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Peixe Podre, Peixe Seco ou Falta de Cultura de Quem nos Dirige

Bem! Errar é humano. Tão humano que até o José errou!

Dissertar, falar e/ou narrar com a função de passarmos a diante aquilo que desejamos, sentimentos, argumentos e até atitudes, é mesmo difícil. Quem é que quando se trata de palavras dúbias, aquelas que às vezes exigem o s em vez de c, em vez do ch o x, em vez do j o g e vice-versa, na arte de escrever, não fez confusão com as mesmas. É bem verdade que quanto mais aperfeiçoarmos os nossos conhecimentos em todas as áreas e cultura menores serão as chances de se cometerem qualquer tipo de erros, incluindo os famosos erros ortográficos e gramaticais.



Em particular, eu costumo dividir os meus erros ortográficos e gramaticais em dois grandes grupos. Aqueles que cometo porque não prestei a devida atenção ou por esquecimento. E aqueles que cometemos, simplesmente, porque não sabemos. Ou seja, faltou cultura, conhecimento e informação. Do meu ponto de vista, os mais humanos e perdoáveis são os primeiros. Afinal, quem não esquece? Quem é que lê e relê um texto, às vezes várias vezes, o texto que “ele” mesmo escreveu e no fim não consegue descobrir o maldito erro. Tudo porque o cérebro está viciado e é pouco critico com aquilo que ele mesmo criou. Mas o erro está lá! Indetectável! Se bobear, “invisível”! Esta é a impressão que temos depois que o mesmo é descoberto. E fica sempre aquela pergunta, “mas porque antes não vi”. O que aconteu!?

E na sua “invisibilidade”- o erro-, pode até estar e ser na frente de todo mundo, e você nada! Se descobrir o mesmo e quando descobrir, já passou horas ou dias. E nesse tempo alguém passou lá ( a vista) e detectou o que você não conseguiu. E o pior, algo que você mesmo criou e concebeu. É como se a criatura – o texto- traísse o criador.


Posso imaginar como José a essas horas deve estar se sentindo. Imagina, se nós que somos um bando de escribas errantes da Web, quase que não nos perdoamos pelos nossos erros e nossos textos pouco lidos. Textos esporádicos, só para expressar revolta, sentimentos, opiniões geralmente compartidas por uma minoria de angolanos, já nos sentimos arrasados quando cometemos qualquer tipo de erro.

Para ser sincero, a descoberta de um erro nessas circunstâncias machuca, fere! Não há nada que console uma alma bem intencionada com vontade de se comunicar e até transmitir aquilo que sabe e acredita que aprendeu bem durante toda sua vida – e aprendeu mesmo!- quando se descobre ( ele mesmo) que cometeu um erro que jamais deveria cometer. Um erro que não está ao seu alcance. Não deveria estar! Mas o fantasma apareceu, como um zumbi que se adapta de todas as maneiras em todas as circunstâncias.


A vida é assim! É dura para todos nós. Desde o simples operário que não teve o privilégio de dotar-se de instrumentos e o grau acadêmico necessário para driblar o mundo das falhas e dos erros que tanto nos martirizam; até o acadêmico ou douto, estamos todos sujeitos a erros, não importa o grau e a maneira como se erra. Uma coisa é certa, a vergonha sempre estará ao nosso lado zombando de nossas falhas.

Agora, imagina você ocupar o lugar de Presidente da República de um país como Angola. Um país de cidadãos “chatos”! E que há anos vivem na flor da pele com a situação instável do país, que quando aprendem um pouquinho a mais da língua de Camões, acreditam que ganharam o direito supremo, universal e divino de infernizar de todas as maneiras possíveis o inculto, o sujeito “analfabeto”, o iletrado, o indígena “atrasado”; que mesmo depois de quinhentos anos de colonialismo português não consegue escrever direito. A repressão dura vinda de todas as partes, por aquele erro, das trocas infindáveis dos “esses” pelos “cês”, das preposições mal colocadas e dos verbos mal conjugados, e tudo que você poder imaginar, neutraliza e anula as boas intenções de quem só queria se comunicar. Nunca se comunicar foi tão difícil! E se adicionarmos mais que na luta pela tomada do poder tudo vale.

Então, comunicar-se é um gesto que poderia ser simples e natural –já não é!-, mas que dependendo das circunstâncias, pode se tornar difícil e tortuoso. E que adversários, sempre preparados a deglutir seus inimigos, estão longe de perdoar. É aqui que o português –a Língua- adota-se mais como um instrumento e arma para degolar “quem não soube aproveitar os anos de colonialismo”. Estamos diante da triste história de um povo que usa um produto e serviço estrangeiro para resolver o que a sua própria cultura e evolução não resolveu.


A triste situação de José chega a ser pior que a turma dos iletrados e analfabetos indígenas, e os autóctones que mesmo depois de cinco séculos não conseguem engolir o português. Infelizmente, José mesmo sendo angolano, deu azos aos rumores mal intencionados sobre a sua origem estrangeira, usado tanto pelos maldosos oposicionistas, de que o mesmo deve ser um inculto com relação à cultura angolana ou mesmo africana. E de que o mesmo pode ter um certo desprezo à condição de se ser autóctone, “aborígene” e indígena.

Aqueles, os intriguistas e de línguas adocicadas com o mal, não se cansam de dar exemplos sobre a rejeição deste com a cultura nativa, chega a ser uma rejeição de alguém dotado de instinto superior com um grau de assepsia elevado. O exemplo começa sempre pela sua governação que dá preferência aos estrangeiros do que aos angolanos; toma-se, também, como exemplo as poucas visitas deste ao interior do país, e os regressos apressados do mesmo à Capital do país quando alguma província tem sorte de ser visitada; a intriga continua.


O que poderia ser visto como uma coincidência e algo muito pessoal e privativo, se usa como manifestação de rejeição daquele que não tem nenhum compromisso com as suas origens e a sua cultura. Esse é o caso de suas lindas filhas que foram no além pátria em busca de cônjuges. Afinal, quem tem amor pela pátria e pela cultura nacional, deveria educar suas descendentes a verem no típico homem nacional angolano a preferência para os seus sonhos de fadas de amor. O que ajuda ainda a fomentar o preconceito de que a burguesia crioula angolana tem um pé aqui e um pé lá na terra dos antigos avós ou pais, vendo em tudo que é nacional o inadaptável aos hábitos burgueses estrangeiros.

No caso de José e suas filhas, coincidência ou não, ele falhou nisso! E a desgraça só aumenta mais quando José é da geração dos grandes poetas que este país já teve. José foi amigo dos maiores poetas angolanos; um deles foi seu chefe durante anos, o outro subordinado, todos eles por destino foram grandes amigos do nosso discursante.


Nós na nossa adolescência e quase infância aprendemos de cor e de bom gosto e agrado a poesia daqueles, dois grandes poetas. Não só por necessidade cultural do momento que atravessamos e em que hoje se atravessa, mas porque seus poemas, no contexto nacional, são verdadeiramente os mais lindos poemas de uma terra de gente sofrida! Em que as vozes dos poetas chegam como um consolo para o sofrimento de nossa gente, povo e nação.

Não saber o refrão do poema mais popular, “O Monangambé”, de Antônio Jacinto ( AJ) chega a ser uma zomberia. Vamos pôr de parte os angolanos em geral ou a nação inteira. É um desrespeito até aos antigos camaradas dos tempos de guerrilha. Afinal, esse poema, se eu não estiver cometendo outro maldito erro ou falha, foi escrito em 1961, em alguma cadeia –sei lá! Ou numa situação de perseguição, desespero e angustia. Se pelo menos o mesmo fosse bem recordado e à altura, na voz do presidente da república, a homenagem ao poeta no dia do Congresso Extraordinário do MPLA, dia 15, seria perfeita.

O poema ( de AJ) e a literatura criada pelos antigos guerrilheiros e intelectuais do MPLA é parte da cultura e do espírito transparente que o MPLA ofereceu a todos os angolanos, a uma nação inteira. Que não devia só servir para que suas riquezas fossem exploradas de maneira descarada por um bando de burgueses, que se consideram crioulos, mas que no fundo constituem uma turma atrasada de incultos. Não merece isso Antônio Jacinto e não merece o MPLA.

