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O País Das Aranhas XLI

Uma Camisa de Forças Chamada de BNA




O processo BNA exala um insuportável mau cheiro, o difundo está em decomposição. Vai ser difícil continuar a presenciar esse quadro fúnebre e triste. O pior é que o mesmo não pode ser enterrado. E tem gente querendo dar um jeito em tudo. Negando até que o morto não existe –é a típica entrevista na TPA ou na RNA do Procurador Geral da República que continua negando o envolvimento dos grandes tubarões, ou melhor urubus. Esses estão até dispostos a devorarem o morto, e não com o propósito de saciarem a fome, mas por ser um morto que molesta.

E o morto é a questão principal desse processo, porque o cheiro já todo mundo detectou. São as quase quarentas vítimas perseguidas. E ainda não apresentadas pelos meios de comunicação e que a procuradoria usa para mostrar um trabalho longe de ser eficaz e muito longe da eficiência. Estes dois e’s medem o grau de desempenho necessário para se alcançar um objetivo. O objeto aqui é o morto. O terceiro é a efetividade, é o ‘e’ que produz impacto no ambiente em que se está. Nada será feito e alcançado se aqueles dois primeiros não funcionarem como mandam as regras. Mesmo porque os dois primeiros constituem uma condição necessária e suficiente para que o terceiro ‘e’ seja uma realidade.

O terceiro ‘e’ é a mudança do ambiente putrefaço, que poderá sofrer impacto com o aparecimento e o enterro do morto. Enquanto isso ( não se realizarem aqueles dois ‘e’s) não adianta dar a cara para os amigos telespectadores na TV, ou fazer dos ouvidos destes, na RNA, um mictório.

O pior é que a empreitada pode ser mais cruel do que se imagina. Ninguém em sã consciência pode acreditar que o cheiro exalado no BNA vem de um cadáver só. É mentira! A corrupção para os Angolanos é pior que o terremoto do Haíti, fica quase impossível saber de onde vêm os diversos odores ou a podridão que exala o incontável número de cadáveres de baixo dos escombro produzido pelo desastre. A corrupção é mesmo assim, mata as suas vítimas, mas também pode matar quem faz da mesma a sua caricatura e a mascara para viver, num mundo que não lhe pertence, ou seja, um mundo roubado, expropriado de milhões de almas. Neste caso os mortos a que nos referimos são aqueles que por justiça social e pelo bom senso pode o processo BNA produzir, e que o evoluir do mesmo processo não suporta as justificações do Procurador Geral.

O bom senso reflete precisamente as feições de quem não pode mais fingir que aquele odor marcante e sufocante pode vir de mais longe, de todos os lugares; ou, ainda, do lugar mais próximo possível. Por que ir tão longe quando o cheiro exalado pelos cadáveres imundos da corrupção estão tão perto do nosso general? É só ter coragem de apontar o dedo na direção certa de onde vem tanto cheiro desagradável.





Nelo de Carvalho
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Leiam sobre os direitos humanos nos Estados Unidos Da América

Publicado no jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, está em espanhol, mas dá para entender. Agora, os democratas, os lutadores pelos direitos humanos, de todo mundo  deveriam  acionar o Human Right, aquela ONG que dizem defender os direitos humanos em todo mundo. Afinal a essas horas devem estar gritando pelo Zapata, o delinquente cubano, presunçoso, que acreditava ser um preso político. E que morreu como consequência de uma greve de fome. É bem possível  que tinha medo de passar os trinta anos na cadéia por ser vândalo e desrespeitar as leis da nação mais progressista e democrática da fase da terra.

La desvergüenza del gobierno de Estados Unidos


De cada cuatro presos en el mundo, uno está en una cárcel de los Estados Unidos. La composición de los presos es profundamente racista: uno de cada 15 adultos negros está preso; uno de cada 9 entre 20 y 34 años; y uno de cada 36 hispanos. Dos tercios de los condenados a cadena perpetua son negros o latinos, y en el caso del estado de Nueva York, solo el 16,3% de esos reclusos son de raza blanca.

· Cada año mueren 7 000 personas en cárceles estadounidenses, muchas son asesinadas o se suicidan.

· Por ejemplo, los guardias en las prisiones de Estados Unidos usan regularmente pistolas Taser. De acuerdo con un informe de una organización, 230 ciudadanos estadounidenses murieron por el uso de este tipo de armas desde el 2001. En la denuncia se citó el caso de una prisión en el condado de Garfield, Colorado, acusada de utilizar regularmente estas pistolas o pulverizadores de pimienta contra los presos, y de atarles después a sillas en posturas extrañas durante varias horas.

· Recientemente, se informó que 72 personas han perdido la vida en los últimos cinco años dentro de los centros de detención de emigrantes.

· Un informe dado a conocer por el Departamento de Justicia de Estados Unidos en el mandato final de W. Bush, señalaba que había 22 480 encarcelados en prisiones estatales y federales que eran portadores del VIH o enfermos confirmados de SIDA, y se estimaba que 176 reclusos estatales y 27 federales murieron por causas relacionadas con SIDA . Por ejemplo, de acuerdo con una información de Los Angeles Times del 20 de septiembre de 2007, se registraron 426 casos de muerte en las prisiones de California en el 2006, debido a un tratamiento médico tardío. De ellos, 18 fallecimientos fueron considerados como "evitables" y otros 48 como "posiblemente evitables". Un recluso diabético de 41 años de edad, Rodolfo Ramos, murió después de haber sido abandonado solo y cubierto por sus propias heces durante una semana. Los funcionarios de la prisión no le proporcionaron tratamiento médico, pese a conocer su condición.

· Al menos en 40 estados de la Unión las cortes tratan como adultos a norteamericanos de entre 14 y 18 años. Unos 200 000 menores son sometidos en Estados Unidos a juicios en tribunales para mayores, a pesar de estar demostrado lo equivocado de este proceder.

· Trece centros de detención de menores en Estados Unidos sufren de altos índices de abuso sexual y en promedio, uno de cada tres jóvenes recluidos denunciaron haber sido agredidos.

· En las prisiones hay aproximadamente 283 000 enfermos mentales, cuatro veces más que en los hospitales psiquiátricos.

· El 4,5% de los presos en cárceles estatales y federales sufrió uno o más ataques sexuales. El 2,9% informó haber sufrido incidentes en los que había estado involucrado el personal de las instalaciones penitenciarias, mientras el 0,5% afirmó haber sido atacado sexualmente por otros presos y por el personal penitenciario.

· Formas físicas y directas de brutalidad y tortura contra presos son endémicas en las prisiones de Estados Unidos. Hace unos pocos años, una película británica, Torture: America’s Brutal Prisons (Tortura: Las prisiones brutales de Estados Unidos), incluye horrorosas escenas de cámaras de vigilancia en Florida, Texas, Arizona y California, en las cuales los guardias golpean severamente a presos —hasta matan a varios— con pistolas Taser y eléctricas, perros de ataque, rociadas de químicas y dispositivos peligrosos de inmovilización. Pero, lo más dañino de la incomunicación prolongada es que ese abuso mental de los presos los afecta de manera profundamente alarmante. Muchos presos se vuelven locos (si es que no eran enfermos mentales ya) o se suicidan, por este castigo infrahumano. Se encuentran en unidades de segregación restrictiva, y muchos de ellos también están en aislamiento —pero el gobierno no da a conocer esos datos. La mayoría de los presos en Estados Unidos que están incomunicados lo han sido durante más de cinco años.

