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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O País das Aranhas XL

             Campanha Pela Autonomia dos Meios de Comunicação Social Pública




           O pensamento angolano na informação vive do denuncismo, mais do que justo para um país e nação que quase se rende à corrupção. Nós vimos propor mais ousadia, coragem e um basta a essa prática que a qualquer momento poderá levar o país a instabilidade.
          Por isso, acreditamos que não é suficiente denunciar quando não se tem, atualmente, os meios de comunicação em poder da sociedade. É um engano acreditar que os meios de comunicação, hoje, em Angola estão em posse da nação ou dos interesses da sociedade. Esse tempo já foi. Assim precisamos voltar a ele. Por isso fazemos um chamado aos intelectuais do país: profissionais de todas as áreas, jornalistas, estudantes, professores etc; de que é preciso lutar pela autonomia e autarquia das três jóias do sistema de comunicação angolano: a TPA, a RNA e o Jornal de Angola. É um direito do Povo, da sociedade e da nação e ninguém tem porque perder a esperança por essa conquista, difícil mas não impossível.
        Exemplos e argumentação do porque quê é necessário lutar por essa causa não faltam. Um deles é o processo do BNA, que todos já soubemos, está sendo mal investigado, rodeado de segredo de estado que até parece que estamos na época do poder Estatal absoluto. O caso BNA é o retrato da própria falsidade que sempre caracterizou o estado angolano ao lídar com a sociedade, não explica nada quando deve explicar. Estamos cansado de receber notícias vinda do estrangeiro, quando o país tem aquelas três jóias que deviam informar a sociedade sobre todos os escândalos.
       A falsidade do processo também reside no fato de que quem está a frente do processo, o PRG, Procuradoria Geral da República, pode ser ou devia ser acusado de tráfico de influência e até mesmo de corrupção, ou seja, não tem moral para investigar ninguém. Há quem diz que são os próprios corruptos investigando a corrupção. Para confirmar isso nos fazemos uma pergunta. Qual é a resposta ou justificação que o governo angolano tem para justificar as acusações e denúncias feitas pelo Semanário Angolense sobre os negócios obscuros do PGR, João Maria Moreira de Sousa? Ou será que isso não merece explicações? Quando o Presidente da República vai demitir o PRG? Se a denuncia feita pelo Semanário Angolense, Edição 325, era tudo falsa, por que o governo não usou as jóias que tem, que, por sinal, sempre estiveram a serviço da “corrupção” – já que vivem caladas de tudo-, para desmentir as denuncias feitas por aquele meio de informação?
         Por outro lado, é falso e ingênuo acreditarmos que o rombo produzido ao Tesouro Nacional chega simplesmente a 100 milhões de dólares e que tudo isso acontece pela primeira vez. Ao contrário do que tentam fazer pensar os meios de comunicação –alguns deles-, é possível notar que essa cifra, o desvio, vai muito além dos 100 milhões e que essa prática no passado foi constante. O processo do BNA é denunciado por alguns jornais com uma ingenuidade exemplar e de dar pena quem está em frente das denuncias, mesmo quando sabemos que  já se estão prestando um mínimo de serviços a sociedade. A mentira é descabida e sem graça e vê-se que tem como objetivo ocultar toda massa podre de um sistema ou estado que faz da corrupção seu modo de existir: o Estado-Família e o socialismo que era só para uma minoria, esse último que nunca deu certo, felizmente.
       A proposta, já anunciada no artigo “ A Comunicação Que Não Temos”, é de mobilizarmos os intelectuais desse país no sentido de pensarem que não haverá verdadeiro combate contra a corrupção, nem Tolerância Zero, enquanto os sistemas de comunicação estiverem nas mãos dos corruptos, ou estes exercerem influência sobre os mesmos. Por isso, precisamos de uma autonomia e independência dos meios de comunicação vinculada pela lei e não de discursos de boas intenções.


Nelo de Carvalho

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