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Senhor Procurador, é Tudo Mentira!

De que o Senhor não pode acusar nem promover uma investigação contra o seu próprio chefe isso é desastrosamente compreensível. Mas o que não aceitamos, e é algo que ninguém pode nos convencer, é de que a quadrilha de ladrões que andaram arrombando o Banco Central, vulgo BNA, são simplesmente os quarentas.

Verdade diga-se, literalmente, o BNA não foi assaltado, ele é, e sempre foi, vítima de má gestão. Um processo que vem acontecendo, é bem possível, nos últimos trinta ou vinte anos. E isso não é o tipo de problema que se resolve, simplesmente, penalizando e perseguindo o cardume de sardinhas que vive nadando nas águas contaminadas da Baía de Luanda. É preciso ir além da Baía, é preciso navegar no Oceano da corrupção. Onde o Senhor também nada e conhece lá muita gente! É preciso - no mínimo- assustar os corruptos, principalmente, aqueles que se sentem acima de todos e de tudo que existe por aí! Tudo que existe por aí não é pouco: é o povo e o país inteiro, que clamam por transparências. E porque não dizer: justiça!

Todas as perguntas diante do caso BNA são feitas e ninguém, mais ninguém mesmo, consegue responder. Uma delas é: “se José Pedro de Morais foi considerado como o melhor ministro das finanças e ganhou prêmios internacionais, por que então o PR, Presidente da República, exonerou o mesmo”? Num país onde a carência e deficiência de quadros é visivelmente latente! Ele poderia continuar a trabalhar na mesma pasta por toda sua vida, se verdadeiramente foi tão bom assim como se proclamou. Poderia continuar lá até que um dia substitui-se quem o pois no cargo de Ministro de Finanças, ou seja, consagrado-se um dia como Presidente da República. Isso não pode ser impossível, já que onde existe a seriedade, o mérito deve prevalecer. E estamos supondo que esse governo aí, e o seu clarividente presidente são gente sérias. O que aconteceu com aquele, já conhecido hoje por todos como ladrão –porque assim os “boatos” o denunciaram -, para não continuar na posição onde estava!?

As exonerações presidenciais, pantomima de quem governa um país como alguém que apresenta uma assembléia de palhaços diante de uma platéia num circo, constituem o último fato administrativo num ambiente governamental que há mais de trinta anos nos habituou a corrupção. Mais além disto, é a impunidade habitual e a resignação de se viver num país onde se falar de justiça transformou-se numa utopia. É o cinismo transformado em seriedade de quem nos governa, transformado na atitude do “camarada” que tudo faz e não merece ser questionado, transbordando o recipiente da paciência de milhões de cidadãos! Afinal, trinta anos, não são três meses.

A verdade é que vivemos num país de perguntões, onde nunca ninguém aparece para dar respostas a tantas inquietações. E isso é quando a pergunta já não se transforma em argumento de acusação e julgamento. Os acusados e julgados, nas suas aventuras e descaramentos – “de que eu posso e devo tudo”-, vêem nessas perguntas, a títulos de boatos , sem respostas o meio onde tudo se acomodará novamente. Um fenômeno bem-vindo e gerado pela cultura da impunidade onde o chefe, general, responsável e os heróis da pátria “jamais” podem ser acusados pelos seus atos maléficos. Definitivamente Angola é o País dos Generais que tudo podem! Até mentirem descaradamente, zombarem das pessoas e do bom senso que ainda resta a cada um de nós seres humanos. E principalmente angolanos!

Por que acreditarmos que o desvio do dinheiro público só acontece com as sardinhas que navegam na Baía de Luanda? A quem o governo angolano pode convencer usando esses argumentos fracos e debochadores?

A pergunta não precisa vir do governo, da Administração Pública, ou mesmo do seu chefe; esse nunca respondeu nada, não se sente obrigado para tal; afinal, suas famosas nomeações e exonerações servem para isso; pôr a falar os seus subordinados e sequazes generais.

Uma coisa é certa, nem ele, nem o resto da tropa enganam mais esse “curral de eleitores”!

Nelo de Carvalho
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Português bom, é Português Comunista!

Mas um dos nossos se foi, ou melhor descansou, e o que ficou dele, seu espírito e sua obra, estará por longos tempos ao lado daqueles que mais ele defendeu: os pobres e os humildes deste mundo.