Além disso, existe um detalhe interessante, nesta falta de cultura que o Presidente Angolano revelou ao mundo e ao país inteiro. Os que tudo fazem para elogiar a condição humana do sujeito, seus dons e sua biografia, nada reveladora que possam enaltecer algum adolescente ou estudante, dizem que ele é amante da música angolana. Há quem diga mesmo que o mesmo pertenceu ou foi fundador de um grupo musical nos anos de juventude. Ou seja, resumindo, conhece bem a música angolana. O poema de Antônio Jacinto foi musicalizado ( transformado em música) por Rui Mingas em 1975, talvez mesmo antes ou um pouquinho depois. Este poema e música durante dois ou três anos em Angola esteve entre as primeiras paradas musicais no território nacional, chegando a ser uma espécie de hino que relembrava o passado, trazendo do mesmo coisas que o presente e o futuro deveriam corrigir e fazer justiça.

Sendo uma das melhores composições de Rui Mingas e um dos poemas mais belos de Antônio Jacinto, será que nunca despertaram a curiosidade de quem hoje nos dirige? “Amante da música”, “clarividente” e todos os outros dons possíveis que a turma dos bufões da corte aprenderam a transmitir à sociedade e a opinião pública sobre o mesmo. A bufonaria escancarada e a fanfarronice retratam ou outro lado falso do poder angolano e o que existe detrás de tanta falsidade ideológica, que levou o país à guerra e transformou o mesmo num dos mais miseráveis do mundo.

Outro detalhe interessante. Qualquer uma das obras de Agostinho Neto ou mesmo de Antônio Jacinto, ao menos os poemas destes -e que sirva de conhecimento ao nosso Presidente-, pode ser encontrado na rede de computadores, também conhecida como internet. Ironia do destino, essa tecnologia que é tão combatida pelo governo que o mesmo dirige. Era só acessar o GooGle, digitar o nome “Antônio Jacinto” ou a palavra “Monangambé”, que é o título do poema. Lá no Google normalmente encontramos a obra desse poeta e toda sua biografia. Quem pôs lá? É a moderna juventude, estudantes, professores e profissionais das áreas de humanas em diferentes partes do mundo, que fazem o uso da tecnologia por necessidade vital, para sobreviverem, terem uma vida digna; e fazer da nossa existência ( humana) algo mais fácil, menos penoso, harmonioso e razoável.

Assim, para se ser Presidente não basta o glamour das boas aparências. É preciso também amar a vida ( no sentido de amar tudo que vai além de nós); amar o bom gosto vindo do povo e das massas -nem sempre estabelecidas pela burguesia. É preciso ter amor pela cultura – de preferência a cultura do seu povo; despertar o amor pela ciência e à tecnologia, que é o que verdadeiramente tira qualquer povo do atraso.


Depois dos últimos acontecimentos, já deu para descobrir o espírito de quem nos governou ao longo desses trinta e dois anos. Mas sem querer julgarmos e respeitando a condição humana de sermos todos falíveis. A pergunta que cabe é: José cometeu aquele erro por falta de cultura ou por uma falha humana perdoável.

Se continuarmos a pensar sobre as causas do erro, a primeira, com certeza, não resistirá aos nossos argumentos. Terminamos aqui para preservar o que de pouco tem José.


Nelo de Carvalho
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O Decreto Para o Genro Mais Querido Veio Primeiro Que uma Lei Para se Desenvolver as TI (Tecnologia de Informáticas)

Depois que o Club-k anunciou o que já todos nesse país têm conhecimento: a prática constante do tráfico de influência. Chegasse à conclusão que todos nós, às vezes retratados cinicamente como invejosos e oportunistas pelos homens do poder – diga-se também a galera Mwangolê da Web ou das redes sociais eletrônicas –, assim como o povo em geral, devemos unirmo-nos e insistir na nossa luta: por tudo! Pelos nossos direitos, pela democracia, pela liberdade de expressão e contra toda as formas de desfaçatez, descaramento, sem vergonhice e enfim; contra tudo aquilo que torna o ser humano mais mesquinho, egoísta e sem caráter.



Lutar contra todas as coincidências e tudo o que aparentam ser elas; principalmente aquelas que cruzam interesses de todos com as dos filhos e a dos genros, ou das famílias mais privilegiadas que esse país agora tem.

Nós – os desse lado- que usamos diferentes formas e maneiras para denunciarmos, talvez, a máquina estatal mais corrupta da fase da terra, não podemos desistir de nenhuma de nossas práticas, aquelas que ajudam verdadeiramente a todos os angolanos a se informarem dos métodos perversos com que esse poder tem se apresentado diante de todos: como o poder dos sem vergonha, dos intocáveis e dos sem caráter. Além disso, os que fazem o uso indevido da máquina pública –quero aqui dizer, em particular a imprensa pública e até aqueles que usam o dinheiro público para se montarem em fachadas os supostos órgãos de imprensa privada- não podem aparecer aqui com a espada da moral ameaçando nossas cabeças. E pondo a prova o que menos eles são: verdadeiros jornalistas a serviços de uma causa – a não ser a dos mercenários. Estes que acreditam ser Jornalistas, nem se quer são bajuladores, entre eles existem muito mais bandidos!


O poder agora decidiu escancarar. Primeiro, são as Leis proibitivas e sem discussão previa da sociedade civil -e em geral- a que nos têm habituados. Segundo, foi o discurso inconseqüente de quem perdeu a sensibilidade pelo sofrimento da maioria da população, que provou que alguns cargos públicos são ocupados como se fossem vasos sanitários de banheiros públicos. E de que a luta pelo bem estar da nação não implica necessariamente em se concordar com os atos de gestão de quem nos governa, sentar-se mal naquele vaso pode e deve gerar as reclamações de todos, coisa que alguns de seus ocupantes assim não pensam. Terceiro, como não podia deixar de ser, agora, na desfaçatez e na falta de caráter também está incluído o genro mais sortudo que esse país já teve. Ele está entre aqueles que usa, agora, o banheiro como se em sua casa estivesse.

A prova de que na Internet, em particular no club-k, não só existem pessoas oportunistas e invejosas está dada sobre o modo como se tentou introduzir no ordenamento jurídico angolano a Lei das Tecnologias da Internet. A mesma foi e é um instrumento de ameaça daqueles que em nome do Estado, da Unidade Nacional e de uma suposta preservação da ordem interna tentam calar quem se insurge contra os atos do governo. Temos certeza que a Internet e o club-k, tão odiados pelo Governo angolano, ajudaram até a difundir a lei e o insucesso da sua aplicação; ajudaram, em maior ou menor medida, a que a mesma fosse mais discutida. E essa discussão aconteceu não porque o MPLA e o Governo no poder quiseram. Mas pelo próprio caráter da Internet e do club dos angolanos no exterior. Este último sempre com o objetivo de desmascarar o que há de mais oculto, maléfico, prepotente, arrogante e mal intencionado, vindo de um poder, que acredita ser unilateral. Enfim, foi um ato verdadeiramente democrático, que não saiu das hostes do MPLA, do Jornal de Angola, da TPA, da Assembléia Legislativa, do Poder Executivo e muito menos da imprensa privada que está vendida aos corruptos e, também, sim, aos bajuladores ostentadores do poder que mantém os empregos dos membros desta área.

Não importa quais razões provocaram a retirada daquela lei direcionada em particular contra quem contesta o poder corrupto, patrimonilista, amiguista e familiarista de José Eduardo dos Santos; uma coisa é certa, aquela retirada só foi possível, porque a rede eletrônica de comunicação ajudou a que a mesma fosse sabatinada. Mesmo que seus atores assim não quisessem ou não estivessem interessados. Isto prova ainda que os meios públicos e alguns privados em Angola fazem o jogo sujo dos corruptos ao desinformar e não informar quem de direito merecem: a população. Também não importa se aquela lei será reintegrada posteriormente em circunstâncias pior. O que importa é o exercício da democracia que vem do lugar mais subestimado, desprezado e mal falado pelas autoridades: a Internet e o Club-k.


É uma tontice que só vem da mente de jornalistas ineptos ( se assim se consideram, jornalistas) que à diáspora e uma boa massa de intelectuais angolanos fora e dentro do país devem simplesmente adotar como meio de informação o que o Governo supostamente quer informar através do Jornal de Angola, a TPA ou a Radio Nacional. Pensar assim, a estupidez e a tontice seriam nossas.

Existe uma presunção diabólica dos tempos da guerra fria em que o MPLA camarada era tudo e monopolizava a verdade. E que ainda, até hoje, constitui a espinha dorsal de quem está no poder: fazer acreditar ao povo e ao cidadão que se habituou a essa governança, gestão e governabilidade de que a verdade é única e só pode vir de quem ostenta o poder; fazer acreditar de que seus atos no poder, na administração e como lideranças do pais ao serem contestadas, o contestador comete o maior erro político de sua vida, transformando-se num ser ingrato que a sociedade e o estado –quanto mais, até a família- devem rejeitar.

