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terça-feira, 27 de abril de 2010

Brasil, Meu Brasil, e o Exemplo de Corrupção

Para quem acha que o nosso alarde contra a corrupção é um exagero. Hoje escrevemos esse artigo para instigar a imaginação dos nossos compatriotas angolanos. O que vou tentar narrar aqui, o ideal seria que o mesmo fosse uma piada, mas infelizmente não é, é uma infeliz e desgraçada realidade, tão real quanto dizer que vivemos num país chamado Angola, onde a corrupção em vez de ser inimigo passou a ser amigo e comparsa do Estado. É o tipo de coisa que só não produz choro, porque fingimos que somos duros e agüentamos tudo, até mesmo ser enganado por mortais comuns. Às vezes tão idiotas ou até mais do que cada um de nós, tudo junto! Mas a vida é mesmo assim, quem tem dinheiro e oportunidades transforma-se em tudo: até em autênticos mentirosos, onde o que nunca falta é o povão com mentalidade desequilibrada que faz questão de acreditar na corja de ladrões que o destino por algum motivo deu mais sorte do que deveria.


O Brasil pode ser tido, igualmente como um país do terceiro mundo, onde a sanzala e a casa-grande fundem-se nos seus contrastes, mesmos com as diferenças, o ódio e a inveja latente entre um lugar e outro existe sempre um sonho comum entre os habitantes dos dois lugares: esse sonho é a transparência que deve existir na arte de se tocar naquilo que é de todos. Aqui o combate à corrupção pelo menos existe, é capenga, mas dá para reconhecer que se tem feito um bom trabalho, pelo menos nos últimos vinte anos. Afinal, o Fernando Color de Melo saltou da cadeira porque foi acusado de corrupto. E não são poucos os políticos brasileiros que tiveram que enfrentar o xadrez por crimes de corrupção. Aqui, também, se engana, mente-se, rouba-se, trafica-se influência e, com certeza, mata-se por tudo isso. Mas pelos menos existe independência entre os poderes e a maioria das instituições; independência e autonomia que facilita o combate à corrupção. Aqui pelo menos existe já uma cultura de se acreditar nas leis e é ela que, por convenção, está acima de todos, é ela que decide até a vontade dos chefes, mesmo quando esses têm vitaliciedade nos cargos públicos. Aqui existe a incansável perseguição contra os corruptos! E ninguém por mais honesto e patriota que seja é confiável, mesmo porque o princípio aqui é assumir que todos possam ser ladrões, todos podem roubar, enfim todos possam cometer desvios.

O sujeito clarividente diante as instituições, dos poderes da republica e, principalmente, diante das leis, não existe; a não ser numa igreja evangélica ou mesmo católica cheia de fanáticos, burros e trogloditas. A lei aqui é lei, e bate o pé e insiste diante de qualquer que seja a situação. É claro que existem decepções. E estas geralmente residem na capacidade do ser humano em saber lidar com a inteligência da própria lei, ou –para que irmos tão longe- lidar com a inteligência do homem comum. Como essa a que vamos narrar agora:

Paulo Salin Maluf ex-governador e ex-perfeito do Estado de São Paulo e da Cidade Capital do mesmo Estado, respectivamente, político de direita, o homem megalomaníaco que inventou e criou um estilo próprio de administração e governação -entre eles apoiar a ditadura militar e perseguir ex-comunistas-, engenheiro em construção civil, tido como o político brasileiro que mais arrombou os cofres públicos, de origem libanesa, vivo – e como!?- esperto e inteligente! Superfaturou obras no valor e nas cifras que arrepiam qualquer ser humano. Contar todas aqui seria até possível, se cada um de vocês pudesse segurar o fígado para que o mesmo não rebentasse de tanto rirem. Uma delas é essa a ser contada.

Em 1996 quando Maluf era prefeito, numa compra de frangos por licitação acredita-se para um hospital ou escola pública, a empresa ganhadora foi da esposa do mesmo prefeito. A arrogância na ilegalidade do ato não termina no fato de que essa licitação favoreceu a empresa de suas esposa. Mas descobriu-se que cada frango comprado chegou a custar aos cofres públicos, R$2.483,00 reais, cada  dólar  hoje no Brasil vale $1,69  real. Aquela cifra é maior que o salário de quase 70% da população brasileira em idade de trabalho.

Isso no Brasil e no Estado de São Paulo, hoje, é mais do que conhecido, porque a justiça e os promotores foram atrás. Investigaram por exaustão, guiando-se simplesmente por suspeitas, boatos e até rumores e encontraram a verdade. Maluf hoje mesmo sendo deputado Federal pelo seu partido representando o Estado de São Paulo está sendo julgado por isso. O julgamento já está em segunda estância, se ele perder a causa será obrigado a devolver o dinheiro aos cofres públicos. Só não existem possibilidades de o sujeito cumprir prisão porque está em idade avançada. O velho safado deve estar rindo a essas horas na cara de todos os brasileiros, mas aqueles que andaram envolvidos no mesmo esquema com ele é bem possível que irão, tarde o cedo, para a cadeia.

E pensar que nessa nossa Angola todos estão limpos, ninguém nunca desviou nada de ninguém, porque não existem provas. Nas escolas e nos hospitais dessa Angola nunca faltam nada, afinal o dinheiro do Orçamento Público sempre chega ao seu destino de forma inteira e “integral”. Num país onde até trabalhadores da função pública, nas melhores empresas do país, ficam até meses sem receberem.

Nelo de Carvalho
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