A fraude nos faz lembrar que há feiticeiros por todos os lados, que a maldade nos vigia, que os homens estão possuídos, que os inocentes e as crianças pouco valem.
Se a fraude é um meio, os fins é tudo aquilo que vemos aí: a nossa miséria, e o ato de desperdício de quem se dá o luxo de levar de um leilão um relógio na ordem de milhares de dólares.
A fraude transformou-se num instrumento de luta, não é a espada, muito menos uma AK, mas é tão letal quanto estas.
Na fraude, o vencedor se apresenta como o sujeito que convence por suas ações.
Na fraude, o vencedor é um glorioso, quando na verdade não é. Tanto o vencedor quanto o vencido sabem do que são capazes. Numa fraude não há como convencer quem é quem, entre os dois lados.
Na fraude o malandro tem autoridade, boca e voz para tratar os adversários de malandros.
A fraude tem uma grande vantagem, ao menos ajudou a revelar o oportunismo de classe.
A fraude ajudou a mostrar o herói perigoso que o angolano é, ajudou a revelar que nosso bem feitor sabe cobrar pelos serviços que presta. A nossa miséria ou a de todos, incluindo a deles, é o preço.
Com a fraude, é o poder do inimigo que dita as regras, é ele que faz a justiça.
A fraude revelou-nos uma Angola perigosa, a fragilidade de uma sociedade, o poder dos homens, a ambição destes.
A fraude um dia terá a sua cara se você for complacente com a mesma.
Hoje você tem a cara da corrupção.
Mas a fraude como produto dói mais que a corrupção.
Nelo de Carvalho
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
A FRAUDE COMO PRODUTO
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