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O País das Aranhas XL

             Campanha Pela Autonomia dos Meios de Comunicação Social Pública




           O pensamento angolano na informação vive do denuncismo, mais do que justo para um país e nação que quase se rende à corrupção. Nós vimos propor mais ousadia, coragem e um basta a essa prática que a qualquer momento poderá levar o país a instabilidade.
          Por isso, acreditamos que não é suficiente denunciar quando não se tem, atualmente, os meios de comunicação em poder da sociedade. É um engano acreditar que os meios de comunicação, hoje, em Angola estão em posse da nação ou dos interesses da sociedade. Esse tempo já foi. Assim precisamos voltar a ele. Por isso fazemos um chamado aos intelectuais do país: profissionais de todas as áreas, jornalistas, estudantes, professores etc; de que é preciso lutar pela autonomia e autarquia das três jóias do sistema de comunicação angolano: a TPA, a RNA e o Jornal de Angola. É um direito do Povo, da sociedade e da nação e ninguém tem porque perder a esperança por essa conquista, difícil mas não impossível.
        Exemplos e argumentação do porque quê é necessário lutar por essa causa não faltam. Um deles é o processo do BNA, que todos já soubemos, está sendo mal investigado, rodeado de segredo de estado que até parece que estamos na época do poder Estatal absoluto. O caso BNA é o retrato da própria falsidade que sempre caracterizou o estado angolano ao lídar com a sociedade, não explica nada quando deve explicar. Estamos cansado de receber notícias vinda do estrangeiro, quando o país tem aquelas três jóias que deviam informar a sociedade sobre todos os escândalos.
       A falsidade do processo também reside no fato de que quem está a frente do processo, o PRG, Procuradoria Geral da República, pode ser ou devia ser acusado de tráfico de influência e até mesmo de corrupção, ou seja, não tem moral para investigar ninguém. Há quem diz que são os próprios corruptos investigando a corrupção. Para confirmar isso nos fazemos uma pergunta. Qual é a resposta ou justificação que o governo angolano tem para justificar as acusações e denúncias feitas pelo Semanário Angolense sobre os negócios obscuros do PGR, João Maria Moreira de Sousa? Ou será que isso não merece explicações? Quando o Presidente da República vai demitir o PRG? Se a denuncia feita pelo Semanário Angolense, Edição 325, era tudo falsa, por que o governo não usou as jóias que tem, que, por sinal, sempre estiveram a serviço da “corrupção” – já que vivem caladas de tudo-, para desmentir as denuncias feitas por aquele meio de informação?
         Por outro lado, é falso e ingênuo acreditarmos que o rombo produzido ao Tesouro Nacional chega simplesmente a 100 milhões de dólares e que tudo isso acontece pela primeira vez. Ao contrário do que tentam fazer pensar os meios de comunicação –alguns deles-, é possível notar que essa cifra, o desvio, vai muito além dos 100 milhões e que essa prática no passado foi constante. O processo do BNA é denunciado por alguns jornais com uma ingenuidade exemplar e de dar pena quem está em frente das denuncias, mesmo quando sabemos que  já se estão prestando um mínimo de serviços a sociedade. A mentira é descabida e sem graça e vê-se que tem como objetivo ocultar toda massa podre de um sistema ou estado que faz da corrupção seu modo de existir: o Estado-Família e o socialismo que era só para uma minoria, esse último que nunca deu certo, felizmente.
       A proposta, já anunciada no artigo “ A Comunicação Que Não Temos”, é de mobilizarmos os intelectuais desse país no sentido de pensarem que não haverá verdadeiro combate contra a corrupção, nem Tolerância Zero, enquanto os sistemas de comunicação estiverem nas mãos dos corruptos, ou estes exercerem influência sobre os mesmos. Por isso, precisamos de uma autonomia e independência dos meios de comunicação vinculada pela lei e não de discursos de boas intenções.


Nelo de Carvalho

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O País das Aranhas XXXIX

A Comunicação Que Não Temos

           A democracia é uma agenda aberta que nos mostra que em cima de cada erro ou êxito existe sempre um outro desafio a não ser desprezado. Se isso é um fato para cada cidadão, então não pode ser menos para o novo governo que tomou posse; não pode ser menos para o comitê de mais alta estância (o Bureau Político), o comitê que representa o partido no poder; não pode ser menos para o partido que representa o governo e, atualmente, o estado angolano.
          Depois da promulgação da nova constituição e o embargue do novo governo naquela nave, os desafios da governança e da governabilidade, a eficiência e a eficácia destes dois resultados (governança e governabilidade) na arte de gestão e administração governamental, terão como desafios o modelo de articulação que existirá entre a sociedade e os sistemas de comunicação em posse de seus proprietários. Aqui o que nos interessa nesse caso é a propriedade pública, ou seja, o sistema de comunicação pública, mais explícito: TPA, RNA e o Jornal de Angola.
           A corrupção, palavra chata no ouvido de qualquer malfeitor e corrupto, tem como instrumento de combate eficiente –na sua destruição- a comunicação e a boa informação gerada por este sistema: a mídia. É preciso dar fim a aquela hipocrisia das revistas e jornais que só apresentam as Caras bonitas, alegres do governante exitoso e sem problemas na vida, que nunca prestou contas à sociedade e a ninguém pelos seus atos. Que mesmo quando sabe e tem consciência de suas atitudes ineficiente é apresentado como o sujeito perfeito, incontestável e glamouroso; a perfeita personagem que nos trás o cinema hollywoodiano. Ofuscando, o que há de pior, atrás dos bastidores: o mau uso do erário público; que é o que verdadeiramente interessa a sociedade.
           Ninguém está aqui propondo a baixaria, a especulação e a desinformação característica da comunicação da imprensa burguesa dos países ocidentais –que os imitadores mundo afora têm como referência e padrão ideal de liberdade de imprensa- que se espelham simplesmente nos interesses de mercado. Onde vender qualquer informação é preciso; e até desinformar o mundo e o cidadão desses países que tem sempre como objetivo a dominação imperialista caracterizada pela arrogância e a prepotência dos grandes grupos econômicos interessados na alienação dos seus cidadãos.
           Nossos artigos, intenções, propostas e idéias levam sempre subentendido a idéia e a visão de que o MPLA é ainda um partido de esquerda ou talvez o único partido de esquerda interessado em produzir transformações sociais que ajudem na construção de uma sociedade mais justa. Nós aqui partimos do início de que o MPLA é ainda um partido sério, onde se pode não só fazer política, mas irmos além, fazendo-se propostas de melhorias.
          Nesse suposto esquerdismo não estamos penalizando nenhum direito, de quem quer que seja, incluindo o direito a propriedade privada; que ironicamente é o que mais se tem defendido na esfera da mesma organização. Nada mal quando tal conquista é de direito e uma das modalidades de propriedade que ajudam a desenvolver qualquer sociedade. A idéia aqui, nós estamos subentendendo que isso seja possível, é fazer da democracia um instrumento de todos em que a ação de cada um de nós é preciso para ajudar a democratizar a sociedade.
          A pretensão é colaborar, ajudar, mesmo que para isso precisamos nos posicionar de tal forma em que uns só enxerguem uma suposta oposição contra os homens do poder. Não está escrito em nenhum manual de que estes são perfeitos e incorruptíveis e que os mesmos nem de palpite críticos ou de ajudas não precisam nunca. Este artigo não apaga nossa posição diante da Constituição, que reafirmamos, não concordamos com a mesma, principalmente no quesito que diz respeito à distribuição e separação dos poderes. Mas também não impede que o governo atual, empossado, recebe ajuda daqueles que fazem alarde da luta contra a corrupção que é a nossa maior batalha atual, a batalha de todos.