José Saramago, confesso que li muito pouco da sua obra, mas o que se diz sobre o mesmo é que é o maior fenômeno cultural ou literário lusitano depois da Revolução dos Cravos. Sem contar que é o único Nobel da literatura portuguesa até hoje. O último fenômeno pode tornar o mesmo na maior personalidade lusitana dos últimos cem anos.

Para a minha avô, que traumatizada com o desaparecimento dos seres queridos na “guerra” de 1961 ( engolidos pelo fascismo colonial português), e que erroneamente, desconfiava dos “brancos” e dos portugueses tenho certeza que este, mesmo sendo ateu, seria bem-vindo na nossa aldeia. A “típica” aldeia africana, longe e isolada do mundo, onde o homem branco ao chegar é visto com desconfiança e as crianças saem em fuga precipitada.

Até os que o odiavam seu atrevimento de ridicularizar a igreja, a bíblia e toda mistificação religiosa e estúpida , além da inveja, não deixaram de admirá-lo. Inveja porque seus adversários lusitanos não excitavam em dizer que o mesmo só ganhou o Premio Nobel por suas convicções políticas como escritor. O que é uma tremenda mentira. Se assim fosse, dir-se-ia, então, que Saramago foi o único que ganhou tal premio por ser comunista. O que é impossível e irreal, afinal, o que não falta na Academia Suécia e os júris do tal premio é agentes da CIA infiltrados e anticomunistas. Que o digam os intelectuais dos antigos países do Leste Europeu na era Soviética.

Pode se dizer que em nossos dias, de tantas crenças, onde as verdades são desprezadas e omitidas, Saramango é o Homem que matou deus( não está errado, é mesmo com letra minúscula) , literalmente. E não só pela sua falta de credibilidade, já que é nisso que reside sua existência, mas por este ser chato, mentiroso, desonesto e parecido com o que há de mais ruim na espécie humana. Aquilo tudo que o mesmo prega e rejeita como condição para estarmos bem e de agrado com ele. Ele é precisamente o inverso de tudo que exige de nós e demonstra ser!

O Homem, Saramago, declarou: deus é o lado mais ruim de nossa existência! E não se trata aqui de acreditar, como é necessário, para concluirmos que a existência deste ser é um fato. Aqui só precisamos não ser “cego” e “ensaiarmos” todos os nossos sentidos para alcançarmos a verdade, e estar longe de todas as crenças. Que é a miséria que sustenta todas as religiões que o dão suporte, a deus.

Como um artista, um escritor, e longe de ser um homem de ciência, mas fazendo o uso racional desta ( a filosofia), mostrou-nos que precisamos ter cuidados com os nossos delírios e invenções. Porque elas, com certeza, podem ser, também, a maior fonte de nossas infelicidades e desgraças. É só lermos e estudarmos um pouco da nossa história: a história da espécie humana. Onde nela encontramos a invenção da criatura deus.

Homens como Saramago não viajam no além, preferem estar entre seus semelhantes e tentar sempre transformar a realidade contando com a capacidade criativa do próprio homem. Sua obra está destinada a isso: transformar a realidade, ajudando aqueles que mais precisam, mesmo quando acreditam que não precisam. Esses são: os enganados desse mundo, os explorados por todos e qualquer motivos e os cegos.

Gloria eterna a esse Comunista!

Nelo de Carvalho
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nelo6@msn.com

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Graça Campos Rende-se aos Dólares da Corrupção!

Cheguei tarde para falar sobre o assunto, mas cheguei! Como ninguém acreditou na pantomima chamada de “procedimento normal no mundo dos negócios” , eu, também, não acreditei!

É sobre a moralização da imprensa que vimos falar. Desta vez nos tocou mostrar que a imprensa privada angolana não está bem longe do que ela vem combatendo e criticando: os vícios que sustentam a corrupção. Esse setor, também, tem a missão e “obrigação” de saber diferenciar o que é bonito e feio. E assim a qualquer momento ser vítima dos supostos processos de reformulação que dizem já estar a caminho e protagonizada pela Ministra Carolina Cergueira, ela está de parabéns! Afinal a reformulação não deve passar só pelo que é público. A imprensa privada mesmo sendo jovem já merece reformulação e essa é mais uma missão que cabe, também, ao estado angolano representado pela Ministra e a equipe de homens que a mesma dirige.

Falando de vícios, os dólares da corrupção conseguiram desarmar e calar a boca “do hora” entreguista Semanário Angolense que, também, vivia fazendo apologia aos sentimentos de sofrimento dos kwachas e a sua turma de líderes terroristas pelas derrotas destes e a humilhação sofrida -não vinda só já do partido no poder, mas também pela imensa maioria da população.

Em minha opinião essa publicação, o Semanário Angolense, às vezes, apresenta-se mais como um penso que serve para aliviar as dores e as magoas infligida ao savimbismo e a turma dirigida por estes. E que quando sobra espaço com uma dose, justa e certa, consegue enfrentar os corruptos do Governo Angolano, nisso inclui o seu Presidente ou o chefe do Governo. É basta ver como este, sua família e o politiburgo inteiro do MPLA são “desnudados” e enxovalhados nas páginas do mesmo SA. Toda essa turma, não poucas vezes, aparecem nas páginas da mesma publicação como corruptos a serem desmascarados e denunciados, perante a opinião pública nacional e internacional.

Todos nós suspeitamos que o SA fosse bem até o momento que se vendeu!

Agora o nosso grande Semanário, que nós fazia recordar aqueles meios de comunicação especulativo de um país ocidental –onde qualquer mentira pronunciada duas vezes pode se transformar em verdade, invejando a propaganda Goebeliana nos tempos da Alemanha fascista -, aceitou a ordem de não criticar mais o Camarada Presidente. Se era tudo mentira o que se dizia sobre este, seu governo, sua família e seus camaradas, por que alguém arriscaria, então, em comprar um jornal em estado de falência , especulativo e mentiroso? Vão passar a escrever o que é nesse jornal para dar rendimentos? As mesmas notícias tediosas do Jornal de Angola? A propósito, é o Jornal de Angola um jornal lucrativo se estivesse submetido às mesmas regras de mercado? Não!

O que mais, aquele Semanário, vai aceitar a partir de agora? Depois de ter aceitado entrar nesse grande salão, de onde “os comes e bebes da festa”, o banquete, é financiado com o dinheiro de todos: O dinheiro público, o dinheiro desse Povo, que tanto o Semanário Angolense tentou demonstrar que era desviado pela mesma corja de corruptos que deram o último lance no negócio. Temos a informação de que Graça Campos gosta de dinheiro e é visionário quando enxerga a distância milhões de dólares.

Depois disso só gostaria de saber por onde serão publicados os artigos do Rafael Marques que com toda pompa foi publicado no mesmo Jornal. O mesmo Jornal que quase transformou o Rafael Marques em um herói, o homem que quase já era odiado pelos corruptos do governo e aplaudido no Senado Americano. Agora, como dizer aos americanos que até o chefe do Rafael Marques abraçou a corrupção. E alistou-se a um bando de comunistas ou ex-comunistas corruptos, transformados em capitalistas e ladrões. Um bando de burgueses mimados e reacionários, mafiosos e delinqüentes. “O que dizer agora aos americanos”!?

Estou querendo agora ler nas próximas edições, o nosso grande Graça Campos e o “seu” Semanário Angolense pedir desculpas ao camarada Presidente JES. Chamá-lo de clarividente, o infalível, o visionário, o herói, o reformulador da pátria. E não só, ainda, dizer que todos nós que andamos criticando JES somos um bando de “birutas” e mal agradecidos, já que papai Santos tem feito tudo por nós. Quem sabe o Graça Campos faça isso em troca de uns dólares a mais. Ou, simplesmente, um dólar!

Se o Semanário Angolense era a voz da oposição que em tese sabia contestar a má gestão, o desvio e a roubalheira; o que fazer agora quando se sabe que a mesma “instituição” agora come nas mãos do Manuel Vicente? Será que vai poder continuar a denunciar este, debochar do mesmo, afastar a ideia -um tanto maquiavélica-, no cidadão atrofiado culturalmente, de que qualquer pretensão desse de chegar ao poder é nepotismo, é um absurdo, é um assalto ao poder. Será que vai desmascarar fatos de que seu primo ou tio quer instalar o mesmo lá, como andou de maneira difamatória sugerindo a mesma publicação? Confundindo, o mesmo Jornal, o cidadão, e induzindo este a pensar que em política nunca existe seriedade e que é tudo um jogo de interesses mesquinhos onde os desejos e interesses da nação devem ser sempre jogados de baixo do tapete. Banalizando assim a importância da cidadania na hora de exigir seus direitos diante da administração e do poder estatal.

