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O Crime do BNA ou os Crimes?!

As denúncias contra o Comandante da Polícia, Quim Ribeiro, publicadas pelo semanário A Capital, rompem uma tradição que há muitos anos se instalou e existe entre o funcionalismo público angolano. A de que o silêncio entre os membros de uma determinada corporação ou instituição é necessário. Objetivo? Não atrapalhar a vida de parceiros e colegas num meio social em que viver da remuneração salarial foi sempre impossível para o funcionalismo e o trabalhador de escalão mais baixo. A corrupção, em todos os níveis, sempre foi e é visto com complacência; um fenômeno necessário num país em que as instituições, as relações sociais civilizadas e o simples mérito não garantem êxito profissional.



A cultura da corrupção ensinou ao cidadão angolano, honesto e decente –ou não-, de que quem não estiver envolvido no esquema além de sair perdendo o pouco que já tem é um sujeito pusilânime. Esse não foi o caso de Domingos Francisco João que teve que pagar com a própria vida uma atitude não comum entre os funcionários público angolano, que trabalha e vive numa sociedade onde a corrupção é generalizada. Esta generalização é instrumentalizada e fomentada por duas causas. A primeira, pela péssima remuneração e condições laborais a que estes são vítimas. Já se sabe que os benefícios profissionais, salários altos e boas condições de trabalho, trinta e cinco anos depois da independência, ainda não são pautados pela meritocracia, mas pela militância partidária e o desempenho político de agradar chefes e amigos que rodeiam o funcionário.

Segundo, si se quer chegar tão alto é preciso estar bem com todos de preferência com a chefia mais próxima e alta que absorva nossa simpatia e graça. O cumprimento das leis é uma rareza, que quando se tenta a mesma cai-se na condição do sujeito idiota e estúpido, e que quando menos, como já dissemos, atrapalha a vida de todo mundo. Esta- a lei- na eventualidade de ser executada e com todos os vícios de procedimentos só recai sobre os subordinados. Em particular, recai sobre uma cúpula de funcionários que não têm seu passado identificado com a trajetória do militante guerrilheiro, general e ex-combatente. E são os que hoje constituem a elite intocável e que dirigem os destinos da nação. Que eu saiba em Angola nunca um general foi processado e preso por corrupção ativa ou passiva. Estes só entram em desgraça ou encrenca - exemplo do caso Miala e talvez um outro por aí que houve no passado- porque andaram atentando contra a própria segurança do Estado, no caso mais específico do Miala contra a segurança do Presidente.


É preciso que se diga e se reconheça, os longos anos de guerra ajudaram a gerar e a sustentar a corrupção. O próprio MPLA e muito dos seus militantes em todos os níveis fizeram do conflito militar um instrumento de causa e conseqüência para se enriquecerem ilegalmente no poder. Assim, as fontes de riqueza no país que quase nada até hoje produz limitou-se a extração de petróleo em regiões distantes do conflito e dos diamantes, que, também, durante muitos anos estiveram distantes das regiões de guerra. Só caindo no meio do fogo depois que a UNITA nos dez últimos anos do conflito intensificou suas ações nas regiões das Lundas. E facilitou ainda mais que aquilo se transformasse num faroeste. Ou, ainda, um céu aberto e estrelado para os corruptos, e quem sonhava enriquecer-se num ambiente onde não reinavam as leis nem a ordem.

Na verdade, existe outra fonte de riqueza não muito descrita e conhecida pelo cidadão comum são as instituições financeiras do país. Ou seja, o lugar ou lugares onde entram e saem e se guardam as riquezas financeiras, dinheiro, ouro e todas as outras compensações que representam valores em dinheiro que deveram ser feitas dentro do país ou até fora para que aquela riqueza petróleo e diamantes possam ser usufruídas como bens de valores. E que poderão ser usados na compra de outros produtos e serviços comum para desenvolver o país. No caso de Angola, a instituição financeira que ajuda a converter estes valores e a cuidar dos mesmos são os Bancos Públicos, de preferência estes, e a frente de todos eles está o BNA, tido como o Banco Central de Angola. Esta instituição, se muitos não sabem ou não sabiam, além de cuidar de todo dinheiro nacional é onde na verdade os elementos da elite corrupta fazem as suas transações com transparências de legalidade, mas que no fundo muitos procedimentos são verdadeiros atos de corrupção que levariam a cadeia seus autores. O exemplo é o caso do ex- ministro da fazenda, suspeito de roubo, desvio de recursos daquela instituição ou do seu ministério. Não recordo agora o nome dele, mas é o famoso Ministro que ganhou o prêmio do melhor ministro da fazenda do continente africano mais tarde revelou-se que ele interferiu na premiação e que, além disso, se descobriu que ele é um ladrão.


Para quem não sabe o BNA não é só vítima do funcionário(a) corrupto(a) que trabalha no balcão, o chamado bancário, ou o simples segurança corrupto daquela instituição. Os maiores assaltantes daquela instituição são os chamados ladrões de colarinho branco, os engravatados de ternos, que com uma canetada e procedimentos burocráticos, quando ultrapassados, e bem dominados por estes desviam milhões de dólares e kwanzas das contas públicas para as suas contas. Essa é a pura e simples verdade. Que se o governo angolano tentasse desmentir de boca de algum de seus funcionários ineptos e bajuladores ( porque uma pessoa inteligente e de bom senso jamais desmentiria isso) estaria indiretamente caindo na situação ridícula de que só aqueles que pertencem a mais alta cúpula do governo e do funcionalismo público angolano é que são honestos e o resto é que são desonestos. Tal adjetivação teria escala mundial, já que Angola é o país no Mundo em que nunca um corrupto daquele nível foi preso.

Para dar continuação ao parágrafo anterior ( o penúltimo parágrafo) a pergunta é: por que o governo angolano tenta manter uma suposta transparência na apuração do caso BNA ( caso Quim Ribeiro)?! Quando a opinião pública angolana sabe perfeitamente que o caso do Ministro ladrão, que até endereçou uma carta ao Presidente da República, justificando os seus atos, ficou pelo dito e o não dito. Há quem diz que a mulher do Ministro ameaçou pôr a boca no trombone. O que têm a dizer, o próprio Presidente da República, o Procurador Geral da República, o Estado e as autoridades angolanas em Geral?! Diante da suposta liberdade de imprensa que existe em Angola o que têm a dizer o Jornal de Angola, a Rádio Nacional e a Televisão Pública de Angola aos angolanos sobre isso?! Esperamos qualquer coisa, que se pronunciem! Nossos governantes, com seus atos transparentes imaculados que nunca convencem ao cidadão comum e ao povo, agora têm a palavra. É preciso sair ao público e darem declarações, sim!


Em particular ao Procurador Geral da República na sua função de investigar e ir atrás dos fatos, ele não precisa receber ordens do Presidente da República ou de quem quer que seja para investigar certos casos, mesmo sendo boatos. E sabemos que o caso do Ministro não é e nunca foi um boato. A pergunta é, onde começou e onde terminou a investigação sobre o roubo protagonizado pelo Ministro que hoje continua se movendo entre os poderes da república, do governo e do Estado?! E na sociedade angolana como um homem livre e sem ser molestado pela justiça.

O caso Quim Ribeiro é só mais um dos casos do BNA que não compreende nem engloba em nada os múltiplos casos de desvio de verbas que aquela instituição vem sofrendo ao longo dos anos. Os diferentes casos do BNA se investigados e concluídos com êxitos deveriam explicar o enriquecimento elícito de várias personalidades no poder; de suas famílias e amigos, e das empresas que surgiram de um dia para outro em que seus donos, da pobreza e da “miséria” em que estavam, de um dia para o outro, transformaram-se em milionários. Muitos deles sem prestarem contas ou declararem o surgimento das imensas riquezas que hoje dizem ter com esforço próprios. Angola é o único país do mundo em que pessoas pobres –estudantes recém formados-, que nunca trabalharam conseguem ser donos de Bancos, fábricas de cimentos, empresas de telecomunicações, tudo isso em pouco menos de cinco anos. Assusta e impressiona como certas pessoas com influência no poder se enriquecem e na pior das circunstâncias sem currículos e a margem e longe de todo trabalho; o trabalho que é coisa comum para qualquer ser mortal.
O trabalho que sempre foi comum a cidadãos simples e honestos, como os dois Domingos que em conjunto deixaram mais de dezessete filhos, dez de um lado e sete de outros, pacatos cidadãos que acreditavam e confiavam nos estado e que precisavam viver para sustentar suas famílias.