A Proposta e o Desafio



        É nesse contexto que parabenizamos o novo governo, oferecendo a nova ministra de comunicação, Carolina Cerqueira, uma proposta e desafio, uma nova frente de batalha, uma arena para solução de conflitos e tornar a democracia um processo social em que todos tenham um mínimo ou até máximo de participação, e não só de quem supostamente pode fazer. Essa batalha, esse campo, é de conseguir a aprovação de uma lei infraconstitucional que torna nossas entidades públicas de comunicação, TPA, RNA e o Jornal de Angola, em instituições autônomas e autárquicas e até independentes se necessário dos três poderes. Fazer dessas entidades um sistema de comunicação livre dos políticos que temos hoje e teremos no futuro. Essa proposta se vincada seria também uma maneira de se provar que a Carta Magna não foi escrita simplesmente ouvindo-se os desejos e pretensões de quem a opinião pública, pelo menos a oposição, acusa de construir a mesma como um traje de ajuste para os seus interesses.
           Já que a nova Constituição foi aprovada por consenso da maioria e com argumentação rigorosa e sábia de seus inventores, então agora é hora de provarmos que a minoria está errada; é hora de por no entulho as críticas dos formadores de opinião que criticaram a maneira e o jeito como a Constituição foi aprovada, assim como o que a mesma nos oferece. E que mais uma vez o nosso MPLA está com tudo na direção certa e incontestável. E para isso o mesmo partido e o Bureau Político, comitê que também pertence a Ministra das Comunicações, precisa mostrar que é transparente e que diante da corrupção não tem nada a perder.
         Repetimos. É o MPLA, o Bureau Político e agora as intenções da nova Ministra na pasta das Comunicações que têm que provar a nação que a corrupção, com o Tolerância Zero ou sem o Tolerância Zero, está sendo combatida e que contra ela existe uma verdadeira frente. São estes entes que têm que nos demonstrar que o bandidismo, a máfia não é uma característica do Estado e do atual governo angolano. E isso não se faz rebatendo criticas de quem simplesmente clama pela transparência da atividade governamental. Mas com fatos, propostas e desafios. Eis aí um deles! É claro que nada impede que o mesmo seja aperfeiçoado por especialistas e inventores. E é o que não faltam entre “nós”, inventores. Não é objetivo deste artigo entrar nos mínimos detalhes de como a lei deverá ser formulada ou formalmente escrita, coisa que podemos deixar para os especialistas, e também para turma dos inventores.
          Também acreditamos que o combate à corrupção é uma frente que o futuro presidente e vice-presidente de Angola terão de enfrentar. E essas duas pessoas físicas com certeza sairão do atual partido no poder e, com certeza, hoje, já são membros do Bureau Político do MPLA. Por isso a nossa luta não pára. E isso apreendemos no seio desse partido, de que a Luta Continua, e que a Certeza da Vitória é a nossa inconformidade, de querermos aperfeiçoar o que não nos agrada. O MPLA, o Bureau Político e a atual Ministra das Comunicações têm uma responsabilidade que vai além de todos.
          Primeiro, o combate aberto e desafiador contra a corrupção deve ser independente do Tolerância Zero já proposto. E a Ministra de Comunicação, especialista na área, sabe melhor do que ninguém que a corrupção só se combate tendo um sistema de comunicação bem articulado. E que esse sistema de comunicação não pode defender os interesses de grupos contra ou a favor, não pode defender interesses do Bureau Político, do MPLA, do Ministério das Comunicações ou os interesses do Presidente da República. Esse sistema de comunicação deve defender os interesses da nação, da sociedade e do cidadão que questiona os atos do governo. Mas para isso é preciso dar verdadeira autonomia aos meios de comunicação, evitando a interferência, especialmente do Presidente da República, na capacidade que a comunicação tem de informar a população sobre o desempenho da Administração Pública. É preciso proteger o emprego, a dignidade e a reputação, diante dos fatos, do profissional da área pública de comunicação. E fazer sentir que eles são os verdadeiros “soldados” e combatentes contra a corrupção, merecendo a consideração de toda a sociedade, pelos seus atos de informar, na hora certa e no momento certo, e até no lugar certo.
          A Ministra da Comunicação uma profissional que trabalhou diretamente com a informação por longos anos na área, sabe como mostrar aos seus camaradas, tanto no topo do partido, como no governo, qual é o papel da informação para espantar o maior mal da sociedade em que vivemos. E a oposição contra ela nesse aspecto, aqui referido, só existirá se existir má fé de quem se oponha a essa luta. É a luta contra aqueles que roubam o pão de nossas crianças; contra aqueles que marginalizam cada uma delas oferecendo as mesmas uma educação de má qualidade, porque o dinheiro que se deveria investir numa educação de qualidade ou é desviado ou nunca chega ao seu lugar; que privam as mulheres e os homens da nossa sociedade dos empregos que deveriam ter por direito, mas o investidor público ou privado teve que desistir por motivos de má gestão e corrupção; que fazem funcionar nosso sistema de saúde de maneira péssima com a má qualidade que provoca repugnância aos cidadãos.
         Este artigo, mais do que palavras, é uma proposta de luta, de uma nova frente de batalha e combate em que todos, sem exceção, estão convidados. É uma proposta de luta contra a corrupção e pela cidadania que tem como primeiro passo darmos um voto de confiança a nova ministra das comunicações. A confiança aqui pode valer para qualquer membro do executivo e os atuais membros do bureau político –mas nesse caso particular queremos aqui tratar da comunicação, que é o instrumento usado para educar e formar a consciência social da nação.
           E tudo isso é baseado numa argumentação sóciopolítica cabível: Opto-se pela economia de mercado, pelo regime capitalista e também pela democracia; mas o que falta é tornar o capitalismo acessível a todos e não só para os apadrinhados, familiares e filhos; e, também, por que não tornar acessível à participação de todos na economia de mercado? Não só como clientes e consumidores, mas até mesmo como empreendedores, em vez só dos habituais filhos e afilhados que vemos por aí. E que a idéia sobre o empreendedorismo fique bem plasmada nesse texto, e não pode ser interpretada de maneira vulgar. Fazer da sociedade uma sociedade de empreendedores é tornar nosso sistema de ensino público o melhor e o mais sofisticados possível, fazer das nossas Universidades Públicas centros de excelências, enfim, que os recursos produzidos e criados pela sociedade sejam bem canalizados. E para que esses recursos sejam bem canalizados precisamos combater a corrupção. Corrupção combate-se com informação e transparência dos atos dos nossos governantes. A transparência só é possível se existirem profissionais dotados e preparados, capazes de mostrar-nos que os níveis de transparência estão dentro dos parâmetros desejados e recomendados pela lei, pelo bom senso e a ética. E também que esses mesmo profissionais tenham segurança e liberdade em todos os aspectos possíveis para poderem exercer a profissão sem serem constrangidos por influências externas de quem acha que pode mandar e até desmandar.
           Se for numa democracia em que vivemos, porque não incentivar o cidadão a ter maior participação nesta democracia, fiscalizando direta e indiretamente os atos daqueles que nos governam. Passaram se os tempos em que só devíamos viver em função da confiança e das boas intenções destes. Para se fiscalizar um governo e o estado, o cidadão precisa de instrução ou minimamente ser bem instruído; em outras palavras, ele deve ter também confiança no sistema de comunicação. Como os mesmos estão articulados e a informação que esse sistema gera, e o que fazer com essa informação que nos chega dia a dia? Democracia não é simplesmente fazer política de torcida organizada, aqueles grêmios que vemos nos estádios de futeboll mundo a fora. É também poder questionar quem está enfrente do Estado e do Governo, mesmo depois de ser eleito e votado pela suposta torcida.
          E isso não pode ser interpretado como caos se existir lei que regulamenta todos os procedimentos, ao contrário, deve ser visto como cidadania; é até aquilo que muitos chamam de gestão participativa: controlar os atos de quem está no poder, fazendo-se o uso da boa informação. Informação que será gerada de maneira imparcial, se existir uma lei baseada nos princípios de convivência democrática. É essa lei que deve permitir transformar em autarquias o sistema de comunicação público da Republica de Angola ou cada uma das instituições que compõe o mesmo sistema, que o Ministério de Comunicação Social deveria nessa fase da nossa democracia trabalhar.