A cruzada contra as redes sociais, contra o club-k e a Internet em geral, do Governo angolano e que agora se somam também alguns meios privados, que não podem ver as malas de dólares da corrupção entrando e saindo nos escritórios dos nossos autocratas, só provam, mais do que nunca, a importância dessas redes e o seu verdadeiro papel que não deve ser misturado com lixo.

A Internet é um meio de comunicação moderno usado para vários fins e não a arma do desespero onde os fins justificam os meios e vice-versa. Não foi a Internet que criou a desordem do Estado e da Sociedade; não foi ela que criou a corrupção e muito menos levou ao poder os corruptos que aí estão. Ao contrário, ela deveria ser visto pelo governo angolano como mais um instrumento e meio para tirar milhões de angolanos do subdesenvolvimento, da pobreza e da miséria.

Assim, Leis sobre a Tecnologia das Internet ( ou informação, comunicação e cibernética) deveriam ser criadas, sim, para que as mesmas ajudassem a difundir esta tecnologia no país. Leis que ajudassem a baratear seus serviços e os produtos gerados e usados pela mesma tecnologia e a industria eletrônica. Neste casso que ajudem a estimular o conhecimento, a cultura e a aplicação desses componentes no desenvolvimento econômico e industrial do país. Fazendo que nossa população pudesse ter direito aos mesmos produtos e a todos os tipos de serviços de forma mais barata, sem os habituais impostos.

Com o medo que se tem pela mesma – da Internet- vai ser difícil que esse governo ofereça tais vantagens a população, como fez com o seu genro mais querido.


Aqueles que vivem do discurso repetitivo de que a diáspora não tem iniciativa nem propostas, fica como iniciativa e proposta o parágrafo anterior ao anterior do nosso texto. Também fica como alerta, que de nossa parte várias vezes já houve pronunciamento, sobre a abertura e a facilitação de aquisição de produtos de informática vindo do estrangeiro (importados) pelos Angolanos. Isso se faz baixando ou até anulando os impostos alfandegários de alguns desses produtos.

A pergunta que todos nos fazemos é a seguinte: por que um país como Angola que precisa de uma boa educação, conhecimentos, que precisa de ciência e tecnologia para se desenvolver, tem necessidade de ter impostos alfandegários altos dos produtos desta área que entram no país? Por que não barateá-los ou até anulá-los, ainda que seja parcialmente?

Ou será que as iniciativas para o desenvolvimento destas áreas (ciências e tecnologias), também, passam pelos privilégios que os filhos e genros de quem está no poder deverão ter?

Nelo de Carvalho
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Vigiar Quem?

A enorme defesa dos militantes do MPLA ao seu querido presidente acabou de criar um fantasma no poder, onde o agir deste tornou-se algo imprevisível e assustador. Os discursos do Presidente transformaram-se na mensagem caduca que sempre chega tarde de mais. Quando se pensavam que estes discursos deviam ser esclarecedores, na verdade, são provocadores, irritantes e debochadores.

Nos últimos tempos, tais discursos, veem revelando o submundo oculto do abandono espiritual e mental em que este se encontra. Intelectual e espiritualmente o presidente é um “vagabundo” mal informado sobre o país que ele governa. E talvez ainda acredite que Angola se tornou independente o ano passado. Como dissemos várias vezes, em outros textos, o discurso retrata o habito evasivo de se esquivar de todas as suas responsabilidades e angariar o êxito que é de todos em seu nome.



O presidente culpa a todos e tudo pela pobreza dos angolanos, entre eles o velho inimigo: o colonialismo português. Culpa a guerra, mas com relação a esta esqueceu-se que a mesma só se prolongou como produto de sua incompetência. E esta incompetência geralmente foi ofuscada pelos militantes bajuladores ou até , igualmente, incompetentes. É preciso não esquecer que Savimbi, em sua vida de terrorista estimulada pelas falhas e erros do nosso “clarividente e estratega” das batalhas de Kuito Kuanavale e outras, recebeu até proposta de ser vice-presidente. O fracasso foi porque Savimbi foi mais “inteligente”, porque queria tudo.


Diante das responsabilidades penais, os promotores sempre têm olhos para os subordinados ou os chamados peixes pequenos. O tráfico de influência que se transformou numa cultura da Administração Pública Angolana e que tem como maiores representantes os seus próprios familiares , um dos instrumentos corruptos que ajuda na má distribuição da riqueza do país, passa longe da análise cínica e clarividente da visão presidencial. Um desastre que sempre é empurrado debaixo do tapete e os efeitos dos mesmos desconsiderados.

Que moral!?

A vigilância clamada pelo mesmo, propondo à militância a serrar fileiras, soa como um ato de zombeteira para todos os angolanos, quando toda a população já sabe e tem consciência, que quem enriquece ilegalmente nesse país é a própria família do presidente, os dirigentes do partido no poder e toda a cúpula do governo que dirige o Estado.

A suposta vigilância não deve vir só do simples cidadão ou militante, deveria vir da imprensa livre, se existe nesse país. Porque imprensa livre parte dela também é a imprensa pública que deveria ter uma tropa de jornalistas investigativos independente para investigarem os desmandos dos corruptos no poder.


Como exercer vigilância se o Governo que está aí, e quem está enfrente do mesmo, ajudam a sufocar economicamente e a neutralizar o papel da imprensa privada, que é a única que é livre e independente nesse país?

Vigilância contra quem? Se mais do que nunca, sabe-se perfeitamente que o inimigo é interno. O inimigo está dentro do próprio MPLA. O inimigo do povo angolano, mesmo que este ainda não tenha descoberto, é quem está enfrente do país. Esta é uma certeza irrefutável que o medo e a ignorância de milhões de angolanos, assim como a ressaca da longa guerra entre o MPLA e a UNITA, não permitem que esse inimigo seja desmascarado e descoberto.

Que tipo de vigilância? Se vivem desacreditando o papel da sociedade civil, das ONGs, dos formadores de opinião, como sé só o MPLA e o seu presidente ( que agora se descobriu que nem um discurso sabe fazer) merecessem créditos.

Quem é que vai fazer vigilância e em nome de quem quando se sabe que os benefícios de uma obra social sempre recaem encima de uma pessoa? E ainda um dia correr o risco de ser acusado penalmente por algo que cometeu - ou não cometeu- para salvar a pele do chefe clarividente e intocável? Em nome de quem se fará essa vigia? Para proteger os corruptos? Aqueles que dominam de maneira única a economia angolana, comprando ações em bancos portugueses?


Os que desviam o dinheiro da Sonangol e outras empresas públicas estão aí encima ao lado do chefe clarividente. A dona ou o dono da única empresa de telecomunicação nesse país pode ser visto a qualquer momento e quando quiser pelo presidente da República e também pelo Procurador Geral da República, se este quiser. Quem dá festas ou aluga o salão público do palácio presidencial onde Agostinho Neto despachou pelos seus últimos dias dorme ao lado do chefe. A vigilância e a derrubada do cinismo poderiam começar por aí. Quem viajou ou viaja com o avião presidencial –coisa pública-, para fazer compras, a título de propriedade privada está ao lado do chefe.

Já deu para ver que quando o desespero, a crise de identidade política e ideológica batem as portas do Palácio percorrem sempre a ajuda do povo e de alguns militantes incautos. E é nessa hora que o poder vem das ruas!

Um dia ainda terão que se ajoelhar diante do mesmo!

Nelo de Carvalho
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Não Somos Crianças, Senhor Presidente José Eduardo dos Santos

Não basta fazer um discurso sentimentalista e vir ao público tentar desmentir o possível e o obvio. Até parece que o presidente fez um discurso onde a platéia era uma turma de infantes em idade pré-escolar. Estas sim acreditariam que o presidente de Angola não tem obrigação nenhuma de prestar contas ao Estado e a Sociedade. E diga-se aqui, prestar contas ao Estados e a Sociedade são duas coisas diferentes.



E estão erradas aquelas “crianças” que acham que o presidente, por ser Presidente, não tem obrigação de prestar contas, tanto a uma quanto ao outro ( Sociedade e Estado).

Usar um evento político para vir ao público desabafar sobre as acusações da opinião pública, que tanto o próprio Presidente da República fomentou, alimentou e alimenta, - ao contrário do que se pensa- prova que o presidente tem obrigação de prestar contas. E que aqueles que exigem esses atos do poder não são fantoches a serviços de forças reacionárias e estrangeiras. E prova que a vigilância anunciada pelo Presidente tem que vir de todas às partes. A vigilância, Senhor Presidente, não é aquela que até hoje se fez - e até se fazia nos tempos de Agostinho Neto-, a que dava e dá proteção a bandidos e falsários que estão no poder. Vigilância é vigiar aqueles que cuidam da coisa pública, do que é de todos.