Definitivamente nós não engolimos e nem aceitamos que o caso BNA termine com o julgamento de Quim Ribeiro, um assassino e policial corrupto que deve ser julgado, mas que não é o único a pagar pelos inúmeros desvios que aquela instituição nos últimos trinta anos vem sofrendo. O caso BNA deveria ser aprofundado em intensidade não só horizontal, mas, se quiserem adquirir a confiança do cidadão, em escala e na direção vertical.


Nelo de Carvalho
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Somos Uma Gota de Água Num Mar de Lama

Pensando bem, os melhores especialistas no país para falarem e opinarem sobre o governo, o Estado e talvez a sociedade angolana são precisamente aqueles que ostentam cargos e funções públicas, incluindo o Presidente da República e os seus assessores. Além de terem a informação necessária e privilegiada, supõe-se que são os quadros mais competentes que a nação angolana tem. A pergunta é, quantos destes quadros do governo e funcionários do Estado têm blogs? Onde os mesmos além de provarem sua bagagem de desempenho espiritual e a fartura de conhecimentos que ostentam pudessem vir ao público expressarem-se livremente sem nenhum tipo de represálias e constrangimentos que os pudessem ridicularizar.



Não se esqueçam estes que o conhecimento que têm e ostentam é patrimônio do povo angolano. Assim, estamos à espera que eles saiam à frente na publicação das melhores obras de literatura e científicas que esse país poderá ter ou nunca teve.

Na verdade, a turma poderosa, se fizesse o uso do talento e da genialidade, estariam em melhores condições em nos dizer e provar a todos nós o quão ignorantes e oportunistas são alguns blogueiros que vivem dando palpites de como certos problemas sociais e crises políticas( e até econômica) podem ser resolvidos.


De minha parte não existe confissão nem reconhecimento de que todas as minhas opiniões “ondulam ao sabor dos acontecimentos”. É evidência, fato comprovado e indiscutível que tudo aquilo que já escrevi, escrevo e possivelmente “escreverei” no meu blog e enviei ao club-k ou em qualquer outro site de noticias e opinião é produto dos acontecimentos que têm a ver comigo direta ou indiretamente. Primeiro, dos que me envolvem como ser humano; segundo, da imagem como cidadão, que foi e é forjado por tudo o que acontece naquele país ( Angola). Meu país de origem, onde quase tudo o que “tenho” e o que sou é o retrato dos eventos e acontecimentos que ali ocorrem.

Minha predisposição e desejo – e até o oportunismo alegado, assim como a ignorância, que com certeza deve existir- podem ser afastados e postos de lado pelos melhores cérebros que ocupam aquelas funções, acima já mencionadas. Mas para que aquelas revelações mentais abastadas de todo comodismo se revele, se são assim tão sofisticadas e gigantes, elas não precisam se preocupar com a existência de uma formiga. É só aparecerem!


Afinal de contas, existe espaço para todos, não é? Quem sabe, com o espaço que tanto sobra depois que eles surgirem o Nelo de Carvalho, com todos os seus defeitos e “más intenções”, deixará de ser lido por todos. Tenham certeza eu sou obcecado pela meritocracia, nunca tive medo dela. Ao contrário, sempre rezei para estar no meio da mesma; sempre sonhei e lamentei por não ter nascido no meio dela.

A propósito minhas deficiências – e acredito que este seja o caso de quase todos os cidadãos desse país ( Angola)-, talvez, só existem por falta de convivermos naquele ambiente: o ambiente da meritocracia; onde quem sabe, sabe, e quem não sabe deve buscar referências e conhecimentos. Para mim a busca do conhecimento eterno e infindável é uma necessidade vital e não uma ofensa. Estou vivo e lúcido graças a esta eterna busca. E nunca me pareceu ser muito e nem o suficiente para ser aprovado por um colégio de acadêmicos reconhecidos por uma instituição bem conceituada; ou, mesmo, por uma turma de militantes corruptos de qualquer partido ou membros de um governo ( muito menos do governo de Angola).


Oportunista!? Eu tive a iniciativa feliz de rejeitar a vossa proposta que me amarrasse a qualquer condição que não viesse de mim mesmo. Para ser oportunista, na minha modesta forma de entender, eu tinha que ser ingrato a uma suposta troca de favores onde eu fosse o beneficiado. E no final chutar o balde!

Não recordo ter ocupado cargo no MPLA ou no Governo de Angola em benefício próprio, e no final ter chutado aquele balde. Ou, também, como dizem os mais porcos “ter cuspido no prato onde um dia comemos”.


Falando em benefícios, todos temos os nossos direitos de expressão, até aqueles que tanto fazem para impedir que os outros se expressem. Podem me xingar, ofenderem-me e até mesmo mandar recados, estão livres. Só peço um benefício de direito à vida, a que todos nós devemos defender, manter e lutar por ela: Afastem de mim os vossos truculentos chimpanzés!

Nelo de Carvalho
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O Difícil Dia 27 de Maio: O Dia do Revanchismo

Temos a sensação de que quase todas as “grandes” mudanças em Angola, pós-independência, constituem um incompleto ajuste de contas com o passado, onde quem reivindica um presente “mais justo”, carrega consigo não só a suposta magoa de ser injustiçado, aldrabado e enganado. Mas também o sentimento de vingança e a foice da revanche. Esta, e o seu adjunto, sempre como mensageiras da morte.

Não acredito ser fácil descrever o sentimento de raiva e ódio das partes derrotas. Tanto a vingança como a revanche têm dentro de si a mensagem do revisionismo, que trás consigo uma mensagem de mudança assustadora e que nega um passado que não tem só a ver com as forças políticas que habitualmente formaram parte do cenário político angolano. É como se o homem angolano, independentemente de todos os partidos políticos e lideres, que aí existiram não merecesse consideração e atenção dentro da história do País e sua função devesse ser ignorada.



Até hoje não entendi a função de vários movimentos ou associações que levam o nome do dia acima supra mencionado, se é só para os esclarecimento das verdades ocultas por todas as partes, ou se o objetivo é fazer sentir o sabor amargo e azedo da vingança aos seus adversários políticos.

Uma coisa é certa, mesmo existindo uma lei sobre anistia, para os crimes do dia 27 de Maio essa lei não pode ser usada para se enterrar todos os mortos vítimas daquele dia; e se fazer justiça para aqueles que clamam pela mesma.


O malfadado Dia 27 de Maio, o dia que, desgraçadamente, poderíamos chamar do dia da revanche, divide o MPLA em dois grandes grupos. Nem vou usar aqui a expressão “angolanos”, porque nem todos angolanos têm a haver com a maldição desse dia. Em aqueles que dariam tudo, mas tudo mesmo, para não escutarem as reivindicações barulhentas. Esta parte é a composição do poder que hoje temos aí. A outra são os sobreviventes de uma herança golpista com a turma de abutres que, mesmo não participando nos eventos infelizes daquele dia, fazem coro em sincronia com às reclamações das vítimas. Não se precisa nem de esperteza para concluir que esta solidariedade só se justifica quando o objetivo é o sonho de destruição do poder que até hoje resiste a qualquer tipo de alternativa.

Na luta pela neutralização de seus inimigos e adversários, o homem primeiro precisa se agarrar as suas certezas. E errado pensarmos que está última palavra é sempre sinônimo de verdade. É a ciência da lógica que nos alerta que aquela, a certeza, pode estar muito distante do que é verdade. E não só, certezas podem ser a fossa de erros em que nos encontramos e insistimos estar por vários motivos, até mesmo para sobrevivermos aos golpes dos nossos inimigos e adversários.


O MPLA, e o poder aí existente, carrancudo e cínico – com relação ao 27 de Maio-, estão numa fossa de erros, quando insistem em ignorar este dia e os seus reivindicadores. Primeiro, porque torturas e execuções sumárias são crimes que nunca prescrevem e não existe anistia que os salve da justiça. Segundo, ignorar os gritos das diferentes organizações que defendem os direitos e reivindicações dos familiares das vítimas daquele dia, longe do que se quer e se imagina, é fomentar o ódio. Terceiro, uma comissão da verdade serve para restabelecer a verdade vinda de todas as partes e desmascarar mentiras criadas por gente oportunistas que fazem da democracia a fogueira da inquisição.