Nelo de Carvalho
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O País das Aranhas XXXVIII

A Fala de um Autista: O General Numa


         Alguém já se perguntou: o que a UNITA hoje não faria para conquistar o poder? Faria de tudo e nada. No passado ela fez de tudo e hoje, vítima de caquexia, praticamente não faz nada; só atrapalha quem verdadeiramente está à altura de fazer oposição; a UNITA é a vergonha dessa democracia caquética, autista e que já nasceu doente. Esse furúnculo social reduziu a sua existência a um estado autista, estar fechado e distante de todos envolvidos no seu complexo de inferioridade. A febre de corrupção em que caiu o estado angolano é provocado por aquele tumor solitário e maligno, que no passado optou por uma guerra, que só os seus generais autistas não sabiam da impossibilidade da vitória; atrasando assim o desenvolvimento social do país. E até o combate contra a corrupção promovido pelos generais da outra parte.
        Até a guerra que ela andou fazendo, era com certeza, inspirada nesse complexo, no complexo do autista com atrofiamento genérico e global do seu desenvolvimento. Temos a certeza que se o nativo angolano na pele do bailundo ou de outro grupo étnico precisasse de ajuda para lutar contra o racismo e o tribalismo não pediria, jamais, ajuda aos sul-africanos. Porque nós somos de convicção que o bauilundo além de inteligente tem auto-estima por ser negro (ou ainda branco) e angolano, e além de tudo por pertencer a aquela região de Angola.
         Pode parecer uma vergonha para o MPLA descobrir agora que andou combatendo e enfrentando generais autistas; e que dizer de Ronaldo Reagan, a CIA e os Soares que usaram e usam essa gente até hoje? A propósito, o racismo e o tribalismo como discriminação podem ser encarados como uma forma de um autismo social. O estado em que a sociedade não vai mais além e sua manifestação mais patética é a figura de um ex-general derrotado fazendo apologia a violência e a desordem. É o Ku-Klux-Klan na versão angolana.
       Bem! A verdade é que Numa não precisa se camuflar no Ku-Klux-Klan ele já é membro de uma organização que lhe dá o statu que quiser –incluindo a condição daquela- e que tem até acento no parlamento.
      Em uma coisa devo concordar com o General Numa. Se vivêssemos numa democracia de verdade, não a democracia savimbista ou a de Mwangai nem esta que existe por aí, minimamente como resposta ele já seria processado por alguém por ser racista e tribalista, por odiar tanto os crioulos. Que no fundo, se a questão for nome ou cultura, constitui a maioria da população desse país. Talvez também séria o caso de perguntarmos ao nosso geral como se define e se identifica um crioulo.
         Na sua entrevista, no seu discurso reduzido e programado, típico dos tempos do mais velho Jonas, em que seus homens tinham que reproduzir como papagaios as ameaças vindas do quartel geral da Jamba, e com a dificuldade que têm os autistas de iniciar uma conversa, não foi possível detectar a diferença que existe entre um crioulo e um bailundo.
         Digo detectar. Porque a conversa do General Numa não era para se perceber, ou aquela típica conversa em que o interlocutor deve fazer uso de sua imaginação esperando uma possível surpresa na capacidade de criação de quem emitia os símbolos. Quem estava do outro lado deveria estar preparado para escutar um autista. Talvez menos do que isso: uma máquina, um robot programado, que fulmina ódio e racismo.



Nelo de Carvalho

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O País das Aranhas XXXVII

Caso BNA

           O clamor da sociedade civil, a gritaria escancarada da imprensa privada e a fulminante opinião dos intelectuais desse país, que não aceitaram ser domados pelas delícias de suborno vinda do estado corrupto e do poder que diz governar esse país, em nome de todos, parece estar exercendo efeito. E estamos diante da prova de que a militância cívica pode ser mais forte e efetiva que qualquer tradicional militância partidária que para mover-se –fazer e deixar de fazer- tem que depender sempre do “grande líder”.
           Mas é preciso não nos enganarmos e nos conformarmos com o pouco que há e existe por aí. O Caso BNA não é tudo o que existe sobre corrupção. BNA é cacusso num rio de águas turvas onde quem manda e pode são os grandes bagres. É preciso uma sindicância geral contra o Estado e o Governo Angolano nos últimos dez ou vinte anos de governação e administração.
           O desafio de toda a sociedade angolana, do Estado, do governo e de quem está enfrente das instituições é tornar o Tolerância Zero um processo de prestação de contas retroativo no tempo e abrangente para todos os níveis e esferas. Será que existe coragem para isso? Se a resposta é sim. Então pode se dizer também que seria uma maneira de provar que a nova constituição não é um terno ou traje costurado para quem está em frente do Estado Angolano. Precisamos que a transparência de este ou qualquer processo seja nas duas direções: vertical e horizontal. E que os juízes e promotores desempenhem os seus papeis, se verdadeiramente são independentes.
         O caso BNA pelo que já temos como conhecimento abrange simplesmente um nível horizontal, e por certo um dos mais baixos política e socialmente falando. A horizontalidade na apuração de responsabilidades de quem andou assaltando o erário está na própria quantidade das pessoas acusadas e o papel e posição que estes ocupam na administração pública. Quando se sabe que as cifras desviadas, pelos seus valores astronômicos, precisariam de um gesto de acenação de alguém que se encontra em níveis superiores.
            O casoBNA não pode camuflar os tráficos de influências, estes sim que têm caráter vertical, principalmente de algumas personalidade noutro hora humildes pessoas onde seu patrimônio não passava de um salão de beleza e que hoje são proprietários ou donas de bancos. Ostentando até títulos monárquicos de princesa, numa nação onde tais personalidades perderam essa pose há quatro ou cinco séculos atrás como conseqüência da escravidão. O tráfico de influência, aquele que chega até em Lisboa, usando os títulos mencionados, e até o que existe por toda cidade de Luanda também deverão ser investigados. É esse tráfico de influência que faz com que a riqueza e as oportunidades que uma sociedade oferece aos seus cidadãos se acumulem só num lado da sociedade. Este mesmo tráfico permite que determinados grupos econômicos, hoje, além das facilidades e privilégios que recebem de todos, monopolizem certas áreas da economia nacional. Provocando ainda a oferta de produtos e serviços de má qualidade para os consumidores nacionais. O exemplo aqui pode ser tirado nas empresas de Telecomunicação Nacional ( em particular na área de telefonia celular) que todos nós sabemos têm serviços de qualidade péssimas devido ao monopólio dos serviços que elas ostentam.
            O tráfico de influência um instrumento de relacionamento incutido pela burguesia angolana a toda sociedade é a maior causa de enriquecimento ilícito; que poderia ser investigado se contássemos com uma imprensa pública livre de verdade; que pudesse denunciar as relações mesquinhas nos bastidores onde só o ideal pequeno burguês tem vez. Não é função do mesmo jornal ir na contra-mão da opinião pública em nome de uma luta partidária onde quem é simplesmente defendido é a velha oligarquia dos combatentes e ex-guerrilheiros que aprenderam a pensar que o país inteiro deve ser submisso aos seus desejos “patrióticos”.
            O Jornal de Angola que tanto clamava pelas provas que se deviam apresentar contra os corruptos terá agora matéria suficiente para falar um pouco mais de corrupção. E não ficar jogando areia nos olhos da população que é a verdadeira proprietária do mesmo jornal e a que merecia ser bem informada com relação aos fatos de incompetência e corrupção dessa administração.
            Esperamos desta vez uma melhor postura não só do Jornal de Angola, mas dos diferentes setores da imprensa pública. Que a Nova Constituição inventada, por lei infraconstitucional, já deveria transformar os mesmos setores em autarquias. E não dependerem, o emprego de cada um de seus funcionários, do olhar “clarividente” de sua excelência o Senhor Presidente da República, chefe do executivo, que tudo pode e em tudo manda. Permitindo assim que o status quo: a corrupção, a incompetência, a mentira, as falsas promessas, o fingimento, a imperícia e a mediocridade continuem sendo protegidas por Pandorra. Ou o trio sacro-santo da informação propagandista que deveria estar ao serviço de um povo: TPA. RNA e Jornal de Angola. E não do material perecível que a história pôs de lado: os anos de propaganda esquerdista ou comunista que ajudaram a elevar o fervor revolucionário da nação e elevar de maneira triunfal o atual partido no poder no topo da conquista. E que hoje aquele trio que deveria desempenhar sua função na reconstrução e desenvolvimento da sociedade angolana, age precisamente ao contrário, encobrindo a sujeira e a imundice que só a turma dos heróis da independência sabem esconder.
            Além do Tolerância Zero, precisamos de uma revolução da informação nesse país. Quem deve informar a nação é a lógica, o rigor, a vivência, a razão em vez da típica luta partidária; que hoje se transformou em atípica. Tudo uma estupidez de quem acha que os governados podem ser tratados como baratas.