É verdade que de um dia para o outro vimos a emersão da filha do presidente ascender a casa do poder legislativo, vimos os progenitores do mesmo transformarem-se em príncipes e princesas diante de tanta fortuna inexplicável. Mas isso não dá direito ao mesmo jornal de induzir o cidadão comum a banalizar o seu desejo de fazer política com seriedade, tornando o mesmo um cético e desconfiar de todos. Isso não é bom para a democracia. E só reflete a consciência de cidadania individualista e aburguesada, que faz da política e das pretensões de um povo um meio que só torna possível a distribuição de dividendos entre grupos, famílias, amigos e parentes. É uma maneira escrota e arrepiante de estimular o individualismo baseado na mais atrasada das tradições terceiro mundista e africana: de que tudo é meu, tudo me pertence, a mim e aos meus familiares; e que quem assim não concordar estará rompendo com uma tradição. Uma verdadeira estupidez!

Associar o grau de parentesco, em particular do presidente, como uma condição para se chegar ao mesmo cargo, que este hoje ocupa -já dissemos- é banalizar a política e transformar num idiota o eleitor. Afinal, essa gente tem assim tantas qualidades para serem deputados ou deputadas e futuros presidentes da república só porque são parentes ou familiares de quem hoje senta naquela cadeira: a de Presidente da República?

A difamação a intriga, além de ter limites, os fatos usados pela mesma devem ser usados de tal forma que levem o cidadão a ser responsável por cada um de seus atos de cidadania; saber separar toda sujeira que pode contaminar a nossa fuba do dia a dia, é necessário. E o Semanário Angolense exercitando o seu direito de liberdade de informar e opinar ainda não chegou a esse nível. A prova disso está aí: vendeu-se aos dólares da corrupção! Como dizem os cubanos: “é vergonhoso, é bochornoso”!

Mas ainda assim desejamos sorte à nova direção do SA. E, também, aos novos proprietários dessa publicação! E que a roda da história continue a girar! E ao Graça Campos, seja bem-vindo a esse mundo fácil onde tudo é possível: o mundo dos corruptos!


Nelo de Carvalho
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Um Muito Obrigado ao Rousa Coutinho

Para começar esse agradecimento, o ideal, achei melhor assim, é começarmos a falar da nova África do Sul. Longe de ser detalhista e de ser um profissional da área, jornalista, quero ainda assim manifestar minha impressão sobre esse país, das notícias que nos chegam, da nova e jovem África do Sul. Não foi há muito tempo que era de costume recebermos notícias daquele país sobre os massacres e perseguições da polícia em cima de suas populações, em particular os negros. Na cronologia da história, e pelo tempo que bastou a uma geração, dir-se-ia que isso foi ontem. Foi ontem: o colonialismo português, os bombardeios do exercito mercenário sul-africano contras as aldeias e populações civis angolanas e do desespero dos namibianos em libertarem o seu país.


Mesmo sendo um país com índices sociais de arrepiar, como incidência da AIDS, desemprego, criminalidade e pobreza, geralmente, desequilibrando um lado na balança racial, ainda assim, da para perceber que a nova África do Sul tem tudo para se transformar num país de gente feliz onde a multiracialidade veio para se impor e é com certeza o futuro do país. E essa conquista não foi adquirida como um presente. Ao contrário, com uma luta onde uns dos principais objetivo era, também, impedir que o regime do apartheid fosse além de suas fronteiras, donde essas fronteiras pudessem estar incluída a nossa Angola. Afinal, o sonho de transformar a África num Novo Mundo habitado só por descendentes europeus, não era só uma cobiça dos racistas sul africanos ou do regime do apartheid. Esse sonho, dir-se-ia, é um sonho colonial racista da extrema direita européia, do fascismo que nasceu e proliferou-se naquele continente no século XX. E por que não entrar em detalhes, do estúpido, ignorante e subdesenvolvido colonialismo português –se existe alguma forma de colonialismo desenvolvido-, e um sonho dos saudosistas colonos que habitaram as ex-colonias portuguesas no continente africano.