Sejamos sinceros, MPLA e Estado Angolano, erros existem e só em democracias autênticas eles poderão ser esclarecidos e, também, resolvidos. A persistência em estar naquela fossa de esgoto é o resultado de dois fatores: Primeiro, a falta de uma inteligência que ajude a concluir que a surdez descabida diante dos fatos do triste dia da revanche pode provocar desgastes políticos e sociais e ser ainda motivo para todo tipo de intriga e conspirações. Segundo, estar naquele lugar ajuda a manter o preconceito sobre a maneira como se estruturou e até hoje se estrutura o poder em Angola, alimentando precisamente esse sentimento de injustiça, propiciando o sentimento de desforra.


O próprio MPLA é um buraco de certezas absolutas em que os erros sempre vieram dos adversários. Ou seja, esse partido como conseqüência da falta da democratização interna nunca está disposto a discutir erros do passado. Também não era para menos, são os mesmos que há trinta e cinco anos governam o país, participaram em todas as contendas: desgraças e êxitos da nação. Mas isso não é motivo para hoje se aferrarem a um estilo de governação que não resiste aos novos tempos. Sem contar que crimes são crimes e devem ser esclarecidos a sociedade para que num futuro não se cometam os mesmos erros. E tem mais, o silêncio imposto indica que o mesmo é feito de uma parede e que atrás dela estão ocultadas muitas coisas a serem reveladas. As verdades do 27 de Maio são verdades que devem ser ditas à sociedade e ela é parte de um patrimônio: a justiça angolana e uma suposta comissão da verdade.


Só tem medo do passado quem tem dificuldades de se enquadrar no novo regime democrático em que as leis e as verdades ajudam a dissipar as desconfianças. Fala-se tanto das Instituições Democráticas, que são as que verdadeiramente mantêm o sistema de democracia; nenhuma instituição poderá estar a serviço da democracia se não tiver como tradição o cumprimento das leis e como hino o entoar e o evocar da verdade.

Verdades e leis são condições necessárias para apagar-se a imagem revanchista que este dia trás no calendário angolano.


Nelo de Carvalho
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Um artigo para as 49 crianças difundas desta semana

O CAN ( a Copa Africana das Nações) passou, e quantos de nós não nos vimos ridicularizados quando nos manifestamos contra aquele evento. Ou, pelo menos, o silêncio generalizado tentou fazer parecer que éramos. Porque acreditamos que o clamor dos indefesos, numa democracia, deve vir da mídia, quando esta no mínimo tem a missão de fazer valer os valores democráticos. Principalmente, quando esta mídia, a Pública ou a Estatal, foi forjada e construída nós velhos princípios da defesa do bem comum, da defesa das classes mais humildes, na defesa do proletariado e dos camponeses; que no fundo ainda constituem a maioria da população desse país. E não só; o poder que aí está é derivado ostensivamente destas duas classes. Mais do que uma democracia burguesa; a democracia em Angola deveria ser a Democracia do Proletariado e dos Camponeses. Não constitui exagero pronunciar-se desta forma. “Exagero” e desastre evidente é ter que receber a notícia da morte de 49 crianças em cinco dias, numa media diária de dez, só num hospital . Quando num país como o nosso prioridades deveriam existir. Em vez da ostentação de um evento como aquele, que, finalmente, no resumo da ópera, analisando bem, foi um fracasso rotundo.



Nossa mídia Estatal e Pública deveria ajudar no sentido que a democracia não fosse falseada ou uma simples manifestação daqueles que estão no poder. Afinal de contas, o nosso Jornal de Angola, a Radio Nacional e a TPA, gabam-se de serem os órgãos mais profissionais existentes no país, com os recursos humanos mais esclarecidos formados ao longo desses 35 anos. Nós como amadores não deveríamos ser os únicos a escrevermos sobre isso. Ou seja, uma opinião sobre algo que caracteriza a desgraça cotidiana da população angolana. Mesmo sendo o cotidiano da nossa população, lidar com a morte de crianças nessa escala astronômica e quase solitária a nível mundial –nestas circunstâncias- , isso deveria indignar os nossos melhores formadores de opinião dos meios públicos de comunicação. Não são estes que no esforço de demonstrarem a governação exitosa do chefe juram competência e clarividência do mesmo na arte de fazer tudo em benefícios de toda a nação? Ah... estava esquecendo, é tudo bajulação, nada de juramentos que sacramentam verdades.

Nossa rejeição a aquele evento foi manifestada aqui várias vezes. É claro que aquele evento não constitui a culpa da morte diária de dez criança só num hospital de Luanda, talvez considerado o maior e o melhor, naquela cidade capital, se duvidar, então é o melhor do país inteiro. A culpa esta na falta de prioridades que qualquer governo e Estado, não incompetente e não corrupto, deveria traçar a curto e a longo prazo para nação. A culpa está no complexo de inferioridade dos políticos que dirigem esse pais, de habituarem a pensar e fazer pensar a todos, que sempre seremos incapazes de realizarmos as maiores obras em curto espaço de tempo, que é a de dar prioridades na Educação e na Saúde. Constituem grandes obras a serem erguidas por qualquer povo, que não viva em função de culpar o colonialismo português. E que poderia arregaçar as mangas não só para melhorar a Educação e a Saúde Pública, mas também para desafiar os corruptos e expulsar os mesmos do poder.


Essas são as grandes obras que se esperam de um povo ou de uma nação. Mas para isso, e sem exagero, essa nação, além de corruptos, precisa também forjar os seus heróis. E não homens covardes, igualmente, corruptos nas redações dos jornais e das emissoras de televisão e rádio deste país.

Não comover-se diante duma notícia destas, num país como nosso, é brindar sobre os cadáveres de cada uma destas crianças. É um ritual macabro? É! Mas é o que acontece quando nos calamos. Estamos brindando com aquele uísque, gostoso e saboroso, que só encontramos na adega e nos armários dos corruptos, dos Ministros de Angola, dos comandantes do MPLA e de quem fez desse país o próprio bairro Sambizanga, miserável e esquecido nas noites coloniais. Hoje, agora, esquecido em plena era da independência.


Quantas vezes não recebi, aqui comigo, mensagens de que eu estava ou estou criticando o chefe de mais; que eu preciso me calar; ou então ter que definir minha linha editorial, ou mesmo política. Quantas vezes, eu mesmo tive que parar para pensar sobre mim; minhas posições e até sobre o meu destino. Muitas vezes pensei que estava cometendo injustiças, arranhando e desprestigiando aquele que supostamente conquistou a paz e com muito esforço está em frente de um país sui generis, com peculiaridades especificas. E que mais tempo deveríamos dar a ele e ter mais paciência para que os problemas se resolvessem. Esse era o discurso tradicional. Mas também a tradição diz que é difícil calar-se diante desta desgraça promovida por gente incompetente e que acreditam que têm o direito de transformar o cérebro e a mente das pessoas em fossas de esgotos.

É verdade que pelo fato de estarmos na diáspora as fontes de informação são quase sempre limitadas. Mas nem por isso a opinião de cada um de nós, estando longe da pátria, deve ser desconsiderada. Quase todas as nossas fontes vêm da internet, sim. Nossas intenções quando desagradam alguém, ou mesmo, as duas partes, ou todas elas – gregos e troianos- sempre somos desqualificados pelo que dissemos. É como se nossa ausência – o estarmos longe do país, de tudo e de todos- diminuíssem aquilo que queremos transmitir ou chegamos a transmitir.


Já disseram para nós que o club-k não era uma fonte adequada para se tirar informação e opinar sobre a realidade angolana. Mas alguém que faz parte do conclave foi atrás das almas inocentes vitimadas pela falta de visão de como um país deve ser construído: Primeiro, salvando a vida de suas crianças. Segundo, educando elas na conquista de tudo; tudo que esse mundo nos oferece; até daquele poder que é de todos, que alguns julgam ser um privilegio dos corruptos.


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Nelo de Carvalho

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Leis das TI sim, terrorismo não

Uma lei que coíba o direito de manifestação política, incluindo as velhas denuncias sobre a corrupção, que a mais alta autoridade do governo angolano quando reconhece a existência da mesma procura se afastar como se fosse um alienígena. Também, é um ato de terrorismo contra a sociedade. É crime de lesa pátria cometido por quem a propôs ou deu iniciativa a tal processo legislativo. Este, se for o Presidente da República, em democracias de verdade, também poderá ser acusado de terrorista. E ser julgado e processado por tal ato! Chegará o dia em que isto será possível.



Sim, é preciso acabar com o hábito de se inverter fatos e valores. Terroristas não precisam ser necessariamente os perseguidos internautas, hoje, organizados nas diferentes redes sociais que ajudam a mobilizar a sociedade civil contra a corrupção, contra as leis e os atos ditatoriais criados, aceitos e impostos de maneiras unilaterais, vindo de personagens autocratas com poderes ilimitados.