Mais uma vez, como sempre foi o hábito, o discurso do presidente divide os angolanos – e não necessariamente quem milita fora do MPLA- entre aqueles que são amigos e inimigos; entre aqueles que merecem Angola e não merecem; entre quem deve falar para o povo e em nome do povo e quem não deve falar. É o velho truque de sempre se não estás com o mais alto mandatário, então serás lixo a ser varrido. Simplesmente serás um inimigo a ser vigiado! Agora, quem deve ser vigiado é quem combate a corrupção e não os corruptos! Além disso, todos nós podemos ser vigiados, menos o Presidente da República.

Eu tenho a impressão que depois de trinta anos no poder, o Senhor Presidente José Eduardo dos Santos, não entendeu o papel de Presidente da República no poder. É o papel do Presidente da República e não o seu papel na presidência. Estas duas coisas costumam ser confundidas pelos militantes do MPLA, e talvez até pelo próprio Presidente. Esse papel é um papel que deveria ser definido por lei – e está! Além de político, é um papel que não agüenta a falsidade ideológica, o sentimentalismo político do líder populista e herói de todos, que resistiu a caída do Muro de Berlim. Esse papel não é o discurso breve, prometedor, mitológico, esperançoso e finalmente enganador do Papai Noel ( o Pai Natal) que se faz para aquelas crianças, depois de se sumir do cenário durante muito tempo. Já que estamos diante de um líder que só surge diante da imprensa para fazer declarações calculistas e ainda assim, geralmente, decepcionantes. E por último esse papel não é o papel de um pai para com os seus filhos. O Senhor, pelo que sabemos, não tem dezesseis milhões de filhos.


Por isso, tem obrigação moral e legal de prestar contas a todos os angolanos, a toda sociedade e instruídas pelas normas estabelecidas pelo Estado. Já sei que legalmente a Constituição e as leis infraconstitucionais feita pelo Senhor e para o Senhor livraram o Senhor de prestar contas. Mas é aí onde está o erro. A vitória do MPLA, 81% contra todas as cifras, não dava direito a que o senhor tivesse mais direito e poder absoluto que o resto dos mortais.

Os intelectuais que votaram no MPLA e fizeram campanha para que esse partido ganhasse, a principio acreditaram no bom líder que supostamente o Senhor deveria ser: simples, humilde, menos ambicioso, menos doente pelo poder, transparente nos seus atos e que no final de tudo estaria preparado a dar exemplos democráticos. E não vir a público dizer que quem critica os excessos de poder e privilégios daqueles que ostentam o mesmo é que são ambiciosos e oportunistas. E com certeza são!

E quê!? Quem o Senhor conhece ( assessores, famílias & companinha), que convive, trabalha e está ao lado do Senhor, que não é oportunista?! Desde quando ser oportunista em Angola, no MPLA, na função pública é proibido.?! A imoralidade não se combate necessariamente e obrigatoriamente com leis. Leis servem para combater o que é ilegal e proteger aquilo que é público ou então privado.

Nós não estamos interessados na moral de quem quer que seja, nem da dos militantes do MPLA, que sempre pus em dúvida, e muito menos na do Senhor. Nós - quem quer que seja, que esteja longe do poder, sendo oportunistas ou não- estamos interessados nas leis; nas leis que a turma do MPLA entregou ao próprio Estado. Aqui me fica difícil dizer, “que o Povo entregou ao próprio Estado”.


Nós –acusados de oportunistas- só queremos que se cumpram as normas, as leis e os procedimentos que dão razão a que todos possamos pensar, sim, que a Democracia existe e não é uma falsa. E que não está só aí para beneficiar quem está ao lado do Senhor, ou mais precisamente, quem te rodeia.

É o cumprimento das regras Democráticas que evitará a propagação do ódio, do rancor, da difamação, dos atos desproporcional vindo de todas as partes. Evitará até as acusações estúpidas de traição contra a pátria e de anti-patriotismo. Sempre promovida de um lado para vitimar até quem tem boa intenção na construção do processo democrático, mesmo quando não tem porque concordar com quem está em situação privilegiada, no caso, ostentando o poder.

Assim, não basta vir ao público, entre camaradas, vir dizer que não tem 20 bilhões de dólares em bancos estrangeiros. É preciso usar e criar procedimentos civilizados e democráticos – e por em posse do próprio Estado- para provar os Atos, entre eles a prestação de Contas, que o Presidente da República nunca fez.

E chega de pensar e fazer acreditar àquela turma de crianças, que o Senhor Presidente é o próprio Estado.


Nelo de Carvalho
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Um Direito de Defesa Que Chega Tarde Demais

Tarde demais para transformar o cinismo, a falta de informação, o silêncio e a indiferença em verdade. É tarde de mais para transformar a arrogância do poder e os velhos costumes ditatoriais numa carroça de transporte que possam levar, de um lado para outro, produtos que já estão perecíveis ( vencidos) para serem vendidos com o rótulos de verossimilhança. E tem mais, verossimilhança, nem sequer é verdade!



Querer provar a essa altura do campeonato que tudo são mentiras e falácias, é como misturar mentiras e verdades num só liquidificador ( batedor) para tentar depois, de maneira infeliz, separar as mesmas. E convencer aos observadores que a mentira, a intriga, a desinformação e a manipulação –mal combatidas pelos órgãos do governo e do Estado – deve ser ingerida como um calmante ( xarope ou suco) amargo, por todos nós.

Infelizmente temos a dizer ao presidente que ele chegou tarde de mais para se justificar. E que não existe obrigação moral de quem quer que seja para se acreditar nas versões vinda dele, numa situação anormal ( de pressão política, ideológica) ou de crise.


Saiba Senhor Presidente que a Democracia -burguesa ou não- ela não constitui um regime baseado no princípio da confiança ou até mesmo da moralidade ideológica e política. Ela é um regime de Estado de Direito. Isso significa dizer que na luta pelo poder – direito de todos os cidadãos Democráticos-, importa pouco a confiança ou até –se for o caso- a desconfiança que existe entre aqueles que se digladiam pelo poder.

Como você mesmo tenta demonstrar ou persuadir aos poucos que te apóiam, o que importam são fatos corroborados por comandos, métodos, procedimentos e leis que movimentam a máquina do Estado. Essa máquina só será eficiente – para as finalidades pretendidas- se cada peça ou componente corresponder a esses comandos. Imagine agora que os componentes daquela máquina são os seres humanos.


Não se trata aqui de se ter certeza do quanto o Presidente tem em suas contas bancárias no exterior. Ou se o mesmo tem alguma conta bancária fora do país. Mesmo porque a essa altura ninguém está mais interessado em saber isso. Se fosse na época de partido único, onde só imperava a ideologia Marxista-Lenenista, com certeza, todos nós estaríamos morrendo de curiosidade para saber os bilhões que o Camarada Presidente tem mundo afora, qual o valor da riqueza do Presidente, fora ou dentro do país.

Trata-se aqui da postura do próprio presidente, de um conjunto de atitudes, procedimentos legais que impedem que o povo, a nação, as instituições democráticas - entre eles o Tribunal de Contas, o próprio Legislativo, a imprensa privada sufocada e chantageada; a Constituição da República redigida em beneficio próprio- que impedem que aquela riqueza seja descoberta ou minimamente monitorada.

Se o Presidente alguma vez na vida tivesse tempo de ler algum livro, básico, de Direito Administrativo, ao sabatinar a informação do mesmo com a sua trajetória de homem de Estado e chefe de governo que é ao longo desses trinta anos, com certeza, teria se mantido calado. Como sempre foi o seu estilo e não teria tocado em algo tão delicado e constrangedor. Ou seja, deixaria que o trem da corrupção seguisse o seu curso, ou melhor, como bom maquinista desse mesmo comboio, que procurasse manter a velocidade do mesmo. Mantendo o cidadão como sempre, na dúvida e na desconfiança.

Já que Presidente –“angolano”, tradição deste, assim nos habituou- não dá esclarecimento à opinião pública, poderia pelo menos ativar os meios de comunicação públicos, para que os mesmos pudessem informar a população – e a oposição também-, do porque que só em Angola o combate a corrupção é encarado como forças anti patrióticas que tendem a dividir os angolanos e a separar o povo do Governo?

