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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os derrotados de Abidjã

Até onde vale a pena a insistência em se agarrar ao poder, mesmo quando se tem legitimidade? Essa insistência só vale quando no fim de todo um processo a paz será mantida e vidas humanas serão salvas. E quando o humanismo de quem insiste no poder também fica demonstrado.

O desenrolar dos fatos na Costa do Marfim põe em evidência a existência de uma cultura política jurássica de que certos indivíduos por alguma razão sentem-se destinados a permanecer no poder de maneira vitalícia. Uma cultura que não foi superada, mesmo quando o Mundo em que vivemos chegou ao consenso civilizado de que só a democracia – mesmo não sendo perfeita- é o que poderá nos tornar mais feliz. O que hoje vemos na Costa do Marfim não constitui uma prática comum de se fazer política. É o retrato da vaidade de todas as partes, dos maus costumes e do oportunismo irracional que só encontramos no mundo animal.



Toda a oposição contra estes é contestada com ameaças e o poder das armas. Entre essa gente há quem não se imagina longe do poder e do cargo e não consegue entender que tanto um quanto outro são patrimônios públicos. E que a ocupação dos mesmos só se justifica se gerar a felicidade da maioria da população. E que às vezes vale a pena renunciar o mesmo para evitarmos os desastres que estamos cansados de ler na imprensa.

Aquela cultura despreza as instituições, a própria sociedade e a motivação de milhões de pessoas de viverem em paz num lugar onde seus direitos políticos e econômicos possam ser respeitados. E que cada um desses direitos possam ter continuação no tempo e no espaço sem que algum oportunista seja o protagonista de sua interrupção.


Outro grande motivo que estimula esse tipo de procedimento é o fanatismo político existente das diferentes classes e grupos políticos. Nesses tipos de sociedades onde as oportunidades econômicas e de emprego são mínimas e poucos diversificados, geralmente, só satisfazem a ambição de quem tem “habilidade” para estar e lidar com poder. O empreendedorismo e as iniciativas que poderiam vir de uma classe media intelectualizada – quando existe, ainda sendo pouca e de educação mínima- é ofuscada se aquela não estiver em sincronia com os homens do poder. O que no jargão angolano comumente é usado como bajulação aos homens do poder.

São sociedades altamente politizadas, uma politização monótona, que no final de constas o que impera é a ignorância. Já que aquela politização, geralmente, consiste em defender as velhas lideranças donas de um discurso em que a mensagem é a camaradagem. E uma suposta fidelidade baseada em rituais tradicionais da velha e caduca cultura africana; ou, ainda –como no caso de Angola-, o companheirismo nos tempos de guerrilha ou de estudantes e o sentimentalismo banal que exige sempre respeito cego e absoluto aos mais velhos.


Laurent Gbagbo e todos aqueles que o apoiaram pertencem a essa espécie de gente: falastrões que enaltecem almas ingênuas em nome de um passado que nem eles mais acreditam. Não importa quais as boas intenções de Gbagbo -se tem-, ele sim é um bandido e corrupto. Só o fato de provocar uma guerra que não levou a “nada”, isso torna o mesmo um réu a ser julgado. Está provado que o mesmo tem várias contas bancárias no exterior todas elas recheadas com o dinheiro público. Diante dessa carência de princípios e ideologia, como pode ele se agarrar ao poder desta forma e a troco de quê? Provocou uma guerra e destruição. A lógica é que depois da sua rendição deveria ser levado aos tribunais e ser julgado por provocar a morte de quase duas mil pessoas.

Sua rendição mostra como terminam os covardes, que geralmente são bons protagonistas da falsidade ideológica. Estes são os derrotados de Abidjã.

Nisso, ao menos alguma coisa "boa" vai acontecer, parte do dinheiro roubado na Costa do Marfim, ao povo marfinês – a ínfima parte- poderá ser investido em Angola. Já que o fugitivo da Costa do Marfim – dizem- que pediu asilo nas terras de Agostinho Neto.

Seja bem-vindo a esse paraíso dos Generais corruptos!


Nelo de Carvalho
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