Convenhamos que o maior terrorista é aquele que dá ordens para que se dispare contra pacíficos manifestantes, iniba e obstruía a iniciativa destes pela construção de um país melhor. Mesmo quando o objetivo é a derrubada do poder –ou melhor, de quem está no poder; terrorista é quem articula métodos e leis que coíbam o exercício da democracia. E as leis das Telecomunicações para a Internet, TI, em Angola, é uma delas.


Se estão tão preocupados com a comunicação no país, por que não acabar com o monopólio privado da Unitel? Por que não abrir o mercado das telecomunicações à empresas européias, americanas, sul-coreanas, brasileiras e japonesas que comprovadamente, além de terem capital, são fontes de Know How de alta qualidade e tecnologia. Por que tanta obsessão ao que é português? Ou mesmo, que esta lei, que desejam aprovar e promulgar, sofra transformações no sentido de se proibir o monopólio e o privilégio que alguns têm sobre aquilo que é de todos: o espectro eletromagnético. É coisa pública que se deveria abrir, sim, ao mercado mundial, competente, exigente e de alta concorrência. Porque se assim procederem mais dinheiro público entrará aos cofres da administração pública. Dinheiro que é de todo mundo ( dos angolanos), e que se poderá usar para investir em saúde pública e na educação. Esta saúde moribunda em que o pobre perdeu a confiança na mesma, onde sente até medo de procurar os hospitais públicos, optando em cair em mãos de curandeiros. Hospitais tidos por uns como fozes de esgotos das multidões num país de gente enferma. Aquela saúde que em trinta e seis (36) anos de governação e trinta e dois (32) de corrupção não evoluiu nada, e onde quem pode consegue ir se tratar nos hospitais luxosos da Velha Europa; e, ainda, com dinheiro público. Consegue pôr a cabeça na almofada e acreditar -por força da mentira, da desonestidade e qualquer coisa que provoque alucinação- que é culpa toda do colonialismo. Qual colonialismo!? Se o colonialismo é esse que até hoje continua a ser alimentado com o que há de melhor nas nossas terras, porque assim a corrupção e o tráfico de influência desejam, querem e se programaram para isso.

Como dizia, a Lei das TI, é uma lei proibitiva imposta por um Estado que teve sempre como objetivo o próprio Estado e que nunca tem em conta a vontade do cidadão, despreza a cidadania, tem medo dela, odeia-a. Esta cidadania que hoje, no mundo moderno, tem a sua maior forma de expressão e manifestação nas redes sociais, virtuais ou da internet. Um Estado, que foi enganado e teve a coragem de promulgar ou oferecer ao povo uma constituição para proteger bandidos e mafiosos no poder, enquanto o cidadão está rodeado de proibições, normas que encadeiam este a condição mais primitiva de sua existência, quando outros povos já estão em estágios superiores. Um estado que na sua ânsia de transmitir o oportunismo e o individualismo de seus funcionários desconhece os seus limites de poderes para com o cidadão.


A lei não serve! Ela deve ser reformulada toda, do princípio ao fim, deve dar liberdade ao cidadão em geral; e não só aos Jornalistas. A lei não pode ser evasiva, dúbia, gerando múltiplas interpretações. Ela tem que ir direito ao assunto, especificar o que é crime, a situação do crime. E não aquele crime que diz que pôr foto do Presidente na internet com chifre na cabeça é crime. Quem tem que especificar o crime que será posto na lei são os juízes, os sociólogos, os historiadores, os psicólogos e os antropólogos; todos eles de maneira imparcial e civilizada devem assessorar o legislativo; mas antes disso deve ser discutida por todos: jornalistas, blogueiros, engenheiros das áreas de telecomunicação e eletrônica, empresários, publicistas, políticos em gerais da oposição ou do governo, ONGs, partidos políticos de oposição ou não – e serem ouvidos sem discriminação e preconceitos. E, finalmente, se necessário uma suposta colaboração estrangeira, mas tomada como experiência exitosa em alguma parte do mundo. E não só a lusitana cheia de etiquetas coloniais, conservadoras e medievais.


Democracia é assim, é baixar a guarda egocêntrica, oportunista, narcisista diante do que é povo, humilde e civilizado. Não se faz democracia dentro dos palácios, é ao lado do Povo e para com o Povo. Não se faz democracia promulgando leis absurdas, sussurradas no ouvido, vindo da boca da esposa ou das amantes ou do afilhado a ser apadrinhado pelo Capo di tutti capi. Isto é o mínimo que um ex-comunista deveria saber – e jurar saber!-, isto é no mínimo que um homem no papel do homem honesto e até mesmo clarividente e que só agora reconheceu que nem todos sabem tudo deveria oferecer ao seu povo.


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Nelo de Carvalho

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Cabinda, os Independentistas de Plantão e o Urubu Faminto

A morte de Jonas Savimbi e a derrota do seu exército, de esfarrapados e mal alimentados, deixou órfãs, que além de inconsoláveis transformaram-se no ódio que alimenta a oposição angolana, o kwacharismo e o terrorismo virtual ( e espiritual), que ainda hoje a UNITA sustenta com o apoio de grupos de direitas fascistas e extremistas portugueses.

Dá para notar a derrota do antigo Império Colonial Português, no rosto de seus defensores, nas atitudes e nas ações desesperadas, que fingem exercer a mais pura intelectualidade, em defesa de supostos oprimidos e dos pobres, que eles no passado ajudaram a matar, a exterminarem e a colonizarem.



Hoje a democracia dá direito a tudo, até liberdade e direito de opinião para aqueles que no passado andaram financiando o terror savimbista; dá direito a que se confundem a mediocridade intelectual com o fascismo e o terrorismo; e a ingerência absurda com a solidariedade. Também não é para menos, Portugal sempre foi um país de fascistas de gente incompreensível; e tem razão o brasileiro quando alega que o português é burro de dar dó, principalmente, se este sujeito nasceu numa ex antiga província colonial. Um perdedor execrável, um urubu faminto e moribundo, ridicularizado até na península onde seu passado cedo ou tardio não se esfumou e sente saudades do regime salazaristas.

Todo ódio dos antigos fascistas portugueses ficou demonstrado no apoio que a comunidade portuguesa na África do Sul deu ao Savimbi e aos racistas brancos sul-africanos. Aqueles refugiados, que noutro hora humilhavam a nação e mantinham o regime fascista de Salazar, foram expulsos e corridos de Angola, pelos angolanos, os negros, mulatos e brancos revolucionários, comandados pelo MPLA e o Agostinho Neto. Estes apoiados pelo glorioso Partido Comunista Português e a comunidade dos países socialista, até hoje motivam o ódio e a raiva que alguns grupos e intelectuais portugueses manifestam, principalmente, quando estão na pele de Jornalistas ou formadores de opinião. Aquela comunidade além de contratar mercenários para invadir o território nacional apoio qualquer procedimento ideológico político que justificasse os seus fins: vingar-se da nação Angola e dos angolanos, no seu processo de construção por uma nação. Coisa que muitos angolanos não conseguem entender e são e foram enganados por uma espécie de canto da sereia que anunciava uma suposta democracia como a antítese do comunismo, que viesse restabelecer a propriedade privada e os direitos individuais.


Os angolanos que seguiram Savimbi e, hoje, encantam-se pelo discurso “democrático” da escória fascista portuguesa, que hoje alega defender uma democracia, nunca deveriam se esquecer, que a propriedade privada e o individualismo proclamados e anunciados no mundo Ocidental e até mesmo em Portugal, eram privilégios dos colonos brancos portugueses, fascistas, racistas e salazaristas.

O individualismo e a propriedade privada, e o forjamento de uma burguesia nativa ( nacional), que mesmo sendo promotora da injustiça social –atualmente-, não pode ser usada como o fator inimigo a ser combatido para dividir os angolanos. Para se solucionar os supostos problemas dos Cabindenses ou dos Lundas, essa mentira não podemos engolir. O combate a corrupção e a solução na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática para os angolanos, não passa pela desunião destes ou mesmo pela divisão do país.


Da mesma forma que derrotamos Jonas Savimbi e a sua tropa tribal –um tribalismo fascista-, sem a ajuda de intervenção estrangeira, devemos estar preparados para combater a corrupção e aprender a enfrentar os corruptos sem a solidariedade fascista portuguesa, colonialista e de segundas intenções.