Nelo de Carvalho
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Você está preparado para a chegada do colapso econômico e da nova Grande Depressão?

10.02.2010 Fonte: Pravda.ru

           “Já é matematicamente impossível liquidar a dívida nacional dos EUA”. Quem argumenta é o site The Economic Collapse*, especializado em economia: “Se o governo dos EUA tomasse todos os dólares, centavo a centavo, de todos os bancos, negócios e contribuintes, ainda assim não seria capaz de liquidar a dívida nacional. E se assim fizesse, obviamente a sociedade estadunidense cessaria de funcionar porque ninguém teria mais dinheiro para comprar ou vender fosse o que fosse”. (1)
         O site também revela que não é o governo dos EUA quem emite a divisa (quem imprime seu dinheiro), “quem o faz é o Federal Reserve”. E explica que o Federal Reserve é um banco privado, portanto com o objetivo de lucro, instituído e operado por um grupo muito poderoso da elite dos banqueiros internacionais (“homens brancos de olhos azuis”, diríamos em boa alegoria). Basta darmos uma olhadela numa nota de dólar para vermos que se trata de uma “Federal Reserve Note”, pertence, portanto, aos donos do Federal
             Mais: se os EUA precisarem tomar mais dinheiro emprestado pedem ao Federal Reserve que imprimam mais pedaços de papel verde, chamados “US dollars”, a serem trocados por papéis de cor rosa, chamados de “Títulos do Tesouro dos EUA”, que aumentam o capital dos banqueiros. Assim, o governo coloca mais dólares em circulação ao tempo em que amplia sua dívida e os respectivos juros. E a dívida nacional já atinge hoje os US$ 12 trilhões, diante de um “patrimônio” – todo o dinheiro existente nos Estados Unidos – de US$ 14 trilhões.
           Grande parte é dinheiro fantasma: O “patrimônio” leva em consideração o total de notas fiscais, o dinheiro dos cofres dos bancos e seus depósitos nos bancos de reserva, ordens bancárias, travelers checks, outras contas de poupança, contas do mercado monetário, dos fundos mútuos, depósitos a prazo de pequenos valores, e outros. “Dinheiro” que “nem sempre existe”, segundo os economistas do The Economic Collapse, culpa de uma tal “reserva fracionária da banca”. Ou seja, os bancos “multiplicam” as quantias neles depositadas e o dinheiro assim “multiplicado” é apenas papel. Não existe.
           Assim, se todo o dinheiro possuído por todos os bancos, pelos negócios e pelos indivíduos dos Estados Unidos fosse totalmente reunido e enviado ao governo, não seria suficiente para liquidar sua dívida nacional. O único meio de fazer mais dinheiro é fazer ainda mais dívida, o que torna o problema ainda pior. É que, segundo a análise do The Economic Collapse, “todo o Sistema Federal de Reserva foi concebido para (...) vagarosamente drenar a riqueza maciça do povo e transferi-la para a elite dos banqueiros internacionais”.
E nós, brasileiros, que temos a ver com isso? Primeiro: uma recessão nos EUA arrasta outros países, como o nosso, que depende em grande parte do poder de compra e das boas condições de venda, enfim, da saúde da economia daquele país. Segundo: há uma tendência política muito forte das nossas instituições de se espelhar nos modelos institucionais dos EUA. Quem não sabe que querem nosso Banco Central independente do governo e dependente do “mercado”, portanto atrelado aos interesses dos grandes banqueiros internacionais.
           Para The Economic Collapse, nada mais atual que a profecia de Thomas Jefferson, um dos fundadores da nação estadunidense: "Se o povo alguma vez permitir aos bancos privados que controlem a emissão do seu dinheiro, primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e corporações que crescerão em tornos deles (dos bancos) privarão o povo da sua propriedade até que os seus filhos acordem sem lar...”. Um retrato da atual crise.
         Não é sem razão que o Brasil tem diversificado suas relações mundo afora, contrariando nossos para sempre colonizados oposicionistas. Não é sem razão que nossa pátria desponta com diretores de fundos internacionais preferindo “títulos do Brasil e moeda da China” (2), pela "expectativa de que vão sobrepujar as economias desenvolvidas em riqueza” e pela postura de "falcão" do Banco Central. Tampouco falta razão à London School of Economics em saudar a criação do G20, porque países como China, Índia e Brasil "agora formam uma parte imensamente importante da economia global" (3).



Sidnei Liberal
(*) Artigo original está em: theeconomiccollapseblog.com
(1) http://resistir.info/eua/divida_eua.html
(2) http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20603037&sid=aCOeVAK9L1EE
(3) http://www.chinadaily.com.cn/bizchina/2010-02/05/content_9437111.htm