Camarada Presidente este discurso de vítima e do agredido em nome do povo é vergonhoso até para mim que estou longe do poder. É vergonhoso até para qualquer militante do MPLA. Acreditar que o fim do seu mandato ou com a sua morte, o imperialismo e o colonialismo estarão de voltas para se apoderarem das nossas riquezas é uma presunção estúpida, que hoje só cabe nas mentalidades ofuscadas e impenetráveis, por tudo o que há de mais novo e moderno.

Fazendo uso do meu senso de ironia: Eu acho mesmo que o Senhor deveria ser julgado e condenado pelo excesso de presunção. E não por desviar dólares e descumprir regras.

Eu o perdôo por desviar dólares e pelo comportamento infantil de descumprir regras!

Jamais pela presunção!

Não adianta José, você pode até sair vitorioso de onde está -se achar que sairá-, mas terá dificuldades eternas para justificar seus atos. Eu sinto pena dos angolanos – e agora também de você!

Nelo de Carvalho
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Do Ridículo ao Patético, Chegamos ao Socialismo Democrático

Dizem que a verdadeira democracia começa quando um país tem coragem e valores para poder julgar o seu passado. Entre eles, julgar os abusos de poder, as arbitrariedades, as leis violadas e até mesmo o ditador que no passado infernizou a vida do povo e fez do poder público o lugar inadequado para satisfazer suas necessidades individualistas. Democracia de verdade é fazer do poder público, dos seus atos, algo supremo diante de todos os interesses que não convergem com aquele poder.

Para bem ou para mal, o MPLA mostrou ao longo desses trinta e cinco anos que não precisa de ideologia nenhuma para governar um país como Angola e se manter no poder. Não precisa nem mesmo provar se é um partido de esquerda ou de direta. Simplesmente precisa provar aos angolanos que é o MPLA, e para isso é só imitarmos e pormos em prática o que de melhor esse mundo nos oferece: e fazer valer os lemas que tanto esse partido, nas suas propagandas “difamatórias e de diabolização” aos outros, nos habituou. Precisa, sim, ter o hábito civilizado de cumprir aquilo que foi combinado no contrato democrático; precisa respeitar à dignidade humana e fazer com que o exercício da liberdade e da democracia seja uma prática e um fato.



Na minha humilde visão, tenho entendido que o MPLA renunciou todos os princípios ideológicos no último discurso ( talvez um dos últimos) que o saudoso Presidente Agostinho Neto fez antes de morrer em que no fim do mesmo dizia: “O mais importante é resolver os problemas do povo”.

Talvez este lema fosse uma síntese e recado àqueles que em vida iriam continuar em frente da nação e do país de que as ideologias, não importa qual delas fossem, não seriam tão importantes assim, no projeto de alcance de felicidade para todos os angolanos. E devo concordar com a intenção ou a pretensão do lema.


Além disso, todas as formas de ideologias que o MPLA tentou professar esses anos todos, nenhuma delas chegou a ser uma escola que forjassem militantes que pudessem dar continuação a um suposto projeto de nação. Tudo o que fizemos nesse país chamado de Angola é e foi sempre uma imitação vindo do Velho Continente, a Europa, ou também como alguns geógrafos refinados gostam de dizer: “A Península Euro-Asiática”.

Por certo, uma má e caótica imitação. Primeiro, foi o Comunismo ou ideal Marxista-Lenenista ( M-L), autêntica doutrina sociológica, tida como a única e a verdadeira Ciência da Sociedade Humana, que deu um curso diferente à historia da humanidade e ajudou a forjar a cultura e o atual pensamento contemporâneo da humanidade. O Marxismo-Lenenismo não só serviu de escola e forjou comunistas em todo mundo, mas promoveu revoluções. E com a evolução da Ciência no Século XIX e XX ajudou a livrar o homem do eterno obscurantismo medieval e do ceticismo Iluminista. Aquela doutrina, M-L, não põe o homem em vantagem paranóica e excepcional diante do Universo e da Sociedade, mas ao menos ajuda a livrar o mesmo do seu “natural” complexo de inferioridade a que sempre esteve exposto e o colocaram todas as falsas interpretações mentais e ideológicas: religiões e pseudo-filosofias.


O estrondo e as evidências do seus feitos, do M-L, permitiram que a África, de escrava, humilhada e colonizada, se tornasse independente, livre e quem sabe um dia democrática. Isso é indiscutível. Mesmo a suposta democracia burguesa – a que existe na prática- hoje declarada como o melhor dos regimes e mesmo sendo não perfeito, deve tudo àquele movimento revolucionário. Que deu um tom diferente na luta pelos direitos políticos, econômicos e sociais das classes mais oprimidas até mesmo nos regimes capitalistas tradicionalmente tidos como impérios e ex-colonizadores ( as conquistas conseguidas pelos trabalhadores e a sociedade em geral não foram oferecidas pela burguesa). Em síntese e em tese a vitória do M-L não consisti só no triunfo de revoluções que defendem a mesma ideologia, não é simplesmente a declaração da mesma como instrumento ideológico de grupo de classes ou partidos políticos que vêem na mesma o instrumento propulsor para se construir um mundo melhor. É também parte de uma cultura e forma moderna de se fazer política, encarar os problemas da vida, muitos deles assumidos de maneira deliberada e inconsciente, por necessidade de sobrevivência da nossa própria existência. O M-L já triunfa pelo simples fato de que a vida e o evoluir da sociedade humana segui uma trajetória prevista por ela – às vezes mesmo sem se saber ou fora do conhecimento da maioria dos seres “ mortais”-, o importante é reconhecermos, que como uma Ciência ela está interessada na verdade, que poderá ajudar e facilitar a construir a felicidade humana.

O MPLA como outros partidos ou movimentos adota o M-L como o vento que sopra em uma direção e que precisamos aproveitar o mesmo para seguirmos o destino pretendido. Errado aqueles que julgam ou pensam que foi um erro. Primeiro, porque é preciso entender que a missão do M-L pode ser visto ou encarada por etapas. Mesmo porque os êxitos de nenhuma sociedade ou civilização humana são alcançados de forma lineal e sem obstáculos – o mundo não teria graça se assim fosse. A falha e o erro está na falsidade ideológica dos homens ou militantes que nós últimos trinta anos estiveram em frente desse partido. Militância Comunista nesse partido é coisa que nunca se levou muito à sério, ao ponto de muitos –entre os mesmos- se ridicularizarem uns aos outros pelo suposto fingimento que uns adotaram numa época; para –por diferentes motivos- estarem bem com o regime imperante ou até com uma suposta chefia que devia corroborar seus atos de bons militantes.

Uma vez alguém me sentenciou, nos velhos tempos idos em que passei na Ilha da Juventude: “de que o militante comunista do MPLA é um boneco de fantasia diante dos verdadeiros comunistas desse mundo”. Verdade ou mentira os fatos estão aí. Já se disse por aí que ninguém tem obrigação de ser comunista. Mas a falsidade ideológica é um crime condenado em qualquer cultura.

A segunda e imperfeita imitação que temos copiado é a atual democracia –chamada por muitos, já, por “falsa Democracia”. Ela é tão falsa que o atual Presidente da República tem a coragem de se apresentar como “falso presidente” diante de uma platéia ou comício e reconhecer que a “Democracia não mata a fome de ninguém”. É falso o Presidente, porque não foi eleito por ninguém e ainda tem coragem de dizer que Democracia nenhuma mata a fome. Ele mesmo se dedurou!

Ora, bolas! Acaso os atos ilegais protagonizados por um Governo, Estado e Presidente corrupto conseguem matar a fome dos pobres e dos oprimidos desse país? Ninguém em sã consciência responderia de forma positiva essa pergunta, mesmo que a sua disposição estivessem ao seu favor aqueles atos totalmente ilegais, corruptos e viciados.

O problema em Angola, como em qualquer parte do mundo, não é imitar, senão imitar mal para tentar agradar milhões de pessoas enganadas, assustadas com o presente e o futuro que se debatem com ameaças de guerras ou de supostas instabilidades políticas e sociais. Os angolanos não precisam aprender de cor o bê-á-bá das teorias que desembarcaram em livros mal desfolhados de estudantes péssimos, vindo das diferentes capitais européias. Não que a informação não seja necessária ao nosso povo, mas desde que ela seja bem digerida, interpretada e sendo recepcionadas ou absorvidas para que se resolvam os verdadeiros problemas do Povo.

Que eu saiba, o MPLA tinha abandonado todas as teorias depois da caída do Murro de Berlim. Durante muito tempo ficamos sem saber se esse partido – que quase virou um fantasma na vida de todos os angolanos- que princípios ou direção ideológica seguia. Nos últimos vinte anos, o que importava era defender o MPLA, não importa em que buraco o mesmo se metia –talvez isso se devesse pelo fenômeno da guerra, em que tudo valia a pena para se evitar uma suposta vitória Kwacha. Valeu!