O parágrafo anterior tem como missão clarear as mentes coloniais que negavam e negam até hoje um suposto racismo português ou apartheid português protagonizados pelos emigrantes lusitanos. Em diferentes territórios do continente africano na sua ambiciosa ocupação expansionistas e ao lidarem com as populações nativas, donas por natureza desses territórios invadidos por aquela população de emigrantes. O absurdo da inexistência do apartheid lusitano chega ser uma subestimação, um desrespeito, uma total falta de consideração aos valores políticos e culturas desses nativos e povos colonizados por aquela raça de colonialistas, de emigrantes delinqüentes, de ladrões e aproveitadores em terras desse continente: a África. É uma falta de consideração que no mínimo, se determinadas pessoas não estivessem a um nível tão desqualificados ao ponto de serem -inevitavelmente- comparados com vermes, até mesmo em seus “próprios países” onde residem como agregados que restaram de um projeto político fracassado, daria um verdadeiro conflito diplomático. Mas quem é que em Portugal ou mesmo em Angola se importaria por um verme desqualificado e sem função, mesmo para a natureza na sua missão de reciclar e decompor matéria tão indesejável que nem a história nem o mundo dos vivos, às vezes, saturados de tanto excrescências suportam mais.

Por isso, a missão de homens como Antônio Alva Rousa Coutinho, não só mostra de como o espírito humano evoluiu no tempo ao longo desses 500 anos, e deve receber proteção merecida da história e das futuras gerações, mas também de que as lutas e os conflitos sociais não tem a raça como objetivo principal, mas a luta de classe. Por isso, mesmo, não se pode entrar aqui e aceitarmos a estupidez gerada por um tumor velho e cancerígeno cerebral de que Antônio Álvaro Rousa Coutinho tenha traído alguém. Ao contrário, ele foi um verdadeiro herói que esteve à altura do seu tempo e que tenha feito mais que qualquer outro chefe lusitano do mar, “além mar”, longe daquela península, onde habitualmente só saiam exploradores e ladrões.

Ao povo português – não aos colonialistas, à monarquia, à burguesia, ao salazarismo, aos fascistas e a essa extrema direita que hoje vive de saudades-, igualmente, humilhados e deportados de suas terras ao longo desses 500 anos teve como mérito gerar um Antônio Alva Rousa Coutinho no século XX. Um comunista que fez de sua missão um resgate daquilo que seu povo merecia fazer a qualquer momento e altura.

A isso milhões de angolanos e as futuras gerações só podem agradecer. E quem diria, até o povo sul-africano, brancos e negros, na sua grandiosa festa de futebol que têm a oferecer ao mundo e mesmo embriagados de tanto euforismo, se tivessem que elaborar uma lista para agradecer os mortos protagonista desta grande festa “do futebol mundial”, com certeza esse herói das terras lusitanas, com a justiça que se merece fazer, estaria na mesma.

A pergunta que não cala é: quem dos piratas portugueses, vândalos ou delinqüentes que protagonizaram o colonialismo e o fascismo português estariam na mesma lista?

Nelo de Carvalho
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“Muangai jamais será apagado”?

Todo projeto tem um espírito, tem um fantasma ideal. E Muangai é o espírito do Samakuva, Samakuva é o sujeito que sonha em ser presidente. Samakuva e a tropa que ele hoje comanda constituem o fantasma deste projeto. Um projeto que ceifou dois milhões de angolanos numa guerra cruel, onde até hoje ninguém se convenceu das reivindicações daqueles que andaram declarando guerra ao povo angolano.

Vamos aqui dissertar em detalhes o que significa o projeto Muangai. Mas para isso peço licença ao amigo leitor que me permita encarar ao longo do texto alguns âmagos preconceituosos. Usando termos ou expressões supostamente pejorativas.

O projeto Muangai começa como a expressão de um fracasso; é a manifestação desesperada do fascismo colonial português, da burguesia internacional capitalista no mundo ocidental na sua luta contra o comunismo. Já que este último é o instrumento fundamental da descolonização em particular do continente africano, e em geral dos países do terceiro mundo que tentaram se livrar do colonialismo europeu.

O anticomunismo, assim como o projeto Muangai é um fenômeno típico de nossa era, da mesma forma que a intervenção colonialista foi há 500 anos, subornando e comercializando com chefes africanos no tráfico de escravos e na venda de territórios ( ou ocupação territorial permissiva por estes) na “plataforma” continental vulgo, o Continente Africano.

