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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A outra face do FaceBook

Descontração ou vulgaridade de quem se habituou a uma cultura que vê nos corruptos os heróis da existência das conquistas de um povo? Um povo que vê nos vícios de promiscuidade dos seus dirigentes exemplos que em outras latitudes seriam rejeitados de maneira condenável pela esmagadora maioria dos seus cidadãos.



Estamos na rede social angolana do facebook, instrumento que já não pode ser rejeitado, porque o poder da corrupção precisa se manter e dar a entender que sua legitimidade, arrebatada no engano e na mentira, não podem ser combatidas por uma suposta minorias que contestam, sim, os atos infinitos de um governo corrupto. Todos têm consciência que o governo de Angola é composto por políticos e gente corrupta. Mas quem vai ousar combater aquela malta quando se sabe que eles tem a legitimidade necessária? A guerra e as circunstâncias fizeram com que aquele grupelho de vândalos ganhassem o coração de milhões de Angolanos. É por isso que entram na internet, no Facebook, anunciando suas “medidas” sem terem noção das palavras, do verbo, ou até mesmo das manifestações que em qualquer outro lugar ofenderiam as pessoas.

Sabemos que naquele lugar eletrônico nem tudo deve ser levado a sério. Isso é indiscutível. Mas discutível seria deixar passar naquele lugar certas manifestações, que além de chamarem atenção, pela falta – do que aqui opto em chamar- de “medida espiritual”. Que consiste em delimitar atos e manifestações de cada um de nós, quando assim acreditamos que temos certas responsabilidades – “todos temos”-, até mesmo de educar, onde a simplicidades de quem deve dar exemplos deve ser visto como a bandeira a ser erguida, e não a fanfarronice, a ingenuidade, e a falta de desconfiômetro. Esta última palavra é uma criação brasileira para qualificar o sujeito folgado, sem limites nos seus atos, aquele que acredita que tudo pode dizer e fazer sem que alguém imponha barreiras nos seus procedimentos libertinos, mal educados e vagabundos. É falta de educação, sim, e é coisa de vagabundo. Porque escancarar desejos e atos, num país de privações, que deveriam ser de direito e comum a qualquer cidadão, mas que para uma minoria de privilegiados tornou-se um luxo, retrata a falta de limite e o desprezo para com quem não pode e nem tem as mesmas condições. Num país em que o interesse social, sempre, foi o discurso propagandeado por quem até hoje governa o mesmo, e baseou-se no lema de que tudo deveria existir para o bem de todos.


O ato de querer aparecer é um dos sintomas da própria existencialidade, em outras palavras, é a doença mais crônica do existencialismo. O existencialismo é uma espécie de doutrina oportunista e egocêntrica que espelha o ser humano de um modo caótico em que a racionalidade contribui pouco para impor limites. Não é difícil encontrar naquele lugar em questão a irracionalidade comandando atos promíscuos tudo em nome de se dar a conhecer o desnecessário, desde mulheres que se auto retratam na beira de uma estrada fazendo xixi até um deputado angolano anunciando sua viagem ao estrangeiro para ir ao encontro do seu médico. Evocando precisamente a nação miserável que é Angola e as pessoas que vivem naquele país.

É um ato de evocar, sim. Porque já vão mais de 35 ( trinta e cinco) anos desde que aquele país tornou-se independente e os serviços de saúde de lá para cá só pioraram. E é um gesto de protesto e rebeldia, mesmo quando sabemos que esta não foi a intenção do seu autor, num país em que criticar e reclamar de qualquer coisa em voz alta é crime difamatório contra a Presidência da República.


O anuncio de ir consultar-se por um médico além pátria, que na maioria dos casos, para padrões internacionais chega a ser uma consulta comum. Tão comum que quando se descobre o antídoto o mesmo pode estar em algumas das Praças de Luanda ou de nossas cidades angolanas – outra coisa horrível-, o que falta sempre é a boa informação médica, que poderia vir até de um médico residente ( ou também como muitos preferem, “médico estagiário”). Aquele anúncio não só retrata o nosso atraso em que nos encontramos como nação, mas, também, de como fazer política em Angola tornou-se um bom negócio. Não é a política em si envolvida por princípios éticos que vale, mas o quanto se ganha com a mesma ao se estar de um lado ou do outro. Defender o Camarada Presidente e o regime, este regime corrupto, hoje é um grande negócio mesmo que não concordemos nunca com os seus atos. Na verdade, sempre foi.