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O País das Aranhas XXXVI

Até na Constituição Promulgada a Corrupção Transformou-se Num Sofisma



       A pior mentira nessa Constituição é transformar a corrupção num fenômeno abstrato, intocável e tolerante ( em algo de faz de conta); é fazer da corrupção um sofisma, algo que paira no ar; é afastar-se da nossa maior tragédia ou da maior tragédia da Administração Pública Angolana: que é a incompetência e a corrupção.
        Por que quê a nossa Constituição é uma das piores do Mundo e não é tudo aquilo que os especialistas portugueses convidados, ou não, alardeiam que ela é? Entendemos que qualquer Constituição, mesmo sendo estruturalmente a mais bonita no que diz respeito a regime ou sistema de Governo, deve ser, sempre, capaz de refletir os problemas da sociedade em que a mesma é enquadrada e os anseios desta. Talvez seja o caso da Constituição Angolana: ela é bonita naquele sentido –se é-, estruturalmente, diante de um olhar científico ou constitucionalista que não está interessado nos detalhes ( Presidencialismo-Parlamentarismo). Mas é péssima em refletir os problemas fundamentais da sociedade angolana. As leis no nosso país vivem fingindo que a corrupção não existe. A moça, a senhora elegante e <> da justiça, aquela com a espada numa mão e a balança na outra, fingi que as mesmas leis não têm peso e que podem ser expostas a todo tipo de violência.
        O problema fundamental da sociedade angolana hoje, no passado e sempre é a corrupção e manter a paz! Aquele problema é tão grave que o próprio governo Angolano e o partido que está em frente desse governo, assim como o seu líder lidam cinicamente com o mesmo, chegando muitas vezes a negar sua existência, senão formalmente, agindo como se ela não existisse. Não acredito que exista alguém que possa acreditar e pensar que a corrupção é o tipo de doença que pode ser resolvido <> – expressão brasileira muito popular aqui entre nós. A prova de que a corrupção dentro do estado angolano é um fato está na capacidade, que o único governo que esse país teve, de se demonstrar que ela não existe e que sua denuncia é produto do ódio que os adversários políticos sentem do partido que está no poder. Esse ódio que existe e que ninguém nega talvez seja um dos motivos que tenham obstaculizado o combate do mau uso da coisa pública. Então é preciso reconhecer que isso não é um problema do cidadão ou de quem honestamente acusa o Estado Angolano e o seu e único governo de corrupto. O ódio contra o MPLA e governantes não pode ser usado para negar este fenômeno, com o simples pretexto geralmente ameaçador de que quem acusa é quem tem que provar. Quando se sabe que o objeto em disputa, o erário público, foi violentado, usado inadequadamente, sendo vítima de insubsistência de um lado –sumiço do que é público- e do outro de superveniência inexplicável – ou seja, a propriedade privada que vem do nada.
         O cidadão angolano que sonha e quer viver em uma democracia de verdade, seja ela de direita ou de esquerda, seja ela burguesa ou proletária e de camponeses não tem obrigação de acreditar nas boas intenções dos políticos que aí estão. Isso já era! Assim, no meio desta dúvida características das sociedades reacionárias do nosso tempo em que o homem -o ser humano- perdeu a confiança, é preciso vincular todas as boas intenções dos humanos a lei. A Constituição Angolana, invenção macabra de quem está no poder, deveria também estar preparada para isso. E ela não está. E os especialistas portugueses por cínicos e mentirosos que sejam eles devem saber disso. Talvez até os Comunistas portugueses que tradicionalmente tiveram o espírito solidário de ajudarem a esse povo conhecem perfeitamente as deficiências da Constituição Angolana. E esta deficiência é fazer vista grosa a corrupção e aos corruptos que hoje governam esse país. E que dá o status aos mesmos de chefes e líderes intocáveis. Assim, usar a opinião, a boa fé, a solidariedade ou não dos especialistas portugueses sejam eles de esquerda ou de direita para camuflar o problema que mais aflige a nossa sociedade, fazendo o uso da suposta beleza da Constituição é deselegante. É usar os objetivos da ciência com propósitos inversos: prejudicar o homem e tornar a vida deste mais difícil. Refiro-me aos portugueses porque houve uma corrida atrás desses especialistas, tanto da oposição quanto do governo, em busca de opiniões para se corroborar o desastre proclamado; oposição e governo cada um argumentando e defendendo o que melhor acha da Lei Magna.
         A verdade é que ficou já difícil acreditar na honestidade de alguns políticos. Parece que a inércia e o tempo em que estes estão no poder tem matado a esperança de muitos cidadãos.
        A proclamação da Nova Constituição foi acompanha de um discurso comemorativo, o discurso de quem tem dúvida daquilo que diz e não está muito seguro dos futuros procedimentos. Parece que o terno (fato) ou traje que usava no momento o incomodava. Mas o incomodo de estar nesse traje era precisamente porque estava ajustado a um só corpo. O ideal é que esse traje servisse a todos, afinal diante da Carta Magna todos nós somos iguais e nada impede que todos usem o mesmo fato, aqui não existe exclusividade. Pode-se dizer mesmo que diante da Carta todos somos como pobres mendigos e que podemos viver usando, trocando e emprestando o mesmo terno. Era como se o terno não devia lhe pertencer só a ele. Alguém já usou algo e que se sentiu incomodo e ao mesmo tempo falso, mesmo quando a vestimenta se ajusta? O discurso aparentava isso! Esta inquietação transformada em elipse e parábola ao mesmo tempo foi inspirada na Declaração de Voto de Imaculada Melo, Juíza do Tribunal Constitucional e no item: "2- A separação e interdependência dos órgãos de soberania (alínea f) do artigo 159º".
          Nosso parágrafo, o anterior, deveria terminar com o termo falso. Tão falso quanto o processo do BNA, que começou por denunciar culpados sem os chamados peixes grandes, os famosos tubarões do esquema. Cem milhões de dólares não se desviam só usando o poder mesquinho de quem nem se quer tem poder e autoridade para fazer isso. É preciso conivência de quem pode mais, de quem está um pouco acima do peão. Outro brasileirismo que devemos explicar – peão aqui é simplesmente o trabalhador humildade, aquele que por destino deve cumprir ordens. Cumprir ordens aqui, com medo obsessivo de se perder o que tem –o emprego tão ambicionado-, pode ser a herança de um passado de uma sociedade reacionária que rejeitava abandonar o regime escravocrata em que se vivia. Para se desviar cem milhões de dólares só com a força do peão é preciso muita imperícia e negligência.
         O processo do BNA pode ser um bom início, pelo menos será o início de uma cultura que nunca houve no governo, no Estado e na nação angolana, e dir-se-ia mesmo dentro do MPLA. Será o início de uma cultura de responder ao clamor da sociedade civil contra a corrupção. Mas nessa cultura e nesse início estará incluída a própria família do presidente que se enriqueceu de um dia para outro assustadoramente sem as explicações comuns que todos os bons homens de negócios prestam à sociedade e ao Estado? Será que estarão incluídos os próprios filhos do presidente que precisam, simplesmente, atravessarem a adolescência para ostentarem títulos de maiores e mais poderosos empresários do país nas áreas em que atuam?
         O outro problema fundamental da Constituição é de mantermos a paz. Mas tem alguém por aí que acredita que a paz mantém-se só com discursos de intenções vagas como aquele do Tolerância Zero? Ou mesmo, será que alguém acredita no discurso do Tolerância Zero? Em vez de um discurso vazio, um discurso zombador e ruidoso de mais, não seria melhor, como civilizados que somos, recorrer a lei, a algo que esteja vinculado pela lei? Se o Presidente do país é tão exemplar e combativo contra a corrupção e se tem consciência que não vai governar eternamente, por que quê não ajudou a erguer uma Constituição que evite que o próprio Presidente da República e qualquer Ministro corrompam-se? Ou ao menos quando corromper-se nada o protegerá de uma acusação, que não seja o direito de defesa que todos os cidadãos devem ter perante os tribunais.
         Dissemos que a Constituição Angola parece ser bonita no que diz respeito ao sistema de Governo inventado. Classicamente tínhamos conhecimento que eram três sistemas: Presidencialismo, Parlamentarismos e o chamado semi-Presidencialismo; agora são quatro mais um introduzido pelos angolanos. Nossos inventores estão de parabéns, mas como toda invenção gera aplausos, mas também gera críticas e dúvidas. É nessas dúvidas onde se encontram as debilidades da Carta Magna.
            Onde é que de maneira explícita, intencional e rigorosa a Constituição persegue os corruptos, coíbe a atividade destes, evitando os assaltos tradicionais ao erário público? Onde é que a Constituição, ainda que seja de maneira infraconstitucional, através de uma lei cuida da corrupção; indica de maneira direta e indireta que os futuros corruptos do governo, quando chegar a vez dos mesmo governarem, deveram ser perseguidos. Acreditamos que isso se deveria fazer partindo-se do tipo de regime ou sistema de governo escolhido ou inventado: o Presidencialismo-Parlamentarismo, que dá poder excessivos e discricionário ao Presidente da República.
            Para ser mais explícito e em poucas palavras não se trata aqui de querer exigir que a Constituição, Presidencialista- Parlamentarista, mencionasse de maneira direita a palavra corrupção, seria exigir o absurdo e até um sinal de provocação para quem está no poder. Afinal, seria costurar o terno de tal forma que não se ajustasse ao seu suposto proprietário ou a quem deve usar. Mas a idéia aqui, e que fique bem claro – “para bons entendedores meias palavras bastam”-, é dar e distribuir o poder de tal forma que se desestimule a corrupção. Isso não foi feito, fecharam-se os olhos a esse tipo de problema como se a corrupção não existisse. Ou mesmo como se não fosse um dos problemas ou dos mais importante. É um exemplo de prática de cinismo a que nos habituaram nossos dirigentes: esconder certas verdades e também mentiras de baixo do tapete. Para combater esse cinismo de maneira proposital repeti várias vezes a palavra corrupção, nesse texto, para molestar o ouvido dos corruptos e acabar com a surdez daqueles que deveriam pôr em pratica o funcionamento da lei. E tornar possível a missão da justiça que já foi mencionada: dar-se por conta do peso dela de um lado e defender a mesma do outro de maneira implacável e cega.
           Segundo a entidade Transparência Internacional, Angola é considerado 18° país no mundo em corrupção num grupo de quase duzentos países que existem no mundo. Não é difícil provar que os costumes e hábitos gerados pela sociedade Angolana são moldados pelos hábitos da corrupção. E tudo isso como resultado da idéia que se tem de que quem está no poder pode tudo, e até ser corrupto e perdoado ao mesmo tempo. Tudo isso, esse poder de um lado só e não contestado, da à idéia de que o país há anos que é governado por uma oligarquia. E isso sem exagero de acusação e longe de qualquer retórica. E se o problema é considerar a retórica uma ciência de verdade vamos concluir que não há nada a ser questionado quando se acusa o Estado Angolano de um estado oligarco, que representa uma classe de indivíduos: os militares, ex-guerrilheiros, comandantes e familiares, às vezes influentes. Que no início todos pertenciam à mesma classe social e que no passar dos tempos se afastaram ideologicamente desses. E não só, corromperam-se, fazendo mesmo da corrupção atos e procedimentos para governar o país e interagir com o cidadão. Assim, a Constituição elaborada também foi vítima desse procedimento. Foi ajustada direta ou indiretamente aos interesses dos grupos que já mencionamos. E a questão aqui, longe de ser partidária, é um ato reacionário de quem está há muito tempo no poder, é um ato reacionário de classe, que não admiti ser, mas são os filhos daqueles operários e camponeses que hoje se transformaram em burgueses reacionários. Essa mesma classe com o seu jeito arrogante de governar e agora com a Constituição que promulgaram nada têm contribuído com a Cultura Cívica da sociedade. Que nada mais e nada menos é a cultura que diferentes grupos políticos e a sociedade em geral têm não só para fortalecer a democracia, mais também para ajudar a criar mecanismo de fiscalização e inspeção dos atos do governo e do Estado por toda a sociedade. Vivemos numa sociedade (angolana) em que até a mulher do presidente e os seus filhos, se quiserem, podem determinar, influenciar e definir quem serão os juizes do Tribunal de Contas ou do famigerado Tribunal Constitucional; assim como quem estará à frente da Procuradoria Geral da República e quem poderá julgar os militares. É tanto poder que séria mais do que suficiente para constranger qualquer homem humilde com aquela origem, -camponesa e de operários-, se tivermos em conta que o que se quer é cultivarmos os hábitos para implantarmos uma democracia. Mas humildade é o que menos a herança colonial lusitana ensinou a essa turma de intelectuais que hoje governam o país. A impressão que se tem aqui é que a ignorância com doses de truculência tem atropelado o jeito simples e humilde de ser de algumas pessoas.
         Os portugueses podem vir aqui dar suas avaliações péssimas, como se fossem grandes professores e autoridades. Mas o que não podem é nos dizer que somos bem governados e felizes. E que por isso devemos nos contentar com suas avaliações de medíocres professores que sempre foram. Se quiserem avaliar seus alunos de mestrado e doutorado que passaram por Coimbra e lugares daquela nação que o façam de outra maneira e não usar os angolanos como cobaias.
          É uma pena que não temos muito a festejar com a proclamação desta Constituição. A maneira como ela se afasta dos problemas do país e dá proteção a quem não deveria faz da ironia um túnel do tempo. Esta Constituição não só protege e respeita a propriedade privada – que poderia ser bem merecida se ela fosse ganha com elegância. Mas, também, o poder concentrado e excessivo para poucos, a riqueza e o individualismo de uns: é, também, na cara de todos nós de maneira descarada, arrogante e prepotente o triunfo daquilo tudo; é a derrota do que há de mais pobre, nobre e humilde nesse país. Esfregaram-na nas nossas caras de gentes humildes e suplicadoras. É o triunfo, a imposição sem piedade (e descarada) da riqueza  e do poder.