No período de Paz em que vivemos, o Partido se transfigurou, transformou-se num partido de mafiosos e malfeitores, onde todas as práticas de corrupção foram e são ocultadas até hoje. O Partido revelou a sua face mais podre; na verdade, desde os primeiro anos de independência isso já estava revelado. E esta podridão consistia em empurrar os falsos valores comunistas que eles ( os chefes ) diziam professar; empurrar à população ou aos subordinados, enquanto a cúpula tinha um estilo de vida à moda do Tio Patinhas ou o burguês capitalista zombando dos pobres. Ironia ou não! Nesse quesito o MPLA também venceu!

Tanto que agora temos as tchizés da vida, as isabeis milionárias, representando e encarnando o triunfo ou a vitoria de uma burguesia que escarnam repugnância e todas as formas de rejeição a quem é pobre, humilde e até mesmo militante do MPLA no sentido mais patriótico da palavra.

A vitória do MPLA, agora, não é só a vitória contra a UNITA, Jonas Savimbi e os ex-terroristas aposentados que no passado acompanharam este. É também, infelizmente, a vitória de quem se debate, na Angola de hoje, pela verdadeira democracia.

Verdade diga-se, por todas as vozes e em todas as direções, o MPLA é a pior falsa dentro da democracia Angolana. Entre os intelectuais, esse partido só ocupa duas possíveis posições, está entre o ceticismo e a descredibilidade. Proclamar uma suposta “Democracia Socialista” na sua trajetória ou nos seus objetivos é querer acreditar que a espécie humana tem sua origem no cavalo e não num primata evoluído como o homo sapiens. Com estes que estão aí no poder é bem possível que aquele cavalo, que pertence a espécie dos ungulados, continue seu processo de evolução sem obstáculos, mas até atingir formas superiores de vida que lhes caracterize como seres inteligente capazes de criar algo gera dúvidas a todos nós.


Nossa condição de ombudsman, informal, não reconhecido, sem a presunção intelectual dos mortais comuns ( eu estou entre esses mortais) não acredita na chamada Democracia Socialista se os itens do primeiro parágrafo não forem considerados como os problemas fundamentais da sociedade angolana a serem resolvidos à curto prazo.

A certeza é que oscilaremos entre o ridículo e o patético, sem nunca chegarmos na Democracia Socialista (DS).


Confesso que nós vinte últimos anos contamos com o MPLA, para que no mínimo, a Democracia Socialista fosse um verdadeiro projeto de nação. Todos os seres humanos, povos e nações vivem de um ideal, sonho ou uma meta. Aqui em Angola as coisas não devem ser diferentes.

Só falta agora que os ideólogos do MPLA nos digam em que consiste essa democracia –pelo menos no estilo angolano. Se a Constituição criada pelo partido vencedor, 81% nas últimas eleições –tendo poder para isso-, não reflete em nada esse projeto de nação.

De uma coisa temos certeza, ela, a DS, não recepciona o poder absoluto, corroborado pela bajulação, que o atual Executivo ostenta.


Nelo de Carvalho
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Laurent Gbagbo Escorraçado do Poder e Humilhado Como Um Cão

A incoerência de Gbagbo foi tanta que o mesmo foi abandonado até por amigos, a não ser por aqueles que se sentem na mesma pele que ele, que de forma duvidosa insistiram em que o mesmo e o seu adversário político formassem um governo de unidade nacional.

Gbagbo é a prova de que até os ditadores dariam tudo para provarem que são e sempre foram democráticos, até a própria vida de um jeito irracional e inconseqüente.



O desgaste provocado por ele à nação marfinense deveria agora ser reparado com um julgamento que levasse o mesmo aos banco dos réus e fosse condenado pelos crimes que cometeu. Não é pela primeira vez que a insistência de um sujeito como Gbagbo leva a uma nação africana à guerra. E é o tipo de persistência em que o sujeito se atribui o poder e o direito de continuar a ocupar um lugar, quando para isso não basta se ter legitimidade da suposta maioria, mas também é preciso chegar a conclusão, se a posição ocupada chega verdadeiramente a ser confortável, no sentido de não se provocar um conflito tipo à marfinense ou outros que o continente africano de tempo em tempo tem nos brindado.


Gbagbo sairia vitorioso do conflito marfinense se nos brindasse a postura civilizada: primeiro, de pensar que nenhum conflito armado valeria a pena; segundo, se ele não tinha provas que as eleições foram fraudulentas, por que insistir num conflito armado? No mundo civilizado tudo é feito a base de fatos e evidências que desmascarem gregos e troianos. Sendo ele o chefe do governo e estando no poder prorrogou as eleições por mais de seis meses, como agora poderia alegar que as eleições não foram justas? Se como chefe do governo e do Estado não teve nem competência de controlar o evoluir do processo eleitoral, então o bom senso diz que perdeu o direito de reclamar sobre uma suposta falha que atrapalhasse os resultados em seu favor. Além disso, Gbagbo estava há dez anos no poder, tempo suficiente para ir arrumando a casa, fortalecendo as instituições, chegar a um acordo com a oposição e unificar o exército, mas também estar preparado para se livrar do poder a qualquer momento.


O item “livrar-se do poder” pode até ser visto como o mais importante. Gbagbo mostra que na raça dos políticos africanos, muitos deles não estão preparados para perderem o poder e se agarram ao mesmo de maneira vergonhosa e covarde, como uma criança que se agarra à saia da mãe em situação de desespero. O africano na sua “eterna” burrice, selvageria e estupidez atribuísse o poder de maneira vitalícia e perde a postura diante do mesmo, provocando guerras, misérias e a eterna fome que o continente atravessa. Afinal, quem investiria num continente com instituições fracas, onde as leis não existem e quando existem são violadas e o poder sempre recai sobre um homem, grupo de pessoas ou famílias.

Moral da história, não foi Gbagbo que se livrou do poder, o poder teve que se livrar dele, sendo humilhado, escorraçado do palácio presidencial ou no bunker onde foi se refugiar para um quarto de hotel que mais parece ser um quarto de uma pensão freqüentado por emigrantes e refugiados. E agora sendo tratado como um cachorro onde a ração deve ser racionalizada e dividida por mais concorrentes.


Nesta situação, além de perder o que já perdeu, perde até o direito de ser líder da oposição. Conseqüência provocada pela incapacidade de se valorizar o papel da oposição nas democracias africanas. É preciso enxergar que a verdadeira oposição só é construída e fortalecida com aqueles que um dia já estiveram no poder. Mas para isso quem está hoje no poder deve facilitar e contribuir para que as instituições democráticas se fortaleçam e não acreditar que vai governar eternamente.

A alternância de poder serve de válvula de escape da ambição de todos os cidadãos que sonham em escalar os degraus do poder. E é essa válvula de escape que evita guerras, vinganças, massacres e genocídios desnecessários, principalmente num país onde existem vários grupos étnicos e diferenças culturais.


Nelo de Carvalho
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Angola, Por que Somos Um País Atrasado?

Chamou-me a atenção uma observação feita pelo blog morrodamaianga: “Somos um país de engenheiros e de advogados”. Além disso, a televisão brasileira, A Globo, sexta-feira, dia 8, exibiu um programa sobre Singapura. Cidade-Estado, que há quarenta anos mesmo Angola não estando independente e a diferença é só de 5 anos era um país tão atrasado quanto o nosso. Isso despertou em mim um grande interesse. Em saber o que os nativos daquele país ou região andaram fazendo nesses últimos quarenta anos para que alcançassem o grau de desenvolvimento hoje conquistado.



Com isso me perguntei, será que nós, os angolanos, nosso atraso está dado só porque andamos nos declarando a guerra entre patriotas?

Ou outras causas devemos ter em conta? E não para que estas causas sejam vistas como objetivos de provocações. Mas para que ao se pensar nas mesmas se evite cometer os erros que até agora temos cometidos como conseqüência da persistência do “poder clarividente” que paira sobre a nação angolana.

Mesmo alegando-se de que os tempos de paz vivido pelos angolanos é ainda muito pouco para se observar algum tipo de progresso e que precisamos ter paciência com os homens do poder, já deu, sim, para notar ao longo desses nove anos de paz e da falsa democracia, os erros e as falhas cometidos por aqueles a quem o “povo” depositou a sua confiança nesse inicio de progresso e paz.


