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Como Tirar Proveito de Uma Crise

PIIGS são as inicias de um conjunto de países que fazem parte da União Européia, considerados economicamente os mais problemáticos, Portugal, país que nunca saiu do atraso, mesmo tendo o que teve, está entre eles. A atual crise é o tipo de situação que vem acabando com as esperanças de milhares ou milhões de portugueses, e quem esta nessa nau portuguesa não exitará em fazer algo para abandonar a mesma. Aqui ainda é preciso termos em conta a tradição de emigração desse povo ibérico, que para o resto do mundo tornou-se, para bem ou para mal, uma desgraça. Ignorar esta crise e a situação naquele país no, contexto angolano, é querer tapar o Sol com a peneira, mesmo porque a aproximação cultural entre a nação lusitana e os angolanos tem produzido historicamente conseqüências fatais. A saber, os PIIGS são: Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha.


É partindo dessa fatalidade e desgraça que políticas de emigração, seguindo a rigor procedimentos e interesses para o benefício dos angolanos, deveriam ser tomadas no país africano. Portugal tem o seu lixo e os seus problemas, que nós os angolanos, nesta fase da era do “eldorado” que nos tocou viver, não temos obrigação de compartir ou até dividir o que há de pior naquele país europeu: desemprego e muita mão de obra desqualificada em detrimento do bem estar social de milhões de angolanos.

Ou seja, mesmo não sendo o desejo da maioria absoluta dos angolanos, com a crise dos porcos, que é a expressão pejorativa e preconceituosa usada em inglês para qualificar e desqualificar aquele conjunto de países, com as inicias no início do texto, podemos esperar, sim, uma invasão portuguesa nas terras de Mandume, Ekukui e N’gola Kiluange.

A missão do Estado angolano, aqui, diga-se a verdade é uma missão simples, se reconhecermos que a corrupção a que o Estado angolano está exposto for bem combatida. Essa missão é simplesmente a de ter capacidade de filtrar essa emigração e saber tirar proveito dela. Tirar proveito dela é ir atrás dos melhores profissionais e quadros que aquele país pode nos oferecer com a emigração tumultuosa que agora existe lá.

Vamos partir do princípio que a nossa mão de obra barata e nativa é mais do que suficiente para reconstruirmos o país, o que precisamos é de extrema mão de obra qualificada e de preferência em lugares estratégicos da economia para poder dirigir e requalificar aquela em todos os aspectos. E evitar a entrada no país de pedreiros que chegam a ganhar mais que os engenheiros nativos, choferes, de seguranças, o que passa a ser algo irônico, num país com milhares de homens que andaram empunhado armas sofisticadas ao longo dos tempos de guerra. Lugares estratégicos da economia podem ser considerados a educação de nível superior, a saúde e outros setores onde se achar necessário e conveniente.

Com esse filtro de emigração, aqui mencionado, tentamos mandar um regado ao governo angolano, já que agora tem se posicionado, deliberadamente, como um governo impopular, reacionário e corrupto. Que a crise naquele país lusitano não pode servir de motivo para repovoarem de maneira saudosa o país dos Angolanos com o pretexto de se atrair profissionais para ajudarem a reconstruir o país. Se o problema é reconstruir o país temos que contar com os nossos profissionais e a nossa mão de obra nativa. Aqueles, os portugueses, podem participar, sim, desde que este filtro usado seja num interesse de suprir necessidades extremas e que exigem alta qualificação e que comprovadamente seja demonstrada e se conclua que fará diferença para a economia do país e do desenvolvimento social deste.

É preciso, também, evitar o regresso da ala fascista, neofacistas e racistas, herdeiros da era salazarista, que têm desembarcado de maneira sorridente e vitoriosa no Aeroporto 4 de Fevereiro.

Nelo de Carvalho
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Explicações e Mentiras da Sonangol

Primeiro, vamos partir do princípio que nenhuma empresa pública no mundo pode ser substituída pela pessoa física ao assumir direitos e obrigações. Ela, simplesmente, é representada por esta última como sócia, em qualquer negócio que seja. E representação não é sinônimo de apropriação ou aderência do direito, dever e obrigação que pertence à empresa. Isso não existe, é, simplesmente, uma mentira descabida. Isso não é simplesmente irresponsabilidade de quem assim o fez, é a cima de tudo, uma maneira deliberada, mas descarada de se roubar aquilo que é de todos. É o retrato de como o MPLA, em nome do famigerado povo, vem enganando e enganou a “todos” governando nesses longos trinta e cinco anos o país. Mostra ainda como todos, mas todos mesmo nesse governo estão envolvidos diretamente com a corrupção. Eu disse diretamente e não indiretamente. Já que as explicações absurdas da Sonangol levam a pensar que isso constitui uma prática habitual dos gestores, administradores e dos governantes desse país. Estão envolvidos mesmo aqueles que se dizem nunca terem nada, acumulado riquezas, porque optaram em ter vida simples por motivos de princípios ou características de personalidades. Mas que andaram contemplando a desordem vinda de todos os lados, sem minimamente fazerem algo, muitos deles em posições de vantagens, sempre estiveram e estavam permitidos para fazer, mas agiram com indiferença.


Nós perguntamos: se aquele procedimento do Engenheiro, todo poderoso, da Sonangol, é comum, onde fica a posição dos diferentes Ministros dos Petróleos que passaram pelo Ministério; onde fica a posição do Presidente da República? Será que nada disso merece uma explicação, uma prestação de contas, uma auditória? É acaso tudo isso um instrumento das mentalidades difamadoras a que este governo está sendo “vítima”? É mais uma intriga de quem inveja aqueles que estão no poder, porque têm a sorte de estar lá, e que tudo andaram fazendo em “beneficio” da nação?

Se a democracia e até a economia de mercado são mesmo instrumentos que vieram se instalar para valer, então é de uma irracionalidade animalesca de quem está no poder acreditar que a sociedade civil em geral, os militantes do MPLA, os intelectuais desse país e até o cidadão comum, não questionarem tais fatos em nome de um respeito, de uma suposta lealdade e uma confiança, destes atribuída aos políticos. Economia de mercado, sim, mas o ideal é que cada um faça esforço para criar o seu patrimônio de maneira merecida e transparente. Democracia, sim, mas desde que o jogo seja claro para todas as partes.