Nelo de Carvalho

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O País das Aranhas XXXV

“Clarivideontologia”

Não me dei o trabalho de pesquisar tal palavra. É deverás uma palavra um pouco estranha, tudo que surgir aqui sobre ela é mais uma outra invenção. Diante da realidade angolana não precisamos desprezar a capacidade inventiva do autor. Tudo o que será dito aqui pode ser uma maneira de encararmos a verdade sem querer nunca reconhecer sua existência ou, ainda, fingir que ela não existe. Ou então fazer da mesma um sofisma, aquilo que jamais alguém alcançara, não importa o esforço usado em tal aventura na busca da verdade. Não é objetivo deste autor, ao contrário, queremos aproximar o leitor, ainda que seja de maneira penosa, o mais próximo possível da realidade e até da verdade. Este autor é obcecado por ela.

A palavra em estudo também pode ser, mais uma vez, invenção nativa, produto da intelectualidade angonlense, que procura sair a todo custo do subdesenvolvimento, acreditando que para isso deve se igualar ao colono, um colono embusteiro que no andar dos séculos não convenceu ninguém da sua suposta evolução.

A palavra talvez tenha origem nas Escolas de ensino de cultura lusitana ou de influências dessas. Geralmente Escolas de mentalidades coloniais que transportam o espírito do complexo de inferioridade típica de um país de gente colonizadas, por colonizadores igualmente atrasados e subdesenvolvidos, que fizeram da fanfarronice espiritual o instrumento de dominação colonial e que hoje ainda vitima uma nação, até na mais alta representação do Poder Estatal.

É a ignorância querendo transparecer, apresentando-se como bajuladora; é a mediocridade que quando já não pode ser rejeitada aproveita a sua chance de se vulgarizar e se prostituir.

Como um fantasma, aquela, a ignorância, querendo se encarnar num corpo estranho e perverso, o corpo da bajulação, que contaminou e contamina cada vez mais a sociedade, a família e o Estado angolano. É a bajulação querendo inventar ao estilo do nativo culto que viajou, estudou, formou-se, conheceu novos horizontes, até a Metrópole Colonial tida como culta e civilizada. É produto importado vindo daquele lugar para agradar o soba ou o monarca nativo. A bajulação parece especiarias da era da intervenção colonial que ajudaram a corromper as autoridades nativas e assim facilitar a intervenção e o domínio colonial.

A “Clarividência” foi promovida pelo espírito da cultura da bajulação. Foi a mesma bajulação que elevou do nada personalidades, de um dia para outro, sombrios ou ensolarados, já não faz diferença, ao parlamento. Surpreendendo os cidadãos que vivem sonhando com atitudes exemplares de seus governantes. A propósito, a falta de exemplos e vergonha são os outros quesitos que tornam a estes em ilegítimos. Talvez seja, a meu ver, essas duas falhas, nada pouco, que acentuam a ilegitimidade de alguns governantes. Pois, mesmo quando se ganha por maioria, simples ou absoluta, não se pode governar com auto-suficiência e arrogância absoluta. A lição vinda dos melhores mestre diz que precisamos contar com todas as forças.