Esses erros passam por inúmeros atos, procedimentos e valores culturais arcaicos que políticos e intelectuais angolanos não conseguiram superar. Vamos aqui tentar mencionar alguns:

-O poder absoluto monopartidário nas mãos de um só homem e a impossibilidade de que este, na condição de líder, suas diretrizes devessem ser contestadas (mesmo quando muitas dessas diretrizes não passam pelo crivo do consenso social e a opinião de especialistas, em diferentes áreas, que, com certeza, em democracias de verdade, pela força da distribuição de responsabilidades deveriam ser escutados).

-A concentração de poder nas mãos de uma só entidade ou pessoa, torna o resto da sociedade subordinados dependentes dos desejos dos homens do poder. A incontestabilidade desses faz com que diretrizes, idéias e até projetos errados se assumem e se aceitam por toda sociedade ( e a nação inteira), como grandes projetos e idéias. “Grandes projetos” -quando existem-, idéias e leis nunca se expõem ao debate público, recaem sobre a cabeça dos súditos como sentências proféticas destinadas a satisfazerem mandamentos divinos. É isso que atiça o subconsciente de alguns subordinados, na pele de bajuladores, de que o chefe é um clarividente: que tudo sabe e tudo faz.


-Hábitos e vícios individuais herdados de uma cultura do passado com rastros coloniais se confundem com os interesses públicos e o que verdadeiramente deveria ser feito para que um país como nosso se desenvolvesse.

Um exemplo, a herança colonial sobre o bem estar de cada um de nós e da família, reflete-se nos gostos, nos desejos e na vocação de nossos dirigentes. Como diz o Morro da Maianga, eles não passam de advogados e engenheiros. Com a agravante de que exercem o que aprenderam – se exercem- quase sempre fora de suas profissões. Uma mania e sintomas que se refletem no resto da população, da sociedade e dos poucos intelectuais que um regime cheio de vícios e mau hábitos vai formando. E faltou aqui dizer que aquela herança colonial é das mais atrasadas, que levou ao próprio império português a ser considerado pelos historiadores o mais atrasado de toda a história da humanidade.

A razão e o bom senso, corroborados pelo rigor científico, diz: qualquer país que precise se desenvolver seriamente, precisa cultuar no seio de sua população o amor pelas ciências e o conhecimento ( conhecimento puro e básico). E nisso deve estar incluída todas as áreas do conhecimento humano. E a matemática como ciência pura e exata deve servir e ser levado em conta para medir e servir de índice desse desenvolvimento. Esta deve ser uma idéia que muito bem poderia servir de consciência para um Estado não corrupto e menos reacionário, que ame o seu povo e vê no mesmo o verdadeiro instrumento para se chegar a graus de desenvolvimento invejáveis.Isso não acontece em Angola, nunca aconteceu, assim não adianta só culpar a guerra pelo nosso atraso.


E, ainda, fazer o uso de outra forma de conhecimento importante e fundamental nas relações entre povos e nações. O conhecimento aplicado ou as ciências aplicadas, que na prática é a atividade humana que ajuda o ser humano a ser menos dependente da natureza, ou melhor, dominar a natureza em graus mais elevados. Nas relações entre outros povos e nações, as ciências aplicadas são a parte do conhecimento humano que evitaria que países como o nosso voltassem ou continuassem a ser colônias dos grande impérios ou as potências do passado.

O presente e o passado mostram que as grandes vítimas do colonialismo eram povos que na suas trajetória histórica, ou ignoravam o verdadeiro papel das ciências, ou simplesmente as puseram de lado, por vários motivos. O exemplo disso é que a Europa só conseguiu colonizar a África e o resto do mundo, porque durante séculos aqueles povos já dominavam as técnicas de navegação marítima, tinham em suas posses os canhões de fogos que aterrorizavam os reinados africanos.

A África hoje continua sendo a mais atrasada em todos os sentidos. No caso da África Subsariana é a única região do mundo que não produz conhecimento científico, mesmo quando muitos governos dessa região poderiam fazer mais para se evitar esse atraso.

Um país como Angola, que tem trinta e cinco anos de independência, dezesseis milhões de habitantes e atrasado, precisaria de formar entre quinhentos a mil matemáticos por ano com o grau de bacharel ou licenciatura e fazer com que os mesmo exercessem as suas profissões. Um país como Angola precisa diversificar a sua formação de quadros e evitar cair no chamado triângulo vicioso de formação de quadros, onde só o médico, o engenheiro e o advogado têm a consideração e são recepcionados pela sociedade e a família como o quadros que vai matar a fome dos dependentes deste ( a família). Velha herança colonial portuguesa que nossa sociedade pós-colonial não espantou e nem se livrou dela: a ridicularização dos homens do Morro da Maianga se justifica.

Justifica-se ainda quando se sabe que entre os nossos dirigentes, os profissionais de nível superior, que cuidam e compõem a máquina do Estado entre 95% à 98% ao longo desses trinta e cinco anos são profissionais que não saem dos limites daquele polígono. Ou seja, essa composição de profissionais da máquina do Estado – mesmo pela sua qualidade e quantidade- está longe de ser suficiente para promoverem uma cultura de incentivo e amor ao conhecimento dentro do próprio Estado e da Sociedade. Por dois grandes motivos:

-Um projeto de educação e profissionalização dos quadros que deveria ser massivo e ostensivo só ficou no discurso. Sem contar os que nunca se formaram, porque as oportunidades passaram longe, os que se formaram nunca foram aproveitados no sentido de trabalharem e prestarem grandes serviços à sociedade. O estímulo que nunca existiu a essa prestação e as inúmeras formas de corrupção que tornam a máquina estatal ineficiente fazem com que os profissionais – até os bons- se adaptem aos esquemas de corrupção que geralmente consistem em assumir cargos que deem todo tipo de vantagens pessoais, mas que geralmente não proporciona retribuição social. Nunca se une o útil ao agradável. É sempre o agradável em sacrifício do útil. A sociedade fica vendo lorotas e assimilando os maus exemplos dos ditos quadros ou profissionais formados que supostamente trazem e têm uma bagagem diferente do velho e do colonial que aí está e que só não foi enterrado, porque quem está em cima continua sendo um saudosista do passado –mesmo sendo ex-guerrilheiro.

-A elite, além da sua incapacidade de difundir cultura de qualidade e bons exemplos, é imediatista, oportunista, sem visão para enxergar o futuro, preconceituosa com o seu próprio povo e padecem de um crônico complexo de inferioridade. Isso tornará o país numa eterna bolsa de consumidores de produtos e serviços, e para não dizer já o difícil produto que é o conhecimento.

-Quem está no poder vê no consumo de um produto estrangeiro o ápice do prazer, obtido pelo destino que a vida lhe deu, ao estar no poder e ostentar o cargo que poucos cidadãos como ele poderiam tentar alcançar. Por que um Ministro, Secretário ou mesmo Presidente do Governo de Angola teria interesse em se esforçar hoje, que o país produzisse uma marca de vinho nacional, um produto lacticínio de boa qualidade, enfim? Quando sabe que pode consumir os melhores vinhos vindo da Europa, África do Sul ou do Chile, quando a sua adega é abastecida com os melhores produtos e como sendo os primeiros a desembarcarem no Porto de Luanda.

Além da guerra, são vários os motivos do nosso subdesenvolvimento. A prova disso é como alguns povos em pouco tempo e também passando por guerras tão fratricidas quanto a nossa, ou talvez pior, conseguem hoje surpreender o mundo com o que têm aportado à humanidade: riqueza, talento e sabedoria. Enquanto nós não conseguimos nem chegar à conclusão de qual é o verdadeiro papel dos homens público que estão à frente dos nossos destinos. Estes na sua condição de homens trogloditas até cozinheiros e seguranças importam de Portugal. Amanhã quando despertarem diante da civilização, o que vão importar?



Nelo de Carvalho
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Um Massacre no Rio de Janeiro

O Capitalismo é definitivamente uma sociedade desorganizada e empobrecida por aquilo que mais se acredita ser o combustível espiritual que ajuda a manter a mesma sociedade como exemplo de progresso: o oportunismo, a ambição cega e a mentira.



Você pode estar em qualquer cidade do mundo, Nova York, Paris, Rio de Janeiro, Tokio -ditas civilizadas- o que não faltam nestes lugares são fanáticos religiosos – ou extremistas de direita- dispostos a matar por aquilo que acreditam. O que não falta é um desempregado em desespero querendo dar sumiço naquilo que mais ele tem de melhor: a vida. Isso quando tem consciência que deve viajar sozinho e ir além deste mundo sem perturbar famílias inteiras.


