http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

http://www.tijolaco.com.br

sábado, 25 de setembro de 2010

E Depois da Múxima, Aonde Irão Os Peregrinos?

O êxito de construirmos uma nação próspera está, também, na capacidade de rejeitarmos certas tradições, que os séculos, por motivos de domino e imposição das classes dominantes, não apagaram. Certas coisas não podem ser jamais aceitas como cultura e tradição, só porque elas existem durante séculos –não é simplesmente o transcorrer do tempo que define os bons valores culturais. Aceitar estas coisas é condenar a espécie humana; primeiro, a um fim trágico; segundo, é aceitar que devemos continuar a viver renunciando a luta por um mundo melhor em que só a felicidade humana, o progresso sensato e modulado pela razão se justificam.


Todas as revoluções e transformações sociais, políticas e culturas servem como filtro e purificação dos novos e sublimes valores que vão surgindo, afastando a excrescência que o passado da humanidade criou e que de tempo em tempo precisa livrar-se da mesma; como um organismo vivo, a humanidade, um país ou uma nação não pode continuamente conviver e realimentar-se com a própria sujeira, a que produz.

Existe um instrumento, a ser valorizado e tomado a sério, capaz de ceifar aquela visão conservadora de manter instrumentos humilhantes que ao longo dos tempos só tiveram como objetivo enquadrar uma nação num esquema de domínio. Um esquema que hoje se concebe como um ciclo para perpetuar este mesmo domínio já numa visão diferente, mas tão prejudicial e perniciosa como antes. Afinal, a religião é uma febre de caráter mortal para qualquer civilização, povo ou até nação; a religião –sem repetição- “é o ópio do povo”, é a droga que nos levará para o inferno; o inferno do atraso e do subdesenvolvimento. Senão são os conflitos seculares promovidos pela mesma entre hemisférios é a eterna condenação no estado de ignorância e inércia de cada um de nossos povos e nações.

Este instrumento chama-se Educação. A educação que existe para tirar o homem da miséria, posicionar este melhor num mundo “que é só dele”, um mundo real, onde o domínio, enquanto o mesmo existir, da natureza se faz necessário a todos os instantes. Uma Educação modelada e parametrizada consoante os nossos desejos e ambição de felicidade, cá mesmo na terra, sem a inspiração de “manuais de terrores e de bruxarias” ( a Bíblia) que só ajudam a atrapalhar mais a nossa existência.

Somos sim uma identidade especial –nós os humanos-, mas para nós mesmos, porque precisamos sobre-viver diante desse mundo quase sempre injusto.Uma injustiça protagonizada pela nossa incapacidade de não termos e podermos ter domínio, às vezes, sobre o nosso maior adversário: a própria natureza.

Num país jovem como o nosso que herdou valores inquestionáveis que exigem todas as formas de repulsão, nunca é demais discutir que Sistema de Educação precisamos, agora, erguer para não se misturar as tradições de verdade a serem preservadas com a feitiçaria, a bruxaria e todas as formas de charlatanismo, passando por doutrinas pseudocientíficas, que só existem como penumbras para ocultar o que de melhor cada um de nós pode oferecer aos outros: a missão de criar para melhorar e facilitar a vida de todos nós.

A Múxima, com certeza, pode ser ( e é) um anestésico barato, mas vencido e de efeito duvidoso. É ainda, com a maior das certezas, o lugar onde alguém possa jamais ser feliz de verdade ou vivenciar uma suposta felicidade que jamais alcançará. Ela é a imagem do fracasso de qualquer peregrino; ela é o resultado de uma cultura que merece nossa rejeição e total repugnância –pelo menos da forma como se tem concebido : a Cristã. E falando em Cultura, as margens do Rio Kwanza não merecem falsa e vandálica glorificação; o Rio Kwanza é nosso e lá suspiram as milhões de almas de Angolanos que lá passaram e nunca quiseram ir a lugar nenhum, e se foram, nunca regressaram. É a esses que devemos homenagear, e sem confusão.

Não aceitamos de nenhuma maneira um domínio Romano com ares de tradição Católica sobre o mesmo. Não carecemos de imaginação para reverenciar nossos mortos e heróis. Sobre nossos ancestrais deve ficar por nossa conta e com clreza a maneira como os mesmos devem ser glorificados.

Além da infâmia a que nos tem habituado os diferentes modos de readaptação, qual resposta plausível a Igreja tem a dar a cada um dos peregrinos em nome do Cristianismo quando o tema é o tráfico de escravos naquele lugar? Nesse contexto, a quem devemos reverenciar, e as almas dos nossos semelhantes a quem encomendar? Quando era o próprio Cristo o Capitão do Navio Negreiro, o soldado ( ou comerciante) que devia entregar a encomenda aos Senhores dos Engenhos cá na América, o horroroso Capitão do Mato perseguidor e torturador de escravos.

No Projeto de Nação que pretendemos, se o mesmo não está sendo imposto por Roma, esse tipo de pergunta é cabível. E algumas das nossas supostas tradições ou culturas podem ser revistas. Ou será que diante do modismo democrático perdemos também o direito de definir como as futuras gerações poderão ter que nos recordar? Ou ainda, é a Igreja que tem que definir como nossos ante passados devem ser recordados?

A resposta, a uma ou outra coisa, passa, mais uma vez, no papel que o Estado tem direito de influenciar na transição de certos valores culturas para outros; que reneguem os velhos e caducos hábitos coloniais. Não vivem dizendo que somos uma nação jovem, que precisamos de reinventar? Reinventaram uma Constituição, podemos também reinventar uma maneira civilizada e original de adorar os nossos ante passados, nossos mortos, onde não se inclui a falsa do cristianismo.

Tenho certeza que o velho N’Gola Kiluange e os seus inúmeros súditos iriam agradecer! Estes também merecem proteção especial, tão especial que não teriam necessidade de disputar a cadeira ou o trono de algum dos vivos que aí estão. N’Gola e a sua “corte” custariam menos, que qualquer gastador dos cofres públicos que temos por aí, custariam uma simples Lei que incentivasse a valorização da Cultura Angolana e que não se submetesse aos caprichos Papais.

A Angola do futuro deverá ser construída, também, nesse ideal.

Nelo de Carvalho
http://www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com/
Nelo6@msn.com

Nenhum comentário: