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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Zenú Brigadeiro, e nós?

A Revolução Cubana com fatos e uma realidade incontestável tem mostrado ao mundo o quanto a população desse país beneficia-se e beneficio-se ao longo dos quase 50 anos do processo social que tem o mesmo nome. O Estado cubano fez do benefício do seu povo a razão de sua existência e fortaleceu-se como um estado maduro e experiente em nome do bem-estar da sua população.

Falamos isso por experiência própria e não por dedução, falamos isso porque nossa admiração por aquela nação nasceu como produto de um princípio que rege este mesmo estado: “que o benefício do seu povo se estenda como tentáculos e germine frutos por onde mais se faz necessário a obra humana”. Nós somos um produto desses tentáculos, cambaleante, mas que não temos porque nos arrepender.

Fizemos essa introdução para instigar uma analogia de como o Estado Angolano nasceu que, por certo, reconheça-se nasceu muito bem, e talvez com a influência daquele primeiro. O problema é como, posteriormente, a corrupção e outros prazeres humanos andaram edificando o mesmo e descaracterizando seus objetivos. Nesses prazeres o que mais vamos destacar é o culto de personalidade, que passou a ser o monstro da descaracterização; descaracterização que passou a ser identificado como um processo para render homenagem à chefia. Hoje depois de trinta cinco anos de independência a gratidão do nosso povo para com os seus chefes é quase eterna, transformou-se em uma dívida a ser paga de maneira incondicional. Até parece que os mesmos chegam a ser uma espécie de monarquia oriental, onde toda carga de poder dos mesmos e privilégios já recai automaticamente sobre os descendentes. Que hoje depois de trinta e cinco anos de independência tudo são e tudo têm. Assim, não há crimes que estes ou aqueles cometam que possam ser investigados e julgados; não há erros que os mesmos cometam que possam ser criticados e censurados; não há “deslizes sub-humanos” que os mesmos cometam que possam ser ridicularizados. Ao contrário, o endeusamento passou a ser a continuação da vaidade de cada um deles. Essa vaidade que se transformou no maior êxito já conquistado pelo Estado Angolano, essa vaidade que é tido como o logro de um processo protagonizado e mantido por milhões, mas que se transformou em um fenômeno, talvez de uma família, de um clã, ou de uma dúzia de chefios e generais; hoje todos aburguesados cuspindo em cima dos trapos daqueles que são pobres, os verdadeiros mantenedores desse mesmo processo. Afinal, por mais fracassada que seja, não se faz uma revolução com meia dúzia de bravos combatentes, guerrilheiros ou generais.

Nem vou me dar o trabalho de comparar alguns seres privilegiados com os seletos grupos de heróis combatentes, aqui mais uma vez, os Antigos Combatentes. Estes que estão a um nível de incomparabilidade com qualquer mortal angolano. Já que esse tipo de comparação seria uma falta de consideração e de respeito, talvez imperdoável. E não estou afim de ser declarado inimigo do povo, inimigo da nação, inimigo do Estado, ou, pior ainda, inimigo do “governo” que aí está. Esse governo corrupto..!!!!!!!!

A propósito, para o sossego de todos, entre os privilegiados estamos nós. E a comparação é precisamente intrínseca, entre todos privilegiados que devem aos mortos pela conquista da nossa independência e pela missão de derrotarmos o regime racista da África do Sul. Aquilo que o cantor cubano, Silvio Rodriguez, no contexto da Revolução Cubana, chama de: “los muertos de mi felicidade” . É uma alusão a todos aqueles que lutaram pela pátria e que hoje diretamente ou indiretamente provocam o riso de milhares de crianças, ou se quiserem, também, de milhões de seres humanos.

Estou quase no final do meu texto e não consigo coordenar as palavras precisas para fazer a comparação que nos interessa a todos nós. Vou usar pessoas simples para comparar gente de alto quilate. Estou aqui dizendo comparar não nivelar, não é minha intenção nivelar as pessoas. E para isso vou usar aquela comunidade de mortais simples que não tiveram a mesma sorte que o Brigadeiro Zenú. Aquela comunidade de estudantes Angolanos em Cuba, na Ilha da Juventude, que, por certo, sem redundância, devem tanto aos mortos de nossas felicidades.

Se Zenú é Brigadeiro, o que são a comunidade de mais de dois mil estudantes angolanos, que viveram até entre dez à quase quinze anos naquele arquipélago, respeitando os mandamentos revolucionários ditados pela OPA, JMPLA e o próprio MPLA? Acaso esses não merecem proteção especial pela sua missão!? Que nunca foi tão simples assim.

Nelo de Carvalho
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