As explicações da Sonangol não têm cabimento, porque todos nós sabemos do Direito Comercial que uma empresa, como a Sonangol, é, igualmente, uma pessoa com direitos, obrigações e responsabilidades, a diferença é que esta é uma pessoa jurídica, expressão usada no Direito Comercial e Civil, para diferenciar a mesma das pessoas naturais ou físicas. Assim, pessoa natural nenhuma pode substituir a pessoa jurídica quando se trata de assumir benefícios e até prejuízos se as coisas forem bem feita e sem a necessidade de se cair em artifícios e malabarismos. Aquela, a pessoa física, a única coisa que pode fazer, e isso é a prática e o comum, é representar esta. Uma coisa é substituição e outra é representação e isso não se confundem, nem em Angola, nem em outros lugares.

A verdade é que os gestores da Sonangol e aquele, ou aqueles, que têm ações que pertencem a Sonangol em seus nomes em outras empresas foram apanhados com as mãos na “cumbuca”. Expressão muito usa, aqui, entre os nativos brasileiros quando alguém é apanhado a roubar.

É preciso reconhecer, sim, que desta vez o ladrão, ou os ladrões, foram pegos e algo já se deveria estar fazendo. Afinal, não é possível que a justiça continue a se manifestar em silêncio como se nada aconteceu. Exigimos que se façam uma auditória na empresa Sonangol, mas que primeiro, seu diretor e toda cúpula da direção administrativa da empresa sejam afastado para se permitir uma sindicância ou auditória transparente.

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Nelo de Carvalho
Nelo6@msn.com

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Uma Previsão Cabível

Sendo verdade ou não a retirada do empresário português, Américo Amorim, como sócio em alguns negócios de que faz parte o mesmo na tumultuosa economia angolana, onde as oportunidades reinam sempre para as mesmas pessoas –assim, evoca a canção de Dog Murras- é cabível pensar em algumas previsões desastrosas induzidas pela maneira de como se pretende ter o controle do poder em Angola. Esse poder sempre associado na busca de acumulo de capital e riqueza por grupos privilegiados pode ser a causa inevitável de futuros conflitos, quando se sabe perfeitamente que muito dos negócios existem e foram montados na base do trafico de influência. Onde as pessoas preferidas para serem proprietários dos mesmos ou estarem enfrente dos mesmos apareceram nesse mundo –o dos negócios- pela sorte que o destino lhes proporcionou por pertencerem à prole dos heróis vitalícios.


Aquele bilionário português é um homem experiente nos negócios. Assim, tem perfeita consciência do risco em que o seus negócios naquele país podem estar expostos aos inúmeros escândalos de corrupção que o tempo, mais cedo do que tarde, ajudará a desmantelar. Como todo empresário, que procura oportunidades e facilidades para ganhar dinheiro, este, ou estes, procura-se encostar-se em boas influências e assumir o mínimo de riscos.

Dizer que os bons negócios de Américo Amorim e muitos outros estão livre do tráfico de influência, instrumento que caracteriza a superveniência do empreendedorismo angolano, e o aparecimento de patrimônio e riqueza de alguns seres privilegiados, é ingenuidade que se aceita fazendo-se vista grossa. E é compreensível aceitarmos esse tipo de atitude quando numa época o que se desejava era atrair homens do nível empresarial de Américo, só fazendo-se boas amizades com o mesmo, e essa amizade não podia vir de qualquer pessoa. Sabe-se que Amorim teve recepção especial, uma ou várias vezes, na cidade alta. Uma maneira de se conquistar loby a favor do país, do governo e do Estado na Europa através desse empresário no mundo dos negócios. Afinal o tráfico de influência aqui pode ser visto no sentido inverso, benéfico para uma nação. Que homem de negócios teria coragem de investir num país recém saído de uma guerra com todas as infrastruturas destruídas e sem garantia de que a partir de uma data determinada as coisas iriam dar certo, sem mais guerras? Que não fosse alguém que tivesse familiaridade com a nossa cultura e até os nossos problemas?

Com sinceridade vimos sempre em Américo Amorim alguém bem-vindo na economia angolana, sem se importarmos com quem estabelecesse laços. Desde que esses laços não amarrassem os interesses do estado a interesses privados. Este como de qualquer um que tenha interesse em investir no país. E homens do nível do Américo Amorim não faltam mundo afora que gostariam de investir numa economia de pós-guerra e fazerem seus negócios, desde que bajular o Estado, o Governo ou até seus integrantes não fizessem parte dos seus planos, e em particular bajularem a prole privilegiada dos heróis que andaram expulsando o colonialismo.

Atrair empresários do nível daquele lusitano, mesmo quando acharem estranho a nossa cultura, é por sinal uma missão da diplomacia angolana, que deve e devia estar preparada para isso. Não é missão incumbida ao Presidente da República nem aos seus descendentes, que como cogumelos, apareceram de um dia para outro administrando e ostentando empresas e patrimônios, pondo em dúvida a transparência dos atos daquele mandatário no cargo que a nação lhe incumbiu há mais de trinta anos. É nesse contexto que defender e acreditar que o Presidente da República está livre dos maus negócios que caracteriza o submundo do lucro fácil e da ganância em detrimento dos interesses do Estado está muito difícil. Tornou-se quase impossível defender a posição de José Eduardo dos Santos como Presidente da República e empresário, coisa que ele falta vir ao público e reconhecer.

Assim, deve ser ruim e constrangedor a retirada de Américo Amorim e dos negócios que tem no país, ou até com a família do Presidente, dando a entender, aquele, que o quê está acontecendo é conseqüência da corrupção e da esculhambação que vitima o Estado.

É verdade que se pensarmos bem –estamos, agora, nos dirigindo ao homem das terras de Camões- um conflito entre sócios subscritos num negócio ou empresa nada tem a ver com o governo, Estado ou as leis desse país, pelo menos em teoria. Mas se a moda pega, como tem pegado em política em Angola, se não estás comigo, então te declaro a guerra até o fim; no mundo dos negócios, que afinal é o que interessa, não deve ser tão diferente.

Por outro lado, a sociedade civil européia e os seus políticos são, geralmente, mas sensíveis aos escândalos de corrupção. Esses escândalos vindo de um país como nosso, onde o ricaço lusitano esteja envolvido, constitui motivo de precaução para este, sem dúvidas já que ele está longe de ser um sujeito ingênuo.

Não constitui acaso esse um dos motivos que qualquer um dos nossos visitantes estrangeiros, do tamanho daquele empresário, tem sérias dúvidas para participar? É na necessidade de eliminar esse tipo de dúvidas que entra o papel fundamental do Estado. E essa segurança quando existir é porque, simultaneamente, existirá um instrumento que indique que a corrupção não ameaça a ordem imperante, as leis, as instituições, e o mais importante, seus negócios. E esse é o tipo de segurança que não se oferece ao cidadão invocando-se o espírito arrogante de sempre: “os acusadores que consigam as provas”. Diante do Estado imutável e cínico.

O combate à corrupção não é esperar simplesmente que os fatos surjam por força dos eventos. É também ir atrás dos mesmos, mesmo quando estes só têm razoável probabilidade de existência ou até de aparecerem.

Será que, entre os angolanos, fica difícil pensar nisso!? Ou só não se pensa nisso, porque existe má fé.

Nelo de Carvalho
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Brasil, Meu Brasil, e o Exemplo de Corrupção

Para quem acha que o nosso alarde contra a corrupção é um exagero. Hoje escrevemos esse artigo para instigar a imaginação dos nossos compatriotas angolanos. O que vou tentar narrar aqui, o ideal seria que o mesmo fosse uma piada, mas infelizmente não é, é uma infeliz e desgraçada realidade, tão real quanto dizer que vivemos num país chamado Angola, onde a corrupção em vez de ser inimigo passou a ser amigo e comparsa do Estado. É o tipo de coisa que só não produz choro, porque fingimos que somos duros e agüentamos tudo, até mesmo ser enganado por mortais comuns. Às vezes tão idiotas ou até mais do que cada um de nós, tudo junto! Mas a vida é mesmo assim, quem tem dinheiro e oportunidades transforma-se em tudo: até em autênticos mentirosos, onde o que nunca falta é o povão com mentalidade desequilibrada que faz questão de acreditar na corja de ladrões que o destino por algum motivo deu mais sorte do que deveria.


O Brasil pode ser tido, igualmente como um país do terceiro mundo, onde a sanzala e a casa-grande fundem-se nos seus contrastes, mesmos com as diferenças, o ódio e a inveja latente entre um lugar e outro existe sempre um sonho comum entre os habitantes dos dois lugares: esse sonho é a transparência que deve existir na arte de se tocar naquilo que é de todos. Aqui o combate à corrupção pelo menos existe, é capenga, mas dá para reconhecer que se tem feito um bom trabalho, pelo menos nos últimos vinte anos. Afinal, o Fernando Color de Melo saltou da cadeira porque foi acusado de corrupto. E não são poucos os políticos brasileiros que tiveram que enfrentar o xadrez por crimes de corrupção. Aqui, também, se engana, mente-se, rouba-se, trafica-se influência e, com certeza, mata-se por tudo isso. Mas pelos menos existe independência entre os poderes e a maioria das instituições; independência e autonomia que facilita o combate à corrupção. Aqui pelo menos existe já uma cultura de se acreditar nas leis e é ela que, por convenção, está acima de todos, é ela que decide até a vontade dos chefes, mesmo quando esses têm vitaliciedade nos cargos públicos. Aqui existe a incansável perseguição contra os corruptos! E ninguém por mais honesto e patriota que seja é confiável, mesmo porque o princípio aqui é assumir que todos possam ser ladrões, todos podem roubar, enfim todos possam cometer desvios.

O sujeito clarividente diante as instituições, dos poderes da republica e, principalmente, diante das leis, não existe; a não ser numa igreja evangélica ou mesmo católica cheia de fanáticos, burros e trogloditas. A lei aqui é lei, e bate o pé e insiste diante de qualquer que seja a situação. É claro que existem decepções. E estas geralmente residem na capacidade do ser humano em saber lidar com a inteligência da própria lei, ou –para que irmos tão longe- lidar com a inteligência do homem comum. Como essa a que vamos narrar agora:

Paulo Salin Maluf ex-governador e ex-perfeito do Estado de São Paulo e da Cidade Capital do mesmo Estado, respectivamente, político de direita, o homem megalomaníaco que inventou e criou um estilo próprio de administração e governação -entre eles apoiar a ditadura militar e perseguir ex-comunistas-, engenheiro em construção civil, tido como o político brasileiro que mais arrombou os cofres públicos, de origem libanesa, vivo – e como!?- esperto e inteligente! Superfaturou obras no valor e nas cifras que arrepiam qualquer ser humano. Contar todas aqui seria até possível, se cada um de vocês pudesse segurar o fígado para que o mesmo não rebentasse de tanto rirem. Uma delas é essa a ser contada.

Em 1996 quando Maluf era prefeito, numa compra de frangos por licitação acredita-se para um hospital ou escola pública, a empresa ganhadora foi da esposa do mesmo prefeito. A arrogância na ilegalidade do ato não termina no fato de que essa licitação favoreceu a empresa de suas esposa. Mas descobriu-se que cada frango comprado chegou a custar aos cofres públicos, R$2.483,00 reais, cada  dólar  hoje no Brasil vale $1,69  real. Aquela cifra é maior que o salário de quase 70% da população brasileira em idade de trabalho.

Isso no Brasil e no Estado de São Paulo, hoje, é mais do que conhecido, porque a justiça e os promotores foram atrás. Investigaram por exaustão, guiando-se simplesmente por suspeitas, boatos e até rumores e encontraram a verdade. Maluf hoje mesmo sendo deputado Federal pelo seu partido representando o Estado de São Paulo está sendo julgado por isso. O julgamento já está em segunda estância, se ele perder a causa será obrigado a devolver o dinheiro aos cofres públicos. Só não existem possibilidades de o sujeito cumprir prisão porque está em idade avançada. O velho safado deve estar rindo a essas horas na cara de todos os brasileiros, mas aqueles que andaram envolvidos no mesmo esquema com ele é bem possível que irão, tarde o cedo, para a cadeia.

E pensar que nessa nossa Angola todos estão limpos, ninguém nunca desviou nada de ninguém, porque não existem provas. Nas escolas e nos hospitais dessa Angola nunca faltam nada, afinal o dinheiro do Orçamento Público sempre chega ao seu destino de forma inteira e “integral”. Num país onde até trabalhadores da função pública, nas melhores empresas do país, ficam até meses sem receberem.

Nelo de Carvalho
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Recado à Velha Guarda

A esperança dos mais jovens e daqueles que estão aqui em "baixo" é ver precisamente que os exemplos das boas atitudes possam sair e partir desse círculo, da "Velha Guarda". Afinal, hoje, não basta dizer que eu lutei, eu combati. Nos tempos de corrupção, em que "todos", precisamente, usam o argumento de que eu fiz aquilo e isso, assim, portanto, mereço regalias ou acomodamento privilegiado; é preciso dar exemplos renovadores e cativadores sem esperar benefícios individuais.

E a Velha Guarda mais do que nunca deveria estar em frente desses exemplos. O militante da Velha Guarda, como qualquer militante desse partido, em vez de estar preocupado com o fato italiano ou francês que deverá vestir-se para enfrentar a reunião do dia seguinte - ou o estado da Mercedes Benz que irá usar para "desembarcar" em frente do edifício em que foi convocado para participar na reunião-, deveria estar preocupado com os atos administrativo partidário que ensejarão suas decisões; quantos irão se beneficiar com os mesmo; se está correto, se vale a pena, se é em benefício da nação; se reflete o ideal do partido: que é o de envolver todos os angolanos num só processo, o processo de reconstrução nacional em que todos tenhamos as mesmas oportunidades.

Além disso, chegou a hora da Velha Guarda assumir, também, a responsabilidade de todas as críticas contra esse partido no que diz respeito a governação: O MPLA por um esquema deliberado de desmantelamento e desordem, e com o objetivo de que os valores burgueses se apoderem do estado angolano e de todas outras instituições, contemplou de maneira acomodada e preguiçosa o apoderamento da máquina estatal pela corrupção e a vaidade dos seus líderes.

É preciso reconhecer, e lutar contra isso, que em nome de uma mudança dos tempos a mais alta direção do partido vem confundindo as "delícias" da sociedade capitalista com a desordem e o bandidismo: ou seja, capitalismo e economias de mercado não são sinônimos de bandidismo. Existem regras! De que a economia de mercado pode ser visto pelo Estado angolano como uma outra arena para se alcançar o desenvolvimento e o progresso do país e talvez a via que está em moda, já que as relações internacionais têm como alternativa essa, a mesma ou o mesmo mercado não pode ser confundido com um celeiro onde o "vale-tudo" é a norma. É preciso adequar os “lucros” do mercado e do Capitalismo a uma sociedade sofrida pela miséria, recém saída de uma guerra e do colonialismo; um colonialismo escravocrata que só soube denegrir com eficiência o homem nessa região do planeta, usando como motivo principal a posição geográfica,  a cor da  pele e as diferênças étnicas. O MPLA deveria ter consciência disso, que o racismo não é um simples capricho, ou uma simples manifestação da mente humana; o racismo e o  tribalismo procedimentos característicos de quem faz oposição  nestas nações colonizadas, nos últimos 500 anos nessa região do planeta, é o entrave principal no entendimento que se deveria ter na construção de uma nação. Assim, sem fugir do tema, fazer do capitalismo uma via possível para atenuar e combater a miséria nisso pode estar o êxito da futura nação angolana. Mas tudo isso se for bem feito e com inteligência.

Estamos querendo dizer que mesmo sendo a sociedade angolana uma sociedade onde os meios de produção sejam privados é preciso termos o hábito de cumprirmos com as normas impostas e estabelecidas e que elas sejam cumpridas por todos. É preciso que se façam leis, e isso inclui a Constituição a bem pouco tempo promulgada, que espelham os interesses de toda a nação, todos os angolanos. É preciso acabar, sim, com os privilégios individuais de proteção que aí existem. Se é proteção é proteção para todos e se é castigo, por se infringir leis, é castigo para todos.

Nós fomos contra essa Constituição por que ela não coíbe claramente o problema da corrupção. Ou seja, não há um instrumento claramente que indique que a corrupção deve ser combatida. A Constituição faz da corrupção um fato que não existe, como as pessoas e os dirigentes que estão em frente do Estado e da nação, faz da mesma um sofisma. Entendemos que toda Constituição reflete os problemas principais de seu povo, isso não acontece com a corrupção. Ela é ignorada simplesmente dando-se poderes excessivos a certos cargos públicos, diga-se ao executivo, evitando ou desestimulando o combate a corrupção ou, ainda, incentivando a mesma. A Constituição faz do chefe do executivo “um todo poderoso” o “vitalício de sempre”. A pergunta é: onde está a Velha Guarda que não evitou isso ou não viu isso? Onde está o MPLA?Ou será que na nova ordem, precisamente na ordem Capitalista, precisamos de vitalícios? A ideia, no nosso ponto de vista, era fazer uma Constituição que protegesse o povo e a nação dos corruptos. O MPLA com o seu Camarada Presidente na cadeira de vitalício não evitou isso, continua vendo nesse um sujeito imaculado "abençoado pela Madre Teresa de Calcutá", o sujeito que seria incapaz de desviar um centavo dos cofres público. Ninguém é obrigado a confiar nisso. Isso só se evita com normas fiscalizadoras e que responsabilizem os agentes públicos em suas funções, quando estes se desviarem dos seus objetivos administrativos e governamentais.

A questão aqui não é saber quem “roubou” ou quem deixou de “roubar”. A questão aqui é evitar que futuros “roubos” se cometam, ou que os futuros atos da administração pública se confundam com os atos da desgovernação e da corrupção. E essa Constituição dita atípica, que devia refletir desejos das imensas maiorias, está longe de evitar isso.

Nelo de Carvalho
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A Quem Pertence a Sonangol!?

O "wawê" do Rafael Marques parece que tem dado certo, desta vez o cinismo do governo angolano não resistiu a pesquisa de um sujeito tarimbado disposto a arriscar tudo. O tudo aqui inclui a própria vida, se Rafael Marques trabalha ou não para a oposição e as forças que sempre se opuseram contra o governo que aí está, isso não entra em causa. A questão aqui é provar que a corrupção existe e que se for investigada os corruptos e os responsáveis por ela aparecerão e a qualquer momento poderão sentar-se no banco dos réus.


O que Rafael Marques na verdade tem mostrado é que nunca existiu  na parte do Governo Angolano e do seu chefe máximo, prometedor de todos os fatos que alegra o povão, interesse para se combater a corrupção. E, ainda, derruba com gesto gigantesco a arrogância dos porta-vozes governamentais e os defensores da visão clarividente da chefia que temos; derruba assim o sofisma mitológico e impenetrável dos tempos do partido único, em que essa chefia vive e vivia no maior desrespeito, como se diz popularmente “picando o dedo no olho de suas vítimas”: o Povo. Que deixou de ser povo, hoje, para serem invejosos e pobres. Uma mistura de um sofisma de arrepiar  com um mito impenetrável do chefe imaculado, resultando num cinismo debochador,  de que a prova devia vir sempre de quem levantasse a acusação; quando se sabe que estamos diante de um estado que nem facilita que os cidadãos levantem tais possibilidades de acusações, e quando assim acontecer o acusador é sempre relegado como um adversário perigoso, às vezes, a ser isolado ou difamado como suposto inimigo de todos: todos aqui, mais uma vez, é o Estado; quando for preciso o MPLA e quando necessário e imprescindível a chefia.