Assim, o governo de José Eduardo dos Santos pode até ser usado pela burguesia mundial e o Capital Financeiro Internacional, mas não é um governo imperialista explorando os povos de Angola, como a UNITA e alguns grupos de oposição tentam fazer crer. Jes e o seu Governo são simplesmente um governo corrupto que devem ser combatidos, para que a democracia em Angola seja eficiente e uma realidade. E a propósito de governos corruptos, o Governo Português é tão corrupto quanto o governo angolano. A prova disso é a crise que agora assola Portugal, estão endividados até o tutano. Os portugueses precisam agora de trabalhar como cavalos para pagarem o que os pobres daquele país ou a classe media nunca consumiram. E nem por isso, a imprensa portuguesa ou de qualquer outro país, alega que por esta corrupção Portugal deveria perder as Ilhas Açores ou a Madeira, ou aquele podre e conjunto de Ilhas vulcânicas deveria se separar de Portugal. Ou até mesmo, e ainda –já que aqui o que vale é a intriga e o suposto revisionismo-, que Portugal deveria ser entregue a Espanha, porque aquele Território que hoje é Portugal no passado pertenceu à Espanha. E “ainda hoje pertence?”



Cabinda não é um território ocupado por Angola e não tem similitudes com Kosovo, Timor-Leste, Sara Ocidental. Cabinda nunca foi uma nação. O problema de Cabinda foi e é sustentado pelos tempos da guerra fria, que usou e usa métodos para dividir povos e nações, e combater o comunismo que se alastrava mundo a fora. Cabinda e os seus problemas são uma demonstração de como a burguesia, quando quer defender interesses mesquinhos, põe irmãos contra irmãos, patriotas contra patriotas, para defender interesses individuais e negócios, que nada tem a ver com interesses de uma suposta nação que deve ser formada.


Mesmo que todo petróleo de Cabinda fosse parar nos bolsos da família corrupta de José Eduardo Santos, do Manuel Vicente e de todos os comandantes do MPLA, isso não seria motivo para se provocar a desunião entre os Angolanos e reclamar-se uma suposta independência de uma das partes do território nacional. O interesse de se manter uma nação unida e Angolana, com a bandeira, o herói nacional e o hino que temos deve estar à cima de tudo, não importa quem está no poder, quem está roubando e de que cor pertence o mesmo. O importante é que somos todos angolanos de Cabinda ao Cunene e que devemos –todos- estar preparados para combatermos a corrupção. Resumindo: Salvar a nossa pátria dos malfeitores que aí estão.

O que a UNITA não agüenta, e alguns grupos transformados em delinqüentes da política nacional, é de saberem que esse hino, o herói nacional e a bandeira, tem como imagem e som o próprio MPLA. O MPLA não tem culpa disso, ao contrário, teve a missão história de declarar e conquistar a independência de Angola. É preciso reconhecer isso como uma realidade histórica que o presente não pode mudar para satisfazer interesses externos, ou alheios aos interesses nacionais.

A essência do kwacharismo e a subversão que invoca uma suposta independência de partes do território nacional tem como objetivo varrer o que a nossa história contemporânea construiu e mantém com êxito: a Unidade Nacional.


Nelo de Carvalho
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Depois de Coréon Dú quem será o Próximo a Revolucionar a Música Angolana?

Lemos com espanto uma “bela” crítica sobre a música angolana. Espanto porque não recordo, desde que me conheço como gente, ter lido um trabalho critico sobre a música angolana. Além de falta de sorte minha, isso também se deve aos quase inexistentes trabalhos nesta área, muito menos no Jornal de Angola, que tem agora sua função bem direcionada. O autor daquele trabalho está de parabéns pela iniciativa, ainda, que muito mal iniciada, dirigida e de propósito bufônico. E como gostam de dizer os visitantes anônimos do club-k: bajulador!



Bela critica, sim, mas pela sua originalidade; a beleza de tal trabalho está no pioneirismo e na iniciativa, não necessariamente na qualidade. A qualidade do produto é o resultado do surgimento de uma espécie de seres viventes que emergiram num ecossistema onde a vida daquelas espécies existem em conflito com o que elas reproduzem para assim poderem serem consideradas: seres da mesma espécie. O autor da obra, sendo membro dessa espécie, é um produto desta reprodução, o resultado de um cruzamento que gera descendentes férteis.

Dentro daquele sistema, a matéria orgânica essencial que ajuda a manter aquele ecossistema é a corrupção, que tem como irmã-prima a bajulação e o produto daquele cruzamento é o bajulador. O ecossistema é o Ministério de Comunicação Social, MCS, e todas as suas redes de informação e comunicação.


“Deus” fez o Mundo, o Universo, o Sistema Solar, a Terra, os diferentes ecossistemas entre eles o MCS, e por que não criar a música Angolana? Antes dele ninguém existia, ninguém recebeu tal reverência, nem mesmo por criar a música angolana; antes desse ser bajulado a torto e a direta ninguém revolucionou a música Angolana. E o melhor de tudo, agora se descobriu que deus cruzou a música angolana com o Jazz. Tidos por uns como uma revolução!

Falando em revolução, o nosso Grande Coréon Dú, que agora também é “revolucionário”, não sei se chegará a altura do pai – vamos rezar para que isso não aconteça-, recebeu elogios eufóricos da Ministra do MCS, mesmo antes daquele lançar o seu disco desconhecido no mercado angolano ou em qualquer outro mercado. Em contraste, os fundadores do Club-k, que nos últimos anos provocaram uma verdadeira revolução na mídia angolana, são considerados baderneiros, confusionistas, invejosos; e, quanto mais, até são perseguidos, tidos como os fora da lei pelo governo que o pai do nosso atual músico dirige. Aquele “gênio” da música angolana, além de ser elogiado pelo meio de comunicação angolano mais popular e público por lei, o Jornal de Angola, já recebeu reconhecimento do atual governo angolano. Afinal –deduz-se-, que Ministros, quando fazem declarações públicas, acreditasse que falam em nome do governo. É a prática escancarada, descarada e sem vergonha do tráfico de influência para ajudar a formar uma opinião de algo que não existe e se pretende elevar a um patamar que em condições normal mortal nenhum conseguiria. Isso é condenável, processável diante da justiça; isso é –simplesmente- bandidismo, corrupção escancarada e sem limite! É a prova da corrupção, aí está, para quem quiser acusar o Governo angolano de corrupto e uma quadrilha de bandidos que já perdeu a noção de saber distinguir do que é crime e o que não é.


Diante daquela crítica sobre a música angolana, nunca a imparcialidade foi tão ofendida; nunca a historia da música angolana foi tão desprezada e confundida com aquilo que nunca se criou, não existe, e se vir a existir, não se sabe em verdade qual será o seu destino. O autor daquela obra crítica fantasiou a existência de um êxito que mal nasceu; fantasiou a existência de um talento que mal existe; e, o pior, falsificou, historicamente, um passado que nunca existiu.

Dizer que o nosso “revolucionário” é herdeiro de um talento musical respeitável constitui uma cegueira e uma ignorância terrível ofuscadas pelos atos de uma babá que não encontra medidas para agradar o principezinho mimado. Chega a ser confuso essa referência de herança quando não conhecemos as pequenas ou as grandes obras musicais do de “cujus”; ou seja, o patrimônio deixado pelo ascendente ao descendente, que, no mínimo, seria uma prova da verdadeira herança genética daquele a este.


Gostar de música?! Não conheço ser humano nenhum na fase da terra que não goste de música – pode até existir, mas é uma exceção uma anomalia. A amar a música!? É quase um Don natural e involuntário que nenhum ser humano até hoje esteve livre desta capacidade. E isto como aquilo não pode ser confundido com criação musical, muito menos, conviver com músicos, fazer-se amigos deles, deve ser confundido por criação.

E tem mais, não há nada que prove que músicos geniais, ou não, produzem descendentes geniais nesta ou em qualquer outra área. No nosso caso o ascendente, o Presidente da República, pelo que sabemos da trajetória dele nem chegou a ser músico. O amadorismo do mesmo só se revela hoje pelo próprio costume e a cultura fanfarrônica que caracteriza o ser angolano. O atual Presidente de Angola nunca foi músico! Provem se puder que estamos equivocados!