No contexto Angolano o projeto Muangai é uma maneira de frear o comunismo nesse território. A essência do projeto Muangai é precisamente o anticomunismo. Mas o anticomunismo é equipado de várias corrente preconceituosa com caráter político e econômico: é anti-popular, anti-pobre, é tribal, racista quando lhe convém. Em fim, o anticomunismo não é só uma luta simples contra a ideologia comunista. Além de ser uma manifestação de ódio contra uma classe, às vezes, contra uma raça, região, povo ou cultura, é também discriminatório em todos os sentidos. O anticomunismo é o medo contra o progresso  social na busca de um sistema ou regime  mais justo que possa solucionar o problema da miséria social gerada pelo capitalismo.  E para isso conta com a religião, todas as formas possíveis de obscurantismo e a ignorância que a espécie humana está condenada a carregar por vários anos ou séculos. Seu instrumento de manutenção e auto-afirmação está longe de ser a autodefesa, é o fascismo protagonizado pela direita, a extrema-direita e a burguesia reacionária no seu desespero em perder qualquer protagonismo político e o controle das riquezas em qualquer sociedade, país ou nação. É uma violência que geralmente nasce da provocação e como já dissemos do desespero, não reconhece princípios, valores, e a dignidade humana pode estar a venda a qualquer preço. É só basta recordarem com quem Jonas Savimbi nos traiu.

O projeto Muangai é o grande projeto anticomunista angolano, onde se usa o fantasma de Jonas Savimbi como um suposto libertador e reivindicador de direitos políticos, mas nesse caso de uma tribo supostamente colonizada. Não só já pelo colonialismo português, mas também por outros grupos tribais ou regionais que tiveram a iniciativa, por destino histórico, contestar o colonialismo português ou a ocupação colonial. O projeto Muangai é usado como projeto clássico colonial: “dividir para vencermos os nativos e para melhor reinarmos sobre os mesmos”. Esse projeto é a subestimação do nativo pelo colono. Trata aquele como um idiota que não consegue chegar ao entendimento em sua própria terra ao lado dos seus semelhantes. Assim, também, pode ser entendido como um produto do racismo europeu que trás a mensagem de que: “os negros nunca se entendem entre eles mesmos”, ou como uma vez noticiou um dos jornais brasileiros em sua manchete sobre a guerra de Angola: “Angola , os Negros Matam-se Entre Si”.

Assim, sua característica principal é disseminar o racismo e o tribalismo. O tribalismo consiste, por exemplo, em fazer pensar que o bailundo é o cidadão angolano mais discriminado e que ele é o autêntico angolano, os outros todos são crioulos e miscigenados ou misturados. Que o bailundo e o sulado ( região sul de Angola) deveriam ser prediletos em tudo, principalmente, na hora de ocuparem os cargos no governo e na função pública e esquecem-se que tudo deverá ser na base do mérito.

A essência do projeto Muangai é também pôr todos os grupos tribais contra todos. Provocar  o caos social, instabilidade política e econômica, fomentando a intriga, no meio da população ou até entre dirigentes políticos, para assim tornar a governança e a governabilidade do país insustentável. Eu diria mesmo que o projeto Muangai é o grande perigo da nação angolana. Para aqueles que odeiam o país e sabem tirar proveito do mesmo. Mas também para quem ama o país, temendo o mesmo projeto.

E Samakuva, o novo líder da UNITA sabe disso, sabe do caos que esse projeto pode gerar a toda sociedade angolana. Ele também sabe o quanto pode tirar proveito com o mesmo. Por isso defende tal projeto como um bom terrorista que ele é. Samakuva tenta se auto-afirmar com ele, porque Samakuva sabe que não tem chance de ganhar, jamais, as eleições. Samakuva sabe que não tem como cumprir aquilo que prometeu a extrema-direita portuguesa, aos mercenários da CIA e aos  racistas sul-africanos que na longa luta Kwacha andaram ajudando Jonas Savimbi.

Muangai além de ser um projeto terrorista e fascista, nunca foi democrático e é anti-nacional porque tenta dividir os angolanos. É racista, mesmo quando aparentemente tem uma meia dúzia de mulatos e brancos em seu Movimento ( UNITA), estes geralmente motivados pelo ódio que sentem ao MPLA e induzidos pelas grandes promessas de Jonas Savimbi de um dia voltarem a recuperarem suas propriedades ou terem privilégios especiais quando o poder chegar às mãos desse grupo racista e tribal.

Assim é Muangai, assim é Samakuva e a tropa de ex-guerrilheiros terroristas e fascistas que rodeiam o mesmo. Não é encher a boca demais se dissermos: exigimos a extinção desse movimento terrorista que se considera Partido.


Nelo de Carvalho
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