Um estado que não aceita nem a possibilidade de que quem está próximo do mesmo pense que a corrupção existe ao mais alto nível, só poderia transformar o problema da corrupção num sofisma. Assim como transformou o remédio criado por ele mesmo num outro proverbio  para divertir  suas vítimas: o Tolerância Zero.

Se Rafael Marques, mesmo sendo considerado um ótimo jornalista é considerado um péssimo investigador policial ( considerado assim pelos mensageiros de quem se especializaram em defender a corrupção), pode entrar nas víscera desse regime corrupto e podre que só fede a corrupção, e desmascarar o que há de mais podre lá dentro; como os agentes do SINFO, os Promotores da Justiça, a Polícia Nacional de Investigação Criminal, que por lei são os que têm a missão de ir atrás dos ladrões e dos bandidos, não conseguem buscar provas para provar que a corrupção existe?

Uma ponta do esquema já foi descoberta. Vamos ver, agora, se tem algum juiz ou promotor corajoso que vai conseguir se agarrar a tal ponta ou brecha e prosseguir com as investigações. Mesmo porque a resposta da Sonangol não esclarece todas as perguntas. O por quê, por exemplo, que não se prestou esclarecimento muito antes ou na época que o negócio foi feito? Se a justificação da Sonangol é corroborada por alguma lei? Porque se não existir nenhuma lei que dá proteção a esse ato da Sonangol, como ela tentou explicar, o negócio é ilegal. E a justiça e os promotores têm que estar em cima. Nós temos certeza que houve ilegalidade e desvio de verbas públicas nesse negócio. A Sonangol diante da Justiça e da visão dos promotores, se existe, deve estar a altura de provar que ninguém está se beneficiando individualmente dos seus atos e transações. Afinal, a empresa é pública, é de todos os Angolanos! E todos nós temos o direito e obrigação de protege-la.

Isso é que é democracia! Mas para isso precisamos primeiro por começar a denunciar os delapidadores do Patrimônio Público. Vamos ver se alguém mais tem coragem de fazer alguma coisa pelo Tolerância Zero. A próposito, perguntar não é ofender: para militarmos no Tolerância Zero  precisamos nos alistar em algum partido? Ou acaso ser membro desse governo aí?

Nelo de Carvalho
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Viva o 14 de Abril

O dia passou, mas nesse país e em qualquer quer parte do mundo as grandes e renovadoras propostas sempre vêm das massas juvenis. São elas o combustível de qualquer processo revolucionário. E revolucionário aqui se entenda não é querer transparecermos como herói em cima de uma obra já realizada, por certo, por todos, com a participação de todo um povo ou nação.


Revolucionar coisas é também dar satisfação diferente a do cotidiano ao nosso modo de viver, sempre visto como coisa medíocre pelos outros, porque vivemos num país tido como o mais corrupto do mundo, onde seus dirigentes têm se revelado e surpreendido a todos pelos seus atos de incompetência. Revolucionar aqui é ir, precisamente, contra essa corrente da mediocridade, essa corrente que embalou os corruptos e tem acomodado os mesmos, dando a entender as novas gerações de que a obra deles é por “predileção” insuperável.

Revolucionar é ter coragem de negar tudo que está aí, sem que nenhum dos nossos questionamento sejam satisfeito. Tudo que está aí é: corrupção, religião, consumismo desequilibrado e doentio e os valores burgueses de sobrevivência que envolvem tudo aquilo em detrimento do social ou da nação inteira.

Revolucionar, hoje, mais do que nunca, se quisermos deixar de ser visto daquela maneira exposta ( a mediocridade), é fazer cumprir as leis. É ela que evita qual quer tipo de submissão, bajulação e a vida de vitalício que uns até hoje levam por aí, mesmo quando existem imensas dúvidas da obra deles diante desse povo.

Revolucionar é dar um basta a essa vaidade, tipicamente angolana, que se tornou coisa endêmica, tão endêmica quanto às doenças que matam o nosso povo, porque os vaidosos usam precisamente essa condição miserável para se darem bem depois de tantas promessas feitas, promessas proporcionalmente incumpridas com a quantidade estabelecida.

Nada é insuperável nesse país que não seja o seu próprio povo, a sua tradição, a sua cultura, os seus desejos, ansiedade e sonhos; nem os heróis de 4 de Fevereiro, nem os declaradores da nossa independência, os heróis da batalha de Kuito Kuanavale; nada é insuperável enquanto existir um sonho nesse país. E o grande sonho hoje é o combate à corrupção e educar esse povo.

E, ainda, assustar os acomodados, pondo precisamente o Povo e a Nação inteira contra os corruptos. Façamos disso um sonho também daqueles que souberam protagonizar o 14 de Abril.

Nelo de Carvalho
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O Tolerância Zero Não Pode Terminar no Desabafo de Um Corrupto!

A falta de legitimidade para combater a corrupção é o maior problema do atual governo angolano. Nisso esbarrou o slogan lançado pelo seu chefe de que existiria uma Tolerância Zero. Esbarrou, incluso, o processo do BNA, nunca anunciado pelo Jornal de Angola, órgão de comunicação pública que se especializou em defender os governantes corruptos desse país. BNA, processo anunciado por um meio de comunicação privado que soube mostrar aquilo que todos já esperávamos desta mesma publicação, fingir que é livre e independente do poder que temos hoje, quando se sabe que seus proprietários são membros desse governo e defensores de um regime caracterizado pela corrupção e a desordem. Essa publicação que surgiu com todos os privilégios, atropelando normas e regras em que, supostamente, todos estão expostos, apareceu no mercado até com a fama de contratar mercenários da imprensa portuguesa, muito deles desempregados e ex- agentes da PIDEDGS, que viram na atual situação do país o celeiro apropriado para ganharem dinheiro, em detrimento dos esforços profissionais dos intelectuais desse país. Tudo isso com o olhar “silencioso” do Partido que está no poder, o Estado contaminado pelo vício da corrupção e por uma justiça que soube fazer da corrupção a sua parceira; um casamento entre esta e aquela tipicamente homossexual, refletindo um retrato de quem sofre de degradação continua.


