação dos mesmos é balizada pela nossa capacidade de alternar o que está mau e péssimo, por aquilo que nos dê mais esperança na luta por melhorias.
O direito de fazer bem errando, ou errando para se fazer bem, não pode ser visto como um monopólio de quem está no poder há 42 anos. O MPLA envelheceu, e como fênix, a ave que renascia das próprias cinzas, precisa se reestruturar longe das delícias do poder, retornar as suas bases, àquelas em que Agostinho Neto se inspirou para conquistar a independência desse país.
É preciso entender que toda obra humana tem características social, nenhum produto humano é totalmente individual, ou de grupos supostamente privilegiados. É preciso ver na sociedade e no povo a verdadeira fonte de criação de tudo que surge em nosso espaço territorial.
Dar chances a oposição, não é só fortalecer os controles das instituições e do Estado que coibirão a corrupção, é também sinalizar que os valores democráticos têm inspiração popular. A democracia constrói-se com uma cultura, derrubando o que temos aí de velho e caduco.
A democracia se constrói promovendo a reconciliação nacional. E na reconciliação nacional 98% dos angolanos não são representados pelos poderes da República; de uma República fundada há mais de 42 anos.
Velho e caduco é acreditar numa proteção que nunca existiu, a proteção que vem do MPLA. O que se quer é construir uma sociedade e um Estado onde todos sejam protegidos, e não só as Isabeis dos Santos, os Zenus ou os Bentos Nkangamba da vida.
Votar na oposição, não é simplesmente votar na CASA-CE ou na Unita, ou simplesmente deixar de votar no MPLA; é, na verdade, reconquistar a obrigação do Estado de nos dar proteção a todos nós como cidadãos. É recuperar aquilo que por direito pertence a todos nós.
A reformulação do Estado Angolano – que urge- começará quando a oposição que luta há mais de 42 anos pelo poder chegar ao mesmo.
Votar na oposição é acreditar que quem cria são os homens e mulheres desta nação, a sociedade, e que nossa capacidade de criação e transformação não se limita a sermos do MPLA e a confiarmos nesse Partido.
Angolanos e angolanas somos mais do que tudo, somos mais do que o MPLA, mais do que a oposição, e é por isso que a qualquer momento podemos dizer basta a qualquer um dos grupos.
O Povo Angolano é e pode mais do que o MPLA faz e tem feito. É melhor confiarmos na sociedade de que confiarmos num partido que foi transformado em família; é melhor confiarmos no Povo do que num partido que se auto proclama de glorioso, quando a verdadeira Gloria vem da Nação inteira. Até isso é um roubo, uma infâmia, a forma mais descarada de se apresentar diante do público. Esse público que somos todos nós e que às vezes não tem nada de MPLA.
Confiar na oposição, não é confiar na CASA-CE ou na Unita ou quem quer que seja, é confiar em nós mesmos, na nossa capacidade de Angolanos de criarmos.
Boa Sorte!
O dia 23 espera todos vocês com gloria, A Gloria que nos levou ao dia 11 de novembro de proclamar a Independência de Angola.
Nelo de Carvalho
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