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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um Muito Obrigado ao Rousa Coutinho

Para começar esse agradecimento, o ideal, achei melhor assim, é começarmos a falar da nova África do Sul. Longe de ser detalhista e de ser um profissional da área, jornalista, quero ainda assim manifestar minha impressão sobre esse país, das notícias que nos chegam, da nova e jovem África do Sul. Não foi há muito tempo que era de costume recebermos notícias daquele país sobre os massacres e perseguições da polícia em cima de suas populações, em particular os negros. Na cronologia da história, e pelo tempo que bastou a uma geração, dir-se-ia que isso foi ontem. Foi ontem: o colonialismo português, os bombardeios do exercito mercenário sul-africano contras as aldeias e populações civis angolanas e do desespero dos namibianos em libertarem o seu país.


Mesmo sendo um país com índices sociais de arrepiar, como incidência da AIDS, desemprego, criminalidade e pobreza, geralmente, desequilibrando um lado na balança racial, ainda assim, da para perceber que a nova África do Sul tem tudo para se transformar num país de gente feliz onde a multiracialidade veio para se impor e é com certeza o futuro do país. E essa conquista não foi adquirida como um presente. Ao contrário, com uma luta onde uns dos principais objetivo era, também, impedir que o regime do apartheid fosse além de suas fronteiras, donde essas fronteiras pudessem estar incluída a nossa Angola. Afinal, o sonho de transformar a África num Novo Mundo habitado só por descendentes europeus, não era só uma cobiça dos racistas sul africanos ou do regime do apartheid. Esse sonho, dir-se-ia, é um sonho colonial racista da extrema direita européia, do fascismo que nasceu e proliferou-se naquele continente no século XX. E por que não entrar em detalhes, do estúpido, ignorante e subdesenvolvido colonialismo português –se existe alguma forma de colonialismo desenvolvido-, e um sonho dos saudosistas colonos que habitaram as ex-colonias portuguesas no continente africano.

O parágrafo anterior tem como missão clarear as mentes coloniais que negavam e negam até hoje um suposto racismo português ou apartheid português protagonizados pelos emigrantes lusitanos. Em diferentes territórios do continente africano na sua ambiciosa ocupação expansionistas e ao lidarem com as populações nativas, donas por natureza desses territórios invadidos por aquela população de emigrantes. O absurdo da inexistência do apartheid lusitano chega ser uma subestimação, um desrespeito, uma total falta de consideração aos valores políticos e culturas desses nativos e povos colonizados por aquela raça de colonialistas, de emigrantes delinqüentes, de ladrões e aproveitadores em terras desse continente: a África. É uma falta de consideração que no mínimo, se determinadas pessoas não estivessem a um nível tão desqualificados ao ponto de serem -inevitavelmente- comparados com vermes, até mesmo em seus “próprios países” onde residem como agregados que restaram de um projeto político fracassado, daria um verdadeiro conflito diplomático. Mas quem é que em Portugal ou mesmo em Angola se importaria por um verme desqualificado e sem função, mesmo para a natureza na sua missão de reciclar e decompor matéria tão indesejável que nem a história nem o mundo dos vivos, às vezes, saturados de tanto excrescências suportam mais.

Por isso, a missão de homens como Antônio Alva Rousa Coutinho, não só mostra de como o espírito humano evoluiu no tempo ao longo desses 500 anos, e deve receber proteção merecida da história e das futuras gerações, mas também de que as lutas e os conflitos sociais não tem a raça como objetivo principal, mas a luta de classe. Por isso, mesmo, não se pode entrar aqui e aceitarmos a estupidez gerada por um tumor velho e cancerígeno cerebral de que Antônio Álvaro Rousa Coutinho tenha traído alguém. Ao contrário, ele foi um verdadeiro herói que esteve à altura do seu tempo e que tenha feito mais que qualquer outro chefe lusitano do mar, “além mar”, longe daquela península, onde habitualmente só saiam exploradores e ladrões.

Ao povo português – não aos colonialistas, à monarquia, à burguesia, ao salazarismo, aos fascistas e a essa extrema direita que hoje vive de saudades-, igualmente, humilhados e deportados de suas terras ao longo desses 500 anos teve como mérito gerar um Antônio Alva Rousa Coutinho no século XX. Um comunista que fez de sua missão um resgate daquilo que seu povo merecia fazer a qualquer momento e altura.

A isso milhões de angolanos e as futuras gerações só podem agradecer. E quem diria, até o povo sul-africano, brancos e negros, na sua grandiosa festa de futebol que têm a oferecer ao mundo e mesmo embriagados de tanto euforismo, se tivessem que elaborar uma lista para agradecer os mortos protagonista desta grande festa “do futebol mundial”, com certeza esse herói das terras lusitanas, com a justiça que se merece fazer, estaria na mesma.

A pergunta que não cala é: quem dos piratas portugueses, vândalos ou delinqüentes que protagonizaram o colonialismo e o fascismo português estariam na mesma lista?

Nelo de Carvalho
Nelo6@msn.com
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