A Justiça em Angola é pior que a Corrupção e se identifica com ela. Aquela uma instituição reconhecida pelo Estado que deveríamos confiar e depositar esperanças, um instrumento de poder da nação. Esta, a prostituta que vive da sua essência, namorando a tudo, sem se importar o gênero da vítima; aquela se rendendo a esta e desarmada da sua espada e da balança que acompanham a mesma para desempenhar sua função. A cegueira absoluta, que deveria ser uma virtude, convém para salvar os homens do governo que são corruptos. Isso é uma verdade irrefutável, o caso BNA está aí para provar nossa afirmação.

O Estado tornou-se imoral, antiético e nem sabe por onde começar a combater a corrupção, é, por certo, a instituição mais desacreditada no país; só vale para prender quem se opõe ao chefe e quem ridiculariza sua vaidade; o caso Miala é o retrato do papel desse Estado, corrupto e delinqüente, que justifica seus atos com atitudes cínicas do não-fazer ou fazer manifestando arrogância. E que faz da mesma o procedimento mais adequado de interação com o cidadão e a sociedade intera. Ele mesmo, num ato de ignorância e estupidez, tem calado a boca dos seus defensores tornando estes cada vez mais afônicos. Esse é o caso de não podermos, por exemplo, enfrentar uma organização guiada pelo espírito confuso de defender direitos humanos. Quando soubemos que as demolições constituem um ato de justa causa perante a lei e ainda uma maneira de prevenir desastres no futuro, assim como tentar organizar o processo de urbanização em todos os grandes centros desse país.

Mais uma vez, o Estado e os seus agentes que procuram fazer cumprir a lei do carmartelo têm razão, sim, diante das demolições. Mas como defender um estado que nem conseguiu dar a continuação num processo de corrupção que ficou escancarado diante de todos? E o pior, numa instituição que devia ser tido, ou é tido, como a instituição mais segura de qualquer nação. Um estado que não tem instrumentos e mecanismo para evitar fraudes que qualquer leigo desinteressado no tema detectaria, que legitimidade pode ter para combater uma ONG chama de OMUNGA? Como seus agentes, também, às vezes, maltratados pela miséria, a fome e a corrupção, enfrentariam os baderneiros e desordeiros da OMUNGA?

De que o estado tem razão para destruir casas em lugares inapropriados e que foram adquiridos sem cumprir as regras básicas de alienação ou de posse de propriedade é um fato, que se torna indiscutível. Estamos convencidos disso, porque ainda acreditamos no bom senso dos governantes desse país: eles não seriam tão atrevidos e ingênuos de saírem demolindo casas de moradores pacatos que passaram por todos os processos legais para adquirirem seus bens. Os gestos de demolição, por mais dramático que sejam, devem ser entendidos como uma maneira de se pôr ordem no caos estabelecido nesses longos anos de guerra em que o controle do estado era quase inexistente para regularizar e dar diretrizes num processo que hoje se usa como objetivo político, para desgastar cada vez mais quem está no poder: processo de urbanização e distribuição de terras. Esse desgaste torna-se inevitável quando se sabe que a promessa do Tolerância Zero se transformou num ato de zombaria para os milhões de angolanos, que nem conseguem ver o desfecho de um processo como o do BNA.

A verdade é que, na falta de legitimidade do governo para exercer governança, tanto a OMUNGA e os militantes Kwachas infiltrados nessa organização, não tem moral para falar de direitos humanos, que foram violados exaustivamente na época em que estes sonhavam em tomar o poder e que seriam violados, igualmente, se quem estivesse no governo seriam os que hoje representam OMUNGA como organização não governamental.

OMUNGA da mesma forma que recorreu a lei para manifestar sua existência legal e bater o pé para se manifestar contra as demolições, deveria recorrer a lei para concluir até que ponto as vítimas das demolições estavam dentro de uma certa legalidade. Também deve ser tarefa do Estado recorrer a justiça, mostrar que seus atos então dentro da lei, antes de sair por aí demolindo estabelecimento e casas com a arrogância característica de quem está governando há mais de trinta anos o país.

Dá para notar que todos nós, OMUNGA, Estado, Governo, MPLA, oposição, governadores e Presidente da República somos todos vítimas da falta de cultura e o espírito arrogante de não cumprirmos com as leis. Uma democracia constrói-se com leis e qualquer desgraça pode ser evitada com as mesmas. O cumprimento das mesmas é a maneira que se tem, não só para sairmos da barbárie, fomentada pelo próprio Estado, constituem também uma maneira de se mandar à justiça e cumprirem penalidades, se for o caso, qualquer baderneiro e vândalo metido a defensor dos direitos humanos.

Com a ineficiência do Estado angolano, do governo corrupto e do olhar silencioso do Bureau Político do MPLA, seu Comitê Central e toda militância de heróis e privilegiados que aí temos, fica mesmo difícil não acreditar que aquela turma possuída pela raiva não é defensora dos direitos humanos. Para estes se afirmarem de verdade só falta mesmo um governo “democrático e legítimo” no hemisfério ocidental reconhecer e dar o apoio aos mesmos. Sorte essa que não vem, porque já não estamos na época da guerra fria, e o comunismo aqui é coisa do passado.

Mas nossa missão não é a construção do comunismo num país onde ninguém consegue sair da barbárie. É simplesmente fazer com que no meio de tanta confusão alguém tome a iniciativa de começar a cumprir com as leis. Esse alguém está bem definido na Constituição, ao menos legalmente, e é o Estado. Politicamente é tarefa do MPLA, não só ver adversários e inimigos em todas as partes, mas evitar que esse tipo de suspeita se concretize com suas ações. Se antes eram as iniciativas políticas que davam legitimidade e moral a esse partido para vencer e engolir seus adversários, hoje deve ser o espírito do cumprimento da lei, que, sinceramente, está difícil enxergar isso.

Se dissermos que as denuncias, ainda sendo anônimas, que envolvem o ministro Rebelais é tudo boato, por isso vamos esquecer, ou fechar o nariz. Isso não é ingenuidade ou estupidez, isso é cumplicidade; cumplicidade de todos. Cumplicidade do MPLA, do Estado, do Presidente da República e da justiça. Esta como sempre absolutamente cega, tão cega que prefere não enxergar nada, nisso já consiste em deixar de lado o caso BNA, para não envolver quem verdadeiramente deveria ser envolvido. Quem sabe, consiste até em ameaçar e desacreditar a imprensa para não informar e ir atrás da verdade.

Para terminar evocamos o seguinte: O Tolerância Zero não pode terminar no desabafo de um corrupto! É preciso dar “continuação” naquilo que nunca começou.

Nelo de Carvalho
Nelo6@msn.com
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Zenú Brigadeiro, e nós?