Evocar uma notícia daquele porte no facebook pode ser para muitos, que gostam de aparecer e se manifestarem, ou não, até mesmo para o bem da nação, uma bofetada a esse sistema, que triunfou com a independência de Angola; foi glorificada diante de todos e defendida contra todos os seus inimigos, mas que continua em perigo diante da corrupção. Pode-se dizer aqui ( se não sabiam) que com a corrupção não há independência que valha, não há dignidade de povo ou alguém que sobreviva diante das arbitrariedades dos corruptos; não há felicidade, não há pátria a ser tida como habitat onde o orgulho exista e renasça com as novas gerações; não há, enfim, a tão ambiciosa Unidade Nacional lema principal do MPLA. A verdade é que Angola tornou-se uma fonte de riqueza para alguns e não para o seu povo; tornou-se uma fonte de riqueza dos chefes militares e políticos corruptos encobertos nas peles de libertadores, defensores do povo e de nacionalistas ou patriotas suspeitosos. Para não dizer já a turma de estrangeiros espertinhos e aventureiros que têm desembarcado naquele lugar. Mas então porque uns insistem nesta defesa canina ao Camarada Presidente ou a tudo que aí está de forma escancarada?


Não é preciso ser teórico e profundo demais para concluir que nossos políticos, claro os corruptos, apostam no sublime e naquilo que na prática o povo não consegue identificar como mensagem ou código artístico a ser decifrado e que geralmente leve uma mensagem de denúncia e desmascaramento. Assim, qualquer mensagem que se diga no “Facebook”, na

Rádio Nacional, na TPA, no Jornal de Angola ou nos famosos comícios, pode ser ruim contra a nação inteira, mas jamais deve ousar ofender aquele que ocupa o maior cargo no Gabinete da Presidência da República.

Afinal de contas é tão diferente assim dizer que “vou me consultar no estrangeiro ou tenho uma consulta com o meu médico italiano, francês ou brasileiro”; e dizer, por exemplo, que “o sistema de saúde que o MPLA e o Governo Angolano, dirigido por José Eduardo dos Santos, nosso clarividente, criaram e mantêm para a nação, até hoje, é péssimo e ineficiente” e que não funcionam nem para a população animal usada como estimação? “E Por isso vou me consultar no estrangeiro”.


Ou, ainda, tem alguma clinica veterinária em Angola funcionando bem, para o meu cachorro? Já que tomei a decisão de regressar para Angola e vou viajar com o meu cão de estimação. A última pergunta feita dá a ideia do nível do sistema saúde que temos no país. Mas que não pode ser dito usando termos, expressões e vocábulos que pudessem parecer ofensas ao regime ou quem o dirige, regime ostentado e mantido pela corrupção; como, por exemplo, “ a visão clarividente do nosso presidente é autora do sistema de saúde péssimo que temos em Angola, já que nem a raiva, doenças compartilhadas por pessoas e animais, conseguiu erradicar”.


O anúncio no facebook pode ser interpretado de maneira dúbia e dupla; pode ser interpretado como a voz dos covardes que fazem da cultura popular um meio para se manifestar sem provocar a quem viu na forma de pensar dos outros uma ofensa contra os seus atos de corrupção. Mas também pode ser vista como uma forma inteligente e corajosa para denunciar o que parece estar tudo bem, mas todos sabemos que não está: a Saúde em Angola.

Aquele anúncio no facebook é a outra face da moeda, ou melhor, do FaceBook, preferível, por quem já fez da desgovernança e da corrupção uma cultura e hábito de Gestão e Administração.

Nelo de Carvalho
nelo6@msn.com
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Um comentário:

tony disse...

Realmente, concordo com o sr Nelo...É pura hipocresia deessses sr q se acham dono de Angola...Eles no fundo sabem q aq nd vai bem, no safa-se qm poder só eles é q se safam sempre e nós, nós fikamos chorando nos quatro canto dessa Angola...Parecem crianças admiradas com um brinqdo novo (facebok)e por isso vao xcrevendo porcarias sem se darem conta...

Por outra, respondam-me por favor:

Sua exclencia Sr presidente Engiheiro Jose eduardo dos santos desponhe desse instrumento pra se comunicar com o seu povo????

De recordar q muitos presidentes pelo mundo afora usam esse meio...