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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Wal*Mart em Angola

É claro que a notícia ainda não é verdadeira. Além disso, não tenho habito de fazer apologia ao expansionismo de certos monopólios. Mas a notícia dada em breve pode ser verdade na região Austral do Continente Africano. A rede Wall Mart é considerada a maior rede de varejo do Mundo, seus acionistas, um grupo em família, herdeiros da mesma empresa são considerados a família de herdeiros mais rica do mundo. Não é isso o que interessa aqui.

A mesma empresa anunciou a compra de uma outra empresa, a MassMart, uma rede de atacadistas (supermercados) na Africa do Sul. Um passo que a WalMart acha que deve dar para entrar no jovem e crescente mercado africano.


Quando uma rede como a WalMart manifesta interesse de comprar por 4 bilhões de dólares americanos um produto como a MassMart no continente africano, e com a intenção de se expandir, é porque uma nova visão fora do mesmo continente está crescendo com relação ao mercado africano; sempre visto como algo primitivo e que tem pouco a oferecer ao mundo. Ou seja, o interesse pelo continente já não é só pela extração ou compra de matérias primas.

Uma das reclamações de acusações na luta pelo poder entre a oposição angolana e aqueles que estão há quase trinta e cinco anos no poder é a cultura ufanista com que estes últimos souberam disseminar entre os angolanos e a sociedade em geral: somos o melhor país para se viver, adoecer, ficarmos bom e morrermos ( não importa se com paludismo cólera ou mesmo baleado por um kwacha, FAA ou policial descontento), mesmo quando os nossos problemas nacionais são considerados os piores do mundo. O orgulho de ser angolano poder-se-ia dizer é o melhor dos orgulhos, vai além de todas as possibilidades, de tudo que é normal e comum nessa vida. Não importa as nossas desgraças, sempre: “estamos m’bora bom assim do jeito que está”; “estamos sempre a subir”, mesmo que nossos problemas cheguem a ser o tipo do problema que os outros conseguiram solucionar há mais de cem anos atrás. A impressão que se tem é que no mundo de tanta miséria e miseráveis o angolano, pela sua simpatia, uma mistura do sujeito fanfarrão e beberrão, é o que mais habilidade tem para se adaptar a mesma.

Assim, a propaganda de um país chamado de Angola, feito mundo afora, por quem deveria e deve fazer, é muito bem feita para se driblar a miséria; é muito bem feita para se ocultar as nossas tristezas, feridas e magoas. Somos um país que soubemos mostrar ao mundo que temos bons gostos, que nossa burguesia é refinada, sabe bem o que é o luxo, e não importa se ela vem misturada ao lixo e a toda imundice que vem do chamado primeiro mundo, o importante é fazer valer que nós angolanos também podemos comprar. Os exemplos não faltam, mas aqui não serão mencionados nenhum deles. Mesmo porque o objetivo desse texto não é falar de lixo e de quem consome o mesmo. Eu também sou vaidoso! E se tem coisa que detesto, mesmo não sendo adepto a consumir luxo que certas pessoas acham que podem consumir, é o lixo – ou misturar este com aquele.

O Rock Santeiro, por exemplo, é o produto da nossa miséria; e a maneira como queremos nos livrar do mesmo é o fruto da nossa falta de visão e o nosso egoísmo. Nada contra a eliminação desse tumor social, chegou mesmo a hora. Mas também chegou a hora de ver que o mesmo precisa ser substituído por coisas elegantes. A elegância está em se saber fazer melhor propaganda do país mundo afora. Usar o potencial de todos os seus filhos em todas as dimensões possíveis, chacoalharem a turma de acomodados e carentes de iniciativas que compõe a nossa diplomacia mundo afora, dizer a essa gente que Angola também é o pais de grandes negócios, aberto para gente competente, e que seu povo é o maior exemplo de refineis e elegância, e não ao bando de exibicionistas e usurpadores de privilégios. E que a mensagem seja transferida; que nosso mercado interno, em todas as áreas, não pode estar limitado a monopólios de empresas que só correspondem às expectativas daqueles que estão no poder e suas famílias, que quase sempre, diante da arrogância de seus proprietários, prestam serviços péssimos a sociedade. Exemplos também não faltam, basta ver o monopólio das telecomunicações; algo ridículo, coisa de gente incompetente e do africano que não aceita evoluir com o tempo, porque tem medo de ser superado, sacrificando milhões dos seus semelhantes.

Que é preciso ter ginga, barganha para atrair investimentos em qualidade e quantidade isso é verdade. E não é coisa que se encomenda aos parentes que tudo podem e sabem comprar. Chegou a hora de abrir o país, não para os delinqüentes portugueses e os oportunistas de toda espécie, mas para quem de verdade poderá trazer riquezas ao país. Construindo-se um lobby saudável, contando com essa espécie de gente e raça chamada de angolanos. O lobby, o angolano, aquele que faz propaganda de si mesmo e por ser angolano pode ir mais longe em vez de se limitar aos porcos e os supostos restaurantes luxosos de Lisboa. Até parece que alguém vive interessado no que certas pessoas comem.

Que venha a WalMart, quem sabe esses, num passado tão rejeitados por serem imperialistas, financiadores de mortes e massacres, agora poderão vir matar a fome dos angolanos. Vendidos e esquecidos nos restaurantes "luxosos" de Lisboa!

Nelo de Carvalho
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