A Revolução Cubana com fatos e uma realidade incontestável tem mostrado ao mundo o quanto a população desse país beneficia-se e beneficio-se ao longo dos quase 50 anos do processo social que tem o mesmo nome. O Estado cubano fez do benefício do seu povo a razão de sua existência e fortaleceu-se como um estado maduro e experiente em nome do bem-estar da sua população.

Falamos isso por experiência própria e não por dedução, falamos isso porque nossa admiração por aquela nação nasceu como produto de um princípio que rege este mesmo estado: “que o benefício do seu povo se estenda como tentáculos e germine frutos por onde mais se faz necessário a obra humana”. Nós somos um produto desses tentáculos, cambaleante, mas que não temos porque nos arrepender.

Fizemos essa introdução para instigar uma analogia de como o Estado Angolano nasceu que, por certo, reconheça-se nasceu muito bem, e talvez com a influência daquele primeiro. O problema é como, posteriormente, a corrupção e outros prazeres humanos andaram edificando o mesmo e descaracterizando seus objetivos. Nesses prazeres o que mais vamos destacar é o culto de personalidade, que passou a ser o monstro da descaracterização; descaracterização que passou a ser identificado como um processo para render homenagem à chefia. Hoje depois de trinta cinco anos de independência a gratidão do nosso povo para com os seus chefes é quase eterna, transformou-se em uma dívida a ser paga de maneira incondicional. Até parece que os mesmos chegam a ser uma espécie de monarquia oriental, onde toda carga de poder dos mesmos e privilégios já recai automaticamente sobre os descendentes. Que hoje depois de trinta e cinco anos de independência tudo são e tudo têm. Assim, não há crimes que estes ou aqueles cometam que possam ser investigados e julgados; não há erros que os mesmos cometam que possam ser criticados e censurados; não há “deslizes sub-humanos” que os mesmos cometam que possam ser ridicularizados. Ao contrário, o endeusamento passou a ser a continuação da vaidade de cada um deles. Essa vaidade que se transformou no maior êxito já conquistado pelo Estado Angolano, essa vaidade que é tido como o logro de um processo protagonizado e mantido por milhões, mas que se transformou em um fenômeno, talvez de uma família, de um clã, ou de uma dúzia de chefios e generais; hoje todos aburguesados cuspindo em cima dos trapos daqueles que são pobres, os verdadeiros mantenedores desse mesmo processo. Afinal, por mais fracassada que seja, não se faz uma revolução com meia dúzia de bravos combatentes, guerrilheiros ou generais.

Nem vou me dar o trabalho de comparar alguns seres privilegiados com os seletos grupos de heróis combatentes, aqui mais uma vez, os Antigos Combatentes. Estes que estão a um nível de incomparabilidade com qualquer mortal angolano. Já que esse tipo de comparação seria uma falta de consideração e de respeito, talvez imperdoável. E não estou afim de ser declarado inimigo do povo, inimigo da nação, inimigo do Estado, ou, pior ainda, inimigo do “governo” que aí está. Esse governo corrupto..!!!!!!!!

A propósito, para o sossego de todos, entre os privilegiados estamos nós. E a comparação é precisamente intrínseca, entre todos privilegiados que devem aos mortos pela conquista da nossa independência e pela missão de derrotarmos o regime racista da África do Sul. Aquilo que o cantor cubano, Silvio Rodriguez, no contexto da Revolução Cubana, chama de: “los muertos de mi felicidade” . É uma alusão a todos aqueles que lutaram pela pátria e que hoje diretamente ou indiretamente provocam o riso de milhares de crianças, ou se quiserem, também, de milhões de seres humanos.

Estou quase no final do meu texto e não consigo coordenar as palavras precisas para fazer a comparação que nos interessa a todos nós. Vou usar pessoas simples para comparar gente de alto quilate. Estou aqui dizendo comparar não nivelar, não é minha intenção nivelar as pessoas. E para isso vou usar aquela comunidade de mortais simples que não tiveram a mesma sorte que o Brigadeiro Zenú. Aquela comunidade de estudantes Angolanos em Cuba, na Ilha da Juventude, que, por certo, sem redundância, devem tanto aos mortos de nossas felicidades.

Se Zenú é Brigadeiro, o que são a comunidade de mais de dois mil estudantes angolanos, que viveram até entre dez à quase quinze anos naquele arquipélago, respeitando os mandamentos revolucionários ditados pela OPA, JMPLA e o próprio MPLA? Acaso esses não merecem proteção especial pela sua missão!? Que nunca foi tão simples assim.

Nelo de Carvalho
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Brasil, Negócios Sujos e a Arte da Safadeza

O brasileiro, como todo latino americano, têm a fama de ser gente boa, gente solidária e simpática e que no mundo moderno adaptam-se rapidamente a qualquer cultura, mesmo quando o racismo e a xenofobia corroem hoje os destinos da humanidade.


Nada contra esse povo de mestiços que deliberadamente adotei como a segunda pátria. Mas fazer negócios com os nossos primos aqui pode gerar crescimento de cabelo onde menos você espera e a alerta vai para os nossos “generaiszinhos” milionários e gente tacanha, que não sabem aonde investir suas fortunas. A arte de zombar aqui faz parte do cotidiano das pessoas, principalmente, quando as vítimas têm dinheiro no bolso. O brasileiro tem faro para enxergar o milionário vindo de um país da periferia, com uma fortuna às vezes suspeitosa, trazendo título de monarca de qualquer sanzala africana, essa sanzala pode ser o país do angolanos, que assim é governado. País da periferia é, por certo, uma expressão preconceituoso que a imprensa brasileira usa, os economistas e sociólogos, para se referirem ao resto do mundo fora da Europa e dos Estados Unidos. Como dizia Bob Marley, “é mais uma expressão para facilitarem o domínio deles sobre nós”.

Não faltam boas recepções e grandes elogios para essa turma de milionários, geralmente ladrões e corruptos. E nisso se inclui a oferta de negócios que deixam muito a desejar, onde o visitante estrangeiro não precisa fazer muito esforço, já que contará com uma turma de especialistas na área de investimentos e negócios. Depois de todos os agrados feito nesse paraíso do Novo Mundo nosso milionário só tem que ceder sua parte nos negócios, às vezes, um negócio literalmente podre, sem destino nenhum. Esse foi o caso daquele negócio do Canal de TV do Netinho de Paula, aquele sujeito mulherengo e batedor de mulheres que atraiu uma turma, que não deve ser tão grande assim, de acionistas e milionários angolanos para investirem num canal de TV para a comunidade negra no Brasil. Moral da história o canal nunca foi ao ar. E o dinheiro investido sumiu, como gota de água que cai em chapa quente ou frigideira quente. Uma boa maldição para os corruptos e a turma dos ladrões do dinheiro do povo.