Ontologia, por definição parece ser uma espécie de avatar que blinda certos seres do mundo real, protege-os de tudo, das moléstias que afligem os simples seres mortais, no mundo da miséria e da percepção. Ou ainda, além de seres especiais, torna estes mais seres do que os outros (entre angolanos existe isso: uns são mais seres do que os outros), além de incontestáveis, estão na escala dos preferidos. Uma escala que o mundo real não tem idéia de suas dimensões, eles são porque são e ponto final. Porque a bajulação e a mediocridade assim os definiram. Naquele mundo, da mediocridade e da bajulação, são quase infinitos em todos os aspectos, sem dimensão, e quando se imagina que têm alguma dimensão pode soar a ofensa.

Neste processo de crença inabarcável e incontestável daquele mundo juntaram-se as duas palavras: Clarividência e Ontologia. A primeira chama e funde-se na segunda de maneira implícita. A segunda mesmo sem ser mencionada pelos seus criadores está explícita, afinal qualquer invenção tem o seu produto, nesse caso: processo de não só agradar, mas ocultar aquilo que é inservível e que pode continuar a ter alguma função social –suposta função social; ocultar aquilo que é inútil e que já não compete e nem está a altura.

A fusão das duas palavras, para bem ou para mal, espelha a mediocridade nascida do desespero de se criar qualquer coisa. É também o retrato de uma nação que continua fazendo da cultura um luxo de quem pode, de quem é claro, “vidente” e ontológico. Até nisso existe uma divisão social.

Essas são as coisas inventadas no mundo da mediocridade e da bajulação.


Nelo Carvalho
Nelo6@msn.com
www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com

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Em Homenagem ao 4 de Fevereiro


A Falácia dos Símbolos Pátrios
A onda de revanchismo e de ignorância não deixam em paz nem aquilo que se herdou como consequência da luta árdua contra o colonialismo português. A boçalidade e a estupidez insistem em dizer que os símbolos pátrios refletem simplesmente os símbolos do antigo partido único. Propõe-se então uma mudança dos mesmos símbolos onde os objetivos podem ser dois: afastar a semelhança dos símbolos pátrios com os símbolos do MPLA e, por direito nenhum e não conquistado, fazer com que os três partidos tradicionais, FNLA, UNITA e MPLA tenham representação equitativa na representação simbólica do país. Tanto uma coisa quanto outra estão longe de serem justas.
A simbologia pátria, bandeira, hino e herói nacional não são simplesmente conquistas do MPLA. Pode aparentar ser uma conquista do MPLA, mas que coincide com as conquista da nação inteira. Dizer que Savimbi, Holden Roberto e Agostinho Neto são patronos da independência é uma mentira descabida. É querer provar que a quantidade de água suja em uma piscina imunda cabe em um balde que poderá ser usada como água potável.
Sejamos sinceros, honestos e francos, evitar reconhecer o grande papel de Agostinho Neto na história de Angola, ou ainda, querer equiparar o homem àqueles dois que se dedicaram a traição e ao vandalismo contra os angolanos constitui ofensas a memória de um povo, já sofrido por tudo que existe por aí, e existia.
Dizer que a FNLA, a UNITA e o MPLA lutaram igualmente contra o colonialismo português é negar que o presente, verdadeiramente, possa ser usado para se construir a democracia tão desejada e ambicionada por todos nós. Se nem o passado conseguimos reconhecer a sua existência, como enfrentaremos os dilemas da democracia onde tudo consiste no estado de direito e democrático, onde a verdade é o maior objetivo a ser alcançado para se redistribuir deveres e obrigações, e tornar assim o presente como o futuro melhor que o maldito passado?
O papel, tanto do trio de lideranças como a dos partidos que cada um representava, nunca foi equitativa e muito menos na mesma direção. Precisamos reconhecer o papel reacionário da FNLA e da UNITA na história de Angola e não é necessariamente uma posição relativa de quem estava ou não naquela posição.Terrorismo é terrorismo em qualquer lado em que estivermos; traição é traição não importa o lado em que andarmos, principalmente quando esta traição faz-se com um regime racista como os dos sul-africanos. Não existe moral nenhuma que corrobora isso. O papel retrogrado desses dois movimentos e de seus lideres não podem ser empurrados as novas gerações como um ato de gloria que nossos filhos e netos deverão sentir-se orgulhosos. Infelizmente é uma pena, mas é um problema de quem os provocou: FNLA-UNITA e Holdem-Savimbi. Assim, o regime democrático não tem por que engolir o que é desagradável para todos, fingindo que isso provocaria harmonia. Ninguém tem direito de escamotear a história de um povo em nome de uma democracia que levará o país a uma ignorância coletiva, reconhecendo aquelas maldições como simbologias de um povo. Ninguém merece isso: um Savimbi ou até moribundo Holden Roberto em seus últimos dias. Isso não será democracia, que nunca consistiu em passar em cima de certos valores para fazer prevalecer o eterno revanchismo de esses dois grupos políticos, que existiram em função de atrapalhar e odiar todo processo político traçado noutro hora pelo partido único. Que como sabemos foi a de derrotar o colonialismo português e estar ao lado de todas as nações africanas que igualmente lutavam pela sua independência. Desde quando a UNITA e a FNLA deram-se o trabalho de fazer isso: solidariedade para com os outros povos do continente e derrubar incondicionalmente o colonialismo português?
Em cada época de nossa história existem missões que o ser humano e seus semelhantes devem aprender a comprimir. Se hoje a missão é a construção de uma democracia onde todos possam se sentir representados –representação que não necessariamente significa atropelar aquilo que foi conquistado-, no passado era a independência de Angola e os valores comunistas que ajudaram a descolonizar o continente africano e o resto do mundo. Que se saiba esse papel nunca esteve ao lado da UNITA nem da FNLA, por isso a turma dos derrotados não têm direito de reivindicar nada do que diz respeito à simbologia pátria.
É parte da historia de Angola – um evento inesquecível- reconhecer que foram os comunistas do MPLA ao lado de Agostinho Neto que reivindicaram de Portugal a independência de Angola, declararam perante o mundo e a África a independência desse mesmo país . Porque era, naquela época, a força do comunismo e a inspiração comunista que libertou o continente do colonialismo europeu. E isso não pode servir de demérito para as novas gerações nem os atuais militantes do MPLA, não importar qual direção esse partido hoje preferiu seguir. O Comunismo faz parte, e de maneira orgulhosa, da nossa história. Talvez mesmo tenha chegado e entrado para ficar. É um processo de evolução histórica longa, difícil, complicado, cambaleante e acima de tudo inevitável. Quem não gostar e achar que isso é impossível e inadmissível então que viaje longe de um planeta fora de aqui.
A declaração da independência de Angola, na atual e sua capital Luanda, com os símbolos pátrios que viu nascer a nação Angolana, é parte de nossa história que não podemos rejeitar . E muito menos forçar uma suposta inconveniência ou ilegalidade de tais atos históricos. O MPLA fundou a nação angolana é uma verdade que perdurará para sempre. Está identificado completamente com toda a nação, é outra verdade quanto uma espinha encravada na garganta de qualquer delinqüente revanchista.
Assim, tem direito esse partido, o MPLA, de fazer o uso das vantagens políticas e históricas - e aqui nesse momento inclui as eleitorais- que o mesmo conquistou para bater o pé e dizer ao mundo que os símbolos que viram nascer a pátria de Agostinho Neto continuaram sendo os mesmos por cinco mil anos de existência da nossa historia. Se for necessário.
Nelo de Carvalho