E, ainda, escrevemos um artigo, tentando provar sua ignorância diante da cultura angolana. Quem verdadeiramente ama e amasse a música angolana lhe ficaria difícil esquecer num discurso para a nação inteira como presidente da república um dos refrãos de um dos poemas mais popular da nossa cultura nacional. Escrito por Antônio Jacinto, um dos nossos poetas mais conhecido à nível nacional, ver “Peixe Podre, Peixe Seco ou Falta de Cultura de Quem nos Dirige”, no blog deste autor.

Para sanar aquela dúvida, do discursante, de que se é “Peixe Podre ou Seco”, era só consultar qualquer livro do poeta em qualquer biblioteca em Luanda ou a biblioteca que o Presidente deve ter ou deveria ter lá no Palácio Presidencial.


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Nelo de Carvalho

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Quem Pagará o Déficit Público Português que Chega a 93% do PIB daquele País?

Há quem diz que a saga portuguesa começa sempre com uma grande crise, onde os miseráveis daquele país são exportados mundo a fora, no passado como colonizadores e bandidos. Do povo português – as elites-, extraíram o que há de pior no ser humano – a cobiça- para se explorar e roubar o resto do mundo.

A crise portuguesa está aí. E aí está, também, o mundo como a própria crise. Ao português só lhe cabe escolher o além mar –a aventura, traduzida em roubo e pilhagem no passado. Há quem diga mesmo que Portugal mais do que um país de padeiros e comerciantes colonizadores é um país de ladrões e gente malfeitora de toda a espécie. Escolher o além mar ou o resto do que sobra naquela saliência de terra, cuspida pela Península Euro Asiática no Norte do Oceano Atlântico, foi a solução de todas as crises no passado para aquele povo. A historia não se repete, de maneira nenhuma, mas por incrível que pareça, alguém já sugeriu que a solução do presente está no além mar.



E não precisamos ter dúvida disso. Os primeiros vítimas da invasão contemporânea e em tempos de globalização, como conseqüência desta crises atual, são nada mais e nada menos os Angolanos. Sem antes mesmo de que a declaração de invasão chegasse os angolanos já são vítimas da crise portuguesa. Se no passado, há quinhentos anos, fomos vítimas da ignorância dos monarcas africanos e os chefes das nossas tribos, hoje somos vítimas de um Estado que deixou de se identificar com os problemas dos nativos e que vê na importação de valores culturais, políticos e econômicos, meios e fins para perpetuar o seu poder de corrupção sobre a nação.

O instrumento deliberado e racista de se valorizar mais os técnicos estrangeiros em detrimento dos nacionais é parte da cultura da corrupção em que o governo e todo Estado angolano está envolvido. É parte de um esquema neocolonial que usa a elite nacional como instrumento de dominação na nova ordem mundial. Em que independência, ou fazer parecer que somos independentes e até democráticos, é uma solução ao longo prazo, em resposta aos gritos de liberdade que o continente e o resto do mundo teve que atravessar por necessidade de evolução.


O Neocolonialismo, fenômeno contemporâneo e pós independência, tem como instrumento principal aquilo que em cima já tentamos explicar, a manutenção de um regime nativo e autóctone que corresponda aos interesses do grande Capital Financeiro e Internacional.

Culturalmente – o neocolonialismo-, é a predisposição da nação vítima em rejeitar sua capacidade de criação, o desprezo por aquilo que é nativo, quer no humano como naquilo que se pode criar como produto do talento e da genialidade deste ser nativo. A prova disso, em Angola, está até no modo como o nosso estado, governo e a dita imprensa livre ( pública ou privada) se prostituiu, quando prefere recrutar jornalistas e técnicos portugueses, ou até mesmo formadores de opinião para se trabalharem neste último ramo. Como gostam de dizer os próprios angolanos, é a prova de que estamos vendidos, “estamos paiyados”! A nova tropa lusitana tem missão, agora com um suposto respaldo das autoridades nativas, de manter aquilo que seus antepassados lograram de forma exitosa nesses últimos quinhentos anos. O pretexto é de que somos analfabetos, a língua portuguesa se está esvaziando entre nós os nativos e uma injeção cultural vindo da ex-metrópole é necessário. É claro tudo isso de maneira deliberada, quando não, até mesmo de forma descarada – como cheguei a ler aqui no club-k uma vez a entrevista de um famoso professor universitário, economista e político que faz oposição ao governo angolano, de que a vinda de professores portugueses era uma oxigenação para a nossa cultura lingüística. Como sempre fiquei assustado e apavorado! Continuando, a justificativa é de que eles veem colaborar a reconstruir o país. Cuidado, professores, aqui o verbo vir na terceira pessoa do plural, presente do indicativo (veem), é mesmo sem o tradicional acento circunflexo. É como reza a nova ortografia portuguesa ou a reforma estabelecida pelos países da CPLP. E pelo que me consta essa reforma não foi só oxigenada pelos velhos catedráticos das universidades portuguesas, ela é obra em conjunta de todos aqueles que falam, usam e escrevem a língua portuguesa, mesmo fora de Portugal.



Li o artigo de um sociólogo português – BoaVentura de Sousa Santos-, professor da Universidade de Coimbra, naquele país Ibérico, que aconselhava o Governo Português e a opinião pública portuguesa a esquecerem o FMI e a União Européia no empréstimo e na resolução da dívida que o estado português precisa fazer e tem, respectivamente. Ele – o professor- aconselhava o governo português e as instituições do seu país a prestarem mais atenção nos países da CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em particular o Brasil e Angola. A ter todos esses como crediários preferenciais. O professor sugeria que esses dois países poderiam mesmo comprar parte da dívida portuguesa e em troca Portugal sairia ganhando pagando esta dívida a juros baixos ou de uma maneira mais compensatória. Esse professor é um destacado formador de opinião que pública seus artigos nesta revista eletrônica: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17667, que tem uma pura e verdadeira inclinação de esquerda.

O professor Sousa – já li vários dos seus artigos- é um homem de boas intenções, até onde eu sei. Não peco em dizer que concordo com as boas intenções dele, desde que Portugal, se quiser negociar com Angola e até mesmo com o Brasil, terá que ser como mandam as regras de mercado do mundo capitalista, moderno, globalizado, financeiro, especulativo e onde as amizades não se misturam com negócios. Dizem por aí que Portugal, Angola e Brasil, formam uma espécie de família, porque assim o destino quis, onde Portugal é o Pai, Angola é a mãe e Brasil é o filho parido. Nós somos de opinião que diante da crise mundial que abala os Estados Unidos da América e a Europa, que esse parentesco fique de lado e façamos simplesmente bons negócios. Já dizia o grande escritor lusitano, José Saramango, “família só dá problema”.


Em particular, nós os angolanos preferimos assim, já que é uma maneira de equilibrarmos o que eu chamo de macrovantagens com as microvantagens econômicas ( fazendo aqui uma analogia da macro e micro economia). É também uma forma de não fazer acreditar aos portugueses que mesmo depois do colonialismo aquela nação continua a ganhar e ter vantagem sobre a nação de N’gola Kiluange. Ou, ao menos, de que aquele povo vá aprendendo a se redimir na sua relação com Angola.

Para completar a ideia do nosso texto, o que seriam macrovantagens ao nosso entender? São os logros econômicos refletidos nas estatísticas, nem sempre reais, mas que alegram governos anti-sociais como o nosso, para justificarem sua eterna permanecia no poder e manter as coisas do jeito que elas estão e são. Exemplo de macrovantagens econômicas, é quando se diz que o país, Angola, tem um PIB que oscila entre 80 bilhões à 90 bilhões de dólares e que a mesma economia cresce, em media, até 10 por centos ao ano. E que, todos sabemos, não necessariamente isso se reflete na felicidade do cidadão comum ou de todos os angolanos. Um outro exemplo de macrovantagem, também, pode ser quando se descobri que 70 por cento daquele PIB é produzido por empresas estrangeiras e 60 por cento do PIB nacional pára nas mãos de empresas estrangeiras (pessoas jurídicas) e estrangeiros (pessoas físicas).


As microvantagens econômicas são aquelas que nos revoltam no dia a dia. Ou, simplesmente, consistem no benefício desequilibrado a favor de certas pessoas, por várias razões de caráter social, política e cultural, como conseqüência do valor astronômico fixado na variável de macrovantagem. Exemplo de microvantagens, são as relações sociais que se vão estabelecendo na disputa pela distribuição da riqueza e dos privilégios sociais que a sociedade vai criando. Naquelas relações sociais, existem vários grupos em disputas, entre eles, agora, também, o emigrante português. Este, mesmo quando pobre, é o instrumento que a burguesia precisa para agudizar a luta de classe entre os angolanos considerados autóctones e a burguesia nativa.