Convenhamos, se o perdão para turma daqueles que gostam desviar o orçamento público para outros fins fosse aceito, a condição mínima é de que os mesmo, minimamente, deveriam investir o dinheiro roubado dentro do próprio país. Afinal entre 40 a 60% do PIB europeu, no mínimo, também deve ser dinheiro roubado ou desviado de vários orçamentos públicos. A diferença é que o ladrão europeu investe na sua aldeia, às vezes, na sua própria fazenda. O nativo africano quer imitar o estilo de vida daqueles que o colonizaram, dando emprego e salários roubado da sua sanzala ao exercito de desempregados do Velho Continente ou no caso, agora, para o Novo Mundo.

E o objetivo é tentarmos esclarecer aos nossos compatriotas, que, o que não falta aqui na outra costa do Atlântico é trapaceiro, gente viva, que vê no nativo um sujeito ingênuo, fácil de ser enganado. Um sujeito trapalhão que às vezes nem sabe valorizar a riqueza que tem.

Eu por, exemplo, se tivesse dinheiro, principalmente se o mesmo viesse do orçamento público, não importa a sua origem, jamais investiria numa companhia aérea, muito menos em iminência de quebrar. Companhia aérea no Brasil só vale para duas coisas, para você esperar eternamente num aeroporto pelo seu voo e morrer de tanta raiva, ou então decolar num dos seus aviões e esperar que o mesmo avião caia a qualquer momento e você morrer em qualquer um dos aviões. Tem milionário nesse país, chamado de o Grande Brasil, que não receberia nem de graça ações de uma companhia área, imagina agora investir sua fortuna nesse negócio.

Ser tido como um idiota é o que pode dar quando se é mão de vaca, o brasileirismo que significa ser: mão dura e tacanho ou então, ainda, andar de cotovelos! Tem gente que não merece ser alertado!



Nelo de Carvalho
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O País Das Aranhas XLVII

As Metamorfoses Não Estão Em Nós


Aqui no club-k por mil e um motivos fomos acusados várias vezes de ser uma espécie de camaleão quando se trata de fazer política e criticar, há quem diz por aí que somos uma espécie de pendulo oscilando de um lado para outro, nós diríamos “bater” de um lado para outro. Sem querer provar nada e desmentir fatos de quem assim formou uma opinião sobre nossas posições vamos tentar argumentar que as mudanças radicais não estão, às vezes, naqueles que tanto enxergam problemas, mas na classe de políticos reacionários que dirigem o nosso país e das diferentes representações, ditas sociedades civis, que compõem o espetro da sociedade angolana. É muito popular entre os angolanos a expressão em calão ou gíria: “estamos paiados”. E é disso que este texto vem a alertar. Não queremos ser vendidos a ninguém! Por favor....!!!

Como sempre esse é mais um artigo do Não. E que vem desmascarar o oportunismo Cristão da Igreja Católica e de todas as igrejas que levam o nome desse senhor, Cristo.

Pôr nossos ouvidos, e em particular a dos representantes do povo, da Assembléia Legislativa, o do Poder Executivo e o do MPLA, a serviço da igreja para discutirmos a laicidade do Estado, um tema ultrapassado e resolvido, que soluciona muitos dos problemas contemporâneos, é ofender a inteligência de uma nação. E até mesmo daqueles que andaram lutando pela independência desse país. É, mais uma vez, tornar vitorioso o colonialismo português, a escravidão e a própria evangelização que, é em definitiva, para todos nós um desastre.

É pôr em cheque a nossa dignidade e querer dar a continuação pela destruição a toda uma cultura de um povo que, originalmente, não tem nada a ver com o cristianismo. Nós não viemos de Jerusalém, não participamos nunca em nenhuma das guerras das Cruzadas, em nada nos identificamos com a cidade de Jerusalém, onde se precisou dar a vida, de maneira estúpida e ignorante pelo senhor Cristo. Nunca nenhum dos nossos antepassados teve obrigação moral, espiritual, social ou até econômica de morrer pela aquela cidade construída de entulhos e pedras que, por certo, nunca teve significado nenhum, a não ser para o bando de exércitos formados por soldados ignorantes que há três mil ou dois mil anos atrás nunca souberam porque andaram dando suas vidas por aquele miserável lugar.

A democracia e a economia de mercado não são sinônimos de vendas da alma de um povo ao diabo e isso inclui ao senhor Jesus Cristos, a esse número de igrejas que aí estão, ao Vaticano, ao catolicismo moribundo e escroto e aos pedófilos que habitam os recinto daquela cidadezinha tão repugnante quanto Jerusalém. E o MPLA e os seus dirigentes devem ter lucidez e discernimento de enxergar e ver o que é obvio.

Definitivamente, esse partido que agora tem o poder nas mãos deveria no mínimo estar em condições de preservar a consciência social, o espírito, ou seja, a alma dessa nação e não oferecer a quem quer que seja.

Pela prerrogativa que tem o MPLA nós clamamos e suplicamos em nome de todos angolanos, e é justo que assim seja, diante desse partido, dos seus dirigentes, do Presidente da República de que a laicidade do Estado Angolano é um tema solucionado e que nem deve ser motivo de discussão em nenhuma esfera do poder estatal e político desse país. E que igreja nenhuma tem competência autoridade e poder para provocar alterações na constituição a favor de quem quer que seja.

O que a Igreja Católica quer? O fim do comunismo não pode ser interpretado como o início da barbárie, onde tudo se permite até regressar ao passado de mentalidade colonial e escravocrata modelado e formatado pelo espírito cristão. Que com todo êxito ajudou a colonizar esse país e o continente. Onde está o MPLA nesse momento em que todos nós, inocentes ou não, indefesos ou não, precisamos deste partido para nos livrarmos dessa aberração?

Manter a laicidade do Estado, que deveria continuar a ser confesso e estritamente ateu, é uma missão incumbida ao MPLA. É a esse partido que podemos fazer chegar nossas vozes, gritar e berrar: não a igreja e que ela fique longe do Estado para sempre, quanto mais distante melhor, quanto mais calada melhor, quanto mais cega diante dos problemas sociais e do Estado melhor –como ela fez e fazia durante os últimos 500 anos de escravidão e colonialismo.

Quem é que mudou tanto ao longo desses quase trinta e cinco anos!?

Nelo de Carvalho
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