De que um sujeito desses entra numa escola de ensino fundamental ou médio e mata doze crianças –e, finalmente, cometendo suicídio- não pode ser visto simplesmente como algo inevitável, pré-destinado e algo, já, “comum” mundo afora. O pior ainda são as explicações pseudocientíficos criadas no desespero e na forte emoção das pessoas: de que só alguém que não acredita em deus é que faria isso. O criminoso era um fanático religioso que acreditava em Cristo, deus para ele não faltou, mas mesmo assim não hesitou em cometer o crime. Também não podemos aceitar que tal sujeito tenha feito isso só porque era um débil mental incompreendido e abandonado pela família e a sociedade.

A imprensa vem narrando tudo sobre os fatos e o sujeito. Tido como um psicótico, alguém que deu preferência demasiada a palavra de deus do que ao próprio homem. Em vida, não fazia amizades com ninguém, isolava-se de tudo e de todos, homem de poucas palavras ou quase nenhuma. O assassino de 23 anos de idade, um ex-estudante da escola, vítima dos seus atos, na hora do crime empunhava duas armas e estava apetrechado de munições para talvez dizimar entre trinta a quarenta crianças. Conseguiu eliminar doze e ferir onze. O desastre só não foi maior porque foi impedido por um policial rodoviário que nesse momento passava próximo da escola a quem alguns alunos feridos e professores pediram ajuda.


Débeis mentais existem em qualquer parte e nem por isso saem por aí armados até os dentes, mesmo eventualmente, matando as pessoas e muito menos crianças em idade escolar todas sonhadoras e inocentes.

Como qualquer sistema social que precisa se defender, o capitalismo não podia ser diferente, o esforço para mostrar que suas mazelas é intrínseca a natureza humana nos leva a ignorância. Nesta defesa ocultasse o potencial humano e a capacidade que o mesmo tem de transformar o mundo e até banir hábitos e vícios que só encontramos por natureza naquela sociedade. Ocultasse o papel transformador da educação e a visão otimista que esta pode proporcionar aos seres humanos na sua ambição implacável de se construir um mundo melhor. O pior é quando não se tem interesse em defender a mesma, se defende até sem sabermos: aqui já se chega ao cúmulo de toda ignorância.


Tudo isso é mais do que uma simples fatalidade. Ao contrário do que se diz e se acredita, é o tipo de desgraça previsível. Tão previsível que gera revolta e condena no que há de mais falso nas teses usadas ao se tentar buscar e entender as causas dessa tragédia. Previsões matemáticas são indiscutíveis, e a tragédia aqui narrada contém essa força de previsibilidade. Mesmo que ignorância humana encoberta de ocultismo tendencioso não deixa alguns dos nossos experts enxergar. Como já disse não é comum que psicopatas saem às ruas matando pessoas; Estado nenhum no mundo tem potencial para dar proteção ao cidadão quando esse acredita – que além de todas as liberdades- deverá ter liberdade de portar armas, comprar e vender as mesmas como exigem as regras de mercados ( coisa típica do nosso maravilhoso mundo capitalista); um cidadão civil que porta uma arma –acreditando ostentar um direito e liberdade- não o faz sempre para se defender. Mesmo porque o direito a portar uma arma naquelas condições dá margem a tudo, até o direito e prazer de matar para satisfazer qualquer sentimento: religiosos, políticos e -agora o que está em moda- homofóbicos. Assim como as paixões humanas que ajudam a que cada um de nós possamos estar mais próximos ou distantes das pessoas que amamos ou odiamos. Naquelas condições – do civil cidadão- tudo pode ser um bom motivo para se empunhar uma arma e matar sem remorsos.


Inibir e acabar com a violência nas proporções já conhecidas por todos não é impossível se o projeto de combate a violência passar pela reorganização da sociedade. E acreditamos, sim, que tanto o Estado como a sociedade são os responsáveis da segurança que todos nós pretendemos quando darmos o primeiro passo ao ultrapassarmos os limites dos portões de nossos quintais ou a porta de nossas casas.

A boa segurança, a que todos desejamos, passa pela rejeição do individualismo burguês de se acreditar que a segurança de cada um de nós depende do calibre do fuzil e o potencial da arma que portarmos. Portar armas reflete o instinto nazista, fascista, racista e egocêntrico de quem foi educado a desconfiar do ser humano de maneira absoluta ( por ser pobre, negro, índio, branco, amarelo, enfim); ver neste um inimigo em potencial sempre a ser abatido, principalmente, quando a diferença de cultura, etnia ou raça se manifesta; e pode ser usado como pretexto para se pôr as diferentes manifestações de fobia que esta sociedade – o capitalismo- sabe promover.


Nelo de Carvalho
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Os derrotados de Abidjã

Até onde vale a pena a insistência em se agarrar ao poder, mesmo quando se tem legitimidade? Essa insistência só vale quando no fim de todo um processo a paz será mantida e vidas humanas serão salvas. E quando o humanismo de quem insiste no poder também fica demonstrado.

O desenrolar dos fatos na Costa do Marfim põe em evidência a existência de uma cultura política jurássica de que certos indivíduos por alguma razão sentem-se destinados a permanecer no poder de maneira vitalícia. Uma cultura que não foi superada, mesmo quando o Mundo em que vivemos chegou ao consenso civilizado de que só a democracia – mesmo não sendo perfeita- é o que poderá nos tornar mais feliz. O que hoje vemos na Costa do Marfim não constitui uma prática comum de se fazer política. É o retrato da vaidade de todas as partes, dos maus costumes e do oportunismo irracional que só encontramos no mundo animal.



Toda a oposição contra estes é contestada com ameaças e o poder das armas. Entre essa gente há quem não se imagina longe do poder e do cargo e não consegue entender que tanto um quanto outro são patrimônios públicos. E que a ocupação dos mesmos só se justifica se gerar a felicidade da maioria da população. E que às vezes vale a pena renunciar o mesmo para evitarmos os desastres que estamos cansados de ler na imprensa.

Aquela cultura despreza as instituições, a própria sociedade e a motivação de milhões de pessoas de viverem em paz num lugar onde seus direitos políticos e econômicos possam ser respeitados. E que cada um desses direitos possam ter continuação no tempo e no espaço sem que algum oportunista seja o protagonista de sua interrupção.


Outro grande motivo que estimula esse tipo de procedimento é o fanatismo político existente das diferentes classes e grupos políticos. Nesses tipos de sociedades onde as oportunidades econômicas e de emprego são mínimas e poucos diversificados, geralmente, só satisfazem a ambição de quem tem “habilidade” para estar e lidar com poder. O empreendedorismo e as iniciativas que poderiam vir de uma classe media intelectualizada – quando existe, ainda sendo pouca e de educação mínima- é ofuscada se aquela não estiver em sincronia com os homens do poder. O que no jargão angolano comumente é usado como bajulação aos homens do poder.

São sociedades altamente politizadas, uma politização monótona, que no final de constas o que impera é a ignorância. Já que aquela politização, geralmente, consiste em defender as velhas lideranças donas de um discurso em que a mensagem é a camaradagem. E uma suposta fidelidade baseada em rituais tradicionais da velha e caduca cultura africana; ou, ainda –como no caso de Angola-, o companheirismo nos tempos de guerrilha ou de estudantes e o sentimentalismo banal que exige sempre respeito cego e absoluto aos mais velhos.


Laurent Gbagbo e todos aqueles que o apoiaram pertencem a essa espécie de gente: falastrões que enaltecem almas ingênuas em nome de um passado que nem eles mais acreditam. Não importa quais as boas intenções de Gbagbo -se tem-, ele sim é um bandido e corrupto. Só o fato de provocar uma guerra que não levou a “nada”, isso torna o mesmo um réu a ser julgado. Está provado que o mesmo tem várias contas bancárias no exterior todas elas recheadas com o dinheiro público. Diante dessa carência de princípios e ideologia, como pode ele se agarrar ao poder desta forma e a troco de quê? Provocou uma guerra e destruição. A lógica é que depois da sua rendição deveria ser levado aos tribunais e ser julgado por provocar a morte de quase duas mil pessoas.

Sua rendição mostra como terminam os covardes, que geralmente são bons protagonistas da falsidade ideológica. Estes são os derrotados de Abidjã.

Nisso, ao menos alguma coisa "boa" vai acontecer, parte do dinheiro roubado na Costa do Marfim, ao povo marfinês – a ínfima parte- poderá ser investido em Angola. Já que o fugitivo da Costa do Marfim – dizem- que pediu asilo nas terras de Agostinho Neto.

Seja bem-vindo a esse paraíso dos Generais corruptos!


Nelo de Carvalho
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