Não existe contradição se concluirmos que este emigrante é usado como anteparo entre os dois grandes grupos de autóctones angolanos, os que têm e os que não têm. A posição sócio-econômica dos emigrantes portugueses, entre a população angolana, reflete como nunca –muitas vezes- o desprezo e a repugnância que o burguês angolano tem contra o que é pobre e nativo ou autóctone. Aquele burguês é, indiscutivelmente, a nova cara do MPLA, renovado e elitizado, que não têm agora vergonha de se assumirem como tal. Esta atitude é uma rejeição vergonhosa do que eles defenderam no passado.

Essa denúncia não constitui uma presunção ideológica ou intelectual de quem está fazendo. Só queremos provar que a burguesia não vive só de atos e declarações megalomaníacas, mas também das intenções ocultas e obscuras nunca expostas. Mesmo porque estas são as essências da maldade, ela nunca se revela como tal.

Detrás do pagamento daquele déficit podem aparecer inúmeras e incalculáveis intenções. Mais do que nunca, precisamos estar atentos!

Nelo de Carvalho
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Trabalho Doméstico ou Trabalho Escravo? (Uma Negação Marxista)

Comecei esse texto com muitas dúvidas, precisamente, por aparentar ser um tema polêmico. À medida que fui pensando sobre o mesmo descobri que a polêmica pode ser digerida e que vale a pena atiçar as consciências, fazer um chamado de atenção, ou então despertar as pessoas da ignorância. Em volta desta polêmica estão as empregadas domésticas e o trabalho doméstico. E a pergunta provocadora é: na luta de classe –esta luta também consiste em nos livrarmos das seqüelas do colonialismo e da escravidão- quem sairá beneficiado com o trabalho doméstico de milhares de mulheres angolanas ou, talvez, milhões?

E, para não perder o fio da meada, aquela luta não consiste simplesmente na expulsão do colonialismo português. Aquela luta deve passar, também, por necessidade e obrigação moral, política e econômica, pelo êxito de transformarmos um país de gente sofrida e humilde, herdeiros da escravidão, em um país de gente feliz. Que triunfaram além do tempo, pós independência, onde esta felicidade não se resume a sustentar as ambições de uma burguesia nativa que com o andar do tempo transformou-se em reacionária. Uma burguesia que é o instrumento daqueles que no passado nossos pais e avós fizeram questão de expulsar os mesmos.



Foi há bem pouco tempo, uma semana atrás, que o Presidente de Angola, esse presidente que aí temos, tido como clarividente, “inteligente” e por aí vai. A chuva de adjetivos que enaltecem o personagem, vindo de seus subordinados só não é maior, porque são finitos os adjetivos elogiativos nos diferentes dicionários da língua portuguesa. Como dizia, foi a bem pouco tempo que o Presidente da República culpou o colonialismo português pela nossa miséria.

Mas uma vez digo: o congresso do MPLA deveria servir para alguma coisa. Onde estão as novas idéias? A ousadia de se construir algo novo em cima do que é velho e caduco, além de tudo aquilo que já nos habituaram? Que é ser complacente com os velhos hábitos da cultura colonial portuguesa. Uso esse texto, essa arma, enfim, a internet, para insurgir-me contra tudo aquilo que vem daquela velha potência imperial ou, simplesmente, o colonialismo português. Eu me nego, a qualquer forma e de qualquer maneira, ver no trabalho doméstico a forma digna de se vencer toda herança colonial. Este só tem como objetivo representar o fracasso de uma nação e um dos instrumentos (componentes) da força de trabalho que num passado sujeitava o modo de produção no sistema colonial e escravocrata que a nação angolana esteve submetida nos quinhentos anos de colonialismo.


Quando uso os termos “modo de produção” e “força de trabalho” a definição aqui usada é precisamente a definição Marxista. E não existe alternativa possível. E é preciso recordar que aquela é o conjunto ( ou a soma) desta com as “relações de produção”.

E mais uma vez, o modo de produção –segundo Marx, ou a interpretação minha extraída do mestre- é a maneira como as classes sociais, num determinado sistema, disputam a propriedade ou a riqueza gerada pela sociedade.


Que disputa digna existirá, no país das pessoas que enriquecem do nada, apadrinhados pelo patrimonialismo, pelo clientelismo, pelo tráfico de influência, pelo amiguismo, no país que dá preferência aos expatriados do que os próprios nativos e que veem nestes a mão de obra barata e escrava a ser humilhada, entre as empregadas domésticas e as princesas ou príncipes da elite angolana?

Esse artigo, como muitos que já escrevi, é o reflexo e a representação desesperada de quem em muitas ocasiões, mesmo estando na diáspora, não se conforma com a maneira ou o jeito com que determinados problemas no país dos mwangolé são encarados, pelo governo, o estado angolano, o MPLA e o atual executivo no poder.

Assim, para pôr membros e cabeça a nossa polêmica, nós somos contra qualquer tipo de regularização, por lei ou não, dos serviços de empregadas domésticas! Nós somos a favor de uma cultura educacional e de ensino que precisamente desestimule esse tipo de atividade. Somos a favor de um tipo de educação que incentive toda –absolutamente toda- uma geração de crianças e adolescente a verem na mesma a única escada para ascenderem na vida e serem pessoas dignas livres de todos os tipos de preconceitos sociais.


Defendemos a ideia de que quem quiser ganhar dinheiro, por mínimo que seja, ou ser alguém na vida, tem que enfrentar quinze anos –no mínimo- de escola de maneira consecutiva e anual. E o alcance desses objetivos –estudar- deve ser responsabilidade de todos, mas primeiro do Estado, segundo da Sociedade e terceiro da família.

Defendemos que quem quiser lavar a louça de sua casa, lavar a roupa e as cuecas do seu marido, varrer a casa e limpar o chão, mesmo sendo médica, advogada ou empresária e estando entre as dez mais rica da África, do país Angola ou do mundo, que o faça ela mesma.


Estamos sendo classistas de mais!? Sim ou Não, precisamos aderir a essa luta. A luta de classe é um fato que ninguém pode rejeitar e achar que estamos livres da mesma. Ela existe quando se proclama no parlamento angolano um suposto direito que incentivará a mão de obra barata e escrava; e que venham mais ainda humilhar a dignidade de nossas mães, irmãs, filhas e esposas. As empregadas domésticas, num país como nosso, a Negra – a “Minha Mãe, Todas as Mães Negras”- elas não só fazem ou farão parte da escala social mais baixa, mas serão tidas e absorvidas como verdadeiras escravas de uma sociedade capitalista cruel, que tem como característica estimular todas as formas de preconceito e, principalmente, o racismo.

Evitar a promulgação daquela lei no Parlamento Angolano é oferecer a mulher angolana um desafio de cidadania e fazer com que ela encare a vida e o progresso que o país precisa de uma outra forma. Ela tem que se convencer que esse progresso só é alcançado com o trabalho intelectual, que exige do espírito humano o despertar para a vida sua, de sua família e de toda a nação. É fazer com que ela aprenda a se preparar intelectualmente e como mulher numa Angola nova, livre de patrões reacionários e escravos. É também dar a responsabilidade a ela, e talvez a maior, de que o desenvolvimento do país – uma Angola desenvolvida, livre de misérias- passa pela intelectualidade dela, pela educação dela, pelo profissionalismo. Em que a mesma é o núcleo da família, disposta e preparada a dar exemplos, a todos: incluindo aos patrões exploradores (a essa burguesia nativa, traidora, hoje reacionária, exploradora, corrupta e usurpadora de glorias) e enterrar de maneira definitiva e para sempre os vícios do colonialismo português.

A aprovação de uma Lei Trabalhista, sobre trabalho doméstico, que regularize a relação empregada e patrões é péssima para uma Angola que precisa de educação massiva para se desenvolver. O esforço na dedicação ao ensino e à educação tem que vir do conhecimento e da cultura de que qualquer trabalho intelectual livra o homem e a mulher da escravidão, de quem quer que seja.


Nelo de Carvalho
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A Polêmica Operação Que Levou à Morte Osama Bin Laden

Metade do planeta está eufórico com a morte de um terrorista, que convenhamos, só valia pelo seu fanatismo religioso. Algo desprezível e repugnante quanto aqueles que fazem da democracia um instrumento para humilhar nações, povos e violar a soberania de países. Verdadeiramente livres e independentes, e a humilhação é sempre em nome do que eles chamam de “democracia”, que não passa de sonhos imperialistas selvagens e colonialistas, onde mentir, enganar e matar tornaram-se meios –até “legítimos”- para justificar aquele sonho.



De que Osama Bin Laden merecia ter um fim triste por sua trajetória terrorista, isso é de consenso comum. Mas até que ponto o Estado nos parâmetros da lei deve fazer que essa tristeza não seja um ato de vingança, ato de injustiça, e, o pior, um ato de terrorismo que não se diferencia muito do que ele mesmo – o Estado- combatia.

Uma coisa é certa, Bin Laden morreu, disso não temos dúvidas. As dúvidas, para o mundo inteiro, consistem em se provar que em cima dessa morte existe uma tremenda falsa montado pelo Estado mais terrorista e delinqüente do mundo: os Estados Unidos da América.


A morte de Bin Laden é um verdadeiro troféu, talvez o maior troféu dos últimos dez anos que no mundo Ocidental Cristão, não menos fanático, um Estado poderia ganhar ou ter a seu favor contra aquele sujeito Árabe. E a infinita batalha entre duas civilizações religiosas: a batalha das cruzadas entre cristãos e árabes. Aqueles, estupidamente gabando-se de serem mais civilizados do que estes. Assim, provocar a mesma – a morte- deveria ser, também, através de uma operação que não contrariasse a razão, o senso comum e os parâmetros legais, um indicativo de que regras civilizatórias são universais e comum a todos os povos, independentemente de suas tendências religiosas.

Uma operação militar, de qualquer país ou estado no mundo, que partisse de qualquer ponto do planeta para qualquer um outro segundo ponto, deveria suportar, ou, simplesmente, responder perguntas básicas para evitar as inúmeras teorias de conspirações e falsidades.


Entre as duas maiores teorias nenhuma delas favorece o Paquistão como Estado , nação ou até o seu Governo. Se o Paquistão sabia ou não da existência de Osama Biladen, qualquer uma das versões, põe em chegue a soberania do país.

Supondo que as autoridades paquistanesas soubessem, e tivessem interesse em caçar o terrorista, onde fica o orgulho das mesmas em preservar a sua soberania? Além disso, tendo verdadeiramente interesse em ir atrás de Biladen, esse interesse não seria menos que a do resto do mundo. E, igualmente, traria ao país a consideração, o prestigio, sem contar que ajudariam a eliminar todas as dúvidas que os parceiros ocidentais sempre tiveram com relação aquele país árabe. Está é a primeiríssima versão!


Considerando a versão do parágrafo anterior, deduz-se que o Paquistão ( seus serviços secretos) sabiam há anos, há meses ou há dias da posição ou a trajetória de Biladen, tinham tudo para ir atrás dele e tirar dividendos da epopéia “selvagem”. E por que então não foi? Ninguém no mundo com maior interesse precisava mostrar a comunidade das nações e países e em particular ao povo americano sobre o suposto poder que a nação americana tem nesse mundo, que não fosse o próprio governo americano, a CIA e todos os corruptos, delinqüentes e mafiosos que pertencem aquele poder. Ir atrás de Biladen e matar o mesmo da maneira que aconteceu tem uma grande mensagem, não só para aquilo ou aqueles a quem os americanos chamam de terroristas, mas para os governos do mundo inteiro, sobre a capacidade, a influência, o poder militar, econômico e político que os americanos têm com relação às outras nações. Em tese constituem, Biladen e o mundo árabe corrupto e desorganizado, o celeiro onde se podem demonstrar aquele poder covarde e decadente: o poder americano!

Assim, sabendo os serviços secretos do Paquistão a posição de Biladen, os mesmos poderiam ser subornados, corrompidos ou até chantageados. A chantagem e a corrupção consistiam em fazer parecer que os americanos investigaram e descobriram tudo. E transmitirem ao mundo a saga “heróica” e intervencionista do seu exército e de suas autoridades. Os aplausos são todos esses que estamos vendo por aí, mundo afora, com um monte de declarações fanáticas e ufanistas, sobre o poder americano e da civilização ocidental. São declarações de arrepiar, nunca em toda minha vida encarei coisa mais estúpida. Mesmo sabendo que os americanos tinham todo o direito de ir atrás de Biladen e toda sua corja de terroristas. Há quem até se atreve a pôr na lista, como o próximo, o incansável beduíno e auto considerado pai da África, o Coronel Muamar Kadafi.


A segunda versão é supondo que os paquistaneses não sabiam de nada –absolutamente nada! Uma das coisas que o noticiário insiste em anunciar é que a mansão onde Biladen foi morto está numa das regiões mais militarizada do Paquistão, estando até há menos de um quilometro de uma das maiores bases militares da região daquele país ou mesmo do país.

Como aceitar nestas circunstâncias que o Governo paquistanês, ou a autoridade correspondente para o controle daquela região, tornaram-se totalmente indiferentes, sem reagir a nada, vendo que quatro helicópteros estrangeiros, além de violar o espaço aéreo em profundidade, vindo a cá da fronteira, invadem a casa de um cidadão civil em plena madrugada, sem ao menos as autoridades deste país – o Paquistão- receber um aviso. Dizer que aquela região é uma região em estado de guerra e que tudo vale, gera dúvidas, já que o Paquistão não está em guerra com os Estados Unidos. Aquele país precisa no mínimo ser respeitado como país soberano que tem ajudado em muito o seu parceiro ocidental.

Dizer que as autoridades Paquistanesas não são confiáveis, também, não cola. Afinal, nesse tipo de operação e emergência não precisava que todo governo paquistanês ficasse sabendo, bastava o presidente da república, para ordenar a abertura do espaço aéreo, dar a ordem sem mais explicações, e que os militares que estavam naquela região se tornassem indiferentes com a operação. E no fim da operação dizer, sim, que o Paquistão sabia e ajudou o governo americano. No caso de a informação vazar o próprio Presidente Paquistanês seria acusado de traidor e de colaborar com o terrorismo. Coisa que o governo americano teria condições de provar.

Se ficasse provado a traição e a fuga de Biladen naquele ponto ( residência), o Paquistão seria obrigado a entregar o caçado, com ameaças e sanções e até possível agressão.

Resumindo, a regra civilizatória e diplomática, no direito internacional, diz que quem teria obrigação de caçar Biladen dentro do Paquistão era o governo Paquistanês e depois entregar o mesmo as autoridades americanas, e se preciso passando pela decisão da justiça. O próprio Paquistão já tinha motivos suficientes para condenar a pena máxima o Osama Biladen. É querer muito? Uê...cadê então o exemplo democrático e civilizatório vindo do mundo Ocidental?

É inadmissível a operação de resgate – ou melhor, de assassinato, eliminação e execução sumária- da maneira como a imprensa narra. Ela viola todos os princípios básicos, até os de justiças, que era o mais obvio. Afinal de contas, descobriu-se que Biladen –se verdadeiramente foi abatido pelos americanos- ele estava desarmado e poderia ser rendido sem a necessidade de se usar armas de fogo. Ou então alvejar ele de tal forma que sobrevivesse ao “resgate” é muito mais fácil, para um homem que já está totalmente desarmado. Todos os princípios básicos de justiça universal foram violados.

Um advogado como Obama, professor universitário de direito, apareceu na televisão diante do mundo e de sua nação dizendo que se fez Justiça. Como?! Se o executado não teve nenhum dos direitos que as regras do direito e da justiça estabelecem.


A última teoria, não menos impossível, é a que defende que Biladen já estava morto, quando os americanos chegaram. Como assim?

Não se pode negar o interesse paquistanês em dar um fim ao terrorista e círculos dos serviços secretos daquele país em quererem tirar proveito em cima do morto. Assim como vêm fazendo os americanos. Osama Biladen, do ponto de vista de saúde, era um morto vivo. O homem que aparecia na televisão, fazendo ameaças aos infiéis ocidentais e todos aqueles que contrariam o islã, era na verdade um paciente crônico, que precisava de cuidados médicos intensivos. Ele precisava de uma hemodiálise de quinze em quinze dias ou uma vez por semana. Dá para imaginar a situação do finado!

Ou seja, baseado nesta teoria, os serviços secretos daquele país islâmicos só tiveram o trabalho de avisar onde se encontrava o difundo. O resto, como já vimos, é tudo encenação hollywoodiana.

A última teoria pode parecer exagerada, mas exagero mesmo é anunciar o fim de Biladen, da maneira que se anunciou, sem evidências jornalísticas plausíveis, que convencessem ao homem comum e de preferência o não idiota.

Nelo de Carvalho
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